30.11.09

Sporting - Benfica: Sem golos, mas... com muita qualidade!

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É frequente confundir-se golos com qualidade. É a consequência de uma visão mais superficial do futebol enquanto jogo. Felizmente, no entanto, chovem por esse mundo fora exemplos que a contradizem, e em Alvalade teve lugar mais um deles. Em termos de qualitativos o Benfica esteve de acordo com aquilo que é: fortíssimo, por vezes, mesmo, quase perfeito. O Sporting, não podendo apresentar em tão pouco tempo os mesmos índices qualitativos, esteve também bastante bem, e teve na atitude e intensidade aspectos que lhe foram fundamentais para conseguir dividir o jogo. Sem golos, mas muito futebol, assim se jogou um derby que, na verdade, pouco adianta nas contas do campeonato.

Sporting
Começou bem a “era” Carvalhal. São várias as mudanças, havendo ainda aspectos por melhorar e outros por testar. Mas irei falar dessas alterações nos próximos jogos, porque envolvem muito, quase tudo na realidade.

Em relação ao jogo, o Sporting esteve bastante bem tendo em conta o valor do adversário. Definiu uma zona de pressão inteligente e começou muito intenso e agressivo no jogo, conseguindo contrariar o Benfica com muito mais frequência do que aquilo que é hábito. Por alguma incapacidade própria e por muito mérito alheio, não foi fácil ao Sporting levar o seu jogo até à área contrária, mas a verdade é que o Sporting conseguiu estar tão próximo da vitória quanto o seu adversário. E o motivo para isto é deveras surpreendente: as bolas paradas. Esteve muito forte o Sporting nesse que havia sido um dos seus pontos fracos do passado recente, quer a atacar, quer a defender (a zona, como se previa, agora dita leis em Alvalade). Houve, de facto, maior dificuldade para se impor na segunda parte, fruto essencialmente de uma maior percentagem de erros técnicos (passes errados), e de uma dificuldade em ganhar segundas bolas a partir de pontapés longos dos guarda redes – um pormenor geralmente desprezado mas que influi muito na iniciativa que se consegue ter em jogos de grande equilíbrio e intensidade como este.

Individualmente, algumas notas. Pedro Silva foi um catalisador dos tais erros técnicos na segunda parte. Adrien continua a contrastar os bons momentos com uma frequência de erros proibitiva para a posição em que joga. Vukcevic jogou à direita (e algum tempo ao meio), não deu muito nas vistas, mas foi muito melhor do que vinha sendo à esquerda. Aliás, arrisco que se mantiver a posição, vamos vê-lo com um rendimento completamente oposto ao que vinha tendo. O ideal para o Sporting seria ter uma solução para a esquerda e fazer recuar Veloso para o lugar de Adrien. Vukcevic na esquerda será, provavelmente, um passo atrás.

Benfica
Sem surpresas de inicio, o Benfica não ficou a dever nada a si mesmo em termos qualitativos. Esteve fortíssimo, condicionou imenso o Sporting e mostrou ser qualitativamente melhor, mesmo tendo estado o Sporting bastante bem. Mas, mais uma vez, não ganhou um jogo importante e, mais uma vez também, afastou-se do lugar a que o seu futebol parece destinado, o primeiro. Talvez o Benfica jogue sempre na mesma intensidade, altíssima sim, mas incapaz de dar algo mais nestes jogos frente a adversários mais fortes e igualmente intensos. Talvez. O jogo com o Porto, depois de Braga e Alvalade, ganha agora uma importância que vai para além do mero aspecto pontual.

Apesar de ter começado de forma previsível, Jesus surpreendeu a meio. Trocou Aimar por Ramires. Francamente não entendo o motivo de se alterar protagonistas, de se abdicar da capacidade de Aimar e de se alterar aquilo que se vem fazendo tão bem. O treinador explicou que a opção se devia a Moutinho e à sua capacidade de se desdobrar e aparecer em zonas mais ofensivas, sendo que Ramires seria um jogador mais forte defensivamente. É verdade que o é, mas não vejo, sinceramente e revisto o jogo, que tal se justificasse.

Enfim, tal não afectou muito a qualidade colectiva do Benfica, que sentiu algumas dificuldades, sim, mas que mostrou também momentos de enorme qualidade de circulação e uma fantástica coordenação organizativa, em particular no posicionamento da sua linha mais recuada – um aspecto fundamental para o sucesso táctico deste Benfica. Há poucas equipas no mundo com a qualidade colectiva do Benfica e não é o nulo que lhe retira esse mérito...
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Aí está ele!

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27.11.09

Belluschi, um problema... genial!

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O jogo contra o Chelsea agudizou o mistério Belluschi. Responsável pelos raros rasgos portistas, mas igualmente fortemente associado à impotência do meio campo para se impor no jogo. Belluschi não é bom... é genial! Mais do que isso, a sua arte, ao contrário de outros animadores de plateias, tem na baliza um elemento essencial. É nela que se inspira. O problema é que Belluschi vive quase exclusivamente para a especificidade do seu talento e quando está longe da sua inspiração – a baliza – torna-se num problema muito mais do que uma solução.

Um erro de casting táctico. Belluschi não é um Meireles, um Guarin ou mesmo um Lucho. Não tem intensidade nem agressividade sem bola, não tem vocação para ter a bola a 50 metros da baliza, nem disponibilidade para se dedicar a tão larga franja de terreno. Mas se lhe derem os últimos 25 metros, se fizerem dele aquilo que os italianos chamam de “trequartista”, então acumulará golos e assistência em quantidade bem superior a qualquer um dos 3 nomes que atrás referi. Como médio no actual 4-3-3... duvido muito.

Jesualdo, como sempre, acreditou no milagre do treino e da sistematização. É a sua natureza, a sua fé. Mas Belluschi já vai a meio da sua viagem pelo mundo do futebol e carrega um código genético demasiado vincado para ser facilmente moldado. Jesualdo está a tentar que o Porto mude Belluschi, mas se calhar o melhor mesmo seria tentar encontrar uma maneira de fazer com que Bellsuschi mudasse o Porto. Digo eu...


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26.11.09

Porto - Chelsea: Reacção mental... precisa-se!

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Não é pela derrota em si, que até poderia nem ter acontecido. É, antes sim, pela incapacidade portista em impor a sua própria intensidade no jogo. Em mandar no adversário, como quase sempre fez no Dragão em temporadas recentes. A conclusão que decorre é a de um óbvio distanciamento actual daquele que foi o nível europeu do Porto nas últimas 3 épocas. Uma impotência que tem origem em problemas técnico-tácticos, mas que atrai também um outro tipo de dor de cabeça para Jesualdo, e que poderá ser uma ameaça bem mais perigosa. O aspecto mental.

O Chelsea pode não ter sido particularmente perigoso, mas mandou sempre no jogo. Controlou sempre a bola e os ritmos, que para seu interesse foram sempre baixos, de forma a não comprometer o equilíbrio táctico. Afinal, o empate servia os interesses ingleses e se ele perdurasse. o mais provável era que o Porto tivesse de correr mais riscos e, consequentemente, ser mais facilmente surpreendido. Poderia não ter acontecido, mas foi exactamente esse o destino do jogo.

A impotência do Porto para inverter esta tendência, explica-se em 2 vertentes. A primeira, de ordem táctica, tem a ver com a sua incapacidade para ser tão eficaz em termos de pressing como fora no passado. A consequência foi o baixar do bloco para zonas muito baixas e de onde, depois, era também difícil partir para transições perigosas. Este é um problema para o qual já venho alertando desde o inicio de temporada e que tem muito a ver com a perda de Lisandro e Lucho.

A segunda vertente tem a ver com o aspecto mental, com a confiança na execução e com a atitude e agressividade sem bola. O facto da equipa estar a lidar com momentos de frustração afecta os jogadores e a equipa e não é por acaso que o período em que o Porto conseguiu causar mais dificuldades ao jogo do Chelsea foi nos minutos imediatamente seguintes à sua melhor ocasião no jogo. O “bruah” como que ressuscitou a crença da equipa, tornando-se mais agressiva e finalmente mandando verdadeiramente no jogo. Infelizmente, foi curto.

Escusado será dizer que, se em vez de se inverter, o problema mental se acentuar, o Porto pode ainda vir a passar por momentos bem piores do que o actual.
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O inferno de Quito!

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Tinha ganho 7-0 na primeira mão da meia final. Agora, na final da Copa Sudamericana, foram... 5!

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25.11.09

Barcelona-Inter: Numa palavra... qualidade!

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Talvez iludido pelas mediáticas ausências de Messi e Ibrahimovic, o Inter pareceu esquecer com quem ia jogar no Camp Nau. Como o Barça é, antes de mais, uma força colectiva, deu-se mal. Muito mal, mesmo. Aliás, se houvesse um KO técnico no futebol, este jogo não teria durado nem metade, tal a forma como o Barça vergou progressivamente o Inter durante a primeira parte. Não porque tenha tido uma avalancha de oportunidades, que não teve, mas porque, não precisando de as ter, soube gerir o jogo e o adversário de uma forma notável. Uma evidência, para quem às vezes se parece esquecer, que esta é uma equipa de outra galáxia no futebol mundial.

Ousar bater o Barça no seu próprio estilo não tem de ser forçosamente um erro. O próprio o Inter conseguiu alguns resultados positivos na sua primeira tentativa, em San Siro. 2 meses volvidos, os ‘nerazzurri’ tinham tudo para fazer melhor. Mas não fizeram, e não fizeram porque, estranhamente, cometeram mais erros e pareceram menos preparados para a qualidade que existia do outro lado. Com bola, tentou sair sempre a jogar, mas acumulou demasiados erros técnicos, demasiadas perdas e tornou-se uma presa fácil para o ‘pressing’ catalão. Sem bola, deixou-se tourear pela posse especulativa do Barça, basicamente por não interpretar verdadeiramente o sentido colectivo do pressing. Isto é, pressionar colectivamente não se aplica apenas aos jogadores mais próximos da bola, é preciso que também a linha defensiva suba no momento certo, para que possa reduzir espaços entre linhas. Caso contrário, e com a qualidade que o Barça tem, a bola vem para trás mas depois encontra mais espaços entre linhas. Isto repetiu-se inúmeras vezes no jogo, e um dos exemplos esteve na origem da brilhante jogada do segundo golo.

Ao contrário do Inter, o Barça esteve perfeito. Todos os jogadores sabem o que querem fazer com a bola, como envolver o pressing adversário para encontrar os espaços por onde entrar. Todos os jogadores sabem quando devem subir para pressionar ou recuperar para equilibrar. Os golos foram igualmente importantes porque tornaram tudo mais desequilibrado também no plano psicológico, uns crescendo em confiança, e outros errando ainda mais, embebidos pela frustração que acumulavam. Individualmente – porque são as individualidades que interpretam as ideias colectivas – é impossível não ficar rendido a Xavi. Parece que goza com o pressing contrário. Outro destaque incontornável é Iniesta, extremo no papel, mas quase sempre vindo para o meio, criando superioridade nos espaços interiores e deixando perdida a dupla Chivu-Motta, muitas vezes demasiado presa a referências individuais de marcação.
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O "quase" do dia

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24.11.09

Contas 08/09: Os números dos 3 grandes

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Porto
Há anos que é assim, e há anos que vem tendo sucesso. O grande pilar do modelo portista continua a ser a venda de jogadores. Só assim, e com os astronómicos valores conseguidos se cobrem, quer os elevados custos com o pessoal, quer as elevadas amortizações resultantes dos sucessivos investimentos no mercado. Todos os anos o balanço é o mesmo, ou seja, está a resultar, mas é muito arriscado. Se o Porto tiver alguns anos consecutivos de dificuldades desportivas e incapacidade para fazer mais valias, poderá acumular rapidamente grandes prejuízos, porque, quer as amortizações, quer os custos com o pessoal apenas poderão baixar ligeiramente no curto prazo. A verdade é que o passado recente tem demonstrado um Porto perfeitamente imune a esses perigos, em particular pela sua capacidade negocial, sendo que já tem, inclusive, mais valias garantidas para o próximo exercício.


Nota para o facto dos proveitos operacionais serem muito elevados, muito devido à rubrica “outros proveitos operacionais”, ficando por perceber a que se refere e ficando também a ideia de que será variável. Do mesmo modo, os elevados custos com o pessoal estão também influenciados pelos prémios de performance desportiva.

Sporting
A primeira nota vai para o facto do Sporting não apresentar contas consolidadas, o que influencia os totais de custos e proveitos operacionais, devendo este facto ser tido em conta quando se comparam os valores totais (mas não as rubricas individuais apresentadas).

As contas do Sporting são bastante sintomáticas em relação a vários aspectos. Em primeiro, em relação à realidade do futebol português e à sua dependência das transferências. Um clube com óptima campanha europeia a nível financeiro, com custos controlados e baixo investimento, se não tiver mais valias no mercado, acumula prejuízos consideráveis. Ou seja, o Sporting, apesar de ser de longe o mais controlado dos 3 grandes, permanece fortemente dependente das transferências.

Depois, fica claro que o Sporting não tem hoje nas rubricas operacionais mais importantes grande diferença em termos de receitas quando comparado com os seus concorrentes. O que tem é um risco muito menor...
Uma conclusão curiosa se pode retirar destes números. Apesar de investir metade dos rivais (veja-se amortizações) e apesar de gastar também metade em salários, não se recomenda, à luz dos números, maior investimento ao Sporting. Pelo contrário.

Benfica
Fosse o futebol e a sua gestão apenas números, e poder-se-ia dizer que numa Benfica se viveriam tempos de verdadeira loucura. Na prática, o que acontece é que se está a assumir um enorme risco, altamente dependente dos resultados desportivos e das mais valias em vendas. À luz destes números, com este nível de salários, com este nível de investimento e sem Champions League, o Benfica precisaria de fazer 37 Milhões de Euros anuais em mais valias com vendas de passes para equilibrar as contas. Não é fácil.

Na realidade esta é uma tentativa de aproximação ao modelo portista e, se é verdade que no Dragão a aposta tem correspondido, também parece difícil pensar que mais do que 1 clube em Portugal possa sobreviver dessa maneira. É que só ganha 1. Em breve poderemos ter a resposta, mas é provável que algum dos 2 se venha a dar mal no médio prazo.

Uma nota final sobre o Benfica e para referir a aposta que não está reflectida nestas contas e que tem a ver com os audiovisuais e com a Benfica TV. Há uma forte crença nessa via para conseguir fazer crescer os níveis de receita nos próximos anos, mas eu, particularmente, tenho muitas dúvidas sobre potencial de um futebol tão periférico como o português nos moldes actuais, seja para que clube for. O futuro o dirá...
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23.11.09

Benfica - Guimarães: culpa própria de uns, felicidade de outros

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Mau Benfica, grande Vitória? O resultadismo aconselha um balanço deste tipo, mas o jogo, realmente, não mostrou bem isso. A verdade, verdadinha, é que para explicar o jogo da Luz tem de se incluir o factor felicidade como um dos mais decisivos no seu desfecho final. Isto não invalida que o Benfica tenha estado anormalmente desinspirado ou, por outro lado, que o Vitória tenha demonstrado grande entrega e carácter ao longo dos 90 minutos. Muito menos deixa de ser mais um contributo para a sustentação de uma ideia que defendi aqui há dias, e que aponta para uma equipa brilhante, mas estranhamente mais orientada para o culto do golo do que da vitória propriamente dita. O Benfica cai cedo na Taça, e sem grande justificação para tal.

Antecipei aqui o crescimento do Vitória de Paulo Sérgio quando os resultados ainda não o apontavam, mas, desta vez, confesso que até me desiludiu. Primeiro, aceitando a aposta em Targino ao centro, pela profundidade que poderia dar, parece-me que a inclusão de João Alves tornou “coxa” a equipa. Porque não Rui Miguel? Depois, tendo uma intensidade e atitude forte no jogo, a equipa nunca conseguiu estar por cima no jogo. Teve alguns bons momentos, é certo, mas estes foram muito isolados e justificados mais por aspectos individuais, seja pela velocidade de Targino, ou pelo virtuosismo técnico da dupla Assis-Desmarets, do que por mérito colectivo. Na verdade houve sempre grandes dificuldades para sair a jogar e evitar o pressing encarnado, e, pior ainda, o próprio pressing nunca foi agressivo sobre as zonas base da primeira fase de construção encarnada, tornando-se progressivamente mais baixo. Na segunda parte, então, praticamente convidou o Benfica a cair em cima da sua área, tão atrás que jogou. Valeu a entrega e o sacrifício.

Mas, se o Vitória foi feliz na forma como conseguiu o triunfo, o Benfica deve muito a si próprio. O grande destaque, para uma equipa que dominou quase sempre o jogo, vai claramente para a desinspiração criativa. Aimar, Saviola e Di Maria são recorrentemente os jogadores que mais desequilíbrios conseguem criar neste Benfica e, destes três, apenas o 10 esteve relativamente próximo do que produz habitualmente. Retirá-lo do campo também não terá ajudado muito para quem precisava tão desesperadamente de um resgate criativo. A consequência foi um jogo de muita quantidade mas pouca qualidade e isso, com alguma infelicidade à mistura, ditou o afastamento.
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Rio, 40 graus, e tudo em aberto no Brasileirão!

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20.11.09

As 3 semanas de Queiroz: eu acredito!

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Não tinha o perfil que entendia ser mais adequado, tal como referi na altura, mas não me impede de sentir alguma desilusão com o primeiro ano da “era Queiroz”. Não pelas dificuldades que sentiu no apuramento, mas porque esperava que Queiroz conseguisse o que Scolari nunca conseguiu, ou seja, fazer evoluir o modelo de jogo nacional. E a verdade é que isso, em qualidade, não aconteceu. Queiroz invocou-o e por ter alguma legitimidade no argumento, julgo ser-lhe devida uma última oportunidade. Um benefício, que conquistou com o triunfo da “operação Bósnia”. Não, não tem a ver com os resultados. Tem, isso sim, a ver com o tempo de treino que Queiroz não teve de forma contínua, mas que agora terá, às portas do Inverno africano. 3 semanas.

O futebol é um jogo colectivo e, como tal, precisa sobretudo de um enfoque colectivo. As individualidades são sempre uma questão secundária em relação ao colectivo. Foi assim que, por exemplo, Scolari, conseguiu a superação de um todo, mesmo sem levar, em absoluto, aqueles que eram individualmente melhores. O problema, repito a ideia, é que o brasileiro se ficou sempre pela vertente psicológica do trabalho colectivo e nunca conseguiu nada em termos tácticos.

A focalização de Queiroz foi, desde o inicio, outra. Por isso criticou tantas vezes o facto de haver poucos jogadores com experiência na Selecção, e por isso também, se concentrou sobretudo em encontrar novas soluções individuais. Individuais. Não espanta que as coisas colectivamente tenham sido difíceis...

Mas algumas coisas foram mudando. Talvez tenha sido do choque dos resultados, agravado pelo traumatismo provocado pela goleada no Brasil, talvez tenha sido apenas pela natural estabilização das suas próprias ideias. A verdade é que a famosa frase de Queiroz sobre quem iria com ele para a selva, teve efeitos práticos. Escolheu os seus homens de confiança, colocou-os sempre em campo e, tal como Scolari, tirou proveitos a prazo. Pelo meio tivemos uma proveitosa experiência pelo 4-4-2, protagonizando a melhor exibição portuguesa da sua era, em terras dinamarquesas. Um momento curto e que espero possa ser apenas o aperitivo para Junho.

Fico, pois, à espera do produto das tais 3 semanas que Queiroz tanto reclama, na ilusão de que delas resulte um candidato ao título mundial. E eu acredito que é possível.
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Um título perdido... ao soco!

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19.11.09

Bósnia - Portugal: O saber, a arte maior

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Houve um tempo em que os confrontos decisivos eram, para Portugal, sinal de lição adversária. Tantos e tantos foram os jogos que ditaram essa regra que ainda hoje se recordam as excepções como momentos épicos do nosso futebol. Esse tempo é, agora, apenas passado. Portugal fez na Bósnia uma demonstração de maturidade e deu aos bósnios o mesmo veneno que provara durante décadas a fio. De nada lhes valeu a determinação, a agressividade e algum talento. O saber foi a arte maior.

Não se pode falar de “bom jogo” de alguém, numa partida com estas características. Foi, aliás, um péssimo jogo do ponto de vista técnico, sendo apenas salvo pela intensidade a que se disputou. Mas pode-se falar, da parte de Portugal, de um jogo sério e de grande lucidez. Esse foi o grande mérito de Portugal, a lucidez. Nunca arriscou a perda em zonas recuadas, nunca permitiu que a Bósnia jogasse em transição e, por outro lado, nunca facilitou o jogo directo adversário, que raramente protagonizou jogadas com alguma probabilidade de sucesso. E, assim, tudo ficou mais fácil.

Foi o final justo para uma qualificação sofrida. Justo, porque apesar das insuficiências verificadas em vários momentos, Portugal provou ser uma Selecção bem mais forte do que qualquer outra que defrontou. Sofrida, não só porque se alongou até tão tarde, mas pelos problemas que o seu futebol foi revelando em atingir o potencial que dele se espera. Algo que terá de ser melhorado até Junho, mas que agora passa para segundo plano. Para já, é tempo de respirar fundo...
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18.11.09

Que não nos falhem!

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Entre os inúmeros e variados cânticos das claques argentinas, há uma frase que sintetiza, afinal, aquilo que se pede desde as bancadas para o relvado. “No le falles a tu hinchada”. E esse é precisamente o pedido que se ajusta a este momento decisivo da Selecção. Que possamos estar também representados no mais importante evento futebolístico mundial, que façam também parte dessa História, que não nos cortem raso o sonho de ouvir repetidamente o hino pelos estádios da África do Sul. Que não nos falhem!

Se havia dúvidas sobre o que se vai passar na Bósnia, elas estão dissipadas. E, se calhar, foi melhor assim. Evita a surpresa no dia do jogo. Se nos tivessem passado a mão pelo pêlo e depois nos confrontassem com um inferno na hora da verdade, aí, talvez se pudesse falar em surpresa. Assim, todos têm de estar preparados.

Mas, para além da determinação, da agressividade ao limite, que estratégia podemos esperar por parte destes bósnios enraivecidos? Na minha opinião, será um engano pensar que se atirarão para cima de Portugal desde apito inicial. Tacticamente, isto é. Não faz sentido para a tipologia de jogo da Bósnia, adiantar linhas e tentar empurrar Portugal para o seu meio terreno. Não têm qualidade global para isso e, por outro lado, qualquer erro poderá ser-lhes fatal. Talvez tenhamos uma agressividade orientada para um zona pressing média-baixa e densa, para onde tentam atrair Portugal para, depois, recuperar e lançar rapidamente as suas transições, tirando partido do espaço e das características dos seus dianteiros. Quando tal não for possível, quando tiverem de organizar, não tenham dúvidas, virá “chuveiro”, directamente para o jogo aéreo dos 2 atacantes. Esta deverá ser a estratégia inicial de Blazevic, que terá nas dimensões reduzidas do campo e no estado do relvado, aliados de relevo.

Aqui ficam alguns pontos estrategicamente importantes para o jogo:
- A intensidade terá de ser outra, bem maior do que aconteceu na Luz. Isso é ponto assente.
- Evitar a todo custo que a Bósnia tenha condições para jogar em transição. Segurança em posse e equilíbrio táctico com bola serão as receitas para que este propósito seja bem sucedido.
- Em organização defensiva, contrariar o jogo directo adversário. Manter linhas compactas (particularmente o espaço entre centrais e médios) será fundamental para a controlar as segundas bolas e o pressing deve funcionar de forma a que o jogador que fizer o lançamento o faça sempre nas piores condições possíveis e o mais atrás possível.
- Se os pontos anteriores forem cumpridos, dificilmente algo correrá mal (há ainda o pesadelo das bolas paradas). Faltará a estocada final e aqui o “pressing” pode ser fundamental. O relvado será mau para os 2, mas pior para quem, mesmo quando ele é bom, tem dificuldades. Identificar momentos de pressão na construção bósnia poderá resultar em recuperações altamente perigosas e possivelmente fatais. Se tudo correr bem, o tempo transformará o entusiasmo em ansiedade e se Portugal não baixar a sua intensidade no jogo (com e sem bola, entenda-se), dificilmente não tirará proveito dessa situação.
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17.11.09

Borges: o perfil de uma solução livre em Janeiro

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O mercado de Inverno é, por tradição, um mercado pouco explorado pelo futebol europeu. A época está a meio, os orçamentos estão já desgastados pelas decisões do Verão e, claro, há competições em curso. Compreende-se. Compreende-se mas não deixa de ser uma oportunidade perdida para ser mais acutilante em alguns campeonatos especialmente interessantes nesta época. Um deles é, provavelmente, o brasileiro.
Na verdade não há muitos jogadores livres neste defeso, e são poucos os jogadores que, estando nesta condição, podem aspirar ao mais alto nível do futebol europeu. Um dos casos mais interessantes é, sem dúvida, o do atacante Borges do São Paulo. Uma solução que deve ser equacionada por quem não tem muito dinheiro para gastar e quer um reforço para a linha da frente. Aqui fica o perfil...


"Ter golo". Não é um atributo nem técnico nem físico, mas será o que mais conta para quem joga tão perto da baliza e é, neste caso também, o principal atributo de Borges. Basicamente esta propensão para marcar com facilidade, explica-se por uma boa movimentação na zona de finalização e, também, por uma boa resposta mental naquele que é o momento de maior pressão para qualquer jogador, a finalização.

De resto, Borges é um avançado com boa mobilidade, que sabe jogar de costas para a baliza e dar sequência útil às jogadas que lhe chegam. Digamos que não é um especialista em nenhum aspecto particular – velocidade, jogo aéreo ou técnica – mas é competente em todos eles. Vem jogando nos últimos anos num sistema de 2 avançados que, diga-se, se ajusta bem melhor às suas características, mas também poderá fazê-lo noutro tipo de sistemas.

Já agora, fica a estimativa do salário anual deste jogador que, não sendo um craque, dá aos 29 anos bastantes garantias de ser uma solução útil: 300.000 €


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O milagre 'tricolor' está em curso

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Há 10 jogos estava em último, com 3 vitórias em 25 jogos. 6 vitórias nos últimos 10 jogos, levando 4 consecutivas e, a 3 jornadas do fim, está a 1 ponto da linha de água. O milagre parece agora bem provável e o Maracana tornou-se um inferno.

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16.11.09

Carvalhal: os "mais e menos" de uma opção audaz

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A surpresa de Bettencourt, foi-o também para mim. Mas foi-o por motivos completamente opostos aos da maioria. Gorada a hipótese Villas Boas, que classifiquei de única, pensei que o Sporting se fosse virar para uma opção ilusória como tantas que fizeram as manchetes nos jornais. Perplexo por ter ido para além do óbvio e se ter orientado para as competências, e mais perplexo ainda por o ter feito 2 vezes seguidas, com Carvalhal depois de Villas Boas. Antes dos “mais e menos” desta opção, não evito relembrar outra que me surpreendeu (ainda que menos por vir de onde veio) e que também se orientou para as competências de um treinador desgastado e em aparente fase descendente. Jesualdo Ferreira em 2006. As comparações, para que fique claro, não vão para além disto porque Carvalhal não tem, nem de perto, as condições de Jesualdo para o sucesso...

Mais
Conhecimento e competências – Para quem não está familiarizado, o grande “guru” do treino táctico em Portugal chama-se Vitor Frade. Carvalhal não é só um ex-jogador de futebol, é também um académico e aluno de Vitor Frade com quem, diz-se, prolongava acesas discussões tácticas pelas escadarias da Faculdade. Não será o mais popular (esse é Mourinho), mas será, provavelmente, o disciplo original de um conceito de jogo e metodologia de treino que vai, aos poucos,conquistando o mundo.
Isto não faz de Carvalhal um treinador de sucesso garantido – como se sabe – mas garante-lhe um perfil que tem tudo para que tal aconteça.
Enquadramento com o desafio – O Sporting, hoje mais do que nunca, é um osso terrivelmente duro de roer para qualquer treinador. Clube grande, com exigência de títulos e resultados contínuos, tem nesta altura uma concorrência, não só mais apetrechada, mas também muito competente. E nestas coisas, ser bom não basta, é preciso ser melhor. Carvalhal tem-se mostrado sensibilizado ao longo da sua carreira para a importância de saber jogar no mercado e saber fazê-lo de forma astuta, sem milhões. Esse é um predicado de que o Sporting precisa urgentemente e que não encontraria seguramente noutros nomes de técnicos mais conceituados (mas não necessariamente mais competentes) que facilmente exigiriam mundos impossíveis assim que se deparassem com as primeiras e previsíveis dificuldades e que, com alguma facilidade virariam a cara a uma causa que precisa de grande determinação. Esse é um erro cometido noutros clubes no passado e que foi, desta vez, evitado.

Menos
Não afirmação com um modelo dominador – Dizer que Carvalhal é um treinador de falhanços é apenas meia verdade. A sua final da Taça com o Leixões e a recente época com o Vitória de Setúbal são, a meu ver, feitos que, nas mesmas condições, alguém dificilmente repetirá. O seu grande falhanço, como aliás aqui referi, foi no Marítimo, onde teve tudo para fazer muito e fez muito pouco. Este problema torna-se especialmente relevante quando consideramos que com o Marítimo se exigia um modelo de jogo mais próximo daquele que terá de apresentar em Alvalade. Esta não afirmação num modelo de jogo mais dominador e forte em posse é, para mim, o grande senão da carreira de Carvalhal e, também, o principal motivo de desconfiança para os sportinguistas.
Incapacidade sob pressão – Outro dos riscos da opção tem a ver com a sua incapacidade para dar a volta aos momentos negativos que, inevitavelmente, qualquer equipa tem. Em Belém, em Matosinhos e em Setúbal teve épocas positivas, em certos casos mesmo muito, mas quando a tendência mudou, Carvalhal nunca foi capaz da inverter. Sendo que o Sporting está nesta altura numa fase negativa e que é impossível voltar ao zero a meio da época, aqui pode também estar um risco para a opção.

Nota1: Para breve um confronto entre Jesus e Carvalhal. Alguém se lembra do 5-0 que Jesus aplicou ao agora novo treinador do Sporting?
Nota2: O Sporting há muito que não é eliminado de uma taça interna sem ser por penaltis. O último a consegui-lo foi... Carlos Carvalhal (aliás, com reconhecida queda para provas a eliminar)!

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Portugal - Bósnia: Bom resultado, mau pronúncio...

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Começo pelo mais importante, o resultado. É para cima de bom. Para se ser eliminado depois de um 1-0 na primeira mão, eu diria, é quase preciso perder 2 vezes no mesmo jogo. Esta foi a melhor parte, porque se o resultado é em teoria bom, podia e devia ter sido muito melhor. Por culpa própria, e de uma intensidade baixíssima no seu jogo, Portugal perdeu a oportunidade de penalizar uma equipa globalmente fraca e que tem apenas 3 unidades que podem decidir. Isto, se a bola lhes chegar. Não foi isso que aconteceu e o que se viu abre mesmo margem para que na Bósnia se acredite que é possível fazer Portugal perder as tais 2 vezes que precisa para ficar de fora. É que, podem ter a certeza, a intensidade deles vai ser completamente diferente.

O jogo não começou brilhante, marcado por uma posse de bola com dificuldades para encontrar espaços, demasiado desligada e com poucas movimentações que libertassem os 3 da frente. Houve excepções, é certo. Alguns momentos de qualidade que resultaram da virtude técnica dos nossos jogadores, com Deco e Nani em evidência.

Mas não foi a posse e organização ofensiva o principal problema da Selecção.
Repetidamente a Bósnia saiu a jogar a partir de trás. Lentamente, de pé para pé, até chegar ao meio campo, antes de utilizar o pontapé longo para os 2 avançados. É, na minha óptica, inaceitável que uma equipa como Portugal tenha feito um jogo tão pouco intenso em termos de pressing, com destaque, sobretudo, para a linha média e para os 4 jogadores entre Liedson e Pepe. Se tivesse havido maior ligação e agressividade do pressing, é quase certo que os bósnios teriam sentido muitas dificuldades em sair a jogar, teriam perdido muito mais bolas e em zona perigosa. Não foi assim, a Bósnia tirou sempre partido disso para fazer passar os minutos antes de, na fase final, dar um ar do que será a segunda mão. Apenas um ar, porque a sua atitude será seguramente muito mais intensa e, sendo-o, Portugal terá enormes se não alterar a sua postura.

Um dos reflexos do que é o jogo de Portugal é o que aconteceu com Pepe. Foi dos jogadores mais importantes no jogo, mas correu demais. Ou melhor, deveria ter corrido demais, se Portugal tivesse um meio campo com a ordem que devia. O papel de Pepe pode ser importante e uma adaptação feliz de Queiroz, mas só faz sentido se a sua missão for de apoio e equilíbrio e não com a liberdade que assume, não cumprindo muitas vezes os propósitos tácticos da sua posição. O que se passa é que, sem bola, o restante meio campo trabalha tão pouco que as correrias de Pepe se tornam úteis, mesmo desguarnecendo a posição que devia cobrir. E, com bola, a movimentação dos médios é tão pouca que as aventuras do ‘merengue’ acabam por dar muito jeito, apesar de retirarem o equilíbrio táctico que, mais uma vez, a sua posição devia garantir. Nada contra Pepe, provavelmente o mais bravo de todos. Contra, isso sim, a falta de intensidade colectiva e, sobretudo, ordem táctica do meio campo.
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13.11.09

Jorge Jesus: Entre os golos e as vitórias

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Três meses de competição e pouca margem há para qualquer dúvida no que respeita ao consumo interno. Um Benfica arrasador deixa a concorrência a milhas em termos qualitativos. Nesta certeza surge, estranhamente, um dado que parece não bater certo. É que essa evidente diferença qualitativa não tem reflexo na tabela classificativa, liderada pelo Braga, graças à vitória no duelo da “Pedreira”. Um registo que se estranha mas que, por outro lado, é coerente com algo que vem marcando a carreira de Jorge Jesus. A incapacidade de ter registos pontuais que correspondam à qualidade que se vê no relvado...

É terrivelmente difícil falar deste tema porque entra num campo muito pouco palpável. Ainda assim recorro à recente derrota encarnada em Braga e no que foi dito depois da mesma. A imprensa apelou à estatística para salientar a incapacidade da equipa para inverter desvantagens no marcador e, por seu lado, Jesus encolheu os ombros referindo o óbvio. Ou seja, que não há equipas invencíveis. Talvez esteja aqui o foco do problema. É que, como líder, caberá a Jesus exigir sempre mais. E, ao contrário do que às vezes se pensa, “mais” em futebol não é expresso pela volumetria das goleadas, mas antes pela frequência das vitórias. Mesmo reconhecendo-se como um objectivo utópico, a invencibilidade deve ser o limite para onde qualquer treinador tenta puxar a sua equipa. Aceitar a derrota ocasional, seguramente, não é melhor forma de o fazer.

Será, segundo este raciocínio, mais um problema de orientação motivacional, estando esta mais direccionada para a superação em jogos que estão a correr bem do que para aqueles onde, por alguma eventualidade, tal não acontece. Não resisto, neste campo, a fazer uma comparação com aquele que será, provavelmente, o exemplo do paradigma oposto: José Mourinho. Reconhecendo-se grande qualidade a todos os níveis, o “Special One” tem marcado a sua carreira por frequentes e constantes exemplos de superação colectiva, com reviravoltas improváveis nos últimos minutos. Muito mais do que a palavra “golo”, da parte de Mourinho é a palavra “vitória” que é repetida à exaustão.

Nota1: Excluindo os 3 grandes, entre 2007 e 2009, apenas o Marítimo em 2008 teve melhor diferença de golos do que as equipas de Jesus nas respectivas épocas (tendo em conta os resultados dentro do campo e não os efeitos do “caso Meyong”). No entanto, em termos pontuais, o treinador nunca atingiu o 4º lugar.
Nota2: Mais golo, menos golo, mais vitória, menos vitória, será muito difícil a qualidade do seu Benfica não chegar para fazer de Jesus um treinador campeão em 2010.

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3rd eye!

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12.11.09

Sporting: Villas Boas alternativa... única

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“Estamos a ter alguma dificuldade em assentar o nosso jogo, e a entrar um pouco no que é o jogo directo deles, e isso é o que estamos a tentar resolver para impor sempre o nosso estilo de jogo. Nunca nos podemos esquecer de quais são as bases do nosso jogo e é isso queremos. Impor o nosso jogo e não entrar no deles.” (André Villas Boas, ontem após a interrupção do Portimonense – Académica)

Tal como o hábito não faz o monge, o discurso não faz o treinador. Não faz, mas ajuda muito. E no caso de André Villas Boas serve para complementar o que desde o inicio se vem observando no relvado.

O destaque que lhe dou não nasceu com a sua recente “novela” que o liga ao Sporting, já vem de trás, mas agora há ainda mais propósito para se falar dele. A capacidade de recrutamento, de avaliação de recursos humanos, a todos os níveis, é o factor mais determinante para o sucesso de um clube no médio-longo prazo. Há quem não perceba, quem procure outro tipo de referências que considero de valor a rondar o nulo. Nesta questão não tenho muitas dúvidas. André Villas Boas não garante nada em tempos de alta exigência, mas, para o Sporting, é o único nome que traz real esperança de uma inflexão do sentido das coisas. O único dentro dos nomes que foram falados e o único dentro das hipóteses que conheço.

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O apito que resgatou um ponto para o Palmeiras

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11.11.09

Javi Garcia e o outro lado do "pivot" defensivo

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Nem todos os modelos o adoptam, nem todos os treinadores fazem questão de o ter. Quando o “pivot” existe, no entanto, a sua missão é inevitavelmente de uma relevância capital para a respectiva equipa. Essa importância táctica é, na minha opinião, frequentemente confundida com brilhantismo de desempenho. Isto é, a missão é fundamental tacticamente, mas não tem o grau de exigência técnica de outros papeis, pelo que é mais simples aproximar-se da perfeição. Tudo isto tem a ver com a limitação ofensiva que é dada ao “pivot” em vários modelos actuais. É o caso do Benfica. A utilidade ofensiva deste elemento para a criação de desequilíbrios não tem de ser forçosamente nula. A evidência esteve no protagonismo de Javi Garcia, bem perto do minuto 90.

3 exemplos. Fernando no Porto, Javi Garcia no Benfica e Yaya Touré no Barcelona. 3 características comuns. Forte limitação táctica, exigindo-se enorme concentração posicional e grande segurança em posse. Passes de rotura e jogadas de desequilíbrio ofensivo são, em qualquer dos casos, de frequência praticamente nula. Mas há uma coisa que separa Fernando dos outros 2. É que, enquanto Touré e Garcia são armas nas situações de bola parada, Fernando não o é.

Não é por acaso. Nem no caso da escolha de Touré por Guardiola, nem no caso de Garcia por Jesus. A capacidade aérea, fortemente condicionada pela estatura, é um ponto fundamental para a escolha do eleito. Aliás, Benfica e Barcelona partilham no aspecto da estatura uma disposição francamente útil e inteligente. Na zona criativa, a capacidade aérea é perfeitamente secundária, com ambas as equipas a contar com vários elementos de muito baixa estatura (a excepção é mesmo a referência ofensiva). Mas, mais atrás, a capacidade aérea é enorme, sendo não só útil em termos defensivos como também para fazer proveito das situações de bola parada que os “baixotes” conseguem arrancar.
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Nuno Assis: e se o BI não contasse?

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O que começa mal, tarde ou nunca se endireita. Na verdade, não é sempre assim no futebol, mas no caso de Nuno Assis este pode ser um saber popular perfeitamente aplicável. O Sporting terá sido provavelmente quem menos sabiamente aproveitou o jogador, mas também no Benfica faltou olho. A verdade é que a qualidade de Assis nunca foi o seu problema. E ainda hoje é assim, sendo fácil prever a cobiça que suscitaria caso não tivesse o obstáculo do BI...

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10.11.09

Benfica - Naval: O monólogo que terminou à cabeçada

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Um jogo é suposto ser um diálogo e quando, como aconteceu neste caso, se aproxima tanto de um monólogo torna-se naturalmente menos interessante. Isto, apesar da incerteza provocada pelo arrastar do nulo até ao final. A responsabilidade é, claro, em primeiro lugar da qualidade do Benfica, mas deve também ser dividida com a atitude da Naval, que muito facilmente se submeteu a um jogo muito baixo e sem arriscar minimamente em termos de zona de pressão. Foi, na sequência de outros casos aqui referidos recentemente, mais um exemplo das dificuldades que se sente quando se enfrenta um adversário tão fechado como aconteceu.

Para se chegar ao objectivo, o golo, pode-se utilizar 3 vias que decorrem da própria natureza do jogo. Em organização, em transição ou de bola parada. Quando uma equipa não arrisca minimamente em termos ofensivos retira, desde logo, uma das vias. A da transição. Esse foi o primeiro obstáculo do Benfica. Sem possibilidade de usufruir de transições é muito mais complicado apanhar o adversário em momentos de desorganização e torna tudo muito mais dependente de rasgos de criatividade e inspiração que possam contornar a inferioridade numérica no último terço. O problema é que isso não aconteceu com abundância e apenas Di Maria se mostrou capaz de “abrir a lata” figueirense (aqui entra o tal factor de desgaste mental dos jogadores, invocado por Jesus). Deste modo, restavam as bolas paradas. E assim, mesmo tardando, aconteceu. Fica, mais uma vez, saliente o mérito encarnado para este tipo de situações que, diga-se, não podem ser vistas como uma espécie de recurso menos digno. E muitas vezes são.

Sobre a Naval, começo por dizer que, para mim, não há estratégias mais ou menos positivas. Cada um traça o plano que entende e tem toda a legitimidade para isso, mesmo não agradando a terceiros. Dito isto, elogio a atitude e o espírito de sacrifício dos jogadores da Naval, mas também realço que, para além desses factores, há pouco mérito naquilo que fez.
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Volta ao mundo: 6 golos

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9.11.09

Maritimo - Porto: Maus ventos para o campeão

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Quem acompanhasse o percurso das duas equipas no passado recente só poderia prever uma noite difícil para os portistas. Aí nada de surpresas e, daí, este ser um resultado, não previsível, mas possível. O inesperado, o surpreendente não surge tanto pelo desfecho, mas pela forma como ele foi construído. É que, ao contrário do que é espectável, natural e totalmente habitual, o Marítimo foi melhor, não tanto pela agressividade, não tanto pela eficácia, mas sobretudo pela superioridade técnica. Daqui retira-se, de imediato, uma grande dose de mérito para os madeirenses, mas, também, mais um indicio problemático para um Porto que poderá este ano ter alguns desafios que lhe têm sido invulgares no passado recente.

Começando pelo Marítimo. Não é de hoje que nos Barreiros mora um dos mais técnicos elencos da liga. Provavelmente o “4º grande” neste particular. O problema é que isso nunca foi colocado em prática de uma forma colectiva e só agora se percebe que a equipa joga dentro do seu potencial. E que bem que joga! A velocidade de circulação em zonas densas foi notável, permitindo, primeiro, frustrar as zonas-pressing portistas e, depois, criar desequilíbrios. Isto aconteceu particularmente sobre a esquerda, com Marcinho, Alonso e Manu em grande destaque. Não é tão forte em termos de pressing e agressividade como outras equipas, mas tem virtudes que, mantendo, serão seguramente uma mais valia importante.

Se o Marítimo esteve bem, o que dizer do Porto? “O pior da época”. Será? É que este Porto não vem propriamente melhorando. Desde o inicio que tem menos eficácia ao nível do pressing em relação a anos anteriores, mas agora vislumbra-se um empobrecimento contínuo da qualidade nos momentos com bola. Seja em organização, seja em transição. Jogadores muito distantes, poucas linhas de passe e, muitas vezes também, más decisões. Tudo isto impediu que o Porto se sobrepusesse num jogo em que o Marítimo se disponibilizou a dividir.

Mas o Porto passará seguramente por uma experiência nova, um desafio onde Jesualdo nunca foi testado. A capacidade de resposta mental com a pressão de ter adversários directos a uma distância assinalável. Este ano, para além da necessidade de evolução colectiva em termos técnicos e tácticos, vai ser preciso também uma resposta mais forte em termos anímicos. Para começar, num momento em que não está bem, o Porto tem de colocar outra atitude, outra agressividade e outra determinação em campo. O que não aconteceu. Depois, terá também de lidar com o perigo da frustração.

Jesualdo pode ter tido o seu pior Porto da época, mas esta pode também vir a ser a pior época do seu Porto.
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Rio Ave - Sporting: A psicologia do chicote

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Se novidades poderia haver, estavam apenas e exclusivamente no lado mental. A psicologia do “chicote”. E até pareceu funcionar. Não por um grande crescimento qualitativo, mas pelo notório alívio de pressão que se viu na primeira parte, em grande parte motivado pelo golo que não tardou a surgir. O efeito do “sacrifício” do treinador pareceu ser positivo mas depressa se sentiu, afinal, a sua falta. Um alerta para o que vem e, claro, para quem fica.

A era Paulo Bento mostrou vários primeiros tempos inferiores àquele que o Sporting realizou em Vila do Conde, muitos deles recentes. Atrevo-me, no entanto, a afirmar que nunca, durante os 4 anos, se viu uma entrada tão “frouxa” no reatamento. O intervalo, aliás, sempre pareceu ser um ponto forte de Paulo Bento e é preciso recuar até aos primórdios da sua “era” para encontrar o único desperdício de uma vantagem de 2 golos. Não é por acaso.

A lição é tão simples como óbvia. Ao Sporting, nos últimos anos, pode ter faltado muita coisa mas atitude foi algo que raramente escasseou. E, podem estar certos, é muito mais fácil perder por falta de atitude do que por falta de estética.

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Guimarães - Braga: O regresso do "Rei"

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“...e vamos ganhar!” Foi assim que Paulo Sérgio lançou o jogo contra o primeiro, em pleno flash interview de uma derrota frente... ao último. Se fosse póquer toda a gente apostaria num “bluff”, assim, para quem vê as coisas sempre mais centradas no resultado, pareceu apenas irresponsável. Não era. Era apenas a convicção de alguém que, não tendo os melhores resultados, sabia do potencial das suas cartas. Por isso, também me associei ao treinador nessa convicção de projectar extremas dificuldades para o líder nesta deslocação. E aconteceu.
O Vitória pressiona melhor, é mais agressivo e deu ao Braga um pouco do veneno que aplicara na jornada anterior. Grande atitude, futebol asfixiante e, mais importante de tudo, entrar a ganhar. Não vai ser fácil bater este Vitória, parece-me claro. O “Rei” voltou.

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2x5 !!

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6.11.09

Sporting: já toda a gente percebeu...

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Um dia depois da lição de Mourinho sobre a importância da variante humana no desempenho das equipas, temos o exemplo oposto. O momento do Sporting. Há dias classifiquei a actual pressão externa como “devastadora e incontrolável”. Pois bem, ela aí está, bem visível. Hoje, mais do que qualquer problema colectivo ou estrutural, o que assombra o futebol leonino é um estado psicológico que destrói toda e qualquer hipótese de haver um mínimo de qualidade. Algo estranho de explicar, mas evidente e nada original. Basta, afinal, recordar o que foram os últimos jogos do ciclo anterior a Paulo Bento no clube. Quem já parece ter percebido tudo isto, e há algum tempo, é... o próprio treinador.

Ninguém joga assim! Nem a nível amador. O índice de falhas técnicas é aterrador e torna tudo o resto, nesta altura, secundário. Será por isso, mais do que qualquer outra coisa, que as possibilidades de Paulo Bento inverter a situação são altamente reduzidas. E o treinador, em mais uma demonstração de lucidez, coloca devidamente o dedo na ferida.

Num momento de grandes especulações aproveito, já agora, para dar o meu contributo. Parece-me claro que Paulo Bento já percebeu que sem um choque psicológico nada será nesta altura possível fazer e que isso dificilmente acontecerá sem a sua própria saída. Afinal, o treinador, já disse exactamente isto. Depois, face a esta conclusão, também me parece evidente que o próprio chegará rapidamente à conclusão de que é ele quem mais perde com o perpetuar da situação. Isto leva-me à conclusão de que a mudança só não se dá porque quem dirige o clube não quer. E percebe-se também o porquê. É que se existe hoje um problema psicológico notório, os outros problemas não ficarão resolvidos pela simples saída de Paulo Bento. Muito pelo contrário. Desde logo, a escolha de um sucessor torna-se um problema óbvio, quer pela dificuldade, quer pelo próprio “timing”. Estará Paulo Bento apenas a dar tempo a Bettencourt?
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Ruben Micael: valerá a pena?

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De revelação a confirmação. Assim vai a carreira de Ruben Micael. Começou por se destacar pela utilidade, depois, e assim terminou a época passada, passou a ser um jogador perigoso, pela regularidade com que assistia ou marcava. Mas Ruben não pára. A sua progressão tem sido notória e contínua e hoje é o líder natural de todo o jogo do Nacional. Percebe-se que está na eminência do salto, que é uma questão de tempo e a pergunta de muitos emblemas mais poderosos será: terá Ruben o que é preciso para vingar num patamar acima?

A minha resposta, antes de mais e de forma muito clara, é “sim”. O que é diferente de afirmar com certeza que tal vai acontecer. Isso, como sempre, dependerá de vários factores. Mas passo a explicar o meu “sim” à primeira pergunta...

Ruben é um bom executante. Não soberbo, mas bom. Não é por aí. O seu destaque vem de 2 aspectos altamente invulgares que Ruben possui, que mostra de jogo para jogo, e que, confesso, nesta altura me deslumbram. Primeiro, e mais importante, a capacidade de se mover no corredor central, de antecipar os espaços, de ser capaz de oferecer linhas de passe constantes, seja em apoio, seja em profundidade. Não é normal. O segundo aspecto tem a ver com a personalidade. Convém recordar que estamos a falar de um jogador de 23 anos e, sobretudo, que tem apenas 1 ano na principal liga do nosso campeonato. A sua preponderância tem, no entanto, crescido enormemente e Ruben é hoje um líder, mas um líder do jogo. Ou seja, procura sempre e permanentemente oferecer linhas de passe e ser útil à equipa. A isto, no entanto, não corresponde uma orientação para decisões mais centradas na sua capacidade de desequilíbrio. Raramente decide mal, raramente perde um passe e os que faz, frequentemente acrescentam valor à equipa.

O potencial é, por isso, muito grande. Para que seja atingido, falta que seja integrado convenientemente. Ruben é um jogador de corredor central e é aí que deve ser inserido. Depois há o aspecto defensivo que precisa claramente de outra equipa, de outras ideias para melhorar. No Nacional, e com Manuel Machado, Ruben não encontra um enquadramento que o faça evoluir em termos de posicionamento defensivo e pressing colectivo. O que é pena porque quem antecipa de forma tão sapiente os espaços tem tudo para conseguir muito mais recuperações do que o madeirense protagoniza. E como isso é hoje importante num médio!
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5.11.09

Organização ofensiva, o exemplo do Barcelona...

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Nem de propósito. Nos últimos tempos tenho aqui falado muito da organização ofensiva, primeiro pelo problema revelado no Sporting e, mais recentemente, no Porto. A Champions faz-nos chegar a um bom exemplo. O melhor exemplo. O Barcelona, pois claro. O duplo confronto com Rubin Kazan teve um desfecho surpreendente. 1 ponto, 1 golo, são as estatísticas que mais interessam, mas há outras que importa trazer para o debate. 109 minutos com bola, 44 finalizações... 1 golo, relembro.

Alguém duvida da qualidade colectiva do Barcelona em todas fases da sua organização ofensiva? Talvez haja, mas não devia. Porque é notável. Ainda assim, em 2 ocasiões, a muralha russa parou a máquina catalã. E parou mesmo. Porque se é verdade que 1 lance pode mudar – e mudaria – a história de um jogo, também é factual, para quem viu, que poucas foram as ocasiões que tanta posse de bola produziu. Os remates foram muitos, é certo, mas poucos com boas possibilidades de sucesso.

A conclusão é óbvia. Pelo menos para mim. O espaço é fundamental, e sem ele tudo é mais difícil. Para todos, não apenas para alguns. Mas há mais. Se houver mérito de quem defende e o faz de forma tão intensa e baixa, é importante que haja qualidade colectiva para fazer a bola chegar ao último terço, sim, mas será improvável que algo aconteça se, paralelamente, não houver também inspiração individual. Essa é outra nota que resulta deste Barça duplamente congelado. É que se tantas vezes a bola chegou ao último terço, se o colectivo trabalhou sempre bem, notou-se sempre que o momento individual não seria suficiente para gerar os desequilíbrios pretendidos. E assim foi.

Já agora, entre os destaques da Champions, se o Barcelona é, de muito longe, a equipa que mais tempo tem a bola, quem mais remata, também com alguma distância, é... o Porto.

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"Carácter", a lição de Mourinho (mais uma!)

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4.11.09

Apoel - Porto: Oitavos garantidos...mas falta o resto

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Fácil, talvez seja excessivo. Afinal estamos a falar da Champions. Mas se era importante ganhar, o Apoel não deveria ser seguramente o impedimento. Apesar do ambiente, apesar da vontade. E não foi. Não foi mas esteve perto de ser, porque o Porto, sendo sempre superior, voltou a revelar incapacidade no último terço. Incapacidade criativa e conclusiva. Um mal que, a par de alguns momentos individuais deve preocupar numa época de grandes exigências. Enfim, para já vale a vitória, que era mesmo o mais importante.

A vontade do Apoel não dava para tudo. Sobretudo ao nível da segurança em posse revelou, tal como no Dragão, enormes problemas. Problemas que deveriam ter, bem mais cedo, garantido a vitória. Mas isso não aconteceu e não aconteceu porque, primeiro, não há na equipa portista um entrosamento no último terço que permita a fluidez que se espera, e, depois, não houve também nervo para concluir da melhor maneira jogadas de golo eminente que foram acontecendo. O resultado foi o passar do tempo e o aumentar do risco.

A organização mantém-se muito boa. Sem bola, o pressing não tem a excelência de outros tempos, mas mantém-se com agressividade e competência suficiente. Isto quando tem Falcao a 9. Com bola, os problemas são maiores. O entrosamento do trio ofensivo não é ainda o melhor e terá de evoluir tal como aconteceu na época anterior. Mas o problema não se esgota aí. Na linha média, Jesualdo não encontrou ainda um jogador que ofereça rendimento global (com e sem bola) para a meia direita e, do outro lado, Meireles está irreconhecível, perdendo-se assim grande parte da qualidade criativa. Outra qualidade da equipa está normalmente nos laterais. Mas, como se não bastasse, a ausência de Fucile também vem retirar arrojo ofensivo.

O Porto não é nem nunca será uma má equipa. Será sempre uma boa equipa, bem organizada e que sabe o que quer de todos os momentos do jogo.O problema, tal como já referi noutras ocasiões, é que ao Porto exige-se sempre mais. Exige-se a excelência. Jesualdo tem conseguido evoluções fantásticas em vários jogadores, atenuando perdas individuais sucessivas. Este ano, porém, vejo tudo mais difícil. A excelência, isto é...
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Da Champions vem o aviso...

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3.11.09

As duas faces de Ramires

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O vídeo mostra a melhor face de Ramires. Aquela que lhe vale destaque, golos e utilidade táctica. É o seu fantástico comportamento em transição, a crença que põe em todos os seus movimentos sem bola, aproximando-se da zona de finalização como se fosse certo que a bola irá ter com ele. Mas, ao contrário do que algumas análises precoces, incentivadas pela frequência goleadora do jogador, fizeram crer, Ramires não é um jogador totalmente adaptado à sua posição. Para ser realmente um jogador de elite precisa de percorrer ainda uma etapa, algo que era previsível para quem já o conhecia e que, por exemplo, em Braga ficou bem claro...

Minuto 7, livre de Viana. Todos sabemos o desfecho, mas se recuarmos uns segundos chegamos à origem do lance. Perda de bola de Ramires no flanco direito, não conseguindo desequilibrar na ala e dando origem à transição de que resultaria o fatídico livre. Para ser honesto, a decisão nem é um ponto fraco do ex-Cruzeiro, mas, pela importância, esta será provavelmente a jogada que mais simboliza a pouca utilidade de Ramires na primeira parte, quando a equipa precisava de encontrar soluções em organização ofensiva. Esse sim é o problema de Ramires, a organização ofensiva.

Começou como médio utilitário, de combate. “Volante”. O destino (e Adilson Batista), no entanto, ditou que se destacasse mais à frente, pelos golos e desequilíbrios que provocava em transição. “Meia”. A transformação, no entanto, não foi completa. Ramires passou de “Volante” para “Meia”, mas não ganhou a característica que mais define os criativos. O gosto em ter a bola. Por isso, quando o espaço e a transição não aparecem, Ramires não se sente desconfortável em permanecer escondido do jogo. Por isso tem tantas dificuldades em criar e desequilibrar quando os espaços são escassos. Por isso, em organização, Ramires não é ainda um verdadeiro “Meia”, mas sim um “Volante” disfarçado.
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Académica - Guimarães: Pode ser mesmo um caso sério...

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Não resisto a comentar este jogo. A qualidade da sua primeira parte no Dragão abriu o apetite e levantou a dúvida. Em Coimbra a sequência foi... notável. Absolutamente notável. Num outro registo, com outras referências para um pressing que se queria mais alto e com uma posse valorizada. Tudo diferente, mas com a mesma qualidade de organização colectiva e mantendo sempre grande capacidade de reacção aos momentos do jogo. O primeiro golo foi fundamental, é certo, e não se saberá o que sucederia se ele não tivesse acontecido, mas isso não apaga a qualidade do que se viu.
Já agora, sobre o Vitória, convém dizer que não foi uma exibição preocupante, nem sequer negativa, apenas condicionada. Fortemente condicionada. Para o Braga não se prevêem facilidades em Guimarães...

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Volta ao mundo - 13 golos que valem a pena

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2.11.09

O erro de Paulo Bento

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A crise transbordou. Do relvado para as bancadas e, agora, destas para fora. A pressão externa é agora uma espécie de catástrofe natural para o futebol do Sporting. Incontrolável e devastadora. Recuando alguns meses no tempo, há uma decisão que se prova agora errada e que definiu a continuidade de Paulo Bento à frente do Sporting. Não, não estou a falar do convite de Bettencourt, estou a falar do “sim” do treinador...

Discutir o título em 3 dos 4 últimos anos, aumentou a exigência para zonas perto da tolerância zero. Talvez Paulo Bento, ele próprio, se tenha deslumbrado com a freqüência com que disputou o objectivo, mesmo com menores condições, e resolveu aceitar novo desafio. Um erro, prova-se. A liga tornou-se mais difícil e, mesmo se o futebol do Sporting se apresenta num nível abaixo do exigível, a verdade é que também não demonstra potencial para atingir o patamar necessário. Ao desgaste juntava-se, portanto, o insucesso improvável na liga, combinando para uma fórmula que terminaria sempre em altos níveis de contestação. Talvez não tão cedo, é certo, mas altamente provável.

Se Bettencourt tomou a óbvia decisão de apostar em quem tinha conseguido mais com menos, Paulo Bento poderia ter evitado o seu próprio prejuízo, tornando-se no mais prejudicado com a situação. Sim, porque por muito que custe aos adeptos do Sporting, Paulo Bento, tendo responsabilidades óbvias na actual situação, está longe de ser a caixa de pandora do futebol leonino. Muito longe, aliás.

Se sair, com ele irá a pressão do momento, mas não os problemas crónicos do futebol do Sporting. Isso dependerá sempre de quem venha a seguir e, desde já antecipo, que não será fácil encontrar uma solução que melhore os resultados dos últimos anos. Tanto mais que o ‘timing’ para escolher sucessor é também um problema...
Talvez seja interessante pensar quem saiu mais prejudicado com a continuidade do treinador em Alvalade. Paulo Bento ou o Sporting? Eu tenho poucas dúvidas...
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Braga - Benfica: direito a sonhar

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Se os jogos grandes fossem uma receita de culinária, o jogo de Braga seria uma confecção perfeita. Teve tudo, todos os condimentos que habitualmente caracterizam um jogo entre adversários rivais e de valia semelhante. Este é, desde logo, o maior elogio que se pode fazer ao Braga e um que o cola definitivamente ao tão discutido rótulo de candidato. Como jogo grande que foi, não teve um desfecho indiscutível ou inevitável, mas teve um Braga que, mais do que em qualquer outro jogo, terá conquistado, pelo menos, o direito ao sonho...

Todas as fases num jogo desta intensidade são fundamentais, mas os primeiros minutos foram-no especialmente. Ser mais intenso, entrar melhor foi importante e capitalizar isso com um golo tornou-se decisivo. Deu confiança ao Braga e, mais importante ainda, fez do relógio um aliado estratégico, um catalisador de ansiedade para o futebol do Benfica.

A primeira parte do Braga foi fantástica. Muito concentrado, muito reactivo, muito compacto, muito pressionante. O Benfica sentiu tudo isto na sua organização ofensiva, incapaz de definir bem o primeiro passe, de encontrar Saviola e soltar Aimar. A consequência foi uma dependência grande dos momentos de transição para definir desequilíbrios no jogo. E, aí, se é verdade que as oportunidades foram poucas e que o Benfica poderia ter empatado, também é um facto que o Braga poderia ter duplicado a vantagem até ao intervalo.

Depois do intervalo, um jogo diferente. As expulsões ajudaram à mudança e, sobre o seu efeito, gostaria de perguntar... Se o futebol é um jogo de espaços, como é que retirar 2 jogadores da equação beneficia quem defende?! É que se eu quisesse defender gostaria era que houvesse mais jogadores, nunca menos... Sofismas à parte, o efeito real das expulsões viu-se na dificuldade que o Braga sentiu após o intervalo. A sua ocupação de espaços tornou-se mais deficitária e o futebol benfiquista passou a chegar com facilidade ao último terço. O empate esteve eminente e o domínio foi avassalador até ao minuto 67. Aí sucedeu a primeira transição perigosa do Braga, protagonizada por Evaldo. É curioso como alguns momentos, mesmo não mexendo com o marcador, afectam o jogo. Sentiu-se, finalmente, que havia também uma exposição espacial que poderia favorecer o Braga. O Benfica tornou-se mais ansioso e o Braga menos encolhido. 10 minutos volvidos, Paulo César marcou.

Nota final sobre o Benfica. A bola é redonda, mesmo para os melhores. O Benfica é, até ao momento, a melhor equipa do futebol nacional, com uma qualidade fantástica. Uma vitória em Braga poderia ter tido um efeito mental enorme, quer na própria equipa, quer na concorrência. É uma oportunidade perdida, mas deste jogo não resulta nenhum indicio especialmente preocupante. Mais elogio à performance do Braga, portanto...
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Porto - Belenenses: Surpresa e... culpa própria

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Foi, de facto, surpreendente. Já o seria tendo em conta aquilo que se projectava deste jogo, mais ainda o foi depois de a ele se ter assistido. É que o Porto não encontrou no Belenenses um adversário diferente daquilo que se esperava. Particularmente difícil, isto é. A organização ofensiva foi tema de conversa de Jesualdo no pós jogo. O assunto merece reflexão, mas eu orientá-lo-ia para conclusões algo diversas do que tem sido sugerido. Para começar, parece-me errado confundir ou meter no mesmo saco o que se passou neste aspecto frente a Académica e Belenenses. Semelhantes? Pura ilusão...

Qual é, então, a diferença entre as primeiras partes frente a Académica e Belenenses? Ambas revelaram dificuldades do Porto para desequilibrar em organização ofensiva, é certo, mas em fases diferentes. Frente aos estudantes houve mais mérito do adversário, que condicionou a primeira fase desse momento, o primeiro passe. Desta vez, não foi isso que aconteceu. Porque o Belenenses não teve, nem de perto, a qualidade posicional da Académica e porque, ao contrário do que se possa oportunisticamente vender, o Porto é forte nessa primeira fase de organização. Apresenta boa circulação na linha mais recuada e boas combinações que fazem a bola entrar com frequência no bloco contrário.

E é este o primeiro motivo que faz deste um jogo particularmente surpreendente. É que normalmente os problemas das equipas em organização ofensiva estão resolvidos quando a bola consegue chegar com frequência e jogável às imediações da área contrária. E isso aconteceu frente ao Belenenses. O problema esteve depois, na criatividade, na inspiração e na capacidade de desequilíbrio no último terço.

O segundo motivo tem a ver com uma característica marcante deste Beleneneses e que o tornava especialmente vulnerável neste tipo de jogos. É que o Belém abusa da posse em zona recuada. Como nenhuma outra equipa na liga. Tem qualidade na forma como sai a jogar, mas fá-lo a partir de zonas demasiado recuadas e raramente consegue dar profundidade a essas iniciativas. Isto é, obviamente, um isco para o ‘pressing’. Se ele tivesse funcionado, o Porto teria tido recuperações em zona mais alta e, consequentemente, transições muitíssimo perigosas. Na prática, no entanto, isso aconteceu apenas 1 vez e o resultado foi que essa característica do jogo do Belém se tornou, afinal, numa arma para fazer o tempo passar e retirar ritmo ao jogo portista. E como isso lhe foi útil no primeiro tempo.

O empate, face a estas características, não era preocupante ao intervalo. Acelerando, facilmente o Porto chegaria ao golo. O problema foi, claro, a primeira jogada do reatamento. Tudo se complicou, e esse revelou-se um contratempo que, combinado com a falta de eficácia, se tornou fatal.

Uma nota final para Lima. Ia fazê-lo mesmo que não tivesse marcado, porque o destaque não vem deste jogo. É uma mais valia para o ataque do Belenenses e tem-lhe valido o resgate de alguns dissabores prováveis. Já conhecia este jogador e é, para mim, a evidência de como na segunda linha do futebol brasileiro moram inúmeras mais valias para a maioria das equipas da nossa liga principal.
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