31.10.10

Sporting ganha em Leiria (Breves)

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- Era importante dar sequência ao momento vitorioso, especialmente sendo o jogo fora de casa, e o Sporting terá feito até por merecer uma vitória mais dilatada na segunda parte. Há, porém, 2 motivos pelos quais esta vitória pode não ter tanta relevância quanto poderia. A primeira tem a ver com o próprio jogo e com alguma falta de controlo num jogo em que ele tinha tudo para ser total. Não falo dos golos perdidos, mas das ocasiões permitidas. A segunda, surge porque a confiança só pode ser devidamente capitalizada se houver uma continuidade da proposta de jogo e dos protagonistas, e isso, no caso do Sporting não tem acontecido. Entretanto, o herói foi Valdés. O mesmo que tantas vezes critiquei pelas dificuldades que demonstrou em dar sequência prática à sua óbvia qualidade técnica. Uma nota para o Leiria. Não me quero alongar muito porque ainda tenho de rever o jogo, mas parece-me que voltou a dar uma imagem muito fraca da sua qualidade organizacional, não tendo, desta vez, sido tão severamente punida. Não antecipo uma sequência fácil para Caixinha que tem, já agora, um avançado realmente interessante: Carlão. Em Portugal, provavelmente o mais difícil de contrariar no jogo exterior.

- Entretanto, ontem houve quem achasse que não havia condições para jogar. Eu discordo e apresento uma testemunha... Belluschi!


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Vitória do Porto, derrota do Braga e muita chuva (Breves)

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- À partida, esperar-se-ia que fosse ao contrário. Ou seja, faria mais sentido o Porto materializar a sua vantagem na segunda parte, onde o terreno esteve mais "jogável". Não foi, mas apenas por uma questão de eficácia, porque foi mesmo esse o período onde os portistas mais fizeram valer a sua superioridade. Aliás, da mesma forma que se pode dizer que o Porto foi feliz pela eficácia que conseguiu na primeira parte, pode também afirmar-se que foi a mesma eficácia que lhe custou, na segunda parte, o sofrimento final. Duas notas. A primeira para referir que, por muito excepcionais que possam parecer estes jogos, a verdade é que todos os anos os há. Ou seja, fazem parte do "programa" do campeonato e quem quer ser campeão tem de estar preparado para os disputar. A boa parte é que são estas vitórias - sofridas e perante situações inesperadas - que mais motivação geram. A outra nota vai para o penalti. Não sei exactamente qual é o critério para a escolha do marcador, mas imagino que passe muito por jogar com a motivação que marcar um golo sempre dá. Dentro desta ideia, calculo que o facto de Moutinho não ter ainda marcado pesou na escolha. Não quero fazer "prognósticos de segunda feira" e não me vou referir ao aspecto técnico. Apenas me parece que, se a motivação é realmente um critério, talvez não seja Moutinho quem mais precisa de golos para manter os seus níveis de confiança...

- Um pouco antes, também com chuva, o Braga perdeu em Vila do Conde. Pesou muito o detalhe de alguns lances. As bolas nas costas marcaram o inicio, com ambas as defesas a sentir dificuldade em controlar esse espaço, quando a bola os ultrapassava e perdia velocidade. O Braga criou mais ocasiões, mas falhou. O Rio Ave não marcou, mas ganhou o lance que condicionou o jogo. O maior mérito do Rio Ave, em meu ver, vem depois. Soube esperar pelo seu momento no jogo e não sobrevalorizou a vantagem numérica. Ou seja, não se desposicionou, permitindo que o Braga tirasse partido do espaço em transição. É um erro comum em quem joga 11 contra 10. Depois, e já com 1-0, novo momento feliz para os vilacondenses. Bola ao poste de um lado, golo do outro. Acontece. É justo para o Rio Ave, que tem mais qualidade do que indica a tabela, mas precisa urgentemente de confiança. É penalizador para o Braga, que agora provavelmente lidará com objectivos mais realistas. Sempre me pareceu um disparate colocar o Braga ao lado de Porto e Benfica na candidatura ao título, mas também continuo a afirmar que é um sério candidato a um lugar entre os 3 primeiros.

Fica mais um excelente vídeo, com relato, do VascoNapoleão

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29.10.10

A vitória do Benfica sobre o Paços (Breves)

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- Jogar assim é entretido, mas também já se provou o quão doloroso pode ser. Quero eu dizer que o Benfica se expôs demasiado num jogo que teve tudo para garantir um controlo absoluto. Dirão os optimistas que deveria ter "acabado" com o jogo no vendaval de oportunidades que construiu na primeira meia hora. Dirão os mais cautelosos que deveria ter controlado mais o adversário, o ritmo e o jogo. A verdade é que, não acontecendo nenhuma das 2 coisas, o Benfica permitiu que o jogo se arrastasse numa situação de diferença mínima e com o Paços a repetir situações de finalização. Aliás, não é de ignorar que foram os pacenses quem mais rematou. Normalmente de longe e nunca - nem de perto - com o perigo do Benfica, mas, ainda assim, era uma situação que Benfica se deveria ter esforçado por evitar. Enfim, convém não esquecer o ciclo de vitórias e sem golos sofridos, mesmo que sem o brilhantismo desejado. Vêm agora 2 jogos que, em inícios de Novembro, podem ser decisivos...

Fica mais excelente resumo com relato, obra e graça do VascoNapoleão:

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Melhores e piores na Liga (até à 8ª jornada)

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Antes do inicio da jornada, deixo uma pequena curiosidade. Reforçar a ideia de que a análise refere-se apenas a jogadores dos 3 grandes utilizados mais de 350 minutos na Liga. Relembro também que, podendo-se concordar ou discordar dos resultados, a análise tem por base apenas e só dados estatísticos recolhidos em todos os jogos da Liga já disputados, sendo estes classificados da mesma forma para todos os jogadores.

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28.10.10

Falcao, o primeiro poste, e a agilidade do goleador

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Estou certo que, como em quase tudo, existirão excepções à regra, mas permitam-me a generalização: qualquer grande goleador de área tem uma movimentação característica.

Ora, reflectindo um pouco talvez se chegue a um paradoxo conceptual. Ou seja, se a movimentação é característica, não será mais facilmente anulável? A resposta é um pouco a mesma que encontramos para o modelo de jogo do Barcelona ou para o famoso drible de Garrincha. Isto é, na prática a qualidade prova-se muito mais importante do que o factor surpresa.


E daqui parto para Falcao. Repare-se no golo que marcou de cabeça frente ao Leiria. Quando Varela faz o movimento de aproximação à linha, Falcao ataca o primeiro poste. Mas Varela não cruza e recua. Falcao, quase como que em exercício de treino, volta para trás, para a posição inicial, para repetir o movimento. O cruzamento aparece finalmente e Falcao ganha a frente do lance, fazendo o golo. No meio de tudo isto há um defensor – Zé António. Pode pensar-se que ele foi inocente e que deveria ter previsto o movimento do avançado, mas Zé António, como todos os defesas que marcam Falcao, sabem exactamente o que vai fazer, só não conseguem pará-lo.

A agilidade e o primeiro poste
Se cada goleador tem o seu movimento preferido, o caso de Falcao não é o mais comum.

Normalmente, o que é mais fácil é explorar as costas do defensor e o motivo é simples. O defensor tem de dividir a atenção entre a bola e o atacante, pelo que terá sempre dificuldade em controlar visualmente o atacante se o tiver nas suas costas. É isso que é normalmente explorado. Ou seja, os avançados procuram o “lado cego” porque é este que lhes permite maior afastamento do marcador directo, e, consequentemente, uma finalização em melhores condições.

Falcao também marcou golos neste registo, mas não é o que o caracteriza. Muito mais difícil é jogar de igual para igual com o central e batê-lo à frente dos seus olhos. Não se trata apenas de reagir mais rápido e chegar primeiro. O problema é que, ao contrário das finalizações nas costas, o avançado tem invariavelmente de finalizar apertado, requerendo da sua parte uma grande agilidade para poder finalizar tecnicamente bem. Não é para todos.

Repare-se no dado comum de todas as finalizações de Falcao apresentadas no vídeo. São feitas em queda.

Outros casos
Certamente que será fácil encontrar especificidades noutros goleadores conhecidos. Jardel, provavelmente o mais eficaz que o futebol português conheceu, era fortíssimo ao segundo poste. Toda a gente sabia o que fazia, mas ninguém o parava. Actualmente, e ainda em Portugal, Cardozo também prefere esse destino. Já Liedson é um caso algo semelhante a Falcao, sendo capaz de finalizar de várias maneiras devido à sua agilidade e velocidade de reacção. Ainda assim, Liedson é mais conhecido pelas suas reacções de fuga ao segundo poste do que por jogadas de antecipação.

No caso de jogadores hábeis a finalizar ao primeiro poste, um dos jogadores actualmente mais fortes a fazê-lo é Gilardino. Aliás, há na escola transalpina alguma tradição neste particular, com Inzaghi e Pazzini a serem outros casos que identifico.

Para finalizar, e voltando ao futebol português, talvez o jogador que mais se distinguiu pela sua agilidade e técnica de finalização de cabeça não tenha sido um homem de área. Falo de João Vieira Pinto.

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27.10.10

Portimonense - Benfica: Análise e números

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Chegou a dar a ideia de que teríamos um Portimonense capaz de incomodar, mas o curso do jogo depressa se encarregou de mostrar de que essa seria apenas uma ilusão. A questão não passaria, nem nunca passou, do primeiro golo. Isto, mesmo reconhecendo que não foi uma exibição particularmente inspirada do Benfica. O mérito vai apenas para a qualidade natural do futebol encarnado, confundindo-se também com algum demérito algarvio. Não tanto pela forma como não foi capaz de ir além das suas limitações, mas sobretudo pela incapacidade de resistir nos detalhes do jogo. Algo essencial para ambicionar ter sucesso, com o mínimo de realismo.

Notas colectivas
O domínio concedido era algo que já se esperava. Numa fase inicial – 2 ou 3 jogadas – o Portimonense deu a ideia de que poderia ser capaz de explorar a velocidade dos seus extremos e aproveitar o mau momento dos 2 laterais encarnados. O que o jogo revelou, porém, foi uma transição muito pouco consequente, partindo de uma zona de recuperação demasiado baixa e não tendo capacidade para evitar o isolamento repetido das unidades mais adiantadas. Ou seja, após a ilusão inicial, percebeu-se que o domínio não seria apenas concedido, mas total.

Talvez Litos tenha pensado em bloquear Aimar e a saída pelos flancos, como forma de limitar a construção encarnada. Intencional ou não, a verdade é que o Portimonense ofereceu ao Benfica o corredor central na primeira fase de construção, e isso, perante o Benfica de Luisão e David Luiz, não é propriamente aconselhável. É verdade que os corredores e Aimar apareceram pouco, mas os centrais encarregaram-se de arrastar sucessivamente o jogo para zonas já próximas da área contrária, sobretudo pelo recurso aos movimentos de Saviola, sobre a meia-esquerda.

Normalmente este cenário seria suficiente para tornar o golo numa questão de minutos, mas, desta vez, não foi. A inspiração foi, de facto, muito pouca, e raras vezes as jogadas terminaram em situações de finalização. O melhor que foi conseguido foram cantos e livres. Ora, se isso muitas vezes é insuficiente, desta vez depressa se percebeu que só com muita felicidade o Portimonense não pagaria a sua incapacidade de controlar o espaço aéreo neste tipo de lances. E assim foi. O Benfica acabou por marcar e o domínio tornou-se ainda mais intenso. Na parte final do jogo, aliás, o Benfica terá ficado a dever alguns golos para um maior ajuste do marcador à diferença revelada entre as equipas.

Sobre o capítulo essencial na decisão do jogo – as bolas paradas – é de notar que também frente ao Arouca o cenário fora idêntico. Ou seja, vale a pena renovar o elogio à capacidade encarnada, que não é nova, neste plano. Também vale a pena, ainda que possa não ser mais do que mera coincidência, referir que quer Arouca, quer Portimonense optaram pelo método individual de marcações.

Notas individuais
Maxi – Está hoje francamente desvalorizado aos olhos dos adeptos e este jogo pode serve bem para provar o seu momento menos bom. Maxi sempre teve as suas limitações, mas convém não exagerar. Trata-se de um bom jogador e de uma boa solução para o lugar, não vendo, pessoalmente, em Ruben Amorim uma opção necessariamente mais válida. Dependerá sobretudo do momento de ambos.

Centrais – Como expliquei acima - e os números comprovam - passou pelos centrais grande parte da responsabilidade do jogo. Ora bem, a sua qualidade voltou a ser perfeitamente evidenciada. Têm surgido criticas, mas a verdade é que se há coisa que se mantém com enorme qualidade é o papel da zona central mais recuada da equipa. Qualidade excepcional, mesmo. Aqui, e em termos individuais, convém fazer uma separação. Luisão está a fazer uma época irrepreensível, quase perfeita. David Luiz, mantendo-se num nível muito elevado, não está tão bem como o seu companheiro de sector, sendo certo também que assume mais riscos e responsabilidades em construção. Mas, neste jogo, por exemplo, falhou também algumas tentativas de antecipação que só não tiveram consequências pela própria natureza do jogo.

Javi Garcia – Porque foi decisivo e fez um bom jogo, talvez seja a hora ideal para relembrar o que dele foi dito há 1 ano. Foi apontado como um dos responsáveis pela melhoria do Benfica em 09/10, mas, como sempre referi, esses elogios eram exagerados. Javi é um jogador tacticamente inteligente e que compreende muito bem as responsabilidades de uma posição fulcral para o funcionamento do colectivo. Mas não é um jogador que individualmente corrija ou atenue problemas colectivos. Apesar de beneficiar da boa definição táctica da sua posição, não tem nesta liga, por exemplo, um rendimento superior a Fernando no Porto, ou mesmo André Santos no Sporting.

Saviola – Voltou a ser importante na criação de apoios e, face ao “eclipse” de Aimar em relação ao ano anterior, é a grande solução para a equipa em termos ofensivos. Frente ao Portimonense, porém, as coisas não lhe saíram bem e não foi capaz de dar boa sequência à maioria das jogadas que passaram pelos seus pés. Terá feito, provavelmente e em termos técnicos, o seu pior jogo na liga, mas é curioso como as criticas são bem mais duras quando, apesar de criar muito mais, falha alguns golos.

Kardec – Demorou 20 minutos a tocar na bola! Critiquei muitas vezes a pouca participação de Cardozo e, mesmo se não esteve nem perto das piores exibições do paraguaio nesta liga, Kardec começa a ilibar o seu concorrente pelo tempo que também passa fora do jogo. Kardec esforça-se mais, mas também dificilmente será capaz de protagonizar exibições ao nível do melhor Cardozo. Ou seja, se quiser complicar as contas a Jesus, o melhor mesmo será manter-se mais tempo dentro do jogo.



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26.10.10

Sporting - Rio Ave: Análise e números

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É curioso como as dificuldades de vitória acabaram por se tornar gratificantes para a plateia leonina. Primeiro, claro, porque uma vitória conseguida no limite sabe sempre melhor. Mas também porque o drama dos últimos 10 minutos serviu para reforçar a reconfortante ideia de que o problema do futebol do Sporting está centrado numa estranha empatia com os postes. O tema dos indicadores estatísticos tem sido muito abordado neste blogue, e quem o lê com atenção deverá ser capaz de desmontar rapidamente o sofisma da maior % de posse de bola ou quantidade de remates. É que nenhum destes indicadores é realmente representativo da qualidade de jogo da equipa. Aquilo que noutras área se chama de “Key Performance Indicator” (KPI). O facto é que o Sporting cria, estatisticamente, menos oportunidades que os rivais e, esse sim, será o KPI que os sportinguistas deverão olhar. Mas vamos ao jogo...

Notas colectivas
A dança de cadeiras continua. Paulo Sérgio continua à procura das melhores soluções individuais para os seus problemas colectivos e é por essa via que agora se regressou a uma dupla de ataque. Ou seja, pelo rendimento recente de Liedson e Postiga e não por uma opção sustentada num modelo colectivo.

Ora, dentro desta filosofia, jogar torna-se um pouco como a aprendizagem confessada pelo próprio Presidente sportinguista. Ou seja, faz-se “on the job”. É por isso normal que o Sporting tenha sentido mais dificuldades do que é costume em circular e ter posse na primeira parte. Porque o Rio Ave cria uma zona de pressão um pouco mais alta do que adversários como Olhanense, Nacional ou Marítimo, e porque o próprio Sporting falhou na missão de criar apoios em zona de construção na primeira parte. Um problema ultrapassado com o evoluir do jogo, quando Maniche se aproximou mais de André Santos e tomou finalmente as rédeas do jogo.

Tudo isto se passou, diga-se, sem grandes problemas para o Rio Ave que foi fazendo correr o cronómetro com algum à vontade. É que o Sporting voltou a revelar os mesmos problemas em termos ofensivos. Por um lado, não existiu novamente em transição. Por outro, em construção, voltou a revelar as mesmas dificuldades. Quer pelos poucos apoios criados nos corredores, quer pela inutilidade da generalidade das jogadas que recorreram ao apoio frontal solicitado por Postiga.

Continuando a recorrer a expressões do Universo leonino, o “clique” ter-se-á dado numa jogada muito atabalhoada mas que acabou com um belo pontapé de João Pereira ao poste. Foi a metáfora do caminho para a vitória. Com mais crença e insistência, o Sporting lá chegaria, e assim foi. Acreditou, forçou e em 10 minutos criou tanto como nos restantes 80, acabando, por essa via, a justificar o destino do pontapé de Abel.

Nota final para o Rio Ave. A disposição e organização da equipa foi boa e deve recolher o mérito das dificuldades que o Sporting sentiu na primeira parte. Mas, como já tinha antecipado, o momento negativo teve as suas consequências. Não há ainda confiança para levar o jogo mais longe e manter o Sporting sob ameaça através da saída em transição. O que não houve também foi capacidade mental para reagir melhor no momento da decisão. Se o Sporting acreditou nos últimos 10 minutos, também é verdade que o Rio Ave desconfiou totalmente das suas capacidades. E isso foi decisivo.

Notas individuais
Abel – Foi o herói do jogo, mas devo dizer que a sua utilização suscita muitas reticências. O problema ofensivo do Sporting é essencialmente colectivo, mas não tem nesta opção uma boa forma de individualmente o conseguir contornar. É que, não só o Sporting perde um lateral direito mais desequilibrador, como deixa de contar com um extremo que o aproxime mais facilmente do golo. Pelo rendimento recente, por exemplo Vukcevic. Outro dado a salientar é o facto de, de repente, aparecer a marcar tudo o que é bola parada indirecta. Não sendo especialmente criticável, é especialmente estranho.

Centrais – Nuno André Coelho estava muito bem no jogo, mas Torsiglieri merece também grande destaque. É um jogador mais sóbrio do que Coelho ou Carriço, mas a sua eficácia é enorme. Notável o facto de ter jogado apenas 49 minutos e ter sido um dos jogadores com mais intercepções no jogo. Não me espanta, porque já o conhecia, mas talvez agora se perceba melhor porque digo que o Sporting tem 4 centrais de rara qualidade. Há ainda que falar de Carriço. É indiscutivelmente um excelente jogador, mas não me parece num grande momento. Perdeu alguns duelos individuais, especialmente em jogadas de confronto físico, e isso justifica um nível de eficiência muito mais baixo do que Torsiglieri. Tem um estatuto importante, mas o facto é que não tem sido mais competente do que os seus parceiros de lugar e, por isso, não me parece que nesta altura mereça ser intocável na luta por 1 dos 2 lugares no centro da defesa.

Maniche – Volto a dizer, porque ele volta a merecer: É o melhor jogador do Sporting e provavelmente o melhor médio do campeonato. Impressionante como, jogo após jogo, se impõe no meio campo. Quer ao nível da frequência e qualidade do passe, quer ao nível do trabalho defensivo. Joga sempre a 1-2 toques, e antecipa sempre o destino do primeiro passe de transição. Talvez seja essa velocidade de pensamento e execução que faça com que as pessoas não o notem tanto como mereceria. É que vem sendo assim todos os jogos! Desta vez, e em cima desta capacidade de trabalho, ainda teve tempo para meter 2 bolas fantásticas, colocando Liedson e Postiga na cara do golo.

Salomão – Não é, pelo menos ainda, um jogador capaz de ser determinante no 1x1. Mas Salomão promete mesmo, porque tem noutros aspectos níveis de rendimento muito elevados e que não escapam desde a pré época. Tem uma boa capacidade de decisão, não comprometendo a posse, tem boa atitude defensiva, e – muito importante – uma boa noção do tempo de abordagem à zona de finalização. Pelo que lhe vi, parece-me que se poderá tornar também num jogador muito forte ao nível do cruzamento. O seu futuro está nas suas mãos.

Avançados – O nível de participação de Liedson e Postiga, somados, é elucidativo da forma como o Sporting não sabe, colectivamente, usar os seus avançados. E, diga-se, quer um quer outro estiveram inspirados ao ponto de terem criado várias situações de golo. Liedson dentro de área e Postiga fora dela. O ponto é que o tipo de futebol do Sporting pede aos avançados que sejam pouco móveis e, sobretudo, que esperem na zona central por aquilo que a equipa possa produzir. Daí o tema do “pinheiro”. É pena, porque com um futebol que apelasse mais e melhor à mobilidade dos seus avançados, o Sporting poderia ter outra capacidade...


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25.10.10

O capital de confiança portista (Breves)

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- Tinha avançado com a hipótese do jogo de Istambul, pela sua natureza, vir a representar um acréscimo de confiança importante. Até que ponto vai a influência desse efeito é algo que nunca saberemos, mas o facto é que no regresso à competição, o Porto conseguiu aquela que foi, provavelmente, a entrada mais forte de uma equipa num jogo deste campeonato. Outra evolução importante, agora no capítulo individual, surgiu na exibição de Falcao. E também esse foi um ponto que antecipei depois da vitória da última Quinta Feira. Não é a primeira vez que o digo, mas, mais do que em pontos, é no capital de confiança que está alicerçada a grande vantagem portista no campeonato. A única dúvida é esta: Até que ponto esta vantagem é já decisiva?

Aqui fica o resumo com o sempre mais emotivo relato radiofónico. Já agora, o link para o de ontem do Sporting. Ambos os vídeos, são da autoria de VascoNapoleao.


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Vitórias de Benfica e Sporting e a tristeza de um clássico (Breves)

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- Em Alvalade, confirmou-se a projecção de um cenário bem diferente daquele que tivera ainda há alguns dias, mas para a Liga Europa. Pessoalmente, confesso, não esperava tanto sofrimento porque do outro lado estava também uma equipa em momento difícil. Talvez tenha sido mesmo por isso que o Rio Ave acusou tanto a ansiedade do final do jogo, depois de longos minutos em que manteve o Sporting razoavelmente longe do golo. Enfim, acabou por se fazer justiça por tantas oportunidades perdidas, mas esta vitória de pouco servirá quanto aos problemas do futebol do Sporting. Há obviamente coisas a acrescentar, mas guardo-as para a análise mais detalhada.

- Tal como o Sporting, o Benfica não deslumbrou mas venceu justamente. Curiosamente, no caso encarnado foram sempre as bolas paradas que aparentaram servir de solução e, realmente, acabou por ser assim. Continua o debate sobre o mistério da perda de capacidade do Benfica de uma época para a outra. Há várias explicações e teorias e cada um parece ter a sua. Quase todas elas, porém, andam à volta de Ramires e Di Maria. Há aqueles que defendem que o Benfica perdeu capacidade de recuperação e mais não sei o quê, sem Ramires. Há outros que juram que Di Maria dava "metros" à equipa e que a fazia avançar no campo, sozinho. Há ainda aqueles que juntam tudo e chegam à tempestade perfeita (se possível com criticas também ao modelo táctico de Jesus). Sem tirar importância aos 2 jogadores, que realmente são bons e fazem falta, o futebol parece-me demasiado complexo para que um problema seja reduzido a factores tão simples.

- Foi uma semana de inúmeros clássicos pelo mundo fora. Uma raridade de abundância, mesmo. Só no Brasil, houve "Grenal", Cruzeiro-Atlético, Vasco-Flamengo e Corinthians-Palmeiras, tudo na mesma jornada! Mas na Europa houve ainda 3 dos mais quentes embates do Continente, juntando Galatasaray e Fenerbahce, Celtic e Rangers, e Partizan e Estrela Vermelha. O inevitável destaque, porém, vai para um clássico, que não sendo tão marcante como estes, junta também 2 dos 3 "gigantes" do futebol holandês. É com tanta surpresa como tristeza que assisto ao 10-0 sofrido pelo Feyenoord. É um grande clube holandês e europeu, e o futebol precisa das suas melhores e mais tradicionais equipas tão fortes quanto possível. Não percebendo bem a origem de tamanha crise, e parecendo-me esta essencialmente desportiva, fico a torcer pela reabilitação do gigante de Roterdão. Até porque - e eu conheço a equipa razoavelmente bem - há bastante bons jogadores por detrás desta catástrofe desportiva.

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24.10.10

Braga e o duelo de Vitórias (Breves)

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- Há algum tempo alertei aqui para a invulgar carreira de Domingos a jogar em casa. Pois bem, a caminhada continua, mas conheceu no seu último episódio uma prova de fogo. Porquê? Porque a equipa estava - e está - numa fase de recuperação dos índices de confiança, francamente abalados por 3 derrotas contra adversários bem mais poderosos. Depois, porque do outro lado estava uma das equipas em melhor fase na Liga, muito confiante na interpretação da sua proposta. Gostaria de saber o que disse, e como disse, Domingos ao intervalo. A verdade é que a equipa entrou para fazer o que tinha a fazer. Dentro do seu plano e da sua proposta, e não na base de correrias e desespero. O resultado chegou em 15 minutos...

- É muito por aqui que se distinguem aqueles que ganham mais vezes. Porque são capazes de ter maior lucidez e competência nos momentos de maior intensidade emocional, porque não perdem o "mapa" e continuam a confiar na sua proposta. É por isso que Domingos perdeu tão poucas vezes em casa. É por isso que o Braga fez o campeonato que fez no ano anterior. É por isso que este ano volta a ser um candidato muito sério ao pódio. E é por isso, finalmente, que depois de Domingos muito dificilmente o nível do Braga se poderá manter na fasquia actual.

- Um pouco antes, muito curioso o duelo entre Vitórias. Depois de Coimbra, Setúbal. Machado provou de novo o seu próprio veneno, apanhado no espaço e nos momentos de transição ataque-defesa. Com grande eficácia, é verdade, o Setúbal deu 2 golpes que se provaram fatais no jogo. Não há nada a dizer da atitude por trás da reacção do Guimarães, mas há que notar a forma como escolheu atacar. Tendo uma equipa obviamente superior à do seu adversário, o Guimarães escolheu o "bombardeamento", com jogadas pouco trabalhadas, cruzamentos largos e muita gente alta na área. A pergunta que faço é: será que esta é uma filosofia capaz de vingar num clube de maior dimensão? Finalmente, um elogio a Manuel Fernandes. As suas equipas têm tido uma atitude fortíssima e uma óptima lucidez sobre quais devem ser a sua proposta jogo-a-jogo.

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22.10.10

Os jogadores que valem golos

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Os dados dizem respeito apenas ao campeonato e apenas consideram jogadores com mais de 300 minutos. A ordem é discutível e depende um pouco do peso que se dá a cada indicador. No que respeita aos golos e assistências a leitura é óbvia, mas é importante também ter em conta os desequilíbrios, já que são essas situações que dão origem aos golos. Para se ter uma ideia, aproximadamente a cada 3 desequilíbrios corresponde 1 golo (havendo naturalmente oscilações de eficácia, jogador-a-jogador e equipa-a-equipa).

Não surpreende a importância de Hulk, mas talvez seja menos esperado que seja Saviola o jogador com mais desequilíbrios por jogo. Já no Sporting, Liedson - apesar do mau arranque - é ainda assim o jogador com mais influencia decisiva, enquanto que Vukcevic foi aquele que mais aproximou a equipa do golo nos jogos que participou.

Entre os ausentes, nota para a modesta prestação de Falcao, no Porto, de Aimar no Benfica e Valdes no Sporting. Jogadores de quem, pela sua posição e influência, se esperaria uma contribuição maior.

Finalmente, e para que haja uma referência colectiva, referir o número de desequilíbrios e golos por jogo, de cada equipa.

Porto: 4,7 desequilíbrios, 2,0 golos
Benfica: 4,9 desequilíbrios, 1,3 golos
Sporting: 3,7 desequilíbrios, 0,9 golos

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Vitórias de Porto e Sporting (Breves)

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- Para as aspirações portistas na Liga Europa, a vitória é pouco mais do que irrelevante. Para a confiança e momento da equipa, pode ter sido mais um passo em frente. Primeiro, porque é sempre mais motivante ganhar perante adversidades, espelhadas quer no ambiente, quer na inferioridade numérica. Depois, porque marcou quem mais precisava: Falcao. De resto, o jogo não foi sempre bem conseguido e até se pode falar (outra vez!) da eficácia portista, que soube marcar terreno no seu melhor período, ao contrário do Besiktas. Depois, e é curioso, quase se pode afirmar que a expulsão foi benéfica para o Porto. Por mérito próprio, porque se reorganizou bem, e por demérito do adversário que não soube ser cauteloso e paciente. O Besiktas negligenciou o espaço e o Porto tinha... Hulk. O resto é uma consequência óbvia.

- Uma nota para aquilo que o Porto fez na segunda parte. Por vezes diz-se abusivamente que uma equipa deve criar muitas linhas defensivas para defender bem. No meu entendimento, isso não é verdade. O número de linhas defensivas deve ser definido em função do comprimento do bloco. Ora, como o Porto assumiu um bloco curto, 2 linhas de 4 foi uma óptima forma de defender, porque permitiu controlar toda a largura do campo.

- Mais tarde, outra goleada em Alvalade. Referi-o frente ao Levski e volto a repetir: não convém confundir coisas na análise destes resultados. Não está em causa a superioridade do Sporting, mas a natureza do próprio jogo, que será muito diferente daquele que encontrará na Liga. Isto, ainda que o Rio Ave seja nesta altura uma das equipas mais fragilizadas em termos de confiança.

- Porque é que o Gent foi tão facilmente goleado, quando outras equipas criam tantas dificuldades ao Sporting em competições internas? Bom, primeiro houve grande eficácia na primeira parte. Mas - e esta é a razão fundamental - também porque há alguma falta de preparação estratégica e mental para o tipo de jogo que têm pela frente. Ao contrário do que acontece internamente, Gent e Levski não defrontaram o Sporting devidamente preparados para o tipo de jogo que teriam pela frente. Em ambos os casos, revelou-se catastrófico. Convém, pois, não retirar conclusões lineares do valor individual existente nestas equipas e, por exemplo, na generalidade das equipas da liga portuguesa.

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21.10.10

Como o Benfica perdeu em Lyon (Vídeo)

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Os exemplos começam a ser tantos e tão repetitivos, que quase se pode começar a pensar numa colectânea. De facto, na linha do que escrevi ontem, o "caso" de Lyon foi apenas mais um. Naturalmente agravado pela agressividade e qualidade da oposição, mas apenas mais um.

Adivinha-se, como sempre, uma crucificação individual dos jogadores que erraram, com Martins e Gaitan - especialmente este - à cabeça. Será mais um erro de diagnóstico. Sem tirar responsabilidade individual a quem protagoniza cada perda, basta ver a primeira jogada do jogo para perceber que a equipa não estava devidamente alertada para o risco que representava o pressing francês. Os erros podem emergir na forma individual, mas o erro é colectivo.

Duas notas finais. A primeira para o 4-4-2 clássico tentado por Jesus. De que adianta mudar o sistema se o foco estratégico se revela mal calibrado logo na primeira jogada? A segunda para um pormenor na expulsão de Gaitan. É óbvio que cabe ao argentino a responsabilidade dominante, mas não dá para deixar de notar a precipitação de Roberto ao libertar num colega pressionado e de costas para o jogo. Mais uma evidência de que no Benfica - e apesar da qualidade táctica do seu modelo - a rapidez continua a merecer prioridade sobre o critério.

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20.10.10

As perdas do Benfica (breves)

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- Para começar e indo muito directo ao assunto, o problema das perdas de bola em zona de construção foi tudo menos circunstancial ou específico deste jogo. Quando se permite que esta situação se perpetue no tempo, pode-se escolher o debate de saídas de jogadores, contratações ou arbitragens. A inutilidade é mais ou menos a mesma. Deixarei mais tarde um vídeo sobre isso, mas para já sugiro que se revejam estes:

- concentração vs. Porto
- concentração vs. Académica
- perdas vs. Guimarães

- Jesus voltou a enaltecer a qualidade táctica do Benfica na abordagem ao jogo e até é verdade. Poucas equipas no mundo têm um modelo táctico tão forte como o Benfica. E o mérito, diga-se, é dele. O problema é que os jogos não se ganham apenas pela qualidade do modelo táctico. Convinha ter um pouco de noção estratégica e dar enfoque a prioridades que deverão ser realçadas perante as especificidades de cada adversário. Por exemplo, a intensidade com que o Lyon pressiona é recorrente e previsível e não é aceitável que o Benfica cometa tantos erros evitáveis em situações semelhantes. Não sei se este problema - que como se vê é recorrente - tem sido alvo de um enfoque no trabalho e preparação dos jogos. O facto é que os resultados práticos são quase nulos e a factura já vai longa.

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A primeira vitória do Braga (Breves)

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- Não é preciso dizer que não foi um jogo brilhante. Toda a gente viu. No momento, porém, não são as exibições que mais contam para o Braga. A equipa tem o seu modelo e esse já deu provas de lhe servir os interesses. O problema foi a confiança, abalada por uma série de resultados penalizadores em jogos de elevado grau de dificuldade. Para Domingos, parece-me, o mais importante é que os jogadores voltem a confiar na sua "fórmula" e que voltem a entrar em campo com os mesmos níveis de confiança anteriores. Talvez esta não seja uma equipa capaz de lutar pelo título e, seguramente, não será capaz de segurar o Arsenal no Emirates. Mas é uma equipa bem melhor do que o Partizan, capaz de lutar por um lugar entre os 3 primeiros na liga interna e que, noutro momento, se poderia ter batido muito melhor com o Shakhtar. E isso, vendo bem as coisas, é já um feito formidável.

- Mudando completamente de assunto: alguém se lembra de Ciel? Jogava no Paços há um ano e está agora num momento fulgurante na Série B do Brasil. Leva 9 golos nos últimos 8 jogos. O seu valor deve ter no mínimo mais um zero!

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19.10.10

O 4-4-2 de Guardiola

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Durante muito tempo "Barça" e "4-4-2" eram inconciliáveis numa mesma frase. Pois bem, isso acabou na segunda parte do jogo contra o Valência. Em desvantagem, Guardiola ensaiou um 4-4-2 clássico de enorme dinâmica e mobilidade, que, no fundo, muda essencialmente a disposição base dos jogadores, e não as orientações do modelo em termos de princípios.

O vídeo pretende descrever sucintamente a disposição em organização defensiva e algumas dinâmicas em organização ofensiva. Ou seja, é uma espreitadela ao curioso exercício de Guardiola, que durou cerca de 30 minutos.

Como nota final, salientar que se a experiência teve sucesso quase instantâneo, muito se deve, quer à rapidez com que Villa empatou (o momento emocional tornou-se óptimo), quer à enorme qualidade dos jogadores do Barça (não é para todos responder com esta dinâmica a um modelo novo, experimentado sob pressão). De resto, confesso ser céptico em relação à utilidade destas variabilidades tácticas. Um dia explicarei melhor porquê...

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18.10.10

Notas de outras paragens (Breves)

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- Até onde pode chegar a Lazio? É uma pergunta que se coloca em Itália, face ao grande arranque da formação romana. Bom, não sei onde pode chegar a Lazio, mas sei que o seu patrão pode chegar muito longe. Falo de Hernanes. No Verão fiz uma observação que não conclui ao campeonato brasileiro e alguns jogadores. Houve 2 que se destacaram e que não tenho dúvidas têm tudo para conseguir grandes carreiras. Um é precisamente Hernanes, o outro é Sandro , entretanto transferido para o Tottenham. O problema de Sandro é que se trata sobretudo de um "pivot" e essa é uma posição pouco conhecida em Inglaterra.

- Já agora, outro talentoso médio que se eclipsou em Inglaterra é Aquilani. Parece estar de volta com o regresso a Itália. Pelo menos é o que indica o golo que marcou.

- Não é a primeira vez que o refiro, mas em Amsterdam mora uma das mais requintadas duplas de atacantes da Europa. Suarez é mais conhecido, mas no pé direito de El Hamdaoui mora mais classe que em muitas equipas inteiras. O chapéu que marcou é a imagem disso mesmo.

- Apenas o observei num jogo, pelo que não posso avançar com grandes garantias. No mínimo, porém, aconselharia a vê-lo com muita atenção e rápido. É uma espécie de Rivaldo colombiano que apareceu aos 24 anos na Argentina. Se o talento se confirmar, há muitos gabinetes de 'scouting' que se deverão perguntar porque não o trouxeram mais cedo e directamente da Colombia. Chama-se Giovanni Moreno e já joga ao lado de Falcao na sua Selecção. Ontem marcou 2 golos.

- Ronaldo foi elogiado por Paulo Bento que destacou, para além do talento, a sua capacidade de liderança. Talvez seja um pormenor sem tanta importância, e talvez esteja a retirar conclusões precipitadas. Ainda assim, é vulgar vê-lo chamar a equipa toda para celebrar os seus golos, e isso não me parece estar descontextualizado da ideia passada pelo actual seleccionador.

- De Ronaldo para Ronaldo. No Brasil, o "fenómeno" teve mais um regresso que pude acompanhar na integra. Incrível como está gordo (ainda por cima dizem que perdeu 7 quilos!!). Incrível como, ainda assim, consegue ser tão perigoso antes e depois da bola lhe chegar aos pés. Incrível como não marcou neste jogo.

- Ainda no Brasil, provavelmente o jogo da semana. Falo do clássico entre São Paulo e Santos.

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17.10.10

Jogos da Taça (Breves)

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- Não se pode dizer que seja uma surpresa, mas não é por isso que a primeira parte do Sporting deva ser menos preocupante (talvez tenha sido a pior da época). Não se sabe o que daria o jogo noutras circunstâncias, mas fica a ideia que dificilmente a história teria sido a mesma sem as alterações ao intervalo. Muito particularmente, Liedson. O problema do Sporting está longe de ser centrado em questões individuais - não me entendam mal! - mas custa-me entender o lapso que foi cometido com Liedson. Que alguns adeptos sobrevalorizem e interpretem mal um momento de menor eficácia, parece-me normal. O mesmo já não posso dizer - a não ser que o critério não seja técnico - quando é o treinador abdica do jogador que, de longe, mais oportunidades consegue provocar de forma consistente (e fê-lo de novo ao tirar Vukcevic para manter Valdés em campo). Há 2 coisas que fazem sentido na sequência de todo este diagnóstico. A recorrente falta de oportunidades da equipa e... a conversa do "pinheiro".

- Sobre o jogo do Dragão, e para além dos dados de assistência (mais de 40 mil!), não há muito a dizer. O jogo serviu, mais do que para qualquer outra coisa, para motivar Walter. É sempre importante um avançado marcar porque é com golos que os índices emocionais normalmente mais crescem. Talvez Villas Boas não se importasse de canalizar um pouco dessa energia positiva para Falcao. Afinal, é ele que deve continuar a jogar.

- Na Luz houve um bom aproveitamento do "brinde" da Taça. Não pela exibição, mas pelas doses de confiança injectadas em algumas individualidades em fase de afirmação. Em particular, Kardec e Gaitan. O primeiro descobriu que o adversário não tinha "segundo andar" e transformou um jogo insosso numa goleada fácil. O segundo, sem deslumbrar, foi muito influente, assistiu, marcou e poderá ter reforçado os seus índices de confiança. Sobre os efeitos práticos, temos de esperar pelos próximos jogos...

- Sei que não é uma opinião popular, mas é a minha e de há muito tempo. O futebol português precisa urgentemente de maximizar a sua competitividade. Mais do que futebol, é uma questão de marketing, valorização do "produto" e geração de receitas. Os adeptos dos 3 grandes gostam sempre de ver os jogos dos seus clubes, mas pergunto-me quem mais - para além dos próprios adeptos - terá tido interesse em ver os jogos que foram televisionados? Então lá fora, estamos conversados. Tudo isto para concluir que a ocupação de 1 fim de semana com esta eliminatória da Taça serve muito pouco os interesses do nosso futebol. Digo eu...

- Entretanto, este ainda deve estar a pensar o que se passou ali!

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15.10.10

Selecção: ranking de jogadores

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Para fechar o "capítulo Selecção", deixo uma lista de jogadores por ordem de avaliação estatística. Os números referem-se aos 4 jogos do apuramento já disputados e têm em conta apenas os jogadores com mais de 150 minutos. Convém referir que estes números têm de ser vistos mais como curiosidade já que é impossível assumir grandes conclusões de um número tão reduzido de jogos e, sobretudo, com alguma disparidade entre o tipo de jogos que alguns jogadores disputaram. Será uma tabela que ganhará mais significado com o tempo mas que, ainda assim, já dá para constatar alguns indicadores característicos de alguns jogadores. Fica a curiosidade...

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14.10.10

Islândia - Portugal: Análise e números

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O jogo era de vitória obrigatória. Quer pelo momento, quer pela diferença de potencial. Confesso que não conheço a equipa islandesa nem a forma como se costuma apresentar, mas a verdade é que fiquei muito bem impressionado com o que fez. Dentro das suas óbvias limitações individuais, teve uma prestação que conseguiu criar muitas dificuldades a Portugal. Quer pela intensidade que colocou em cada lance, quer pela lucidez da sua estratégia. Face a isto, Portugal deu uma resposta que, sendo suficiente para valer e justificar os 3 pontos, não o foi para que ficasse a salvo de algum aperto. Em suma, não foi tão positivo como frente à Dinamarca, mas foi suficiente para manter o optimismo e reforçar a confiança que claramente tem vindo a ser recuperada.

Notas colectivas
Ter mais bola e dominar territorialmente não era um problema. A estratégia islandesa praticamente “ofereceu” esse privilégio a Portugal. O problema seguinte era clássico. Para que este não fosse um presente envenenado, Portugal teria de garantir 2 coisas. A primeira era a consequência da sua posse, já que em transição tornava-se praticamente impossível atacar. A segunda era o controlo sobre o outro lado da estratégia islandesa, as transições e bolas paradas. Portugal, pode dizer-se, não foi sempre muito competente nesse desafio.

Convém separar as 2 partes. Na primeira, e especialmente após o golo, houve alguma dificuldade em lidar com as primeiras bolas islandesas e concederam-se demasiadas situações de bola parada, quer em cantos, quer livres. Outro dado sintomático, são as perdas de bola, muito mais do que no seguríssimo jogo frente à Dinamarca. A boa notícia, porém, foi que, apesar destes problemas, Portugal conseguiu sair ao intervalo em vantagem, graças à sua mais valia individual.

Uma estatística importante para perceber a diferença no controlo que Portugal conseguiu ter entre a primeira e a segunda parte são os cantos. A Islândia teve 6 em todo o jogo, mas apenas 2 na segunda parte e ambos nos primeiros 20 minutos. Ou seja, depois de uma primeira parte algo intranquila, Portugal voltou bem mais lúcido, jogando com o resultado a favor e esperando pacientemente pela oportunidade de selar a vitória. E assim foi. Os islandeses ficaram progressivamente mais longe da baliza de Eduardo e os espaços foram aumentando com a fadiga. As transições passaram a ser possíveis, Portugal marcou mais uma vez e até podia tê-lo feito de novo. Algo que os islandeses, pelo que fizeram na primeira parte, também não mereciam.

Notas individuais Meireles – Já o havia elogiado no jogo frente à Dinamarca, pela cultura posicional que revelou. Desta vez, teve um jogo mais difícil, com mais situações de segundas bolas para disputar. Ainda assim voltou a ser muito importante do ponto de vista defensivo, aliando a este aspecto a não menos importante presença decisiva no jogo. É que, se a sua função passa sobretudo pelo trabalho de coordenação e equilíbrio, dá muito jeito ter alguém tão inspirado...

Carlos Martins – Julgo que o facto de ter sido o jogador com mais passes acertados, mesmo jogando menos tempo, será uma surpresa para a generalidade das pessoas. De facto, Martins teve uma influência assinalável e positiva em posse. O problema é que esse não é o único momento do jogo e para um médio da sua posição é preciso também ter mais utilidade nos momentos defensivos. Não é uma questão de atitude ou entrega, mas de cultura posicional. Continuo a achar Tiago um médio mais completo para a função.

Ronaldo – É sem dúvida a primeira grande conquista de Paulo Bento. Ronaldo fez mais um enorme jogo, útil em todos os momentos e apresentando-se como uma ameaça constante. No Mundial, lembro-me de referir que era impossível alguém rematar repetidamente de 35 metros sem ter instruções claras para isso e que era absurdo atribuir responsabilidades individuais a um jogador que tem o rendimento de Ronaldo em equipas diferentes e épocas sucessivas. Ora bem, a resposta começa a ser dada. Ronaldo voltou a ser um jogador - um grande jogador - e não uma tentativa frustrada de super-homem.

Hugo Almeida – Assinalável o esforço que fez para se manter dentro do jogo. Não é fácil dentro deste sistema e, como já tantas vezes escrevi, o problema da pouca participação está bem mais aí do que numa falta de rendimento individual.

Postiga – A ocasião que falhou, e ao contrário daquela que teve frente à Dinamarca, teve muito mérito do guarda redes. Postiga teve um impacto positivo no jogo, ainda que tivesse alinhado no período em que havia mais espaço para atacar, mas arriscou sair desta dupla experiência com o trauma da finalização de novo reforçado. É por isso que o golo que lhe foi oferecido tem uma importância especial. Se bem o percebo, quem mais poderá agradecer o brinde é mesmo Paulo Sérgio...



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13.10.10

Impressões da Islândia (Breves)

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Mais tarde deixarei a análise mais detalhada, depois de rever o jogo. Para já, porém, fica a nota de uma vitória que não é nada mais do que normal e, especialmente nestas condições, obrigatória. A generosidade dos guarda redes foi o denominador comum, mas houve também da parte portuguesa uma exibição menos positiva e mais errática do que aquela que viram no Dragão. Mas isso, como disse, fica para mais tarde. Para já, e como nota de encerramento da o primeiro capítulo da "era Bento", quero dizer que não estou especialmente surpreendido. Em boa hora confessei o grau elevado das minhas expectativas e, agora, não espero outra coisa que não seja a confirmação da tendência actual. Entristece-me que o mérito de Paulo Bento - e que tentei explicar nos últimos dias - seja ainda muito pouco percebido pela generalidade dos adeptos. Mas sobre isso não há mais nada que possa fazer...

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11.10.10

O que já mudou com Paulo Bento (vídeo)

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Não foi o único indicio que se viu, nem o único aspecto que seguramente mudará, mas terá sido aquele que, do ponto de vista táctico, mais relevo teve. Diz-se, e é verdade, que com tão poucos treinos não é possível fazer muito. Nesse aspecto, o mérito da qualidade da interpretação das ideias tem de ir muito mais para os jogadores - mais uma prova da sua qualidade - do que para quem os treinou. Mas o mérito da ideia, da mudança de filosofia, essa é toda de Paulo Bento. É que Paulo Bento - e permitam-me a sinceridade - percebe muito mais do jogo do que qualquer dos seus antecessores. Tal como uma andorinha não faz a Primavera, o ciclo de Bento não está feito neste jogo. Mas acho que já perceberam de onde vem o meu optimismo...

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10.10.10

Portugal - Dinamarca: Análise e números

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Já tinha manifestado o meu optimismo, mas não deixa de me espantar como tanto pode mudar em tão pouco tempo. Ontem já deixei aqui a opinião sobre a importância da lucidez colectiva e táctica, para o sucesso da estratégia da equipa. Muito passa por aí, de facto, mas há também do ponto de vista táctico alterações no comportamento colectivo que deverão marcar uma nova “era” da Selecção. Planeio trazer algumas imagens que deixarão claro o que Paulo Bento já mudou no comportamento colectivo, mas, para já, reforço apenas o meu optimismo inicial. Tanto quanto à possibilidade de estarmos no inicio de um “upgrade” qualitativo do jogo da Selecção, como em relação ao potencial excepcional deste conjunto de jogadores.

Notas colectivas
Em primeiro lugar, o grande elogio que tenho para fazer vai para a sobriedade da exibição. Não se trata de querer fazer muito ou tentar elevar os ritmos para patamares difíceis de sustentar. Trata-se, isso sim, de ter uma ideia clara do que se quer fazer, e de o fazer bem. Um plano colectivo para ganhar, onde mais do que “muito”, importa fazer “bem”. Portugal esteve sempre equilibrado em campo, nunca assumiu riscos em posse e teve apenas 1 perda a possibilitar transição, sendo que mesmo nesse caso o lance nunca esteve fora do controlo em termos de equilíbrio numérico. E se estes dados são já de si raros, mais crédito ganham quando se constata que a ausência de risco não comprometeu a qualidade da posse. É que 80% de aproveitamento em posse é igualmente um dado difícil de encontrar num jogo de futebol.

Se deste pragmatismo estratégico já tinha falado, convém também referenciar aquele que é o elemento colectivo mais significativo no jogo: o pressing. Lembro-me de várias vezes ter questionado o desempenho da Selecção neste que considero ser um pilar fundamental de qualquer equipa ambiciosa, e sempre me fez confusão a falta de resultados e qualidade que vislumbrava. Ora bem, desta vez – e com apenas algumas sessões de treino – Portugal teve no pressing um alicerce fundamental para o seu sucesso no jogo. Foram inúmeras as recuperações altas e... contaram as vezes que os dinamarqueses tiveram tempo e espaço para recorrer a futebol directo que no passado tantas vezes tememos frente a nórdicos?

Outro dado que teve também um acréscimo de qualidade neste jogo foi a circulação e posse. Portugal não começou por encontrar facilidade em “furar” por esta via, mas com os golos, surgiram as condições – emocionais e tácticas – para protagonizar alguns momentos já bastante bons. Sem pressa nem urgência de progredir, mas esperando pelo tempo certo para o fazer e apelando também a alguns triângulos sobre as alas. Uma dinâmica fundamental no 4-3-3, mas que tantas vezes faltou à Selecção no passado. Contaram o número de vezes que os extremos ficaram reduzidos à solução do drible, como tantas outras vezes aconteceu em anos anteriores?

É claro que para este rápido “upgrade” conta muito a qualidade individual. No futebol, como na vida, não há milagres. Em particular, é muito mais fácil jogar bem quando se junta aos nossos extremos laterais como Coentrão e João Pereira. É muito mais fácil manter equilíbrios e evitar perdas comprometedoras quando se tem Moutinho como médio de transição. É muito mais fácil cortar o primeiro passe de transição, quando se tem um jogador com a cultura posicional de Meireles. É muito mais fácil desequilibrar quando se tem, só... Nani e Ronaldo.

Notas individuais
Ricardo Carvalho – Foi pena o auto-golo, onde tem muito azar mas também alguma responsabilidade (repararam que mudamos para defesa-zona?). De resto, fez um grande jogo, sempre com uma intensidade enorme no jogo e uma presença impossível de ignorar.

Meireles – Moutinho foi quem mais deu nas vistas no meio campo, mas Meireles não teve menor importância. Aliás, merecia uma análise individual para salientar o tempo de pressing sobre o primeiro passe e o número de vezes que cortou a transição contrária pela raiz (às vezes em falta). Pensar que vem jogando nas costas de Torres no Liverpool e que, de repente, faz um jogo posicional com esta qualidade, só eleva ainda mais o seu mérito.

Moutinho – A confiança nota-se. Continua a ser um jogador intenso e tacticamente irrepreensível, mas agora o seu primeiro toque é melhor e a facilidade com que “salta” o pressing directo faz com que dê um perfume acrescido ao jogo. Falta-lhe o último terço. Só lhe falta isso, mas... ainda lhe falta isso.

Carlos Martins – Não fez um mau jogo, mas foi o elo mais fraco do meio campo. É uma solução, mas creio que lhe falta alguma cultura táctica para ter a utilidade dos outros 2 elementos que com ele jogaram no meio campo. Pela qualidade de Tiago, pessoalmente, acredito que o médio do Atlético seria uma solução melhor. Talvez não tão explosiva, mas globalmente melhor.

Ronaldo – Grande notícia o seu golo. Claramente procurava esse momento e perdia-se algumas vezes por isso. Talvez o golo lhe dê tranquilidade para engrenar de vez. De resto, é um jogador obviamente fantástico e que desequilibra tantas vezes que às vezes nos esquecemos. Vi o jogo uma primeira vez – no estádio – mas só depois de analisar melhor é que me apercebi concretamente do número de situações de golo em que esteve directamente envolvido.

Nani – Quando vejo os jogos do Man Utd, pergunto-me como é possível não ter melhor aproveitamento ofensivo na Selecção, tendo Nani. Ou melhor... também Nani. Está em grande forma e é um dos melhores extremos do futebol actual, como facilmente o mostrou.

Hugo Almeida – Não são exactamente iguais, mas quase que poderia recuperar alguns comentários que fiz a Falcao. É por isso que normalmente (nem todos os casos são assim) prefiro o losango. O triângulo recuado é análogo ao do 4-3-3, mas o triângulo ofensivo, no losango, não ignora tanto um recurso como tantas vezes vemos acontecer no 4-3-3. Hugo Almeida não jogou mal, mas jogou pouco.

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9.10.10

A primeira da "era Bento" (Breves)

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- Não tive problemas em declarar o meu optimismo em relação a esta nova "era" e os motivos que então enunciei foram espelhados neste jogo. Agora, como sempre depois das vitórias, vai-se falar das opções individuais, de Moutinho, Martins ou Pereira, e elogiar-se o treinador e o jogo que a Selecção realizou. Mas os motivos que estão realmente na origem deste súbito "upgrade" não são essencialmente de ordem técnico-táctica, nem, muito menos, têm a ver com 1 ou outra opção. Têm a ver, isso sim, com aquilo que Paulo Bento tanto falou mas que pouca gente valoriza: o controlo e a gestão dos níveis emocionais. Sobre a análise e os aspectos técnico-tácticos, guardo-me para mais tarde, mas para já quero apenas referir que reduzir o futebol às suas componentes técnico-tácticas é ignorar uma boa parte da complexidade do jogo. Mas vamos esperar, porque as coisas ainda agora começaram...

- À margem do que é mais importante, deixo a seguinte pergunta:

quantos golos falharia Postiga se tivesse 10 situações iguais à que teve frente à Dinamarca, mas... num treino?

Já era tempo de alguém assumir que Postiga tem realmente um problema de finalização...

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8.10.10

Lances da jornada 7 (Vídeo)

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Como é hábito, o vídeo pretende ser auto-explicativo, pelo que me vou poupar a grandes comentários. Ainda assim, reforço alguns pontos-chave do que é analisado:

- A movimentação de Saviola é chave no golo que dá a vitória ao Benfica. Quando dá o 1º toque na bola no lance, já o desequilíbrio está criado. Saviola é a grande fonte de desequilíbrios do Benfica e é-o sobretudo pelo que faz sem bola.

- No Braga, há um problema no "duplo pivot". Problema de movimentação vista noutros jogos, mas também de intensidade defensiva em Viana ou Aguiar, soluções recorrentes para o lugar.

- Alan combina hoje uma maturidade e qualidade que o tornam num jogador muito valioso em cada posse de bola.

- O Guimarães mantém as características base das equipas de Machado. Com dificuldades em organização defensiva, mas com uma das transições ofensivas mais bem trabalhadas do futebol português.

- Têm características diferentes. Moutinho é mais lúcido tacticamente, Belluschi mais visionário ofensivamente. Mas a utilidade de ambos só merece destaque pela intensidade que colocam em campo e em todos os momentos. Em transição e organização. Com e sem bola.

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7.10.10

Guimarães - Porto: Análise e números

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Não deixa de haver alguma ironia que na primeira perda de pontos se reconheça um falhanço precisamente no plano para o qual o treinador tantas vezes havia alertado: o plano emocional. Talvez seja da parte do próprio treinador portista que venha a melhor imagem dessa perda de controlo, mas há outros indicadores que, dentro do campo, também o evidenciam. É verdade que a situação nunca esteve fora do controlo e que o golo do Vitória veio de uma jogada isolada, e não de uma reacção que tenha tornado eminente o empate. Mas essa é exactamente a questão da importância controlo emocional. Ou seja, numa situação tangencial, e mesmo que o jogo esteja aparentemente controlado, é preciso manter o alerta, a concentração e a intensidade. Não foi isso que o Porto fez. A posse perdeu qualidade, tornou-se mais displicente e menos consequente, numa perda de atitude que acabou por colmatar num erro individual perfeitamente evitável e que deitou tudo por terra. Será preocupante? A resposta partirá sempre de dentro, porque da reacção às adversidades é que se fazem os campeões.

Notas colectivas
Não demorou muito para se perceber quem iria ser o “dono” do jogo. Na verdade, ver a bola mais tempo do lado do Porto era algo que já estava nos planos de Manuel Machado, pelo que não seria esse o problema do Vitória. A complicação vem, isso sim, do controlo que o Vitória não conseguiu ter sobre a posse portista. As combinações nas laterais, através dos triângulos característicos do 4-3-3 portista, conseguiam dar constante profundidade aos corredores e, no centro, os movimentos verticais dos médios – Belluschi e Moutinho – também tiveram os seus momentos de desestabilização. O golo acabaria por acontecer num desequilíbrio individual e mais tarde outra ocasião clara, numa situação de ataque rápido. Pelo meio, a estratégia do Vitória conseguiu apenas 1 lance de acordo com a sua estratégia de transição. Apenas 1, mas 1 de enorme perigo e, também, perfeitamente típico das equipas de Machado, com vários elementos a aparecer rapidamente na transição e a tornar tudo muito difícil para quem defende. Por isso é que a posse deve ser tratada com especial cuidado frente às equipas de Machado.

A exibição portista nunca foi fulgurante. Não foi, mas também não tinha que ser, como bem demonstra a série de vitórias que a equipa conseguiu. Aliás, o jogo estava encaminhado na mesma direcção de muitos outros e, se o Porto não conseguiu desta vez guardar a vitória, deve questionar-se o porquê de tal ter sucedido. Se o fizer, encontrará seguramente criticas e pontos úteis para rever.

Posso começar por comentar o regresso da dupla Maicon-Rolando. Não é por acaso. Creio que é a dupla que nesta altura oferece melhores garantias, sobretudo num jogo que tinha tudo para que Machado potenciasse os pontos fracos de Otamendi (primeiras bolas e erros em posse). Mas talvez Villas Boas esteja a lamentar não ter ido mais longe. Fucile tem características que lhe deverão garantir a titularidade, e estava a fazer um bom jogo, mas o seu lapso é gritante e, sobretudo, dificilmente seria cometido por Sapunaru, que tem neste tipo de lances o seu ponto forte. Não se pode, porém, criticar o treinador por adivinhar o inadivinhável.

O que se passou na segunda parte foi um relaxamento mental da equipa perante um jogo aparentemente controlado. Uma “bomba” que explodiu no erro de Fucile, mas que tinha tido o seu rastilho em várias situações em que alguns jogadores não deram o devido seguimento à posse de bola colectiva. Varela esteve bastante errático, mas talvez seja Hulk quem mais deva ser criticado nesse aspecto, já que perdeu demasiadas vezes a bola, abusando de iniciativas individuais. Outra critica que me parece evidente é de abdicar de um elemento como Belluschi quando se precisa de um momento de inspiração.

Notas individuais
Fucile – É um bom jogador e a melhor solução que o Porto tem para a posição, mas tem um problema. Fucile tem uma queda para o desastre, especialmente em jogos e momentos de maior intensidade. Lembro-me de erros e expulsões em jogos decisivos (lembram-se do Schalke?). Demasiados para que a coincidência seja a explicação mais provável. Talvez o ambiente de Guimarães lhe tenha feito mal...

Álvaro Pereira – É um excelente lateral, com grande intensidade e capacidade ofensiva. Raro é o jogo em que não tem influência ofensiva relevante. Ainda assim, há uma margem de evolução que Álvaro Pereira pode percorrer. Repetidamente erra demasiados passes e deve trabalhar a certeza nesse capítulo.

Belluschi – Voltou a ser extremamente útil na recuperação. Às vezes parece que a bola não pára de ir ter com ele, quer em intercepções, quer em primeiras e segundas bolas, mas a repetição desta tendência é tanta que o acaso não pode ser justificação. Se combinarmos esta característica com a sua verticalidade e capacidade de desequilíbrio, não se percebe porque sai num momento decisivo.

Varela – Ao contrário de Hulk, não está a fazer um campeonato tão bom quanto o crédito que lhe é dado. Muitos são os jogos em que passou literalmente ao lado e este foi mais um deles. Seria bom que a sua capacidade de desequilíbrio fosse mais constante de jogo para jogo.

Hulk – É impressionante o golo que marca e é impressionante o campeonato que está a fazer. Tão impressionante que o próprio parece estar deslumbrado. Hulk é demasiado bom para este campeonato e à medida que o próprio o vai percebendo e sentindo, vai também aumentando o risco de se tornar no jogador que foi após o golo. Ou seja, displicente e egocêntrico no jogo. A equipa por pouco não ganhou à sua custa, mas se tivesse mantido outra atitude, teria seguramente vencido mesmo o jogo. A questão não está tanto nas suas decisões quando está perto da área, mas naquelas que toma numa fase anterior, quando a equipa procura “crescer” no campo. Nesse aspecto, foi a primeira vez que lhe vi este tipo de displicência neste campeonato e isso não deve ser ignorado por quem lidera a equipa.



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6.10.10

Os problemas do Sporting e o jogo com o Beira Mar (análise e números)

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Fosse o futebol tão simples como tantas vezes o “pintam”, e Paulo Sérgio já teria encontrado tantas soluções quantos os problemas com que se deparou. Como não é, discutir o que normalmente se discute após cada mau resultado – sistema e individualidades – ajuda mais a esconder a solução do que, de facto, a desvendá-la. Porque tem o Sporting piores resultados se continua a ser a equipa que mais domina territorialmente os jogos? Aquela que mais trabalha a posse, mais passes faz e com mais eficácia? Ou, já agora, a equipa que mais remata? A resposta não está nos postes ou na eficácia, porque, paralelamente a estes indicadores, é o Sporting que, entre os “grandes” menos ocasiões cria por jogo. A resposta está noutros aspectos mais profundos e que, por isso, não têm tão simples resolução.

Quando fiz o primeiro diagnóstico a esta equipa, ainda na pré época, alertei para 2 pontos do modelo. O pressing e a linha defensiva. Quanto à linha defensiva, os ecos do seu mau funcionamento já tiveram, entretanto, diversas consequências, muitas – não todas – também já aqui escalpelizadas. No que respeita ao “pressing”, a análise não é tão simples, mas nele se esconde uma das melhores explicações para o insucesso ofensivo do Sporting – não a única, claro.

É bonito falar-se do domínio e da posse, mas a realidade, no futebol, diz-nos que a maioria dos golos no futebol vêm de situações de transição, onde o adversário é apanhado em situações de desorganização. É raro ver-se alguém dizer isto, mas uma equipa que seja forte na potenciação dos momentos de transição tem muito mais possibilidades de vencer e marcar golos do que uma outra que opta sistematicamente por um ataque posicional, ignorando a transição. Ora, o Sporting raramente consegue potenciar esse tipo de situações. Não recupera em zonas altas e não tem uma transição ofensiva bem preparada e que produza efeitos. É sobretudo por isso que a equipa ataca mais, passa mais, remata mais, mas... marca menos.

O jogo com o Beira Mar
A exibição foi muito fiel àquilo que é realidade da equipa. Domínio, boa circulação – mesmo melhor do que na maioria dos jogos – fases de bom futebol, mas, no final, pouca produtividade, tanto em termos de eficácia, como em termos de ocasiões concretas. Na primeira parte, sobretudo, o futebol foi de facto bom e merecia outro resultado. Na segunda, porém, a circulação em ataque posicional foi menos fluída e as oportunidades rarearam. Bem vistas as coisas, nesse derradeiro período, é o Beira Mar quem mais se deve queixar da sorte, porque esteve bem mais perto do golo do que o Sporting.

Outro aspecto que me parece enigmático é a forma como se mexe na equipa. A necessidade de meter “carne no assador” é intuitiva, mas muitas vezes também desprovida de qualquer lógica que produzia efeitos práticos. Neste caso, as alterações não corrigiram as crescentes dificuldades da equipa em chegar à frente mas apenas as agravaram. Depois das alterações, o Sporting não criou 1 lance claro de golo e, pelo contrário, consentiu alguns. Algo que não é exclusivo de Paulo Sérgio, mas que deveria merecer reflexão.

Enfim, e voltando ao inicio, entendo que é inútil continuar a tentar acertar numa “fórmula” – entenda-se, sistema e jogadores – que miraculosamente traga resultados, e que mais importante é perceber e corrigir detalhes da “fórmula” actual. Na situação actual - e não é de agora - é inútil voltar a mudar de sistema, tenha ele 1 ou 2 avançados, 1 ou 2 pivots, e é igualmente pouco relevante mudar o jogador A ou B (salvo situações extremas, claro). A questão está na filosofia do modelo e na qualidade dos seus princípios.

Por fim, os dados individuais do jogo, mas vou-me poupar a análises no texto. Quaisquer questões, responderei na caixa de comentários...




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5.10.10

Empates de Sporting e Porto (Breves)

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- Primeiro o Sporting. Podia - e devia - ter ganho o jogo na primeira parte. Há uma diferença entre jogar melhor e ganhar. Um dos problemas da filosofia de Paulo Sérgio é que é demasiado orientada para a procura do domínio pela posse e se concentra pouco em aspectos como o controlo, o equilíbrio e a lucidez. Não que jogue sempre melhor, mas porque quase sempre tem mais bola e mais domínio territorial e raramente tem uma exibição em que agarre a vitória com as duas mãos. Em Aveiro foi assim e, no fim, podia bem ter perdido.

- Escrevi-o ontem sobre o Braga, e hoje posso reproduzir a ideia para o Sporting, ainda que o caso seja mais complexo e problemático. Assumir a candidatura ao título no inicio era forçado. Hoje, é um delírio. Um delírio que tem a agravante de acrescentar uma pressão exagerada sobre o grupo e que pode colocar a equipa numa posição muito difícil na tabela. Não é por gritar muito e muitas vezes que quer ganhar que o Sporting lá vai alguma vez chegar. Convém perceber isto, traçar metas realistas e objectivas, que possam trazer mais motivação e menos frustração a quem trabalha. Esse é o único caminho para o que resta da época. Quanto ao panorama mais alargado, a história é demasiado complexa para caber aqui...

- Em Guimarães, os primeiros pontos perdidos do Porto. Seria difícil alguém prever este desfecho quando Hulk deu mais uma mostra da sua capacidade excepcional ao marcar o 0-1. Parecia ter tudo para ser um passeio, mas o Porto deixou que tudo se complicasse. Na verdade, este era um cenário que Villas Boas sempre antecipou e alertou na hora das vitórias. Enquanto o resultado está "apertado", o jogo está sempre aberto e a concentração teria de ser forçosamente máxima. Analisarei melhor mais tarde, mas... é impressão minha ou Fucile perdeu os 2 pontos praticamente sozinho?

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4.10.10

Benfica - Braga: Análise e números

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Os dois escolheram o exagero para enfatizar o mérito das respectivas equipas. A verdade, como quase sempre, está algures no meio. Nem o Benfica criou muitas oportunidades de golo, nem o Braga foi capaz de ter uma grande reacção depois do 1-0. O Benfica foi quem teve domínio por mais tempo, mas não se pode dizer que tenha estado mais perto do golo do que o Braga. Com uma coisa concordo com Domingos: a eficácia e o primeiro golo seriam determinantes e, num jogo de poucas oportunidades, ambas as equipas poderiam ter conseguido essa vantagem. Outra coisa que as equipas partilham é o escasso número de erros durante o jogo. Um dado que, afinal, nem pode ser considerado muito normal, se tivermos o momento que ambos atravessam.

Notas colectivas: Benfica
O arranque do jogo foi muito bom. Boa atitude, pressionante e autoritária, impediu o Braga de jogar e manteve o jogo no meio campo contrário durante largos minutos. Para isso, contribuiu a boa postura e competência em ambos os momentos defensivos da equipa – organização e transição. Também a organização ofensiva merece nota. Coentrão recuou para lateral e mereceu uma estratégia especial de Domingos, com Salino a descair para a direita. O Benfica começou por se dar bem com o plano adversário. Circulou com fluidez em zonas baixas, obrigando o Braga a ajustar constantemente o posicionamento do seu bloco ao longo da largura do campo. Depois, o lado esquerdo – e apesar da tal colocação de Salino – foi quase sempre o flanco escolhido para o primeiro passe vertical. Primeiro, porque Lima tinha uma espécie de dupla missão no pressing mais alto e sentia dificuldades no tal ajustamento lateral à circulação que o Benfica fazia na sua linha mais recuada. Depois, porque Gaitan foi um elemento importante na criação de linhas de passe, acrescentando um problema ao Braga que esperaria apenas ter de controlar Aimar e Saviola no primeiro passe interior.

Mas o Benfica não foi, apesar dessa boa entrada, perigoso. Não foi porque, se na construção – com Gaitan, Martins e Coentrão em destaque – a equipa estava bem, mais à frente houve alguma desinspiração de Saviola e Kardec nos minutos iniciais. Com isto, perdeu-se o momento e abriu-se uma oportunidade para que fosse o Braga a crescer e a ameaçar. O jogo tornou-se mais dividido, menos dominado e, sobretudo, menos controlado por parte do Benfica. Nunca por causa de erros individuais, e mais pelo mérito que o Braga também teve em fazer valer os seus pontos fortes.

Acabou por ser feliz o Benfica, num lance que realça o mérito e capacidade dos seus elementos. Primeiro, a velocidade de transporte de Coentrão, a tirar tempo de organização à defesa do Braga. Depois, o papel vital desempenhado por Saviola, criando uma linha de passe que desfaz o 3x3 que o Braga criara no flanco. Finalmente, e já com o desequilíbrio numérico criado, Martins na inspiração final.

Um lance que decidiu o jogo, numa altura em que o seu destino era tudo menos óbvio.

Notas colectivas: Braga
Domingos arriscou uma estratégia compreensível, mas que não lhe saiu muito bem. Fechar a direita, abdicando de um extremo e introduzindo um ala interior – Salino – e “abrir” a esquerda, com o principal desequilibrador – Alan – e um lateral ofensivo – Elderson. Uma das virtudes desta opção seria não sobrecarregar demasiado o duplo pivot com necessidades de basculação, retirando-lhe a responsabilidade de vir à direita. E todos sabemos os problemas que o duplo pivot tem sentido em controlar o espaço entre linhas.

É sempre arriscado, e normalmente corre mal, mexer na estrutura de um momento para o outro. O problema que Domingos provavelmente não considerou foi a dificuldade de Lima “filtrar” a entrada de jogo pelo flanco direito, e foi por aí que o Braga começou por sentir dificuldades.

Outro problema evidente de Domingos, são as soluções para o meio campo. Percebe-se a preocupação do treinador em ter ao lado de Vandinho um jogador forte no passe, que possa dar qualidade, quer à construção, quer à saída em transição. Por isso opta, ora por Viana, ora por Aguiar ao lado de Vandinho, em vez do eléctrico Salino. Aguiar, e à parte do seu pontapé, é uma opção muito difícil de justificar em qualquer das posições onde vem jogando. Viana, e apesar de ter um sentido posicional muito mais apurado do que o uruguaio, também não tem a intensidade que muitas vezes se pede para a posição. Um problema, e isso viu-se pela paupérrima primeira parte que fez Aguiar, muito raramente em jogo. Melhorou com a troca com Viana, mostrando-se mais útil em zonas mais baixas, mas é para mim um mistério o porquê de sair Viana (a condição fisica não me parece suficiente) quando tinha um rendimento muito superior a Aguiar. Para este Braga, a perda de Mossoró criou um problema irreparável na dinâmica ofensiva.

Ainda assim, e apesar destes problemas, é importante notar a forma como o Braga sobreviveu à má entrada, evitando maiores situações de perigo junto da sua baliza. Aliás, e repito a ideia de ontem, num outro momento de confiança seria provável que o Braga conseguisse outro aproveitamento das oportunidades que criou e, nessa hipótese, dificilmente teria perdido este jogo.

Notas individuais: Benfica
Carlos Martins: não fez um jogo excepcional, mas apenas normal dentro daquele que vem sendo o seu rendimento. Realmente, só espanta o porquê de não ter tido mais minutos nos primeiros jogos. Martins não é hoje um jogador diferente do passado. Tem características excepcionais – como se viu no golo – mas faltam-lhe também outras. Está num bom momento e o seu desafio, como sempre, será a reacção mental a um momento mais adverso.

Gaitan: Foi um jogador muito importante na primeira parte, espalhando algum do seu "perfume" e protagonizando jogadas que, se fossem de outros mais consagrados, teriam sido fortemente empoladas. O problema é que Gaitan continua a arricar demasiado em zonas que podem ser muito perigosas num dia de menor inspiração, e isso, embora não tenha sido o caso, poderá custar caro. Ainda assim, a sua confiança está claramente a crescer e com ela fica bem mais claro o potencial que obviamente tem.

Saviola: A sua entrada no jogo foi, de facto, muito desastrada, perdendo quase todas as bolas que passaram pelos seus pés. Mas o acerto no passe não é a mais valia de Saviola. O que o distingue é a movimentação e foi isso que, de novo, fez a diferença. Esteve em todos os 3 desequilíbrios que a equipa conseguiu enquanto esteve em campo e fica-me a dúvida se o último e decisivo não terá vindo “just in time”. É que se preparava uma dupla substituição e se calhar Saviola iria sair. O seu momento técnico pode não deslumbrar, mas continua a ser a grande fonte de desequilíbrios da equipa.

Kardec: Importa falar dele porque, afinal, foi o substituto da grande ausência: Cardozo. É difícil dizer se o Benfica ficou a ganhar ou a perder, porque, face à sua irregularidade, não se sabe que Cardozo teríamos. Começou por ter muitas dificuldades em entrar no jogo, mas foi ganhando espaço e confiança e acabou por se fazer sentir no jogo aéreo. Seria bom para ele ter outra oportunidade...

Notas individuais: Braga
Paulão: Para mim foi a surpresa positiva do jogo. Dominou completamente a sua zona e não confirmou dúvidas que sobre ele se levantaram nos últimos jogos.

Silvio: Percebe-se bem que é o lateral mais fiável do Braga, quer à direita, quer à esquerda. De longe! A Selecção é outra conversa...

Luis Aguiar: Já falei dele atrás e também no Dragão havia tido uma prestação muito negativa, para além do golo. O seu pontapé é uma arma rara, mas tem de estar muito inspirado para compensar a nulidade de rendimento que teve. Domingos estará melhor quanto mais depressa encontrar alternativas para o uruguaio no modelo base. Pela amostra que tenho, é a única opinião que posso ter.

Salino: A sua energia dá nas vistas e muitas vezes acaba por parecer fazer mais do que aquilo que realmente faz. Ainda assim, é um jogador interessantíssimo, com grande intensidade e boa qualidade técnica. Só falta perceber qual é, realmente, a sua posição no modelo. Os elogios são, por isso, justificados (ainda que sem exageros), mas há que notar também que Salino representa um pouco da quebra de confiança e eficácia do Braga pós-Emirates. Frente ao Shakhtar teve 2 clamorosas ocasiões e, agora, mais um “penalti em movimento”. Como seria diferente a história - sua e da equipa - se tivesse tido um bom aproveitamento destas ocasiões...



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3.10.10

Benfica - Braga (Breves)

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- Começo por deixar um apontamento sobre a questão da candidatura ao título do Braga. Compreende-se que o peso do estatuto seja enfatizado pelos adversários, mas parece-me um erro enorme que o próprio Braga se deixe sobrecarregar por esse fardo. Ainda mais numa época de responsabilidades acrescidas. Isto não coloca em causa o mérito do trajecto excepcional dos bracarenses, mas o Braga não tem, nem condições, nem tradição para ter de carregar esse fardo. Continua a ser um fortíssimo candidato a um lugar aos 3 primeiros e isso, por si só, já é fazer melhor do que a sua "encomenda". Uma coisa é ambição, outra é irrealismo. Uma traz motivação, a outra frustração.

- Sobre o jogo, e antes ainda de uma análise mais detalhada que posteriormente deixarei, parece-me que ambas as partes ficaram a meio do seu potencial, o que é compreensível, já que nenhuma atravessava um bom momento em termos de confiança. Ganhou o Benfica e mereceu mais porque, não só é tecnicamente melhor, como esteve mais tempo perto do golo. Mas o jogo podia ter conhecido outro desfecho, com outra inspiração do Braga. Aliás, é curioso notar a diferença de eficácia e inspiração dos arsenalistas na Luz e no Dragão (ou, se quisermos, frente a Shakhtar e Sevilha). Sem o poder concretizar, parece-me que a goleada no Emirates começou a abrir uma "ferida" de confiança que tem abalado fortemente as aspirações bracarenses.

- Agora vão começar a questionar o rendimento de Saviola? Mas está tudo louco?!

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O golo do Nacional e o método defensivo nas bolas paradas

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Regresso ao golo do Nacional em Alvalade. Não por causa de Nuno André Coelho em específico - há coisas que me parecem claras, mas cada um vê o que quer - mas por um problema que o método defensivo escolhido pelo Sporting evidencia e que acaba por ser - isso sim! - decisivo no lance.

Como é fácil ver, não há qualquer displicência individual de NAC no lance. O que acontece é que, fazendo um acompanhamento individual de um jogador, ele acaba por se encontrar numa posição muito desfavorável para a recuperação. No momento em que Patrício alivia (para bem longe, diga-se), NAC está, não só muito atrasado, como é apanhado em movimento contrário àquele que terá de fazer para sair da área. Isto atrasa substancialmente a sua missão e, mesmo se não hesitou no adiantamento, o "handicap" inicial prejudicou-o decisivamente no lance.

O ponto é o seguinte. Num sistema zonal de marcações, este problema nunca aconteceria porque o jogador estaria com os olhos na bola e nunca tem de fazer movimentos de recuo, virando-se na direcção da sua própria baliza. Ou seja, o que o lance evidencia não é qualquer erro individual, mas uma limitação de um método defensivo - marcações H x H. Para uma equipa que opta por este método, aconselha-se alguma prudência na definição da zona para onde os jogadores devem sair, porque não é certo que todos possam partir de iguais circunstâncias. E essa prudência, mais uma vez, o Sporting não teve...

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1.10.10

A (minha) justiça a Nuno André Coelho

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Não é a primeira vez que me refiro a ele, mas porque vejo, de várias partes, uma onde de culpabilização em torno de Nuno André Coelho, julgo justificar-se vincar a minha posição e, já agora, alertar para a realidade da sua exibição frente ao Nacional.

Vinha “chamuscado” do derby e logo se aproveitou um lance em que acho muito difícil ser responsabilizado (parece-me partir de uma posição demasiado atrasada para ter tempo de recuperar) para o “queimar” definitivamente. O que pouca gente terá visto no jogo frente ao Nacional foi a excepcionalidade da exibição de Nuno André Coelho.


O Nacional chegou a Alvalade com a intenção de explorar o futebol directo, recorrendo a Orlando Sá, primeiro, e a Anselmo, depois. Ora, dá para dizer que Nuno André Coelho, sozinho, chegou para “secar” esta estratégia dos insulares. É preciso uma análise minuciosa para encontrar um lance perdido pelo central nos 90 minutos, e é preciso percorrer muitos jogos para encontrar um jogador que, como Coelho frente ao Nacional, tenha conseguido 37 intercepções e 57 passes completados. Posso dizer, aliás, que neste campeonato, e entre os centrais dos 3 grandes, não houve ninguém que tivesse conseguido tal grau de influencia. Carriço, por exemplo, neste jogo ganhou cerca de metade das bolas do seu companheiro de sector.

Para colocar os "pontos nos ís", Nuno André Coelho é um central que precisa de crescer em alguns aspectos. Ainda erra muitas vezes quando não tem necessidade e precisa de aperfeiçoar alguns detalhes posicionais – algo que só fará com outra qualidade de organização defensiva. Neste jogo específico, aliás, houve lances que poderia ter resolvido melhor, ainda que tenham sido ilhas num oceano muito mais vasto de acções positivas.

Mas NAC é também um central de potencial excepcional, com uma combinação de características, físicas, técnicas e mentais raras. É, para mim, o central português com maior margem de evolução. Neste momento, funciona como uma espécie de “bombeiro” de uma defesa que quer fazer coisas que não sabe, quer pela sua capacidade aérea, quer pela sua capacidade de recuperação. O Sporting – e isto também já o disse e não é isso que está em causa – tem 4 centrais de qualidade muito elevada, mas nenhum deles será solução dos problemas colectivos que a equipa há muito revela no sector mais recuado. Não sei qual o destino de NAC, e não sei se encontrará, a tempo, o enquadramento certo para a tal ascensão que está ao seu alcance – num defesa, o enquadramento colectivo é mais importante que em jogadores mais ofensivos – mas sei que se está a cometer um grande erro em subvalorizar o valor deste jogador.



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