Não vou fazer análises mais detalhadas aos jogos do fim de semana, mas não quero deixar de utilizar o lance que dá origem ao segundo penalti na Amoreira. Na semana anterior, falava da importância do espaço entre linhas e de como algumas equipas – no caso, o Porto – se preparam ofensivamente para conseguir libertar um jogador em posse nessa zona. Pois bem, neste caso é possível ver como facilmente o Sporting fica exposto precisamente no mesmo espaço. A questão, no caso do Sporting, não tem a ver com uma má protecção específica a esse espaço, mas com os problemas da equipa em todo o momento de organização defensiva. E este é um lance paradigmático disso mesmo.
A lacuna não tem apenas a ver com a protecção do espaço entre linhas, mas vê-se também na forma como a equipa não consegue, através da pressão colectiva, tirar partido de um drible, largo, do lateral em direcção à zona central, que é sempre uma oportunidade “de ouro” para provocar uma situação de transição, em equipas com uma pressão colectiva forte.
Como se não bastasse todo o comportamento até ao último passe, ainda vemos que há uma descoordenação na última linha, que acaba por viabilizar o isolamento do avançado.
Qualquer organização defensiva depende muito da coordenação defensiva dos seus centrais e, para isso, é de evitar que tenham de sair da sua zona para fazer contenção num espaço mais adiantado. Algo que deve ser conseguido pela equipa, mas que no caso do Sporting falha com demasiada recorrência. É fácil, durante um jogo, vermos situações em que os centrais são obrigados a sair para fazer contenção, acabando por desfazer o posicionamento ideal e comprometendo a segurança da própria equipa.
E é a partir desta constatação que volto a realçar a importância de não se fazerem juízos demasiado pesados sobre competências individuais em jogadores que não actuam em equipas bem organizadas. Sobretudo ao nível do potencial.
Na minha perspectiva, o potencial dos jogadores defensivos deve incidir pouco numa apreciação da sua capacidade posicional. Porquê? Porque esse é um tipo de competência que – ao contrário do capítulo técnico, por exemplo – pode ser rapidamente desenvolvido e melhorado. Basta, para isso, que haja competência de quem treina e vontade de quem queira aprender. Não é certo que aconteça, mas estamos todos cansados de conhecer casos de jogadores que, de repente, melhoraram imenso quando se cruzaram com certos treinadores.
Casos como Nuno André Coelho e Torsiglieri são, a meu ver, exemplos disso mesmo. É fácil reconhecer-lhes potencial em variados aspectos, mas falta-lhes um melhor enquadramento colectivo para perceber exactamente até que ponto podem ir. O que é errado, é colocar sobre estes – ou outros – jogadores uma responsabilidade individual de um problema que é colectivo.Ler tudo»
1 passe chegou
Não é preciso ser uma equipa “grande”, ou, sequer, ter uma ambição enorme. Qualquer equipa que pretenda ter qualidade colectiva tem de se questionar como é que, a partir de uma falta no meio campo adversário – o que supostamente permite uma reorganização posicional – a equipa se expõe desta forma após apenas 1 passe. Não faz sentido, por exemplo, que, perante isto, que se coloque um ênfase tão carregado nas prestações individuais dos jogadores. Sobretudo no capítulo defensivo, que é aquele que mais depende da organização colectiva.A lacuna não tem apenas a ver com a protecção do espaço entre linhas, mas vê-se também na forma como a equipa não consegue, através da pressão colectiva, tirar partido de um drible, largo, do lateral em direcção à zona central, que é sempre uma oportunidade “de ouro” para provocar uma situação de transição, em equipas com uma pressão colectiva forte.
Como se não bastasse todo o comportamento até ao último passe, ainda vemos que há uma descoordenação na última linha, que acaba por viabilizar o isolamento do avançado.
Defesas centrais e a qualidade individual vs. Organização colectiva
Podemos começar com alguns números: entre os 3 “grandes”, e para o campeonato, os centrais do Sporting são aqueles que mais intercepções fazem por jogo. Que significa isto? Bom, não há uma conclusão linear a tirar, mas, tendo em conta que a defesa do Sporting não se distingue dos seus rivais pela eficácia defensiva, deverá querer indicar uma maior exposição dos jogadores que jogam nessa zona. E é isso que realmente observamos. Qualquer organização defensiva depende muito da coordenação defensiva dos seus centrais e, para isso, é de evitar que tenham de sair da sua zona para fazer contenção num espaço mais adiantado. Algo que deve ser conseguido pela equipa, mas que no caso do Sporting falha com demasiada recorrência. É fácil, durante um jogo, vermos situações em que os centrais são obrigados a sair para fazer contenção, acabando por desfazer o posicionamento ideal e comprometendo a segurança da própria equipa.
E é a partir desta constatação que volto a realçar a importância de não se fazerem juízos demasiado pesados sobre competências individuais em jogadores que não actuam em equipas bem organizadas. Sobretudo ao nível do potencial.
Na minha perspectiva, o potencial dos jogadores defensivos deve incidir pouco numa apreciação da sua capacidade posicional. Porquê? Porque esse é um tipo de competência que – ao contrário do capítulo técnico, por exemplo – pode ser rapidamente desenvolvido e melhorado. Basta, para isso, que haja competência de quem treina e vontade de quem queira aprender. Não é certo que aconteça, mas estamos todos cansados de conhecer casos de jogadores que, de repente, melhoraram imenso quando se cruzaram com certos treinadores.
Casos como Nuno André Coelho e Torsiglieri são, a meu ver, exemplos disso mesmo. É fácil reconhecer-lhes potencial em variados aspectos, mas falta-lhes um melhor enquadramento colectivo para perceber exactamente até que ponto podem ir. O que é errado, é colocar sobre estes – ou outros – jogadores uma responsabilidade individual de um problema que é colectivo.
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