30.11.07

Benfica - Porto: À procura da transição

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Aí está ele! O clássico da Luz, terceiro da época entre grandes mas o primeiro com cheiro a jogo de carácter decisivo. Menos pelos pontos em si, mas mais pelo efeito que estes terão na auto estima de cada um dos conjuntos.


Como sempre, este será um jogo marcado pela intensidade emocional, mas do ponto de vista da preparação da partida há um aspecto que poderá perturbar o normal balanço dos equilíbrios: os jogos a meio da semana. O seu efeito, neste caso, é duplo. Primeiro as consequências psicológicas, claramente benéficas para o Benfica que precisava de uma exibição positiva (atenção que não é nada fácil conseguir dois jogos com níveis de concentração tão elevados como frente ao Milan) para dar complemento a uma série de vitórias conseguidas com esforço mas sem grande brilho exibicional. No Porto, o retratamento conseguido frente ao Setúbal foi desfeito pela derrocada final em Liverpool, trazendo um sinal de preocupação para os adeptos do Dragão. Mais importante do que o aspecto psicológico será, no entanto, o pouco tempo de preparação das equipas para as especificidades deste jogo. Este facto indicia uma possibilidade de maior frequência de erro e esse pode ser um aspecto com peso na partida. Quem sabe, com isto, até possamos ver mais golos?

Tacticamente este é um jogo que põe frente a frente duas transições ofensivas que são a arma preferencial de ambas a equipa. No Porto, com Lisandro, Quaresma e Lucho como protagonistas. No Benfica, menos referências definidas e mais explosividade. Ainda assim, sempre que possível a equipa procura Rui Costa para usufruir da qualidade do seu futebol. Ora, para aplicar estas armas, as duas equipas terão de explorar e provocar os erros da posse de bola adversária, o que, basicamente, quer dizer que nenhuma tem grande interesse em ter muito tempo de posse de bola. Daqui resulta evidentemente um aspecto interessante a observar na partida – até que ponto a equipa que tiver mais a bola pode ser aquela que mais dificuldade tem em controlar o adversário. Ainda assim espero uma “teia” mais alta do Benfica, quando comparada com a do FC Porto, com o bloco a não esconder a evidência do 4-2-3-1 e, tal como aconteceu frente ao Milan, com poucos espaços entre os jogadores, mantendo sempre uma grande agressividade na pressão. Do outro lado, o 4-3-3 deve ser mais baixo, menos agressivo mas com mais organização para tentar lançar depois as tais transições. Nos onze não prevejo surpresas de maior, mas devem existir uma ou outra alteração face ao habitual.


Assim serão, previsivelmente, as estratégias colectivas de ambos os treinadores. Individualmente, nota para o teste evidente à defesa portista no “pós-Liverpool”, ao confronto entre a genialidade de Quaresma e Rui Costa (os dois maiores artistas desta Liga) e, já o disse, ao crescimento de forma de Lucho Gonzalez (um candidato a desequilibrador do clássico).

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Não há dúvidas... Também fazem parte do jogo!

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29.11.07

Champions...

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Sporting
Paulo Bento contrariou as projecções e fez regressar o losango, premiando Purovic com a titularidade. Sobre a opção deixo duas notas de opinião. A primeira tem a ver com o sistema do losango. Qualquer sistema tem os seus defeitos e as suas virtudes, mas mudá-lo a meio de uma época pode ser muito complicado, por isso, e não desfazendo a necessidade de um plano alternativo em qualquer equipa, parece-me acertada a manutenção da aposta. A segunda tem a ver com as características de Purovic e a forma como dificilmente se integram nos princípios do modelo, sobretudo em jogos como o de Manchester.
Na primeira parte, o Sporting fez o que raramente vemos alguma equipa fazer em Old Trafford. Controlar e, em muitos momentos, dominar. Chegou, com alguma fortuna, mas com muito mérito ao intervalo a vencer, dando uma imagem que julgo ser fiel às suas capacidades, sobretudo no que respeita à capacidade do seu meio campo. No segundo tempo tudo foi diferente. O Manchester acelerou, quis mais, e o Sporting, como praticamente qualquer equipa do mundo passou por apuros junto da sua baliza. Ainda assim, o United não foi avassalador e o Sporting conseguiu com alguma naturalidade evitar o segundo golo até... ao minuto final. Um bom livre de Ronaldo, uma falha de Patrício (não condena o potencial mas é a justiça do lance) e, tal como em Matosinhos e frente à Roma, um lance que frustrou uma exibição perfeitamente dentro das exigências...
Notas ainda para o processo defensivo, que se mantém claramente mais fraco do que no ano passado (7 golos sofridos contra os mais forte do grupo a contrastar com os 2 de 06/07), para o grande jogo de Moutinho para o “crescer” de Pereirinha e ainda para Marian Had, elogiado mas na minha perspectiva, cedo de mais.
Benfica
Camacho deu o mote na conferência de imprensa, era preciso não errar e aproveitar os erros do adversário. Os jogadores deram, durante grande parte do tempo, essa mesma resposta no terreno de jogo. O Milan entrou autoritário, no seu habitual 4-3-2-1, com um jogo de muita posse de bola e apoio, criando perigo e dominando o Benfica, chegando ao golo com naturalidade. O Benfica teve então a sorte que lhe faltaria depois, marcando praticamente a seguir e sem que o seu futebol tivesse tido tempo para mostrar grandes melhorias. A partir daí o plano de Camacho passou a ser a nota dominante do jogo. Agressivo e concentrado, o Benfica provocou o erro, montando uma teia zonal de jogadores muito próximos e dando ao Milan pouco espaço para trocar a bola. Rui Costa passou a entrar mais em jogo e, sempre que tal acontecia em transição, o 10 tinha mais espaço para provocar estragos com a classe do seu futebol. Nesse período o Benfica impôs o seu jogo e, só por alguma falta de sorte, não chegou à vantagem. Foi assim até ao momento em que Ancelotti resolveu “trancar” o jogo. Minuto 73, saía Seedorf, entrava Oddo, o Milan acrescentava um homem aos 3 à frente da defesa, baixava o bloco e, a partir daí, só de fora da área Dida foi incomodado. Nessa fase, aliás, e com a necessidade encarnada de ganhar, foi o Milan que podia ter “fechado” o jogo, mas por duas vezes Kaká foi, eu diria, pouco... italiano.
Bom jogo do Benfica, com grandes níveis de concentração e agressividade, reflectidos numa performance sem grandes criticas individuais a fazer. Grande regresso de Petit e a sensação de que em ataque organizado Rui Costa tem dificuldade sem estar pressionado, jogando na posição imediatamente atrás do ponta de lança.
Porto
Novidades no onze. Kazmierczac e Mariano Gonzalez foram a forma que Jesualdo encontrou para ser mais cauteloso sem mexer claramente no sistema habitual. Kaz ter mais tendência a jogar na mesma linha de Assunção, auxiliando Cech e libertando Quaresma de acções defensivas mais rigorosas. Mariano, por ser um jogador mais disciplinado tacticamente, encostando mais ao meio campo para tentar ganhar vantagem numérica. A verdade é que o Liverpool foi quase sempre mais forte, impondo um ritmo difícil de controlar e encostando muitas vezes à área de Helton. Ainda assim, o Porto conseguiu bons períodos e, já depois de ter empatado, podia ter complicado as contas que se faziam em Anfield Road. Na segunda parte a toada manteve-se, mas foi quando Benitez lançou Crouch que os verdadeiros problemas portistas surgiram. Não é a primeira vez que tal acontece com este Porto de Jesualdo... Normalmente pouco habituado a uma abordagem mais directa, os Dragões sentiram dificuldades, quer nas primeiras, quer nas segundas bolas. Paralelamente a transição passou a não sair e o Porto acabou goleado, numa mensagem que relembra o como é difícil jogar contra estes colossos europeus.
É impossível não fazer referência a Stepanov. Independentemente da superioridade dos Reds, os golos sofridos foram muito concentidos e, nos 3 primeiros, esteve Stepanov que, também, noutros momentos se mostrou pouco à altura das exigências. Aliás, o próprio Bruno Alves viu expostos alguns dos seus pontos fracos, numa exibição defensiva que recordou a importância que tem a este nível a saída de Pepe. Por outro lado, destaco Lucho (apesar de escorregar no primeiro golo) que me parece em fase de forma crescente.
Como já se previa, o regresso de Anfield faz-se com as portas abertas para o primeiro lugar no grupo (embora, surpreendentemente ainda possa ficar fora da Uefa). Algo ainda por confirmar mas que poderá constituir-se num registo invulgar na vasta experiência portista na Champions. Este facto, no entanto, não deve ser confundido com uma performance acima da média na prova. Comparando com anos anteriores, o Porto foi competente mas não brilhante, usufruindo de uma performance menos positiva do Liverpool para poder chegar à última jornada nesta condição. Os 4-1 de Anfield foram um aviso...

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Esperemos que não...

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27.11.07

Melhor da rua

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Não me lembro de uma semana com tão ilustres opositores para os clubes portugueses. Hoje o Manchester United, amanhã Liverpool e Milan e, como se não bastasse, o quarto representante, o Braga, tem pela frente o poderoso Bayern de Munique. Motivos de sobra para que a concentração futebolística se voltasse totalmente para as próximas horas. Mas, estranhamente ou não, não é assim...

Paulo Bento afirmou que a prioridade tinha de ser a Liga e que este era o confronto de menor pressão. Nos debates de café, nos media, a atenção recai já sobre o clássico de Sábado próximo e, mesmo se há milhões em jogo, mesmo se, no caso do Benfica, há ainda encontros decisivos para a continuidade da equipa na Europa, suspeito que qualquer um dos treinadores trocaria um brilharete a meio da semana por uma vitória tangencial no jogo da Luz. Num mundo cada vez mais global é ainda a rivalidade local que mais move e comove as gentes. Cá como em qualquer lugar do mundo ser o “melhor da rua” é o que mais satisfaz.

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A surpresa Lánus e a revelação Diego Valeri

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O futebol argentino vive dias profundamente atípicos. Às portas do final do Torneo Apertura, o cenário é completamente impensável, com Lánus e Tigre a liderar a tabela. O Lánus – mais forte candidato à conquista do título – é normalmente uma equipa vocacionada para disputar os lugares de meio da tabela. Maior surpresa é ainda a presença do modesto Tigre nesta corrida final. Recém promovido e projectado como um dos conjuntos mais débeis da prova, o Tigre tem ainda hipóteses de se sagrar campeão do Torneo Apertura. Em terceiro vem, finalmente, o Boca Juniors, mas as hipóteses de chegar ao primeiro lugar são agora remotas, estando 4 pontos atrás do líder Lánus. Esta semana jogam-se o Tigre-Boca e o Lánus-Gimnasia de La Plata e, caso o Lánus consiga vencer, então só tem de esperar que o Tigre não bata o Boca Juniors para poder entrar na última jornada (onde se desloca, precisamente, à Bombonera para defrontar o Boca) com esse feito inédito na sua história já alcançado.

Face ao cenário, fica a pergunta evidente: Quem são os responsáveis por este feito? A resposta é entusiasmante... Individualmente, o Lánus (que conta com Bossio como guarda redes) tem alguns bons jogadores, destacando-se o goleador Jose Sand de 27 anos com 12 golos em 13 jogos. Depois há o extremo Aguirre (23 anos), que tem na velocidade a principal arma. Mas a referência mais importante vai para Diego Valeri. Jogando no meio campo, mas sempre muito próximo da zona de área onde aparece com frequência para fazer golos, Valeri distingue-se pela técnica e elegância com que executa. É o dono do futebol ofensivo da equipa, desde o jogo corrido até às bolas paradas, e aos 21 anos pode neste Inverno conseguir o passaporte para desafios de maior alcance...


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Perderam algo neste fim de semana?

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Esta semana à habitual parabólica, junta-se um vídeo extraído do Eurogoals da Eurosport. Dois vídeos que trazem o melhor do que se passou na Europa neste fim de semana e com muitos conhecidos envolvidos (destaque, mais uma vez, para o furor que faz Quaresma em Espanha). Não é a primeira vez que o referencio, mas estes vídeos são obtidos via Futbolarte.com.



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26.11.07

Os jogos dos 3 grandes...

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Porto – Setúbal
Acusar o Setúbal de seja o que for é um absurdo. A equipa tem-se comportado muito bem na liga e Carvalhal até pode (e deve) exigir mais internamente, mas não comparemos recursos e, sobretudo, não se peça a uma equipa que no ano passado foi vulgarizada no Dragão que agora lá chegue e encha o campo. O jogo e as aspirações sadinas foram, de resto, muito condicionadas pelo golo inicial de Lisandro, numa jogada de grande inteligência de Lucho Gonzalez. O Porto preparou muito bem o jogo, respeitou o adversário e num confronto de duas “zonas”, os portistas provocaram erros posicionais importantes no adversário, graças a rápidas movimentações sem bola de Lucho e Lisandro acompanhadas pela velocidade na troca de bola. As debilidades individuais do Setúbal foram expostas mas o Porto tem muito mérito nisso – repare-se como houve bastantes cautelas dos laterais, sabendo-se da propensão do Vitória para usar os extremos. No Porto, nota ainda para o espectáculo individual de Quaresma e Lucho. O “cigano”, particularmente, é um autêntico “show man” e os seus pormenores são do melhor que há no mundo.

Académica – Benfica
O Benfica mantém-se em crescendo, mas sobretudo anímico. A partida de Coimbra foi fortemente condicionada pelas ausências e, também, pelas contrariedades durante o próprio jogo. Mais uma vez veio ao de cima a chama final da águia, mas não se pode falar de uma exibição convincente frente à Académica. Houve muito sofrimento e vários momentos em que os Academistas estiveram por cima no jogo. Se o sofrimento é essencial para fazer um campeão, o Benfica pode estar certo que não é por aí que perderá a Liga! Naturalmente farei uma antevisão do clássico, mas, deixando uma primeira impressão sobre a minha opinião, parece-me que o Benfica parte para o jogo com o factor anímico como principal arma para se conseguir superiorizar...

Leixões – Sporting
A situação voltou a piorar para o Sporting. No entanto, desta vez, pouco pode ser apontado à equipa.O empate surge de um jogo em que, para além das inúmeras oportunidades perdidas, o Sporting se superiorizou sempre, ao ponto do Leixões não ter feito um único remate à baliza de Rui Patrício. Alguma intranquilidade na hora de finalizar e ingenuidade no lance do golo acabaram por ser fatais para o Sporting. Sobre o guarda redes, parece-me um bom timing para o seu lançamento, mas a sua infelicidade e responsabilidade são inegáveis. Outro aspecto que ficou por testar com maior rigor foi o famoso 4-2-3-1. O golo inicial e a alteração de Paulo Bento não deram tempo para que se tivesse um teste fiel ao sistema. No entanto, mais uma vez digo, ao contrário do que se faz querer pensar, um sistema por si só não é solução para nada! O Sporting corre agora o risco de viver sob um frustração constante na Liga. 10 pontos são uma barreira importante e tornam cada jogo um acontecimento de grande pressão. Pergunto se não faz sentido repensar objectivos, para algo mais realista tendo em conta a situação na Liga e a existência de outras competições em que o clube ainda está envolvido?

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O melhor da semana em "la Liga"

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25.11.07

Jogos do fim de semana

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23.11.07

Afinal, o que deixará Scolari?

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No último “Pontapé de Saída” – na minha opinião o único programa em que se discute realmente o futebol em Portugal – a Selecção esteve em principal ponto de destaque. O momento mais curioso do programa surgiu quando Luis Freitas Lobo deixou a sua visão sobre o legado que poderá, ou não, deixar Scolari após a sua saída. O comentador revelou uma surpreendente critica ao que entende ter sido um trabalho pouco construtivo e que para Portugal não deixa... “nada”.

É uma questão interessante, sem dúvida, esta do “o que deixará Scolari”... Curiosamente, o primeiro texto que escrevi neste blog intitulava-se “Scolari, um legado para o futuro” e por aí se pode entender a minha discordância com a análise feita por LFL. Devo dizer que percebo o que quer dizer, nomeadamente no que respeita ao trabalho de base, onde de facto não trouxe mais valias, mas parece-me redutor comparar Scolari ao trabalho exercido no tempo de Queiroz. Aqui ficam alguns pontos da minha opinião sobre o assunto:

- Desvalorizar resultados desportivos sob argumento de que temos uma grande Selecção parece-me perigoso e injusto. A verdade é que Scolari é o Seleccionador mais bem sucedido da história do futebol português e um caso de sucesso a nível Mundial. Isso não deve nunca ser desvalorizado. Grandes selecções de grandes países como a Espanha ou Inglaterra que o digam...

- Não posso esquecer o que se passou com outros grupos de trabalho, com casos graves de indisciplina (“Saltillo”, “Paula”, Coreia, etc.) que não se repetiram com Scolari ao comando – pelo menos casos com a mesma gravidade.

- É verdade que Scolari não inovou na forma de jogar nacional. Não trouxe um novo modelo, nem sequer um novo sistema, mas esse não é, na minha opinião, o seu “legado”...
- Dizer que a união nacional foi conseguida através de conflitos regionais parece-me um contra-senso. A união nacional só foi restabelecida após os sucessos desportivos do Seleccionador.

- Não me parece que todas as reacções de Scolari sejam preparadas. Reagir de forma absolutamente controlada em ambientes tão tensos como jogos decisivos é algo que parece praticamente impossível. Também não me revejo em muitas das suas posições, mas é uma característica que faz parte do seu carácter e com a qual ele sabe bem viver.

- O verdadeiro legado de Scolari está, na minha opinião, na forma como orienta e se relaciona com o seu grupo. Pela primeira vez as convocatórias deixaram de ser um mero prémio para os jogadores em melhor forma e feitas em torno dos interesses dos 3 grandes. O grupo era o mais importante e a cultura de um espírito comum com vista a um objectivo foi quase sempre privilegiada. Por vezes não foram os melhores do ponto de vista individual, mas foi sempre aquele que o Seleccionador pensava ser o melhor grupo. Esta é uma forma diferente de estar de todos os outros Seleccionadores e que deve ser absorvida e cultivada após a sua saída.

- Francamente, hoje vejo a Selecção com mais força mental e mais independência da clubite que tantas vezes a impossibilitou de representar melhor as cores nacionais. Scolari tem bastante mérito nisso e creio que não aprender nada com estes anos seria um grande desperdício..


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Lulinha, milhões aos 17

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O Brasil pode ter saído sem a glória esperada do passado Mundial de sub17, perdendo aos pés do Gana. Ao nível individual, porém, há figuras que não passaram despercebidas e que constam já entre as listas de reforços estratégicos dos grandes clubes europeus. Entre essa selecção canarinha, encontrava-se Luis Marcelo Reis, no futebol, Lulinha.

Lulinha é um produto das escolas de formação do Corinthians e, apesar da sua tenra idade, já se conseguiu impor na principal equipa de um Timão que ameaça colocar a nação em estado de choque caso seja despromovida para a segunda divisão. Lulinha tem sido apontado como reforço potencial de alguns clubes, entre os quais o Chelsea, principal candidato a levar o jogador já em Janeiro. Apesar do seu talento ser apreciado entre a “galera” corinthiana, a direcção do clube já deixou claro que não resistirá a uma milionária oferta pelo jogador.

Nem todos, no entanto, parecem concordar com a opção de investimento dos “Blues”. O facto de ser extra comunitário junta-se às reticências dos mais sépticos em relação ao potencial deste jogador. Dizem que Lulinha é muito frágil fisicamente para um futebol tão exigente fisicamente como o inglês e, por outro lado, o jogador ainda não tem definida uma posição no terreno de jogo, sendo incerto se deverá jogar no centro ou como extremo...


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Mágico Benitez!

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22.11.07

Finalmente o alívio!

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O jogo das decisões tornou-se no jogo do alívio... Scolari surpreendeu os prognósticos da imprensa, primeiro por fazer voltar o 4-3-3, mas indo mais longe com a introdução de Pepe e um meio campo de carácter mais defensivo com Fernando Meira como principal surpresa na posição de pivot defensivo. As intenções do seleccionador foram evidentes: acautelar-se e anular os pontos fortes adversários, introduzindo altura e músculo à equipa. Por aquilo que escrevi antes do jogo já se vê que concordo com o regresso do 4-3-3, embora talvez não fosse tão longe no que respeita às cautelas introduzidas no meio campo.
Surpresa Resultou
A verdade é que a opção de Scolari deve mesmo ter surpreendido Hodgson e a Finlândia, que esperariam uma equipa pronta a arriscar muito e a lançar-se destemidamente em busca do golo que lhe desse a tranquilidade. Hodgson fez a típica – e quase única – variante táctica da limitada escola inglesa, sempre colada ao 4-4-2, recuando Litmanen para uma posição de falso avançado, com a missão de restabelecer equilíbrios numéricos no miolo, jogando na zona do pivot defensivo nacional. Portugal foi inteligente e fez o que lhe competia. Ter a bola, controlar, dominar, mas esperar que fosse o adversário a correr riscos. Por isso assistimos a tanta posse de bola inofensiva no primeiro tempo, com os Finlandeses imóveis no seu bloco defensivo. No segundo tempo houve mais espaço, com a Finlândia a perceber que teria de correr mais riscos se quisesse chegar ao apuramento. Viram-se transições a solicitar Ronaldo e Quaresma. Também Maniche passou a ter mais condições para desequilibrar com as suas movimentações sem bola e Portugal devia ter marcado no primeiro quarto de hora da segunda parte. Não o fez e a tensão cresceu, sabendo-se que o resultado, e independentemente de Portugal ter dominado e controlado sempre o adversário, iria provocar um inevitável sofrimento final com bolas a ser colocadas de qualquer forma na área. Assim foi, Scolari mexeu... para não mexer muito (porquê a saída de Maniche?) e o jogo arrastou-se inevitavelmente para os momentos decisivos, nos quais os Finlandeses voltaram a não ser tão ameaçadores quanto os mais pessimistas poderiam pensar, acabando por permitir que Portugal controlasse o tempo e o jogo até ao final.

Individualmente, os portugueses estiveram globalmente bem. Destaco pela positiva a grande estreia de Pepe e o jogo positivo do trio de meio campo (com destaque para Maniche). Ligeiramente “abaixo do par”, a desinspiração de Ronaldo e Quaresma – ficou vísivel o quão dependente é o futebol ofensivo da Selecção destes dois jogadores – e Nuno Gomes – sempre atrasado em relação às solicitações.
Dadas as circunstâncias, creio que Portugal fez um jogo inteligente que poderia ter sido resolvido mais cedo. É verdade que voltou a não ganhar, mas Scolari tem razão quando lança as responsabilidades do nulo para o adversário... Afinal era à Finlândia que cabia arriscar e seria pouco inteligente ser Portugal a correr esse risco...
Pontos para o futuro
A qualificação terminou com o objectivo essencial garantido, mas o que se passou não deve ser esquecido por esse facto. Há uma série de pontos que devem ser revistos para o futuro:
- Portugal é uma selecção tacticamente “presa” ao 4-3-3, tornando-a pouco versátil desse ponto de vista. Não é muito preocupante ao nível de Selecções mas pode e deve ser melhorado.

- Ofensivamente não existem rotinas colectivas que caracterizem o jogo da Selecção. Anular Portugal é anular as suas individualidades – particularmente os dois extremos e Deco. É certo que isto é difícil de conseguir com tão pouco tempo para trabalhar, mas devemos aproveitar a fase de preparação para o Euro para o fazer, criando rotinas que possam subsistir após a competição. Este é um pormenor que poderá ser diferenciador na hora dos grandes momentos. Aqui incluo também as bolas paradas onde não temos sido fortes.
- O estatuto atingido por Portugal nos últimos anos faz com que as outras equipas encarem os jogos com Portugal com uma motivação e respeito diferente. Isto torna mais difícil ser-se consistentemente superior aos adversários (não vencemos qualquer jogo frente aos 3 principais adversários!) e essa será uma dificuldade com que teremos de aprender a viver melhor daqui para a frente...
- Preparar a sucessão de Scolari – presumindo que vai sair após o Euro – é algo que deve ser feito com antecipação e de acordo com a realidade da Selecção – incluindo a opinião dos principais jogadores.

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Nicolae Dica - Aí está o mercado de Inverno!

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É o primeiro nome com fortes possibilidades de se tornar realidade no mercado de Janeiro. Nicolae Dica, médio do Steaua de Bucareste é dado como certo pelos Romenos como a caminho da Luz.

Dica é conhecido como um médio ofensivo de grande capacidade técnica e que se distingue pela sua capacidade goleadora, fruto sobretudo da capacidade de meia distância que possui e, também, da precisão nos lances de bola parada. Sendo pouco explosivo, Dica tem o seu lugar no centro do campo, parecendo ser solução para a denominada posição 10 no 4-2-3-1 de Camacho. A ser confirmar-se a contratação deste jogador de 27 anos, o Benfica deverá ter de despender cerca de 4 milhões de Euros, revelando mais uma vez o momento de grande disponibilidade financeira da SAD. Dica é um jogador muito popular no seu país e seguido por vários clubes (Aston Villa, Lille ou Olimpiacos) que reconhecem um inegável valor e que estará presente no próximo Europeu.

Pessoalmente, é com alguma surpresa que vejo tanta urgência em reforçar a posição 10 (a equipa parece-me bem mais carente de um extremo direito). Com Rui Costa a prometer ser indiscutível até ao final da época e Di Maria como opção preferencialmente utilizada nessa posição, parece sobrar pouco espaço para novas integrações. Sobre este assunto – e a confirmar-se a vinda do jogador –, vejo duas hipóteses: ou Dica é um investimento antecipado já a pensar em 08/09, ou Camacho pretende contar menos com Rui Costa na segunda metade da temporada...


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Showboat com a bicicleta de Cahill

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Jogos do fim de semana

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21.11.07

"Mata-Mata"

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Começo por pegar nas declarações de Hodgson onde o Seleccionador confessou ainda não ter percebido como é que se joga para empatar. Também eu não sei. Sei o que é jogar com um resultado favorável, mas para empatar... não. Sobre este tema, e lançando a partida, não creio que corramos o risco de ver Portugal tentar fazer aquilo que ninguém sabe como se faz, jogar para empatar. O sinal é dado pelo próprio Scolari, mantendo o 4-2-3-1 com Simão no espaço entre linhas.Esta é uma opção que, entre outras coisas, denota vontade de arriscar para conseguir ser mais desequilibrador no último terço do campo, mas em boa verdade tenho as minhas reservas...
4-2-3-1: Risco táctico
No rescaldo do jogo com a Arménia apontei 2 aspectos que me pareceram determinantes para a fraca exibição conseguida. Quanto à “concentração competitiva” creio que podemos estar descansados. Portugal vai entrar forte, determinado e tentando impor intensidade num jogo que ninguém tem dúvidas ser decisivo. As minhas dúvidas vão para a manutenção do 4-2-3-1, claramente falhado no teste de Sábado. A manter-se a opção, Scolari revela mais uma vez convicção de ideias, revelando que a estratégia não estava afinal dependente dos resultados do primeiro teste mas que seria para levar em diante independentemente dos indicadores deixados. Francamente, não creio ser hora para novos sistemas. Pelo carácter decisivo do jogo e, principalmente, pela falta de tempo para criar novas rotinas, mexer tacticamente não me parece o mais aconselhável num jogo em que os jogadores precisam de estar confortáveis com o seu papel em campo. Como referi após a partida frente à Arménia, em futebol não há factores que tenham um efeito independente e, apesar de tudo, admito ser possível Portugal contornar os problemas tácticos revelados em Leiria. Para tal será preciso melhor organização na movimentação dos 4 da frente, primeiro para criar linhas de passe na primeira fase de construção ofensiva, e segundo para que não se assista à desorganização colectiva no momento da perda de bola, tornando Portugal demasiado exposto na transição defensiva. Outro aspecto que não esteve presente frente à Arménia mas que será uma ameaça frente aos Finlandeses é o jogo de área. Lançamentos, livres, bolas bombeadas e cruzamentos são indicio de perigo e um golo pode facilmente surgir do nada. Finalmente, nota para Cristiano Ronaldo... Espero que para incluir Simão na zona ofensiva, Portugal não encoste Ronaldo sistematicamente ao ponta de lança. Se temos o melhor jogador do mundo é para o fazer jogar onde ele o é e não para o adaptar a posições alternativas.

Termino deixando um receio: Um Europeu ou Mundial a ver os ”outros” jogar é uma experiência de muitos anos. Não gostaria de a repetir...

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A quem é que isto se podia aplicar?

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20.11.07

A moda do 4-2-3-1

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Não somos um país com um historial inovador neste domínio, como os holandeses, impulsionadores dos sistemas com defesa a 3, ou os italianos com os seus esquemas famosos pelo elevado número de jogadores destinados às tarefas defensivas. Por outro lado, não somos limitados ao ponto de não poder adoptar vários sistemas, tal como os ingleses, “bloqueados” no clássico 4-4-2. Ainda assim, há uma tendência predominante nos esquemas mais populares do futebol português: a presença de extremos. Tudo tem uma razão e, neste caso, não é difícil perceber qual é. Talvez pela genética dos seus atletas, o futebol português sempre foi capaz de gerar jogadores particularmente desequilibradores sobre as alas, tornando clara a opção dos treinadores na hora de escolher um sistema que melhor potencie as características dos seus jogadores.

Curiosamente, o 4-4-2 losango introduzido por Mourinho no bem sucedido FC Porto de 2003/2004 acabou por dar inicio a uma fase anómala no nosso futebol, com muitos treinadores a adoptar este sistema sem extremos clássicos. Esta fase “rompeu” com o domínio do 4-3-3, geralmente adoptado a partir do final dos anos 90, profundamente influenciado pelo surpreendente sucesso do Boavista de Pacheco no futebol português.

"Dois trincos" ou "duplo-pivot"?
Nas últimas semanas temos assistido à popularização de um sistema que, há bem pouco tempo, não era utilizado por nenhuma formação de topo do futebol português, o 4-2-3-1. Primeiro foi Camacho a adoptar este sistema para o seu Benfica (depois de ter tentado uma versão mais próxima do 4-4-2, com um avançado mais móvel e outro mais fixo), recentemente a discussão em torno da adopção deste sistema por Paulo Bento tem feito algumas manchetes e o próprio Jesualdo Ferreira chegou a testar esta opção, particularmente nos momentos em que não pode contar com Lucho Gonzalez. Finalmente, o caso mais recente, a Selecção. Frente à Arménia Scolari testou o sistema da moda, invertendo essa opção com o decorrer do jogo, face à inadaptação revelada pelos jogadores. O mais curioso em torno deste sistema é que ele não é original no futebol português... Vistas bem as coisas, este não é mais do que um 4-3-3 mas que, no meio campo, tem um jogador destinado a jogar no espaço entre linhas, com 2 mais reservados para as tarefas defensivas. Se recuarmos aos anos 90, encontramos a então habitual polémica dos “2 trincos”. Muitos treinadores foram severamente criticados por adoptar esta opção, e, por isso, a hipótese de um só jogador a actuar à frente da defesa acabou por tornar-se dominante. Hoje chama-se a isto “duplo-pivot”, um nome mais simpático e que, para já, tem agradado à opinião popular...

Como ficou claro pelo exemplo da Selecção, o sistema por si só não é receita suficiente para qualquer mal das equipas. O 4-2-3-1 tem as suas virtudes e os seus defeitos e a sua adopção deve ser feita apenas nos casos em que as características dos jogadores o aconselham, sendo que para o fazer é preciso criar rotinas que dêem vida ao “esqueleto”. Para já ainda falta muito caminho a percorrer, mas quem sabe não se torna um sistema marcante da próxima fase do nosso futebol...

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O mito da pastilha elástica

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19.11.07

Suficiente... menos!

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Desilusão e preocupação foram dois sentimentos que resultaram da performance nacional em Leiria. De facto, a exibição ficou aquém do que se perspectivava e do jogo sobram apenas os 3 pontos como aspecto positivo. Para a pergunta sobre quais os motivos para o sucedido encontro dois motivos essenciais que, como em tudo neste jogo, não podem ser dissociados um do outro:

1) Falhanço do 4-2-3-1
O ensaio táctico de Scolari falhou redondamente. Já se sabe que nestas coisas de Selecções o tempo é muito curto para preparar e desenvolver novas rotinas e, para quem dúvida dessa dificuldade, o que se passou frente à Arménia serve de um bom exemplo. A ligação entre sectores foi sempre muito lenta e a equipa não se encontrou colectivamente em praticamente nenhum aspecto do seu jogo. Aqui, destaco as fases de transição. Defensivamente, a tentativa (nunca bem sucedida) de dar movimentação ao trio da fase criativa fazia com que, no momento da perda de bola, Portugal estivesse desorganizado dificultando a tarefa para os 6 mais defensivos, que raramente tiveram apoio. Ofensivamente, quando ganhava a bola o passe demorava a sair porque não havia referências para uma saída de bola rápida. Frente a 4-4-2 nem sempre bem organizado da Arménia esperava-se que houvesse mais capacidade para aproveitar os erros colectivos adversários. Ao invés, Portugal permaneceu como que paralisado tacticamente, denotando, até, dificuldades na primeira fase de construção do seu jogo, tal era a “barreira” entre os 6 de trás e os 4 da frente... No segundo tempo, com a reconstituição do 4-3-3 as coisas melhoraram substancialmente do ponto de vista organizacional e, se a inspiração se manteve ausente, pelo menos o jogo tornou-se bem mais controlado por parte de Portugal.

2) Concentração competitiva
Talvez não seja propositado – não creio que se possa acusar os jogadores de falta de querer – mas Portugal encarou o jogo com demasiada descompressão, com os jogadores a demorar demasiado a reagir aos lances e pouco concentrados nas suas tarefas colectivas. Um nível de concentração próprio de uma sessão de treino de final de temporada e que denota uma má preparação psicológica para esta partida. Aqui, só encontro um motivo para o sucedido: uma total focalização no jogo com a Finlândia que, afinal, era e é o verdadeiro encontro decisivo para o apuramento. A resposta será dada Quarta Feira, no Dragão, mas não deixa de ser surpreendente esta atitude perante uma formação que há bem pouco tempo havia sido capaz de complicar as contas a Portugal.

Apesar de tudo, creio que a vitória é incontestada, com as diferenças de nível individual a serem suficientes para superar todos os problemas colectivos e conseguirem garantir ascendente sobre os Arménios. Num jogo em que Portugal teve aquilo que tantas vezes lhe faltou – a eficácia do 9 – ficou, no entanto, a sensação de que só por muito pouco a “minhoca não engordou”...

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Ora aí está mais um festejo original!

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16.11.07

2 questões rumo ao Euro

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A caminho do Euro 2008, o duplo confronto que deve confirmar Portugal na fase final do Euro – embora não se deva dar esse facto como consumado – encontra uma Selecção com a qualificação para garantir mas com um olho já na fase final, onde as expectativas são muito elevadas, assumindo-se Portugal como um dos mais sérios candidatos à vitória final. Entre estas duas preocupações – a qualificação e uma presença ambiciosa na fase final – encontram-se duas questões às quais Scolari deve encontrar uma solução antes de Junho próximo:

A alternativa a Deco
Este é, naturalmente, um problema muito presente e que terá, de resto, o seu principal teste neste duplo confronto. Desde a retirada de Rui Costa que Portugal não tem uma alternativa para Deco no esquema da Selecção. Hugo Viana, Moutinho e Tiago foram os jogadores testados no espaço ocupado por Deco mas, em boa verdade, as características do “mágico” parecem ser demasiado específicas para uma mera substituição directa. O 4-3-3 da Selecção utiliza 3 médios de características diferentes, não se podendo falar de um triângulo de lados iguais. Um “pivot” defensivo, um médio de transição (responsável pelos equilíbrios numéricos da equipa em campo) e um... Deco. Ou seja, um jogador com tarefas próximas do médio de transição mas capaz de se libertar para o espaço entre linhas, mais próximo da frente. Esta é a capacidade que tem faltado a Viana, Tiago e Moutinho, jogadores menos confortáveis para receber a bola na zona entre linhas, muitas vezes de costas e já muito apertados pelos adversários.
A ideia prestes a ser testada por Scolari é Simão. A integração do extremo do Atl.Madrid na denominada posição 10 é uma incógnita. É verdade que Simão já foi utilizado nessa posição, numa invenção de sucesso de Fernando Santos. A diferença, no entanto, reside no facto de, nessa altura, o Benfica actuar sem extremos fixos (4-4-2 losango), o que permitia a Simão aparecer constantemente sobre os flancos, onde não havia uma presença fixa. No caso do 4-3-3 o caso será diferente, exigindo grande capacidade de entendimento entre os 3 da zona criativa lusa. Aqui reside uma grande oportunidade para Portugal testar um sistema alternativo e potencialmente mais ofensivo. Uma coisa é certa, a incorporação de Simão deverá fazer com que se exijam novos equilíbrios na zona mais defensiva do meio campo. Aqui pode prever-se uma maior aproximação de Maniche a Veloso, embora não seja provável a constituição do “duplo pivot”.

O ponta-de-lança
O problema de longa data e que voltou a ser reavivado com o abandono de Pauleta. Portugal não vai inventar um grande ponta de lança até Junho, mas até poderá contar com um elemento bem mais confiante do que aquilo que é habitual: Hugo Almeida. Já aqui escrevi sobre isso e é uma teoria que cada vez mais me convence... Ao contrário de Portugal, campeonatos como o Holandês ou Alemão são ideais para o desenvolvimento de goleadores. A frequência elevada com que se marca golos beneficia os jogadores que actuam na posição 9. Não que este se tornem melhores tecnicamente, mas porque os faz ficar mais preparados do ponto de vista mental, desenvolvendo uma característica fundamental para quem joga perto da baliza contrária: a confiança.


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O ano das "Pedaladas"

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Aquando da passada Copa America fiz aqui um destaque que lançava o frente a frente entre Robinho e Messi e que era também um despique entre candidatos a melhor do mundo num futuro próximo. Quanto a Messi, as dúvidas estão há muito dissipadas, mas Robinho era um caso diferente. Talento indiscutível do futebol brasileiro, o jogador chegou a Madrid como candidato a novo Pélé mas as suas “pedaladas” não tiveram, no imediato, a expressão que a sua fama parecia anunciar. Apesar da enorme pressão sempre existente entre os merengues, o Real nunca colocou em causa a sua escolha para camisola 10. É que nestas coisas de jovens talentos vindos de culturas e países diferentes é mesmo assim, leva tempo.

2007/2008 tem mostrado a explosão de Robinho, deslumbrando e decidindo jogos tanto com a Canarinha como com a 10 Merengue. Tal como acontecera com Ronaldinho aos milhões do investimento era preciso acrescentar o tempo da adaptação. Falar de Robinho é falar da elite do futebol mundial, mas o seu exemplo pode ser transposto para outros casos em que um menor impacto inicial pode não significar o falhanço de uma aposta...


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O banho de Roberto Carlos

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15.11.07

A fragilidade de Jesualdo

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Sobre o actual FC Porto já aqui várias vezes o referi como o “Porto de Jesualdo Ferreira”. De facto, o modelo e as rotinas de jogo que se identificam no campeão têm indiscutivelmente a marca do “professor” que, na minha opinião, tem uma grande responsabilidade na performance positiva dos azuis e brancos desde a sua chegada ou, pelo menos, na qualidade dos processos apresentados. Acontece que o actual treinador, apesar das vitórias, permanece uma figura não muito apreciada entre as bancadas do Dragão, ficando a sensação de que apenas a onda positiva de resultados sustem uma mais visível contestação. Esta não é uma situação vulgar no futebol já que a figura do treinador é frequentemente mal amada pelos adeptos de vários clubes devido a uma mera predisposição negativa que se inicia antes da sua chegada. No caso do “professor” há um aspecto que tem sido apontado como o grande ponto fraco da sua performance à frente do FC Porto: a liderança. Este é um capítulo difícil ou mesmo impossível de avaliar com maior rigor (os principais indicadores surgem no seio do grupo de trabalho), mas há sinais que são reveladores do presente estado de coisas.

Após o surpreendente empate na Amadora, Jesualdo apareceu no “flash interview” com uma mensagem de repreensão para os seus jogadores, falando de “falta de atitude” e “saída de campo” da equipa após o 0-2. À mensagem negativa do treinador reagiram surpreendentemente alguns jogadores, expressando opinião diferente da do treinador e com Bosingwa a desconsiderar de uma forma pouco simpática aquela que fora a opinião do líder. A comparação torna-se evidente pela curiosidade de, poucas horas antes, Paulo Bento ter tido o mesmo tipo de mensagem no rescaldo da derrota em Braga. É verdade que o caso da performance leonina é bem menos sujeito a discordâncias, mas não deixa de ser surpreendente que tenha sido o FC Porto a revelar maior desunião através da comunicação social. A situação mais confortável da equipa e, sobretudo, a habitual eficácia da estrutura portista neste tipo de situações fariam antever outro desfecho. Um episódio pontual mas que pode ser revelador da fragilidade de Jesualdo até entre o plantel portista.

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showboat!

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14.11.07

Anderson - A rectificação de um erro de Casting?

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Há muito que é comparado a Ronaldinho. Pelo talento, pelo penteado e pelo facto de ser mais um prodígio gaúcho do Grémio de Porto Alegre. Quem o viu jogar nas suas escassas aparições com a camisola do Porto, rapidamente se apercebeu das diferenças claras entre Anderson e Ronaldinho. Aliás, Anderson revelou-se diferente da maioria dos jovens talentosos que, pela sua técnica, enchem o olho de observadores e adeptos. É que o talento do miúdo não precisava de encontrar as zonas desafogadas do campo para aparecer no seu máximo explendor... Pelo contrário, com um físico invulgarmente desenvolvido, Anderson mostrava-se particularmente expedito a usar os confrontos característicos do centro do campo como arma para depois explodir em direcção à área contrária. O meio era, indiscutivelmente, o seu lugar.

Apareceu o Manchester e levou o miúdo. No 4-5-1 de Ferguson, onde cabe o seu futebol? Em boa verdade e vendo bem, não se encaixa perfeitamente em lado nenhum... Isto porque Anderson não é (ou não era) um médio centro com funções de organização e balanceamento táctico. Por outro lado, todos sabemos que o jogador que alinha no espaço entre-linhas (ou atrás do ponta de lança) no esquema de Ferguson tem de ser, entre outras coisas, capaz de aparecer de trás a atacar a zona de finalização. Foi assim que actuaram McClair, Cantona, Scholes ou, agora, Tevez. Estão a ver Anderson desempenhar funções tão amarradas ao ponta de lança? Claro que não. É demasiado próximo da baliza para as suas explosões.

No primeiro jogo a titular, Ferguson lançou-o na frente, ao lado de Tevez. Anderson esteve irreconhecível na resposta ao equívoco do seu posicionamento. Constantemente amarrado a um central foi uma decepção. Estaríamos perante um erro de Casting de Alex Ferguson? Talvez, mas Anderson tem demasiado talento para que a história terminasse aqui e Ferguson também não é propriamente novato nestas coisas de lançar talentos. O jovem gaúcho joga agora no miolo numa função em que se lhe exigem maiores responsabilidades defensivas e posicionais. Anderson tem-se dado bem, com uma entrega fantástica, completada pelos seus dotes técnicos naturais. As explosões ficam para mais tarde e, se tudo correr bem, até pode dar um dos melhores e mais atípicos médios centro do mundo...

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A vez de Malouda

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13.11.07

Sporting 07/08 - Uma época problemática

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Parecia afastado o problema de resultados do Sporting. Fátima, Naval e Roma – pela exibição muito elogiada – serviram para acalmar os contestatários, mas em futebol é um erro pensar que este tipo de fenómenos se erradicam de forma tão pacífica. Uma derrota, um mau resultado são suficientes para fazer com que tudo volte e foi isso que aconteceu no pós-Braga.
Na realidade o problema por que o Sporting está a passar já foi vivido na época transacta onde esteve numa situação até mais complicada: mais longe do primeiro lugar, com menos jogos para disputar e fora das competições Europeias. Hoje o Sporting tem 8 pontos de atraso em relação ao primeiro lugar, sendo que já teve as 3 deslocações teoricamente mais complicadas do campeonato, mantendo-se em boas condições para continuar na Europa e sendo o principal candidato à conquista da Taça da Liga. A enfatização do problema vem, na minha opinião, do aumento de expectativas provocado pelos resultados no final do ano passado. De repente, a compreensão que existia para o facto do Sporting se apresentar com um orçamento bem mais reduzido do que os seus directos competidores passou a ser menor e essa parece-me a principal diferença nas reacções.

Melhor a atacar, pior a defender
Futebolisiticamente falando, a versão 07/08 parece-me mais fraca do ponto de vista defensivo. Este era um dos pontos fortes da equipa em 06/07 e a diferença tem sido mais sentida na Champions League onde o Sporting tem sofrido muito mais golos do que no ano passado, alguns dos quais de forma algo displicente. O modelo é o mesmo, com os mesmos princípios e o mesmo sistema. O problema está na sua operacionalização e, aqui, creio que se deve mencionar a falta que faz Caneira na defesa do Sporting. A concentração competitiva e sentido posicional do jogador não eram fáceis de substituir e a equipa ressente-se da sua ausência. Por outro lado, do ponto de vista ofensivo, creio, as coisas até têm corrido melhor em Alvalade. Apesar da lesão de Derlei, da quebra de forma de Yannick e do desajuste do perfil de Purovic ao modelo, Liedson tem estado em grande plano e a presença de Romagnoli é bastante mais determinante do que na mesma altura em 06/07. Por outro lado, tanto Vukcevic como Izmailov têm-se revelado opções de inegável utilidade. O Sporting consegue hoje ser mais perigoso ofensivamente mas tem tido muitas dificuldades em manter alguns jogos sob controlo.

O dilema táctico
Um dos problemas mais notórios do Sporting actual (e que já tinha afectado a equipa em 06/07) é a dificuldade para lidar com a sobrecarga de jogos. Os jogos a meio da semana diminuem o número de sessões de treino para preparar cada jogo e a equipa ressente-se muito desse facto, demorando a entrar nas partidas e a adaptar-se ao adversário. As equipas dão-se tanto melhor com este tipo de situações quanto mais fácil for a imposição do seu modelo de jogo, independentemente do ajuste às características do adversário e aqui o Sporting tem revelado dificuldades evidentes. Uma das soluções possíveis para este problema poderá passar pela introdução de um novo sistema de jogo – o 4-2-3-1 tem sido tentado em certos momentos nos últimos jogos. Aqui, no entanto, residem dois obstáculos: (1) com pouco tempo de treino, haverá condições para criar e assimilar as novas rotinas? (2) Será aconselhável tentar um novo sistema quando o plantel foi composto para outro sistema que é ajustado às características dos jogadores?

O Futuro
Paulo Bento tem um desafio delicado no imediato. A sobrecarga de jogos vai manter-se e o Sporting vai continuar a deparar-se com as mesmas dificuldades. A este facto junta-se a crescente pressão que, se atingir determinado nível, pode afectar a própria equipa. A época adivinha-se longa e cheia de oportunidades (possivelmente a Taça Uefa poderá ser uma boa oportunidade, por vários motivos), mas com uma grande ameaça... Já aqui defendi as qualidades de Paulo Bento como treinador (creio ter todas as condições para ter uma carreira de grande sucesso, seja no Sporting ou noutro clube) e uma eventual saída do treinador, embora não seja uma catástrofe num clube que tantas vezes trocou de treinador, pode representar uma perda importante.

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Parabolica da semana

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