Sporting
Paulo Bento contrariou as projecções e fez regressar o losango, premiando Purovic com a titularidade. Sobre a opção deixo duas notas de opinião. A primeira tem a ver com o sistema do losango. Qualquer sistema tem os seus defeitos e as suas virtudes, mas mudá-lo a meio de uma época pode ser muito complicado, por isso, e não desfazendo a necessidade de um plano alternativo em qualquer equipa, parece-me acertada a manutenção da aposta. A segunda tem a ver com as características de Purovic e a forma como dificilmente se integram nos princípios do modelo, sobretudo em jogos como o de Manchester.
Na primeira parte, o Sporting fez o que raramente vemos alguma equipa fazer em Old Trafford. Controlar e, em muitos momentos, dominar. Chegou, com alguma fortuna, mas com muito mérito ao intervalo a vencer, dando uma imagem que julgo ser fiel às suas capacidades, sobretudo no que respeita à capacidade do seu meio campo. No segundo tempo tudo foi diferente. O Manchester acelerou, quis mais, e o Sporting, como praticamente qualquer equipa do mundo passou por apuros junto da sua baliza. Ainda assim, o United não foi avassalador e o Sporting conseguiu com alguma naturalidade evitar o segundo golo até... ao minuto final. Um bom livre de Ronaldo, uma falha de Patrício (não condena o potencial mas é a justiça do lance) e, tal como em Matosinhos e frente à Roma, um lance que frustrou uma exibição perfeitamente dentro das exigências...
Notas ainda para o processo defensivo, que se mantém claramente mais fraco do que no ano passado (7 golos sofridos contra os mais forte do grupo a contrastar com os 2 de 06/07), para o grande jogo de Moutinho para o “crescer” de Pereirinha e ainda para Marian Had, elogiado mas na minha perspectiva, cedo de mais.
Benfica
Camacho deu o mote na conferência de imprensa, era preciso não errar e aproveitar os erros do adversário. Os jogadores deram, durante grande parte do tempo, essa mesma resposta no terreno de jogo. O Milan entrou autoritário, no seu habitual 4-3-2-1, com um jogo de muita posse de bola e apoio, criando perigo e dominando o Benfica, chegando ao golo com naturalidade. O Benfica teve então a sorte que lhe faltaria depois, marcando praticamente a seguir e sem que o seu futebol tivesse tido tempo para mostrar grandes melhorias. A partir daí o plano de Camacho passou a ser a nota dominante do jogo. Agressivo e concentrado, o Benfica provocou o erro, montando uma teia zonal de jogadores muito próximos e dando ao Milan pouco espaço para trocar a bola. Rui Costa passou a entrar mais em jogo e, sempre que tal acontecia em transição, o 10 tinha mais espaço para provocar estragos com a classe do seu futebol. Nesse período o Benfica impôs o seu jogo e, só por alguma falta de sorte, não chegou à vantagem. Foi assim até ao momento em que Ancelotti resolveu “trancar” o jogo. Minuto 73, saía Seedorf, entrava Oddo, o Milan acrescentava um homem aos 3 à frente da defesa, baixava o bloco e, a partir daí, só de fora da área Dida foi incomodado. Nessa fase, aliás, e com a necessidade encarnada de ganhar, foi o Milan que podia ter “fechado” o jogo, mas por duas vezes Kaká foi, eu diria, pouco... italiano.
Bom jogo do Benfica, com grandes níveis de concentração e agressividade, reflectidos numa performance sem grandes criticas individuais a fazer. Grande regresso de Petit e a sensação de que em ataque organizado Rui Costa tem dificuldade sem estar pressionado, jogando na posição imediatamente atrás do ponta de lança.
Porto
Novidades no onze. Kazmierczac e Mariano Gonzalez foram a forma que Jesualdo encontrou para ser mais cauteloso sem mexer claramente no sistema habitual. Kaz ter mais tendência a jogar na mesma linha de Assunção, auxiliando Cech e libertando Quaresma de acções defensivas mais rigorosas. Mariano, por ser um jogador mais disciplinado tacticamente, encostando mais ao meio campo para tentar ganhar vantagem numérica. A verdade é que o Liverpool foi quase sempre mais forte, impondo um ritmo difícil de controlar e encostando muitas vezes à área de Helton. Ainda assim, o Porto conseguiu bons períodos e, já depois de ter empatado, podia ter complicado as contas que se faziam em Anfield Road. Na segunda parte a toada manteve-se, mas foi quando Benitez lançou Crouch que os verdadeiros problemas portistas surgiram. Não é a primeira vez que tal acontece com este Porto de Jesualdo... Normalmente pouco habituado a uma abordagem mais directa, os Dragões sentiram dificuldades, quer nas primeiras, quer nas segundas bolas. Paralelamente a transição passou a não sair e o Porto acabou goleado, numa mensagem que relembra o como é difícil jogar contra estes colossos europeus.
É impossível não fazer referência a Stepanov. Independentemente da superioridade dos Reds, os golos sofridos foram muito concentidos e, nos 3 primeiros, esteve Stepanov que, também, noutros momentos se mostrou pouco à altura das exigências. Aliás, o próprio Bruno Alves viu expostos alguns dos seus pontos fracos, numa exibição defensiva que recordou a importância que tem a este nível a saída de Pepe. Por outro lado, destaco Lucho (apesar de escorregar no primeiro golo) que me parece em fase de forma crescente.
Como já se previa, o regresso de Anfield faz-se com as portas abertas para o primeiro lugar no grupo (embora, surpreendentemente ainda possa ficar fora da Uefa). Algo ainda por confirmar mas que poderá constituir-se num registo invulgar na vasta experiência portista na Champions. Este facto, no entanto, não deve ser confundido com uma performance acima da média na prova. Comparando com anos anteriores, o Porto foi competente mas não brilhante, usufruindo de uma performance menos positiva do Liverpool para poder chegar à última jornada nesta condição. Os 4-1 de Anfield foram um aviso...
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