Ambição. É uma maneira comum de abordar o jogo. Dir-se-á que nos faltou ambição, porque não tivemos a ousadia de discutir o jogo de forma mais aberta desde o inicio. Não que fosse preciso, mas a última meia hora provou precisamente que discutir o jogo, frente à Espanha, é algo que não estava ao nosso alcance. É por isso que não hesito em riscar “ambição” como a falha fulcral de Portugal no jogo. Em vez disso, opto por “qualidade”. O que faltou a Portugal foi qualidade. Qualidade colectiva, isto é. Qualidade para poder ter ambição e para poder escolher discutir o jogo. Sei que os oitavos de final e o “umzerinho” levarão a óptica resultadista a chutar para o lado no que respeita às consequências do que se viu. A meu ver, no entanto, em 2010 a qualidade foi medíocre de mais para ser ignorada.
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Sobre o jogo, e acho justo começar por dizê-lo, não tenho nada a apontar aos jogadores. Individualmente deram tudo, estiveram concentrados e determinados. Infelizmente, um jogo que foi dividido em termos de oportunidades durante 1 hora acabou por se desfazer em 2 minutos de desequilíbrio emocional. Não teve a ver com as substituições, que nada alteraram em termos tácticos, mas sim com ocasião de Llorente na marca dos 60’. Foi esse momento que despertou os espanhóis para o ascendente que lhes valeu a vantagem.
O problema, claro, veio a seguir. Quando Portugal deixou de poder esperar, de poder controlar o espaço e a ter de dominar a bola. Aí, tudo foi diferente. “Tiki-taka”, posse, passes... chame-se o que se quiser. Meia hora de total impotência, e a prova de que a Portugal nada mais restava do que abordar o jogo como abordou e esperar poder ter a sorte de marcar primeiro. Infelizmente não foi assim.
Qualidade
Mas vamos então à qualidade de que falei inicialmente.
- Diz-se que Portugal defendeu bem, o “score” confirma-o, é verdade, mas esconde também o outro lado da questão. Mais do que bem, Portugal defendeu muito. Esteve sempre equilibrado, arriscou o minímo em posse e contou com bons jogadores, do melhor que há na prova em termos defensivos. Colectivamente e tacticamente, porém, tenho mais criticas do que elogios. A Portugal exigia-se que fosse capaz de defender alto, de subir linhas e de pressionar o adversário desde o primeiro passe. Viram o que aconteceu quando a Espanha resolveu trocar a bola?
- Passamos ao momento ofensivo e, para tal, talvez o melhor seja olhar para a Alemanha. Não tem nenhum desequilibrador marcante em termos individuais e, apesar disso, é das equipas que melhor ataca neste mundial. Porquê? Porque a Alemanha, ao contrário da maioria das equipas, tem um verdadeiro modelo de jogo. Trabalhado de forma colectiva e com rotinas conhecidas e interpretadas por todos. A Portugal há muito que isto é pedido, mas infelizmente dá ideia que o modelo português se resume a um sistema. Por isso, depende quase a 100% da inspiração das suas individualidades.
- Outro aspecto que não foi corrigido, foi a situação de Ronaldo. Continuamos a criticar o jogador, quando o erro está na equipa e na forma incompetente como tira partido de um dos mais decisivos jogadores do futebol mundial. Percebe-se a ansiedade de Ronaldo em ser decisivo. Mal ganha a bola tenta acelerar, driblar ou rematar. Esteja a 15 ou 50 metros da baliza. Isto não acontecia no Manchester, nem acontece em Madrid. Acontece em Portugal, e acontece porque, em vez de se reproduzirem as condições e exigências em atinge o sucesso, época após época, insiste-se em pedir-lhe que seja uma espécie de santo milagreiro do futebol nacional, coisa que obviamente não pode ser.
- Por fim, falar de um pormenor que me parece sintomático. Ontem falei da numeração holandesa e do planeamento de um modelo e de uma forma de jogar. Queiroz chegou a falar da importância das 3 semanas e eu, embora não convencido, achei que valia a pena acreditar (na verdade, não havia alternativa!). O que sucede é que Portugal adoptou, em 2 dos 4 jogos que realizou, uma estratégia completamente diferente daquela que havia sido testada em todos as ocasiões anteriores. Uma estratégia que notoriamente precisava de isolar Ronaldo na frente e ter profundidade nos flancos, ao estilo do que aconteceu várias vezes no Manchester. Ora, Queiroz não só levou poucos extremos, como se deu ainda ao luxo de substituir Nani com Amorim. Frente à Espanha, Portugal não tinha ninguém indisponível, mas também não tinha gente suficiente para desempenhar de forma ideal as funções previstas na estratégia adoptada. O que me diz tudo isto? Que Portugal não planeou nada disto e que apenas o decidiu porque, como todos percebemos, não foi capaz de ter qualidade para mais.
O problema, claro, veio a seguir. Quando Portugal deixou de poder esperar, de poder controlar o espaço e a ter de dominar a bola. Aí, tudo foi diferente. “Tiki-taka”, posse, passes... chame-se o que se quiser. Meia hora de total impotência, e a prova de que a Portugal nada mais restava do que abordar o jogo como abordou e esperar poder ter a sorte de marcar primeiro. Infelizmente não foi assim.
Qualidade
Mas vamos então à qualidade de que falei inicialmente.
- Diz-se que Portugal defendeu bem, o “score” confirma-o, é verdade, mas esconde também o outro lado da questão. Mais do que bem, Portugal defendeu muito. Esteve sempre equilibrado, arriscou o minímo em posse e contou com bons jogadores, do melhor que há na prova em termos defensivos. Colectivamente e tacticamente, porém, tenho mais criticas do que elogios. A Portugal exigia-se que fosse capaz de defender alto, de subir linhas e de pressionar o adversário desde o primeiro passe. Viram o que aconteceu quando a Espanha resolveu trocar a bola?
- Passamos ao momento ofensivo e, para tal, talvez o melhor seja olhar para a Alemanha. Não tem nenhum desequilibrador marcante em termos individuais e, apesar disso, é das equipas que melhor ataca neste mundial. Porquê? Porque a Alemanha, ao contrário da maioria das equipas, tem um verdadeiro modelo de jogo. Trabalhado de forma colectiva e com rotinas conhecidas e interpretadas por todos. A Portugal há muito que isto é pedido, mas infelizmente dá ideia que o modelo português se resume a um sistema. Por isso, depende quase a 100% da inspiração das suas individualidades.
- Outro aspecto que não foi corrigido, foi a situação de Ronaldo. Continuamos a criticar o jogador, quando o erro está na equipa e na forma incompetente como tira partido de um dos mais decisivos jogadores do futebol mundial. Percebe-se a ansiedade de Ronaldo em ser decisivo. Mal ganha a bola tenta acelerar, driblar ou rematar. Esteja a 15 ou 50 metros da baliza. Isto não acontecia no Manchester, nem acontece em Madrid. Acontece em Portugal, e acontece porque, em vez de se reproduzirem as condições e exigências em atinge o sucesso, época após época, insiste-se em pedir-lhe que seja uma espécie de santo milagreiro do futebol nacional, coisa que obviamente não pode ser.
- Por fim, falar de um pormenor que me parece sintomático. Ontem falei da numeração holandesa e do planeamento de um modelo e de uma forma de jogar. Queiroz chegou a falar da importância das 3 semanas e eu, embora não convencido, achei que valia a pena acreditar (na verdade, não havia alternativa!). O que sucede é que Portugal adoptou, em 2 dos 4 jogos que realizou, uma estratégia completamente diferente daquela que havia sido testada em todos as ocasiões anteriores. Uma estratégia que notoriamente precisava de isolar Ronaldo na frente e ter profundidade nos flancos, ao estilo do que aconteceu várias vezes no Manchester. Ora, Queiroz não só levou poucos extremos, como se deu ainda ao luxo de substituir Nani com Amorim. Frente à Espanha, Portugal não tinha ninguém indisponível, mas também não tinha gente suficiente para desempenhar de forma ideal as funções previstas na estratégia adoptada. O que me diz tudo isto? Que Portugal não planeou nada disto e que apenas o decidiu porque, como todos percebemos, não foi capaz de ter qualidade para mais.
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