18.11.09

Que não nos falhem!

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Entre os inúmeros e variados cânticos das claques argentinas, há uma frase que sintetiza, afinal, aquilo que se pede desde as bancadas para o relvado. “No le falles a tu hinchada”. E esse é precisamente o pedido que se ajusta a este momento decisivo da Selecção. Que possamos estar também representados no mais importante evento futebolístico mundial, que façam também parte dessa História, que não nos cortem raso o sonho de ouvir repetidamente o hino pelos estádios da África do Sul. Que não nos falhem!

Se havia dúvidas sobre o que se vai passar na Bósnia, elas estão dissipadas. E, se calhar, foi melhor assim. Evita a surpresa no dia do jogo. Se nos tivessem passado a mão pelo pêlo e depois nos confrontassem com um inferno na hora da verdade, aí, talvez se pudesse falar em surpresa. Assim, todos têm de estar preparados.

Mas, para além da determinação, da agressividade ao limite, que estratégia podemos esperar por parte destes bósnios enraivecidos? Na minha opinião, será um engano pensar que se atirarão para cima de Portugal desde apito inicial. Tacticamente, isto é. Não faz sentido para a tipologia de jogo da Bósnia, adiantar linhas e tentar empurrar Portugal para o seu meio terreno. Não têm qualidade global para isso e, por outro lado, qualquer erro poderá ser-lhes fatal. Talvez tenhamos uma agressividade orientada para um zona pressing média-baixa e densa, para onde tentam atrair Portugal para, depois, recuperar e lançar rapidamente as suas transições, tirando partido do espaço e das características dos seus dianteiros. Quando tal não for possível, quando tiverem de organizar, não tenham dúvidas, virá “chuveiro”, directamente para o jogo aéreo dos 2 atacantes. Esta deverá ser a estratégia inicial de Blazevic, que terá nas dimensões reduzidas do campo e no estado do relvado, aliados de relevo.

Aqui ficam alguns pontos estrategicamente importantes para o jogo:
- A intensidade terá de ser outra, bem maior do que aconteceu na Luz. Isso é ponto assente.
- Evitar a todo custo que a Bósnia tenha condições para jogar em transição. Segurança em posse e equilíbrio táctico com bola serão as receitas para que este propósito seja bem sucedido.
- Em organização defensiva, contrariar o jogo directo adversário. Manter linhas compactas (particularmente o espaço entre centrais e médios) será fundamental para a controlar as segundas bolas e o pressing deve funcionar de forma a que o jogador que fizer o lançamento o faça sempre nas piores condições possíveis e o mais atrás possível.
- Se os pontos anteriores forem cumpridos, dificilmente algo correrá mal (há ainda o pesadelo das bolas paradas). Faltará a estocada final e aqui o “pressing” pode ser fundamental. O relvado será mau para os 2, mas pior para quem, mesmo quando ele é bom, tem dificuldades. Identificar momentos de pressão na construção bósnia poderá resultar em recuperações altamente perigosas e possivelmente fatais. Se tudo correr bem, o tempo transformará o entusiasmo em ansiedade e se Portugal não baixar a sua intensidade no jogo (com e sem bola, entenda-se), dificilmente não tirará proveito dessa situação.
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