Sporting
Rui Patrício - Mais uma exibição de grande nível, com defesas decisivas e sem mácula no que respeita à generalidade das suas intervenções. Tem-se falado muito sobre a falta de eficácia do Sporting em termos ofensivos e, como já escrevi, também concordo com o peso dessa má fortuna neste inicio de época, mas é bom também notar que a equipa tem beneficiado de um patamar de eficácia bastante reduzido dos seus adversários, sendo o jogo do Belenenses a única excepção. Aqui, e tal como na época passada, Rui Patrício tem-se revelado como uma mais-valia fundamental.
Cedric - Não tem tido os mesmos problemas de Esgaio do ponto de vista defensivo, mas esperava-se mais neste seu regresso à equipa, tendo para já contribuído com exibições muito modestas sobretudo no capítulo técnico, parecendo algo desinspirado. Espera-se que possa recuperar o patamar qualitativo da época passada, bastante diferente do que vem apresentando.
Jonathan Silva - O herói improvável. Deu-se muito bem, na primeira parte, com a postura pressionante da equipa, intervindo quase sempre em antecipação e em zonas muito adiantadas. No entanto, o jogo foi revelando várias debilidades, cometendo alguns erros de abordagem individual no 1x1 com os adversários. Do ponto de vista ofensivo, também esteve em níveis bastante modestos, com baixa participação com bola, e baixa percentagem de eficácia no passe. Também ao nível dos cruzamentos, não conseguiu emprestar grande qualidade, verificando-se nesse particular uma diferença considerável para Jefferson. Aliás, tudo somado e apesar do golo, parece-me ainda distante do que o brasileiro oferece à equipa.
Maurício - Não foi um jogo à sua medida, porque o Porto força pouco os duelos na sua zona, mas apesar disso deu-se bastante bem no confronto com Jackson (que era um adversário naturalmente difícil). Foi o jogador da equipa que conseguiu mais duelos/intercepções (17), o que revela mais uma vez a sua aptidão para dominar o espaço à sua frente. Os problemas defensivos que sentiu resultam mais de comportamentos colectivos a rever (nomeadamente a questão do controlo da profundidade) do que propriamente de dificuldades de abordagem individual. Com bola, recorreu muito ao jogo directo, o que não me pareceu descontextualizado da intenção colectiva perante o pressing adversário, já que poucas soluções de apoio foram apresentadas à primeira fase de construção.
Sarr - Acaba por ficar marcado pelo lance do golo, que é sobretudo uma infelicidade. Ainda assim, parece-me que poderia ter antecipado o previsível passe de Tello para Danilo, fechando mais o ângulo de cruzamento. Antecipação e leitura do jogo, porém, não são o seu forte, e sempre que tem de sair da sua zona fá-lo com vísivel insegurança. Por isso, e como já escrevi, acaba por não ter a capacidade de intervenção defensiva ideal, sendo esse o ponto em que me parece mais urgente que evolua. Nota positiva para a sua presença nos lances de bola parada defensiva, onde fez valer a sua estatura. Com bola, teve dificuldades semelhantes às de Maurício, sendo de notar porém que não comprometeu a segurança da equipa.
William - Numa época que vem sendo pouco conseguida, voltou a exibir-se em muito bom plano, sendo de longe o jogador com mais intervenções positivas (com e sem bola) da equipa. Não se deve, a meu ver, descontextualizar o seu bom desempenho com o tipo de jogo que realizou, exigindo-se-lhe essencialmente que retirasse a bola das zonas de pressão e as entregasse de forma útil, em vez de ser um protagonista ao nível do passe, como tem tentado ser. Uma evidência, na minha perspectiva, que a diferença de William da época transacta para esta tem sobretudo a ver com as exigências do contexto colectivo, que são menos ajustadas aos seus pontos fortes. Sem bola, não venceu muitos duelos, mas foi o jogador com mais recuperações posicionais na partida, contribuindo decisivamente para o domínio do Sporting ao nível das bolas divididas na zona média.
Adrien - Mais um jogo grande e mais um jogo discreto do ponto de vista da influência em posse e presença criativa, por parte de Adrien. Mais uma vez, também, esteve melhor do ponto de vista defensivo, onde mantém níveis de intensidade/agressividade bastante elevados. Cada vez mais me parece que poderia evoluir como médio mais defensivo.
João Mário -Tinha escrito não conhecer suficientemente o jogador para perceber que mais valia poderia representar relativamente a André Martins, mas a verdade é que este jogo oferece-me uma perspectiva bastante optimista a esse respeito. Muito maior capacidade de intervenção em posse e uma capacidade técnica que lhe permite também melhor percentagem de eficácia de desempenho. Se a isto juntarmos a sua boa capacidade de desequilíbrio (para já ainda tem poucos jogos para ser conclusivo), podemos ter aqui um verdadeiro reforço relativamente a esta posição específica. Veremos como evolui, mas para já é sem dúvida prometedor.
Carrillo - Mais um excelente jogo, intervindo directamente em 3 dos 5 principais lances ofensivos da equipa e dando sequência a um excelente inicio de temporada. Por outro lado, realizou também um jogo de grande intensidade do ponto de vista defensivo. Aparentemente, não havia grandes motivos para ser substituído.
Nani - Será o jogador que mais reflecte as diferenças de performance da equipa, de uma parte para a outra. Na primeira parte, foi um protagonista total, mantendo presença criativa no último terço e também boa capacidade de pressão. Nesse período, beneficiou muito do bom ajustamento do seu posicionamento para zonas interiores, onde se apresentou como elemento extra, tanto na conquista de segundas bolas como na presença em posse. Na segunda parte, perdeu intensidade e foi acumulando uma série de más intervenções, perdendo sucessivamente a bola. Daí, a sua baixa percentagem de eficácia na presença em posse.
Slimani - Muita luta e muita intensidade, dando algum trabalho aos centrais contrários e conseguindo algumas boas movimentações. No entanto, não conseguiu ser o protagonista que certamente desejaria ser no último terço. Outras oportunidades haverá, porque quem joga com esta intensidade dificilmente passa muito tempo sem ter oportunidades.
Porto
Fabiano - Esteve globalmente bem, num jogo bastante mais exigente do que aquilo que é hábito. A excepção é o lance do golo, onde saiu precipitadamente da baliza. Nota para o seu jogo de pés, onde completou mais passes do que alguns jogadores de campo.
Danilo - Um jogo de grande trabalho defensivo, dando-se globalmente bem nos duelos que travou. Como é seu hábito, esteve melhor nas suas aparições no último terço (nomeadamente no lance do golo) do que propriamente na gestão da posse, em fases mais precoces do processo ofensivo.
Alex Sandro - Tal como Danilo, foi bastante solicitado do ponto de vista defensivo, acabando porém por sentir mais dificuldades em lances determinantes, tanto em alguns duelos com Carrillo como a fechar o espaço interior, sendo batido por duas vezes na resposta a cruzamentos. Com bola, esteve também bastante activo, registando uma percentagem de eficácia bastante elevada.
Bruno Indi - Creio que é um detalhe que escapou à maioria das pessoas, mas realizou um jogo bastante modesto do ponto de vista de intervenção defensiva, ficando muito distante dos níveis de participação de todos os outros defensores, particularmente de Marcano. Serão precisos mais jogos para o confirmar, mas isto pode indicar alguma incapacidade de antecipar e ganhar vantagem nos duelos directos. Este perfil de jogo acaba por protegê-lo de uma maior exposição ao erro e eventualmente acaba por contribuir para uma melhor percepção mediática, mas isso não pode ser confundido com um melhor contributo qualitativo, porque na realidade revela precisamente o contrário.
Marcano - Seja pela circunstância do jogo ou pela sua própria capacidade, acabou por protagonizar um jogo completamente diferente de Indi, muito mais interventivo e dominador na sua zona. Aliás, Marcano foi o jogador na partida com mais intervenções positivas. Tal como no caso de Indi, serão precisos mais jogos para ser conclusivo em relação ao seu perfil e capacidade, mas para já ficam indicadores muito bons. Pelo menos para mim, porque aparentemente a percepção generalizada foi diferente.
Casemiro - Numa primeira parte com bastantes dificuldades dos elementos da sua zona, foi na minha perspectiva um jogador que ajudou a minimizar prejuízos. Excelente capacidade de intervenção defensiva e também sem comprometer do ponto de vista da presença em posse. Na segunda parte estava, de novo, a fazer um bom jogo agora com maior auxílio da prestação colectiva. Reyes não manteve, nem de perto, os seus índices de performance, tanto defensivos como ao nível da presença em posse, e por isso fica-me a ideia que a sua saída pode ter sido importante para limitar a reacção da equipa e, eventualmente, as suas aspirações de vitória.
Ruben Neves - É ingrato ser muito critico para um jogador com a sua idade, sendo já fantástico que consiga aparecer tão novo a este nível. Ainda assim, e sendo objectivo, não se pode deixar de assinalar as dificuldades que teve no jogo. Foi dele a perda de bola na origem do primeiro golo e ao longo da primeira parte foi sendo um pouco o espelho das dificuldades da equipa, incapaz de auxiliar na saída de bola e fuga ao pressing adversário, e também com bastantes dificuldades a nível defensivo.
Herrera - Mantém-se como um jogador impulsivo, frequentemente pouco lúcido do ponto de vista da decisão, mas também com uma intensidade impressionante. Dentro deste perfil, facilmente se perceberá que não poderia ter sido ele a solução para os problemas colectivos, na primeira parte, e que se tornou num jogador potencialmente determinante, na segunda.
Quaresma - Não é preciso uma grande capacidade de análise para perceber as dificuldades que sentiu no jogo...
Brahimi - Teve mais dificuldades em desequilibrar, o que é normal num jogo de grau de dificuldade mais elevado, mas voltou a dar sinais muito importantes de qualidade. Em particular, conseguiu uma presença em posse assinalável e com eficácia muito elevada para quem ocupa uma posição tão adiantada. Em destaque a sua presença no momento de transição defesa-ataque, conseguindo 9 ligações positivas em 11 aparições com bola, o que é o melhor registo entre todos os jogadores da partida. Na segunda parte, apareceu mais no corredor central e auxiliou a equipa a encontrar, finalmente, os espaços nas costas dos médios do Sporting. Destaque para o passe para Jackson, logo a abrir a segunda parte.
Jackson - Novamente um jogo difícil em Alvalade, embora desta vez com um contributo muito mais positivo do que na época transacta. Não teve vida fácil nos duelos com Maurício, mas acabou por encontrar a sua oportunidade, que Patrício lhe negou.
Oliver - Está ligado ao crescimento da equipa, embora na minha opinião não tenha feito um jogo excepcional do ponto de vista técnico. Foi, sobretudo, a sua boa movimentação sem bola que foi ajudando a equipa a encontrar linhas de passe para sair de forma útil da zona de construção, o que não havia sucedido na primeira parte.
Tello - Fica ligado à última ocasião do jogo, sendo obviamente criticável a sua opção pela iniciativa individual em vez do cruzamento. Ainda assim, parece-me justo realçar o impacto positivo que trouxe à equipa, vencendo vários duelos directos com os laterais do Sporting e criando situações de perigo potencial no último terço.
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