Sporting
Começou bem a “era” Carvalhal. São várias as mudanças, havendo ainda aspectos por melhorar e outros por testar. Mas irei falar dessas alterações nos próximos jogos, porque envolvem muito, quase tudo na realidade. Em relação ao jogo, o Sporting esteve bastante bem tendo em conta o valor do adversário. Definiu uma zona de pressão inteligente e começou muito intenso e agressivo no jogo, conseguindo contrariar o Benfica com muito mais frequência do que aquilo que é hábito. Por alguma incapacidade própria e por muito mérito alheio, não foi fácil ao Sporting levar o seu jogo até à área contrária, mas a verdade é que o Sporting conseguiu estar tão próximo da vitória quanto o seu adversário. E o motivo para isto é deveras surpreendente: as bolas paradas. Esteve muito forte o Sporting nesse que havia sido um dos seus pontos fracos do passado recente, quer a atacar, quer a defender (a zona, como se previa, agora dita leis em Alvalade). Houve, de facto, maior dificuldade para se impor na segunda parte, fruto essencialmente de uma maior percentagem de erros técnicos (passes errados), e de uma dificuldade em ganhar segundas bolas a partir de pontapés longos dos guarda redes – um pormenor geralmente desprezado mas que influi muito na iniciativa que se consegue ter em jogos de grande equilíbrio e intensidade como este.
Individualmente, algumas notas. Pedro Silva foi um catalisador dos tais erros técnicos na segunda parte. Adrien continua a contrastar os bons momentos com uma frequência de erros proibitiva para a posição em que joga. Vukcevic jogou à direita (e algum tempo ao meio), não deu muito nas vistas, mas foi muito melhor do que vinha sendo à esquerda. Aliás, arrisco que se mantiver a posição, vamos vê-lo com um rendimento completamente oposto ao que vinha tendo. O ideal para o Sporting seria ter uma solução para a esquerda e fazer recuar Veloso para o lugar de Adrien. Vukcevic na esquerda será, provavelmente, um passo atrás.
Benfica
Sem surpresas de inicio, o Benfica não ficou a dever nada a si mesmo em termos qualitativos. Esteve fortíssimo, condicionou imenso o Sporting e mostrou ser qualitativamente melhor, mesmo tendo estado o Sporting bastante bem. Mas, mais uma vez, não ganhou um jogo importante e, mais uma vez também, afastou-se do lugar a que o seu futebol parece destinado, o primeiro. Talvez o Benfica jogue sempre na mesma intensidade, altíssima sim, mas incapaz de dar algo mais nestes jogos frente a adversários mais fortes e igualmente intensos. Talvez. O jogo com o Porto, depois de Braga e Alvalade, ganha agora uma importância que vai para além do mero aspecto pontual.Apesar de ter começado de forma previsível, Jesus surpreendeu a meio. Trocou Aimar por Ramires. Francamente não entendo o motivo de se alterar protagonistas, de se abdicar da capacidade de Aimar e de se alterar aquilo que se vem fazendo tão bem. O treinador explicou que a opção se devia a Moutinho e à sua capacidade de se desdobrar e aparecer em zonas mais ofensivas, sendo que Ramires seria um jogador mais forte defensivamente. É verdade que o é, mas não vejo, sinceramente e revisto o jogo, que tal se justificasse.
Enfim, tal não afectou muito a qualidade colectiva do Benfica, que sentiu algumas dificuldades, sim, mas que mostrou também momentos de enorme qualidade de circulação e uma fantástica coordenação organizativa, em particular no posicionamento da sua linha mais recuada – um aspecto fundamental para o sucesso táctico deste Benfica. Há poucas equipas no mundo com a qualidade colectiva do Benfica e não é o nulo que lhe retira esse mérito...
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