31.10.11

Porto - Paços: opinião e estatística

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- Vou começar por Vitor Pereira. O Porto leva uma impressionante série de 11-0 na Liga, desde que empatou em casa com o Benfica, um registo que deixaria qualquer outro treinador seguramente em estado de graça, mas que, no Porto e para Vitor Pereira, não chega sequer para arrancar tímidos sorrisos da bancada. Cada um vê primeiro aquilo que decidiu ver, e só depois o que o jogo realmente lhe mostra. É assim, sempre foi assim, e este é um fardo que o treinador portista muito dificilmente conseguirá retirar das suas costas. Nem Jesualdo, que ganhou 3 campeonatos, 2 taças e 4 apuramentos para os oitavos da Champions, fazendo e refazendo equipas, se conseguiu livrar da ideia pré concebida que havia dele na hora da chegada. Que hipóteses tem Vitor Pereira de cair verdadeiramente na graça dos adeptos? Nenhuma. Pode ter sucesso, pode ser levado em ombros quando for o momento dos festejos, mas quando correr mal, quando sofrer um golo depois de fazer uma substituição, seja ela qual for, nessa hora é quase certo que voltará a ser ele o culpado. É a vida de treinador...

- Relativamente ao jogo, teve realmente duas partes com características distintas. Na primeira, mais ansiedade e mais insegurança, na segunda, mais confiança e mais intensidade. Já vou à diferença de abordagem após o intervalo, mas antes falar um pouco da primeira parte. Parece-me que, em termos ofensivos, o Porto teve sobretudo problemas pela sua instabilidade ao nível da decisão. Frequentemente, e com alguma facilidade chegava ao último terço em boas condições, desde que promovesse uma circulação larga na primeira fase, causando problemas de ajustamento ao bloco pacense, ou conseguisse encontrar Walter entrelinhas, que sempre teve espaço para rodar e encarar a linha defensiva de frente. Apesar do sentimento de desconfiança, a verdade é que foram mais do que suficientes as oportunidades que o Porto teve na primeira parte para chegar ao golo. No entanto, houve obviamente problemas no desempenho técnico que penalizaram a equipa ofensivamente e que, pior ainda, a expuseram ao momento de transição do Paços. Hulk, por exemplo, mas também Belluschi, pouco criterioso e frequentemente precipitado na verticalização do jogo. Isso pode ajudar a justificar alguma dificuldade de controlo no momento de transição ataque-defesa, mas não tudo aquilo que se viu. Aliás, será por aí que o Porto mais terá de se lamentar, porque se fez por merecer o golo que marcou na primeira parte, facilmente poderia ter também sofrido outro, e os efeitos que essa eventual penalização pudesse ter são impossíveis de estimar.

- Vitor Pereira não o escondeu, foi pedido à equipa que circulasse mais rápido na segunda parte, e a verdade é que essa exigência de intensidade, provavelmente aliada à confiança que a vantagem também garantia, trouxe um Porto bastante melhor após o intervalo. Aqui, quero abordar o tema, juntando à "intensidade" outra palavra ouvida recentemente, a "paciência". Intensidade, no sentido que se pretende aqui dar ao termo, é sempre positiva. Implica concentração, e reactividade de pensamento. Paciência, não. Paciência é um condimento, e não o prato principal, pode ser positiva, se for colocada em cima de qualidade e intensidade, mas pode ser negativa, se não o for. Pessoalmente, prefiro a expressão "critério", que é menos dogmática e mais aberta à especificidade do jogo. "intensidade" e "critério".

- Entrando no capítulo individual, quero falar de Defour e Moutinho. Começando pelo belga, para falar da discrição. Há jogadores que são discretos porque são, de facto, pouco presentes no jogo. Há outros, pelo contrário, que são discretos porque as suas intervenções são demasiado breves para que se repare neles. A discrição não é seguramente uma virtude, mas também não é necessariamente um defeito, só por si. Defour, encaixa-se no segundo tipo de discrição que defini. Por exemplo? A primeira parte deste jogo. Foi o mais influente do meio campo portista e o mais criterioso também. E com alguma distância. No entanto, e talvez por ter sido demasiado breve, ter passado mais e transportado menos, foi ele o sacrificado. Não quer dizer que tenha feito um jogo extraordinário, ou que a entrada de Moutinho não tenha acrescentado qualidade ao que vinha fazendo (que acrescentou...), mas é uma nota, mais uma, de como a percepção que se tem dos jogadores pode ser, pelo menos a meu ver, tão equivocada.

- Sobre Moutinho, os seus números na liga 2010/11:

Minutos: 2185
Passes completados (média p/jogo): 47
% sequência em posse (média p/jogo): 82%
Perdas de risco (média p/jogo): 0,5
Intercepções (média p/jogo): 18
Desequilíbrios ofensivos (total): 20
Assistências + golos (total): 3


Agora, em 2011/12, até agora:

Minutos: 609
Passes completados (média p/jogo): 52
% sequência em posse (média p/jogo): 79%
Perdas de risco (média p/jogo): 0,7
Intercepções (média p/jogo): 20
Desequilíbrios ofensivos (total): 11
Assistências + golos (total): 4


Há duas hipóteses sobre a "crise" de Moutinho. A primeira, é que ela realmente existiu e que o banco, miraculosamente, lhe fez maravilhas, em apenas 4 dias. A outra, é que não passou de uma avaliação individual mal feita, confundindo-se confiança colectiva com rendimento individual.

- Finalmente, duas notas. Uma sobre o Paços, que fez por merecer um golo mas que se mostrou demasiado vulnerável, uma vez ultrapassada a sua primeira fase de pressão (nomeadamente nos corredores laterais, mas voltarei a falar das estratégias das equipas pequenas quando escrever sobre o Olhanense). Outra, sobre a entrada de James, que voltou a protagonizar movimentos de liberdade posicional que o levaram até ao flanco oposto. Parece agora claro que são movimentos especificamente destinados a este jogador, já que com Varela e Hulk, eles não existem. Veremos se a sua utilidade aumenta, porque no passado eles trouxeram muito pouco de positivo.
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27.10.11

Sporting - Gil Vicente: opinião e estatística

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- Começo por abordar um tema, partindo do que havia escrito sobre o Porto. É interessante verificar a diferente abordagem, entre Domingos e Vitor Pereira (e, ainda que a um nível mais moderado, mesmo Jesus). Enquanto que o treinador portista tem gerido o seu plantel, alterando muito de jogo para jogo, em Alvalade, Domingos orienta o seu discurso para a necessidade de capitalizar os momentos altos, mantendo o essencial da equipa, mesmo em jogos de menor responsabilidade. São formas diferentes de gerir e cada um terá os seus motivos, mas o facto é que Domingos conseguiu, seja por essa ou outra razão, encontrar o trilho da confiança. Das vitórias alicerçadas nas boas exibições, ou... vice versa. À cerca disto, de resto, importa ter alguma memória e relembrar os primeiros jogos para o campeonato, onde os indícios de capacidade ofensiva já existiam, mas a falta de eficácia acabou por penalizar muito a equipa em termos de resultados, percepção geral e consequente confiança. Porque falei disso na altura, da importância decisiva que estava a ter a eficácia, parece-me interessante ver hoje as coisas do outro lado, de quando se marca o que se cria. É que, ganhando, tudo fica mais fácil também para o jogo seguinte...

- Sobre o jogo, importa explorar sobretudo o que aconteceu antes da loucura final. Ou seja, é mais importante perceber a vitória do que a goleada. Aqui, vou abordar dois momentos, organização ofensiva e bolas paradas (as situações de transição, para o Sporting, foram apenas episódicas). O Sporting começou o jogo com grande facilidade em conseguir domínio territorial, colocando a primeira linha a construir alto, praticamente em cima da linha do meio campo. Este ponto, a altura da primeira linha de construção parece-me bastante relevante. O motivo tem a ver com o receio que o extremo reduto adversário passa a ter da sua exposição nas costas, colando-se instintivamente à sua área. Assim, torna-se mais fácil entrar no bloco, e mais fácil reagir à perda. Foi isso que o Sporting conseguiu. Porque o conseguiu? A meu ver, por mérito próprio, porque procura fazer uma circulação intensa e larga na primeira linha de construção, dificultando a organização contrária ao exigir-lhe constantes ajustamentos laterais, mas também por demérito do próprio Gil, que nunca conseguiu evitar essa intenção. Mas, para ganhar é preciso marcar e não apenas dominar. Fica fácil jogar-se bem quando, como tem sido o caso do Sporting, se é eficaz tão cedo. Neste jogo, a vantagem através de um lance de bola parada, e é importante notar o bom trabalho que tem sido conseguido a este nível, com vários situações a serem trabalhadas e a produzir efeitos práticos. O Sporting é, entre os "grandes", a equipa que mais ocasiões de golo criou neste tipo de lances, não sendo, porém, a que mais concretizou (Porto). Já agora, no campo defensivo, é também aquela que mais ocasiões concedeu junto da sua baliza, mas aí entra o efeito do jogo com o Marítimo.

- Ainda no Sporting, destaque para as combinações nos corredores laterais, para onde o Sporting canaliza preferencialmente o seu jogo. Confirma-se a cada jogo a influência e acréscimo de qualidade que traz Elias. Em tudo, mas neste caso também no que respeita à dinâmica do lado direito. Junta-se a João Pereira, numa dupla que oferece excelente dinâmica todas condições à integração de seja quem for (desta vez foi Matias, já foi Carrillo, e falta ainda ver Jeffren nesta dinâmica). Do lado esquerdo, um triângulo diferente, menos ligado, menos dinâmico por natureza e mais dependente de Capel. À partida, aliás, parece ser mesmo só Capel, mas não é. Insua, não tendo a mesma energia e disponibilidade de João Pereira, tem um notável sentido de "timing", o que lhe tem valido uma grande eficácia e propósito nas suas investidas ofensivas. Schaars, por outro lado, não se aproxima tanto do corredor permanece mais interior, aparecendo, em contraponto, mais vezes na área do que Elias. Neste jogo, há um pormenor que me parece decisivo nas dificuldades que teve o Gil Vicente no corredor esquerdo. É que raramente houve uma boa presença junto do extremo no momento da recepção, permitindo ao Sporting progredir facilmente assim que fazia a bola entrar no seu flanqueador. Um ajuste posicional que não foi corrigido durante o jogo, que começou por dar vantagem a Capel mas que continuou com Carrillo. Aliás, acaba por ser um pormenor decisivo nas principais jogadas do peruano pelo flanco esquerdo.

- Finalmente, falar sobre Schaars, que me parece ser o jogador menos adaptado às suas funções, neste Sporting. É, na minha leitura, um jogador de primeira fase de construção, e que tem dificuldades em integrar-se de forma tão útil como os demais no jogo da equipa. Isto reflecte-se em vários indicadores, onde, quer em termos de influência, quer em termos de eficácia fica muito aquém do que faz, por exemplo, Elias, o seu espelho do outro lado do campo. A sua utilidade é alavancada pela importância que assume nas bolas paradas, mas parece-me que, por exemplo, Matias tem condições para ser testado no mesmo papel do holandês, já que em termos de resposta defensiva não me parecem ser jogadores de capacidade muito diferente. No entanto, suspeito que Domingos não tenha o mesmo entendimento...

- A goleada espanta, não tanto pelo Sporting, mas pelo Gil. Tem sido uma das boas equipas deste campeonato e não se esperaria (pelo menos eu) tamanha derrocada. Como escrevi, creio que houve alguns lapsos, quer no condicionamento da primeira linha, quer nos ajustamentos laterais, sobretudo à esquerda do ataque do Sporting. Com a entrada de Guilherme houve uma melhor presença em termos de condicionamento da primeira linha, com o Sporting a passar a construir um pouco mais atrás. Depois dessa alteração, aliás, o jogo não parecia poder vir a ter o destino que teve, mas a equipa acabou por ser penalizada, após o segundo golo, pela eficácia e tremenda energia que o Sporting manteve até final. Falar ainda de Hugo Vieira, que me parece ter sido uma ausência importante e muito pela capacidade que tem precisamente no condicionamento defensivo da primeira fase de construção.
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25.10.11

Porto - Nacional: opinião e estatística

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- Começo com uma questão: se o Porto tem basicamente a mesma equipa (saiu apenas Falcao), se tem o mesmo modelo táctico (apenas se introduziram alguns comportamentos ao que já existia), porque é que tem tido mais problemas do que no ano anterior? E, aqui, importa distinguir o que é normal, dentro do expectável, do que será um pouco menos fácil de explicar. Ou seja, era de esperar que a época não fosse tão conseguida como a anterior, mesmo que Villas Boas se tivesse mantido, primeiro porque foi uma época excepcionalmente boa e, depois, porque há alguns factores que costumam contribuir para o acréscimo de dificuldades. Factores como a motivação, própria e dos adversários, a nível interno, que seria este ano sempre menos favorável ao Porto, ou como a presença na Liga dos Campeões, que traz sempre mais desgaste emocional do que a Liga Europa, especialmente nesta fase de grupos. Mas, mesmo descontando tudo isto, há claramente um momento menos conseguido do que aquilo que seria de esperar, como o comprova o jogo com o Apoel, por exemplo. Porquê? Não tenho a resposta exacta, mas uma coisa me parece certa, nem ela estar muito centrada do campo individual, nem do plano táctico. Há aqui algo que acredito possa ter influência, que tem a ver com a rotatividade implementada no inicio deste ano, ao contrário do ano anterior, onde a base da equipa se manteve sempre muito estável. É o meu palpite...

- Noutro âmbito, comento algumas situações individuais. Primeiro, Moutinho. Esta situação do seu menor rendimento faz-me lembrar a radical alteração na reputação do jogador após a sua mudança para o Dragão. De repente, passou de não convocado para a Selecção a grande médio do futebol nacional. Num Verão e pouco mais. Na minha leitura, se há característica que Moutinho possui é a sua consistência. Não é melhor no Porto do que era no Sporting, nem me parece que hoje seja pior do que era no ano anterior. Do mesmo modo, não me parece que se possa passar por cima das suas lacunas, que as tem, ou, num pólo completamente oposto, passar a reparar em tudo o que faz menos bem. Há, claro, uma coincidência em cada um destes pontos altos e baixos: o momento da própria equipa. A pergunta é, será que as equipas mudam tanto só por causa do momento de Moutinho? Ou, por outro lado, será que é a percepção geral sobre o jogador que muda quando a sua equipa não está tão bem? Eu, claramente, sou partidário desta segunda hipótese, e nesse sentido acho todo esta discussão sobre a sua quebra de rendimento (que o próprio alimentou) sem qualquer sentido.

- Depois, e mantendo-me no campo dos médios, falar de Defour, que se tem revelado mais uma excelente opção para aquela posição. Não me parece um jogador tão consistente em posse como Moutinho, por exemplo, mas, e mantendo o paralelismo com o português, tem-se revelado bem mais útil nos movimentos que exigem maior profundidade. Já conhecia o jogador, mas nunca o analisei com grande detalhe, mas fico cada vez mais com a sensação de que pode ser uma das soluções com mais consistência para a posição. Seja como for, tem muita e boa concorrência.

- Finalmente, Walter. Desconheço os motivos da sua repetida ausência dos eleitos, e esta não é uma opção que vem desta época, já que também não foi opção quando Falcao se lesionou no inicio da segunda metade da época anterior. Simplesmente, hoje, e devido ao momento da equipa, o tema ganha outros ecos. Francamente, sempre assumi que os motivos da sua ausência não eram técnicos, porque o seu rendimento, nas poucas oportunidades que teve, nunca justificou essa apreciação negativa. Pelo menos, na minha avaliação. Hoje, porém, tenho mais dúvidas de que não tenha sido esse o motivo. Se assim foi, realmente, foi um desperdício...

- Com tudo isto, não abordei o jogo propriamente dito. Na verdade, não teve muito interesse. Duas notas. Uma para o Porto, que sem James voltou a ter comportamentos mais simétricos entre os extremos. Aliás, a sua assimetria neste inicio de época parece-me o aspecto mais questionável do ponto de vista da intencionalidade táctica, sobretudo quando isso implica que a equipa perca presença à largura na sua última linha ofensiva. Já agora, fica a nota de curiosidade, porque no Chelsea, Villas Boas promove um tipo de acção interior semelhante com Mata. A outra nota, tem a ver com o Nacional e com a exposição da equipa, especialmente na segunda parte. A tentativa de jogar alto parece-me um equívoco tremendo nesta equipa, não pela ideia em si mesmo, mas porque a equipa não revela qualidade suficiente para o fazer de forma consistente. Esse é outro ponto de discussão possível, o que as equipas escolhem fazer deve ser definido em função das suas ideologias ou das suas capacidades reais?
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24.10.11

Beira Mar - Benfica: opinião e estatística

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- Começo pelo balanço final do jogo. O primeiro ponto tem a ver com a relação importante entre o resultado e a percepção que é retida no final. Quer se goste, quer não, a influência é tremenda. Este foi o primeiro jogo (no campeonato) em que o Benfica construiu menos oportunidades de golo que o seu adversário, mas nem por isso foi aquele que mais insatisfação gerou. Bem pelo contrário. O Benfica atravessa um ciclo de resultados positivos e este foi apenas mais um jogo que contribuiu para alongar esse ciclo, pelo que a exibição se torna perfeitamente secundária para o sentimento geral. É-me difícil, mesmo impossível, distinguir entre estas relevâncias, uma positiva por continuar a ganhar, e outra negativa por não ter feito o suficiente em termos de produção de jogo. É a tal questão já abordada sobre a relação não linear entre resultados e exibições. E como não é linear...

- É interessante constatar como as modas vão e vêm no futebol. Por exemplo, em Portugal, e a seguir ao sucesso de Mourinho no segundo ano de Porto, tivemos a moda do losango. Várias eram as equipas que optavam por essa estrutura, mas, de repente, a moda dissipou-se e, hoje, já pouco se vê esse esqueleto nos relvados da liga. O Beira Mar surge como uma excepção e essa estrutura pareceu criar alguns problemas de adaptação ao Benfica. Curioso como o Beira Mar pareceu pouco preocupado em deixar que o Benfica construísse em posse, quase que desejando que o fizesse. Com 2 jogadores na primeira linha e 1 a impedir o passe interior no corredor central, o Benfica era convidado a sair pelos laterais, que estavam sempre livres para receber, mas o problema vinha depois. Com a bola a entrar no flanco, a densidade de jogadores no corredor central do Beira Mar aproximava-se do lado da bola, como que encurralando o jogo encarnado. Porque não conseguiu o Benfica ultrapassar este obstáculo? A resposta que encontro aponta para a falta de uma orientação estratégica clara e para a falta de dinâmica nos corredores. Parece-me que seria importante ligar rapidamente corredores, para dificultar a tal aproximação do núcleo central do Beira Mar, mas isso nunca foi bem conseguido. Quer numa primeira linha, antes da bola entrar no lateral, quer numa segunda linha, num movimento mais difícil mas potencialmente mais perturbador, que passaria por tentar ligar o jogo de forma lateral numa segunda fase do jogo ofensivo. Aqui, parece-me também que a ausência de Maxi pode ter sido relevante, já que é um jogador que tem uma capacidade de progressão superior, quer a Ruben Amorim, quer a Emerson. E isso talvez tivesse ajudado.

- Mas há mais factores que podem explicar as dificuldades do Benfica em termos ofensivos. Começando pelo próprio Beira Mar que, para além de ter criado dificuldades em organização, foi sempre muito conservador em termos de exposição, não permitindo quaisquer hipóteses de desequilíbrios em transição. Depois, não chegando de forma consistente ao último terço, ficava difícil de actuar a partir da reacção à perda, como o Benfica gosta habitualmente de fazer. Mas, aqui, também me parece ter havido algumas dificuldades em alguns momentos, particularmente com Matic a não me parecer tão eficiente quanto Javi costuma ser. Esta será a grande diferença de Matic para o espanhol, já que em termos de construção, e sendo jogadores com perfil diferente, não me parece que qualquer um deles leve vantagem significativa, continuando o Benfica sem uma solução forte em termos de construção para a posição. Essa é outra questão difícil de responder concretamente: Jesus privilegia aspectos de ordem posicional e física, para esta posição, perdendo em termos de qualidade com bola. Gostos à parte, e enquanto não pudermos ver uma alternativa com outro perfil, é difícil distinguir entre os pesos do que ganha e do que perde com esta opção.

- Interessante também analisar o Beira Mar. A derrota é francamente ingrata para aquilo que a equipa produziu e, sobretudo, para o que conseguiu em termos de condicionamento do adversário. No lado ofensivo, a equipa conseguiu criar oportunidades em número, diria, normal para o aquilo que é expectável frente a um grande. O suficiente para poder aspirar a fazer um golo, mas não mais do que isso. No entanto, o ponto que quero realçar tem a ver com a transição ofensiva. Não é a primeira vez que o refiro em relação às equipas mais "pequenas", e particularmente para uma equipa que consegue defender de forma eficaz como tem feito o Beira Mar, surgem muitas oportunidades para fazer do momento de transição uma força ofensiva. O que penso é que falta algum critério neste momento à generalidade das equipas "pequenas", que procuram verticalizar rapidamente ou que não têm a preocupação (pelo menos aparente) de definir, estrategicamente, este momento de forma a potenciar as dificuldades aos adversários. Não que o tenha feito sempre mal neste jogo, porque fez algumas vezes bem, mas ficou-me a ideia de que a orientação estratégica neste momento pode ser melhorada e que se isso acontecer a equipa pode ganhar muito em termos de produção ofensiva.
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20.10.11

Selecção: Estatística individual da qualificação

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Deixo os dados dos 8 jogos do apuramento, acrescentando apenas uma nota que tem a ver com o modelo estatístico. Durante a qualificação houve uma actualização do modelo estatístico, pelo que estes dados partem essencialmente da primeira versão, mais simplificada e que não contém, por exemplo, a avaliação dos guarda redes ou uma divisão por momentos tácticos...

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17.10.11

Dinamarca - Portugal: algumas jogadas importantes...

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Conforme planeado, recupero hoje algumas jogadas do Dinamarca-Portugal. Como sempre, o objectivo não é procurar culpabilizações, mas reflectir sobre algumas situações que me parecem justificar correcção. Aqui fica a minha análise:

3' - O ponto sobre este livre lateral tem a ver com o posicionamento da cortina defensiva. Notoriamente, Portugal tenta estabelecer a sua fronteira de posicionamento perto da linha de grande área, mas no momento em que a bola é batida já essa linha está uns bons metros dentro da área (receio?). A consequência é que o objectivo de oferecer ao guarda redes uma margem de protecção não é conseguido e o cruzamento acaba por encontrar o pior dos cenários, com vários jogadores com possibilidade de desviar mesmo à frente da baliza.


6' - Os indícios sobre os problemas de controlo português em organização defensiva, viram-se cedo. Esta fase de circulação de bola da Dinamarca é um excelente exemplo. A bola circula dentro do bloco português, que embora curto não consegue evitar sucessivas mudanças de corredor, obrigando a equipa a constantes ajustamentos laterais. Não adoptando, estrategicamente, uma postura muito agressiva em profundidade, era fundamental que Portugal fosse forte no espaço que definiu para pressionar, sobretudo na pressão lateral. Aqui, destacaria o movimento de ligação entre os centrais através do pivot, que se repetiu algumas vezes, com a presença pressionante a não ser eficaz...

12' - O golo é uma consequência dos problemas do ponto anterior. A bola entra num corredor mas isso não a impede de circular com rapidez e segurança até uma situação de 1x1 no flanco oposto. A imagem parada pretende mostrar o momento em que Moutinho inicia o movimento de pressão sobre Kjaer. Nesse instante, o restante bloco não o acompanha na mudança de atitude, vendo-se bem essa falta de sintonia no posicionamento de Martins, que está ainda a recuar quando Moutinho parte para uma postura mais pressionante. A consequência é a liberdade do pivot (Zimling), que fica com tempo para receber e virar. Mais à frente, o mesmo problema com Bendtner, que oferece o apoio vertical sem pressão. Na minha leitura, estes são os dois apoios fundamentais para o desequilíbrio que é gerado. Aliás, repetiram-se as dificuldades para pressionar, quer o primeiro médio, quer as acções de Bendtner para fora do seu espaço...

24' - Situação estranha, com o movimento de Meireles a ser difícil de compreender, em sentido contrário à subida do bloco e colocando toda a gente em jogo. Já com a Islândia, o segundo golo vem de uma falta de concentração idêntica, no caso de Moutinho...

62' - A nota mais importante vem após a perda, mas não quero deixar de começar pelo bom condicionalismo dos dinamarqueses à posse portuguesa, quer pela neutralização de Meireles, quer, depois, pela boa presença que conseguiam no corredor da bola, durante todo o jogo. De todo o modo, esta transição, na zona em que aconteceu, e com o equilíbrio que Portugal tinha, nunca deveria ter tido tamanha consequência. Para reagir à perda, Portugal fica apenas com Meireles e Ronaldo na zona da bola. Meireles faz, a meu ver correctamente, uma tentativa de manter a bola no mesmo corredor, mas Ronaldo tem uma atitude péssima, não fechando o espaço e permitindo que Eriksen ficasse com tempo e espaço para receber, virar e encarar a linha defensiva portuguesa. Depois, pode-se discutir muita coisa sobre o comportamento da linha defensiva (que teve muitos problemas, diga-se), mas a partir do momento em que o jogador tem o espaço para pensar, de frente, a jogada, tudo fica muito complicado...

84' e 85' - Estas duas jogadas, já no final do jogo, tentam mostrar que o problema português nunca foi a exposição imediata no momento de transição, mas muito mais a qualidade com que (não) se apresentou em todos os momentos defensivos, seja em organização ou transição. Em particular, de novo, a falta de pressão que condicionasse o jogador que recebia a bola (normalmente Bendtner) foi sempre uma grande condicionante. Há também, e reforço outra vez a ideia, um grande mérito dos dinamarqueses, quase sempre lúcidos e inspirados em todas as acções, mas do ponto de vista português, este jogo mostrou vários pontos para Paulo Bento reflectir, e nenhum me parece que tenha ver com a exposição posicional após o 2-0...
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14.10.11

Dinamarca - Portugal: opinião e estatística

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- Os últimos jogos haviam deixado alguns sinais, mas longe de mim supor que os piores indícios se iriam agigantar no momento mais importante. Uma grande surpresa e uma grande desilusão, não tanto pela derrota, mas muito mais pela forma como ela aconteceu. Não esperava uma equipa super organizada, nem tão pouco super inspirada, mas esperava que mantivesse os índices de intensidade, agressividade e atitude que marcaram a mudança de "era", de Queiroz para Bento. Não foi assim, e antes de partir para uma opinião segmentada por momentos tácticos, reforço esta opinião, de que foi na atitude, na agressividade e intensidade que mais se terá ditado o descalabro de Copenhaga...

- Organização defensiva: Muita coisa a dizer sobre este momento, que foi aquele que começou por condicionar as aspirações de Portugal. A equipa não se apresentou muito agressiva em termos de primeira linha, definindo um bloco médio e tentando fazer com Postiga uma pressão lateral sobre o central que saía com bola. Resultou bem com a Islândia, mas não resultou bem com a Dinamarca. Essencialmente, porque os dinamarqueses revelaram grande carácter, não se atemorizaram perante o pressing e fizeram a bola rodar pelo "pivot" (Kvist ou Zimling), alterando o lado de saída e obrigando Portugal a voltar a reorganizar-se defensivamente. Depois, mesmo dentro do bloco, houve vários problemas... A Dinamarca apelava muito à mobilidade das suas unidades, criando muita presença do lado da bola. Portugal nunca lidou bem com isto, houve uma indefinição no papel dos médios (de novo, fico com a sensação de que Martins tem menor familiaridade com os comportamentos defensivos do modelo, relativamente a Micael), houve uma falta de atitude de Ronaldo e uma incapacidade da linha defensiva se manter alta e encurtar os espaços dentro do bloco. O lance do primeiro golo é, de resto, elucidativo de muitos destes problemas, mas possivelmente voltarei a ele no inicio da próxima semana...

- Transição defensiva: Paulo Bento justificou os problemas de controlo das acções a partir deste momento pelo risco que a equipa assumiu depois do 2-0. Pessoalmente, entendo que não é justificação suficiente para o tipo de problemas que se viram. Grande parte das acções desencadeadas a partir do momento de transição não tiveram na verticalização uma iniciativa imediata. Ou seja, na maioria dos casos, houve tempo para uma reorganização e melhor controlo, o que não aconteceu. Aqui, há dois aspectos a salientar. Tacticamente, o papel da última linha, que teve pouca capacidade para ser agressiva na resposta, não fechando os espaços à sua frente e permitindo que o destinatário do primeiro passe se virasse e encarasse de frente a linha defensiva. Muito claramente, Pepe faz muita falta, pela sua capacidade de pressionar dentro do bloco, seja em organização, seja neste tipo de movimentos, em transição. Depois, em termos de atitude, não houve também a entrega que se justificava a este nível. De novo, o lance do 2-0 é sintomático da incapacidade de resposta e falta de atitude que houve (Ronaldo, no caso). Porque nem tudo é mau, destacar o papel de 2 jogadores na resposta que deram neste momento, Moutinho e Meireles, se Portugal não caiu mais cedo e de forma mais acentuada foi muito pela sua reactividade.

- Organização ofensiva: Com bola, em organização, Portugal já havia demonstrado algumas dificuldades frente à Islândia, onde acumulou vários erros. Não errou tanto desta vez, mas nunca teve, nem a fluidez, nem a inspiração para retirar algo das suas iniciativas ofensivas. Paulo Bento corrigiu a tal questão das primeiras bolas, que eram inconsequentes para Postiga, fazendo Patrício bater a bola preferencialmente para a direita (será por isso que Ronaldo começou por aí o jogo?), mas não foi na construção longa que houve mais dificuldades. Em posse, os dinamarqueses bloquearam completamente as iniciativas lusas, sendo-lhes devido grande mérito, mesmo reconhecendo um jogo aquém das expectativas por parte de Portugal. Meireles, nunca entrou na construção, bloqueado pela acção de Eriksen. A acção dos laterais, por onde Portugal tentou sair várias vezes, foi sempre condicionada e a progressão pelos corredores raramente conseguida. Finalmente, o papel da última linha dinamarquesa, muito mais agressiva em altura do que a portuguesa, fechando os espaços dentro do bloco e como que convidando Portugal a explorar o espaço nas costas. Poderia até ser uma alternativa, mas nem Portugal mostrou engenho para o fazer, utilizando o papel dos laterais na profundidade, por exemplo, nem tão pouco era provável que, com Postiga, Portugal conseguisse muito mais do que aumentar a sua estatística de fora de jogo, sempre que tentasse fazer do seu avançado uma solução para estes movimentos de rotura. De resto, continua a ser muito difícil vislumbrar qualquer mais valia consistente do avançado que justifique a sua escolha durante tanto tempo. Mas há outras dúvidas mais interessantes e difíceis de responder, que me sobram da última fase do jogo: Vemos invariavelmente os treinadores a mexer estruturalmente e a esgotar substituições, sempre que o resultado lhes é desfavorável. É ideia generalizada, que o deve fazer, que deve introduzir mais gente na frente, e "refrescar" as suas primeiras escolhas. Talvez por ser ideia generalizada, e por gerar critica pela certa, os treinadores fazem-no também sem grandes hesitações. A questão é que não creio que ninguém tenha alguma vez estudado realmente, e de forma objectiva esta questão, se mudar estrutura e jogadores acrescenta ou não possibilidades de rectificar coisas? Pessoalmente, tenho dúvidas que normalmente seja útil (talvez um dia procure uma resposta mais fundamentada...), e, neste caso, mais ainda porque não me parece que trazer Ronaldo para o meio seja uma boa ideia. Ou seja, parece-me que se deve conseguir que "apareça" no meio, mas não tanto que "esteja" no meio. A diferença pode ser, tão simplesmente, ter Ronaldo de frente ou de costas para a baliza...

- Transição ofensiva: Portugal tinha tudo para fazer deste momento a génese dos seus desequilíbrios. Não foi assim. Primeiro, porque a vantagem dos dinamarqueses implicou sempre um extremo equilíbrio no momento da perda, depois porque Portugal conseguiu potenciar poucos erros que fizessem deste momento uma oportunidade real e, depois, porque quando os conseguiu "arrancar" (fundamentalmente depois do 1-0), nunca teve engenho nem inspiração (outra vez!) para lhes dar a melhor consequência.

- Bolas Paradas: Era o capítulo mais temido, mas não foi por aí que Portugal caiu. Podia ter sido, porque cometeu vários erros, mas podia ter sido também por aí o seu relançamento no jogo, já que Portugal não foi menos perigoso do que a Dinamarca em matéria de bolas paradas...

- Por fim, duas notas. Uma para Rui Patrício, que tem tido um mau inicio de época, mas que fez uma excelente exibição, poupando a Selecção do embaraço a que se sujeitou. Depois, para o embate com a Bósnia, onde Portugal parte como favorito claro mas onde terá de ter outra abordagem, começando pela atitude já que os aspectos de ordem táctica e organizacional continuarão a não ter tempo suficiente para ser muito desenvolvidos.

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10.10.11

Portugal - Islândia: opinião

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- Começo pelo jogo de Terça. Descontando o facto de jogar fora, Portugal parte numa posição muito confortável para o embate final. A vantagem que leva permite-lhe não só ter a seu favor uma combinação muito maior de resultados favoráveis, como ainda distanciar-se da importante questão do segundo lugar. E, aqui, entrarão os dilemas para o seu adversário. É que a Dinamarca joga muito neste jogo. Ao contrário de Portugal, os dinamarqueses não têm valor suficiente para que se justifique um grande favoritismo num eventual playoff e, por isso, a qualificação directa via segundo lugar é uma hipótese demasiado valiosa para ser menosprezada. Para mais, e também ao contrário de Portugal, o empate da Suécia só serve para a Dinamarca se estes não perderem. Neste sentido, a abordagem estratégica dos dinamarqueses terá sempre de ter em conta a situação do jogo em Estocolmo, tanto mais que este começa 15 minutos mais cedo. Teoricamente, para os dinamarqueses, há aliás mais hipóteses de uma qualificação directa via segundo lugar do que pelo primeiro. Para Portugal, estes cenários podem servir de tábua de salvação em caso de deslize, mas de nada interessam para a sua estratégia no jogo. Será uma situação interessante de acompanhar, sobretudo se os jogos se mantiverem com resultados tangenciais...

- Entrando no jogo com a Islândia, assinalar, primeiro, o interesse do jogo em vários aspectos. Começo pelas dificuldades de Portugal, que, a meu ver, estiveram em 2 pontos: bolas paradas e segurança em posse. Relativamente à posse, Portugal assumiu, sem surpresa, um jogo assente na em organização, mas oscilou demasiado nesse plano. Começou por errar, estranhamente, na recepção e definição do segundo passe, após a entrada no bloco. Nessa fase, porém, a sorte foi-nos favorável e o jogo chegou rapidamente a um 3-0 que, em boa verdade, não se justificava. Depois, e na segunda parte, Portugal melhorou ao nível da segurança. Não conseguiu nunca muita profundidade em organização, mas foi pelo menos mais seguro. As desconcentrações a este nível voltariam mais tarde, já depois do 5-2. Algo que não se pode repetir em Copenhaga...

- O que realmente acabou por condicionar o jogo a Portugal, porém, foram as bolas paradas. É compreensível que se sintam algumas dificuldades neste momento, perante uma equipa com a característica dos islandeses, mas não ao ponto de se tremer praticamente a cada lance. O mau controlo da referência estratégica dos nórdicos na primeira bola explica quase tudo, porque foi sempre por aí que o perigo surgiu. Mas, o lance do 3-2 mostra também algumas dificuldades ao nível dos comportamentos colectivos. Uma das vantagens da defesa zona é poder controlar posicionamentos colectivos para usar imediatamente o fora de jogo. Tem de haver mais rigor e concentração (no caso, Moutinho), no movimento de saída, porque o lance teria sido facilmente evitado. Sobre as bolas paradas, Portugal não tem justificação para não ser forte nesse plano: tem centrais altos, Ronaldo e ainda o avançado que tem todas as condições para ser também ele um auxilio. Não há muita margem para desculpas, há, isso sim, uma exigência que se deve assumir.

- De resto, onde me parece que Portugal esteve melhor, mesmo em relação a jogos anteriores, foi em organização defensiva. Fez um bom condicionamento do primeiro passe, utilizando bem o papel de Postiga, que pressionava lateralmente, obrigando o central a acelerar a decisão de verticalizar. Aliás, Portugal conseguiu sempre extrair oportunidades próprias da sua resposta nos momentos defensivos, seja em organização, ou na reacção à perda. Um bom sinal para o futuro...

- Mas, parece-me que Portugal tem realmente motivos para optimismo, e Paulo Bento para exigir muito da sua equipa (e a si próprio, já agora). Tem centrais fortes em construção, capazes de fazer uma boa ligação com os extremos (Bruno Alves), ou criar superioridade com bola (Pepe). Tem uma grande força nas laterais, não só pelos excepcionais extremos, mas também pela boa dinâmica que oferecem os laterais. Com Meirleles e Moutinho, porém, pode exigir-se também aquilo que poucas equipas conseguem com qualidade e segurança: construir pelo corredor central. Tem uma equipa capaz de ser forte em organização, mas também extremamente reactiva em transição. Tanto ofensivamente, como defensivamente. É verdade que não há muitas soluções para além daquelas que vêm sendo utilizadas na primeira linha, mas isso será uma consequência normal da dimensão do país e do desnível no número de praticantes face a outras potências. Há, ainda assim, várias coisas a discutir e a trabalhar, cabendo a Paulo Bento, obviamente, fazer essa reflexão. Por exemplo, parece-me questionável que Patrício use como referência Postiga para as primeiras bolas, sabendo-se a baixíssima % de sequência que tem esta ligação. Ou se usa outro avançado, ou parece-me que Ronaldo deverá passar a ser a referência.

- A grande novidade do jogo foi, sem dúvida, Eliseu. Não apenas pelo golo e as assistências, embora sejam uma excelente evidência do que pode acrescentar. É que Eliseu foi também o jogador com mais passes completados no jogo (51, falhando apenas 3), chamando a si grande parte das iniciativas, e estando também muito bem na reacção à perda. É certo que foi apenas 1 jogo e, para mais, sem um grande grau de dificuldade, mas os indícios são suficientes para serem considerados relevantes e abrir uma outra hipótese, que passa pela utilização de Coentrão como médio. Essa dinâmica está criada com Ronaldo no Real Madrid, e pode ser aproveitada por Paulo Bento. Portugal pode não ganhar muito na posse interior, mas tendo Meireles e Moutinho isso não tem de ser um problema, ganhando-se tremendamente em termos de reactividade do corredor central. Uma hipótese que, a meu ver, Paulo Bento deve considerar, assim que garanta o lugar na fase final...
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6.10.11

Académica - Porto: opinião

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- O jogo acabou por não corresponder às expectativas relativamente à pressão e dificuldades que o Porto poderia experimentar, em face quer do momento menos positivo, quer da própria qualidade do adversário. Os 3 pontos ficaram cedo encaminhados, mas nem por isso este deixou de ser um jogo interessante do ponto de vista da análise. O Porto leva o mérito de ter sabido resolver um jogo potencialmente difícil, a Académica fica com o crédito de apresentar uma proposta de jogo com arrojo e qualidade suficientes para justificar uma discussão invulgar no nosso campeonato...

- Abordando o inicio do jogo, o período em que este se viria a definir, a Académica apresentou-se com os seus comportamentos habituais, mas com uma estratégia mais cautelosa nos momentos de organização. No fundo, a ideia foi reduzir o risco: em construção, com bola, saindo longo e evitando a exposição à perda. Sem bola, e perante a construção contrária, uma postura expectante sobre a primeira linha, não adiantando a pressão. A consequência mais visível foi aquela posse baixa e repetitiva do Porto, que todos constatamos, sobretudo após o 0-2. Vitor Pereira respondeu com uma circulação que tinha a intenção de ser paciente e trazer os médios para a construção. Sobre a paciência, ela nem sempre existiu, especialmente enquanto o jogo esteve com o placar equilibrado. Sobre a opção de trazer os médios para a construção, pelo menos de forma tão marcada, tenho as minhas dúvidas que fosse a melhor estratégia para o jogo em causa. Isto, porque frente ao Benfica, a Académica se havia mostrado vulnerável perante uma circulação mais larga na primeira linha, que fizesse a mudar rapidamente de corredor antes de entrar no bloco, pelas laterais. Aliás, nos primeiros minutos, voltou a mostrar essa dificuldade, mas depois o Porto passou a centralizar as suas saídas, a revelar alguma ansiedade e a cair na tentação de forçar a rotura nas costas da linha defensiva contrária. Esse espaço, o das costas da linha defensiva da Académica, era claramente aquele que tinha de ser explorado. A questão era, por onde?

- A resposta à pergunta com que terminei o ponto anterior parece ser, pelo menos na minha leitura, os corredores laterais. Já fora por aí que o Benfica construíra a sua vantagem frente a esta mesma equipa e foi por aí, também, que o Porto viria a abrir o seu caminho para os 3 pontos. Há nos 2 primeiros golos a semelhança de conseguir um primeiro passe na profundidade, no corredor, fazendo depois um passe atrasado que cria dificuldades de comportamento à linha de fora de jogo da Académica. Sobre os problemas da 'briosa' alongar-me-ei mais à frente, para já fica apenas a nota para este movimento normalmente mais detectável noutras ligas.

- A segunda parte seria diferente, com a Académica a inverter a sua estratégia, saindo mais em apoio e pressionando em zonas mais subidas. De novo, porém, a exploração das costas da linha defensiva viria a ser a chave para o terceiro golo, retirando intensidade e interesse conclusivp ao que se viu na última meia hora. Nesse golo, destaque para a abertura de Helton, que teve grande precisão e com o pior pé. Mais uma demonstração da qualidade do guarda redes a jogar com os pés. De resto, no campo individual, duas notas: uma para Walter, para voltar a assinalar a importância de um jogador que seja forte na área e que "tenha golo". Não digo que se tenha de jogar com um jogador de área, mas penso que é preciso medir muito bem quando se decide abdicar de um. Depois, sobre Otamendi, que teve um jogo preocupante. Acumulou erros a defender, más abordagens, e mesmo com bola foi possivelmente o mais ansioso e menos consistente de todos.

- Finalmente, então, a Académica. O primeiro elogio vai para o que a equipa faz com bola. Em transição é muito lúcida e capaz, usa Eder como referência para primeiro apoio frontal, mas a intenção é sempre tirar a bola da zona de pressão, se possível progredindo em largura e não imediatamente de forma vertical. Em Portugal, não vejo muitas equipas "pequenas" fazer isto. Vejo a tentativa de potenciação das características individuais e do espaço, mas poucas vezes com este critério e intencionalidade. Em organização, igualmente muitas coisas positivas. Intenção de dar amplitude ao jogo num segundo momento ofensivo, de abrir lateralmente o adversário antes do cruzamento, de abrir os médios, de potenciar o 1x1 dos extremos (Sissoko, sobretudo). Os problemas (e as minhas dúvidas) vêm dos momentos defensivos. Primeiro, e como já escrevi, creio que não há um bom condicionamento do ponto de saída, na primeira linha, e que isso cria dificuldades de controlo na fase subsequente. Depois, a última linha. O posicionamento base é muito agressivo, e como se viu frente ao Porto os jogadores nem sempre parecem confortáveis com ele. Dou o exemplo do segundo golo (no momento antecedente à combinação já abordada): o passe largo de Otamendi em direcção à ala (James) tem como resposta um recuo instintivo de alguns jogadores. Ora, sendo o passe tão largo e para uma zona lateral, estariam criadas todas as condições para que se tentasse o fora de jogo. Porquê que isso não acontece? Não posso responder, mas parece-me claro que esta forma tão agressiva de defender na última linha não tem ainda consistência suficiente para ser uma opção de sucesso frente a equipas tão fortes. Veremos como Pedro Emanuel faz evoluir este aspecto do jogo, porque me parece ser a questão mais urgente que tem em mãos...
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4.10.11

Guimarães - Sporting: opinião

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- Continua o enorme interesse em torno da época do Sporting. Não tanto por aspectos técnicos ou tácticos, mas antes sim pelo lado emocional. É esse lado que torna o jogo num mistério, e aquele que dá maior incerteza ao futuro e às possibilidades de sucesso deste Sporting. Que hipóteses tem o Sporting de ser campeão? Racionalmente, poucas. Partia com menos argumentos, já cometeu alguns erros e, apesar do ressurgimento, está atrás dos mais fortes concorrentes. Racionalmente... mas o percurso de Domingos não tem sido excepcional por questões racionais. A capacidade de superação, o lado mental, aquele cuja compreensão nos escapa, que não explicamos, mas inequivocamente constatamos, esse sim, tem foi o segredo do trajecto incrível de Domingos. E, se pensarmos bem, ser campeão com o Sporting seria um feito bem menos improvável do que fazer 71 pontos com o Braga ou chegar à final da Liga Europa com os arsenalistas. Resta reconhecer a incerteza e esperar para ver...

- Relativamente ao jogo, a expulsão e o contexto que se lhe seguiu retirou grande dose de interesse do ponto de vista da análise de comportamentos. O Sporting, que fez um inicio de jogo positivo e prometedor, acabou por preferir reduzir o risco de perder aquilo que era, afinal, o seu objectivo no jogo, os três pontos. Legítimo e compreensível. A reflexão que proponho tem, de novo, a ver com o lado mental. Ou seja, pensemos num cenário de estados psicológicos inversos, e com as mesmas opções tácticas e técnicas... nunca saberemos o que aconteceria, mas eu estou tentado a pensar que as dificuldades do Sporting seriam muitíssimo maiores. De resto, há neste ponto um momento interessante, os últimos minutos da primeira parte. O Vitória está muito perto do empate, por Edgar, e nos minutos seguintes volta a conseguir colocar um jogador em zona privilegiada, coisa que não tinha conseguido, nem repetiria. Era fundamental, para o Vitória, que voltasse a ter um desses momentos na segunda parte, que conseguisse extrair do jogo uma prova de que a crença era justificada. Como não aconteceu, e porque o Sporting sempre fez tudo para o evitar, a segunda parte acabou por ter sempre o "momento" favorável ao Sporting.

- Do lado do Sporting, que é a equipa que venho seguindo com mais pormenor, não houve possibilidades de ver muito em relação à evolução dos comportamentos tácticos intencionais. Ainda assim, voltou a ficar a ideia de uma melhor definição do papel dos médios (em organização defensiva) em relação a alguns jogos atrás, assim como se voltou a ver uma ala direita com grande facilidade de levar o jogo até ao último terço. A curiosidade por ver Jeffren a juntar-se a essa dinâmica, com João Pereira e Elias, é grande. Sobre os aspectos colectivos do Sporting, nota para a compreensível indefinição do que fazer com 10. Domingos, aliás, pareceu ir reagindo com o que o jogo lhe mostrava. Primeiro, retirou Carrillo, talvez escaldado pela falta de apoio a João Pereira no tal cruzamento de Maranhão, que Edgar desperdiçou. Depois, já na segunda parte, viu o mesmo Maranhão ganhar espaço à direita, perante alguma falta de intensidade de Capel, e reforçou o corredor. Na verdade, o Sporting fez pouco a partir do momento de transição, não conseguiu valorizar a posse nem, tão pouco, aproveitar a ansiedade e exposição do Vitória para se aproximar do segundo golo, explorando a profundidade. Domingos conseguiu, pelo menos estancar a fonte dos ataques vitorianos, os corredores laterais, fazendo com que os cruzamentos saíssem cada vez mais de trás e tornando-os mais fáceis de controlar. Como o Vitória não teve nem mais ideias, nem mais inspiração, isso foi o suficiente...

- Já agora, fica a pergunta: como jogar com 10, num contexto destes (expectativa e bloco baixo)? As duas soluções que estou a equacionar (não serão as únicas, evidentemente) são utilizar 441 ou 4311. Domingos acabou por convergir para a segunda, e sou da opinião que era a que mais se justificava. Recordo-me do Porto ter tido uma excelente segunda parte num contexto semelhante, frente ao Besiktas, em que usou o 441, com Hulk na frente. A diferença pode estar nas características dos jogadores. Com 1 jogador mais explosivo e forte no 1x1, pode fazer sentido isola-lo, convidando à exposição. Da mesma forma, se houver extremos com grande capacidade de explorar a profundidade, o 441 pode fazer mais sentido porque permite um desdobramento da linha média a partir do momento de transição, sem perda de equilíbrio. Mas, no caso do Sporting, onde essas características não existem, pelo menos com tamanha capacidade, o 4311 poderia ser melhor solução para o momento de transição, porque é perfeitamente possível defender a largura, em bloco baixo, com a linha de 3 e porque passa a ter mais referências frontais para o primeiro passe após a recuperação. Isto, claro, não invalida a constatação anterior, de que o Sporting pouco extraiu do seu momento de transição.

- Ainda no Sporting, algumas referências individuais. Polga, claro, que fez um jogo tremendo em termos defensivos. Não é surpresa nenhuma, e já havia feito vários jogos deste calibre na época anterior, inclusivamente em Guimarães, num jogo de características semelhantes ao desta época. A diferença no reconhecimento actual tem, na minha perspectiva, apenas a ver com o facto da equipa estar a passar por um bom momento, sendo muito mais fácil ver qualidades individuais nos bons momentos colectivos. Depois, um caso estranho que foi Schaars: esteve não só no golo, mas em vários dos melhores momentos ofensivos da equipa, mas foi também protagonista de uma exibição estranhamente instável ao nível das opções com bola, acabando com uma % de sequência em posse anormalmente baixa. Wolfswinkel, que não teve desta feita oportunidades para marcar, mas que voltou a mostrar o que representa a sua presença nos outros aspectos do jogo, muito efectivo defensivamente e dando sequência à esmagadora maioria dos lances que atraiu para si. Finalmente, nota para André Santos, que voltou a não se exibir dentro dos parâmetros exigíveis, sendo inclusive questionável se não teria sido mais útil lançar Carriço num primeiro momento, porque, e embora seja um central de raiz, este esteve muito mais efectivo no curto espaço de tempo que teve em campo...

- Finalmente, falar sobre o Vitória. Há na exibição da equipa um enorme peso da componente psicológica, parece-me evidente. Más opções, maus desempenhos, nenhuma inspiração. De todo o modo, é preciso dizer que a "era" Rui Vitória tem sido para mim decepcionante. Esperava um crescimento muito maior, sobretudo depois da primeira vitória, bem moralizadora, na Madeira. Não acompanho com rigor suficiente para me aventurar em considerações muito específicas sobre os motivos dos problemas, mas estranho a insistência em jogadores tão inconsistentes, como Barrientos ou Faouzi, quando existem outras soluções aparentemente bem mais fiáveis do lado de fora. Enfim, continuo a acreditar numa evolução, mas só o tempo poderá dar a resposta...
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3.10.11

Benfica - Paços Ferreira: opinião

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- Vou começar por comentar a natureza do jogo. Parece-me evidente o conforto com que o Benfica encarou o jogo, sem necessidade de grandes rasgos, mas com a percepção sempre presente de que uma exibição "normal" bastaria para uma vitória folgada. E assim foi. Há, nesta observação, uma grande dose de mérito do Benfica, que é uma equipa realmente forte, mas o que quero destacar é a diferença de potencial entre as equipas. Repete-se muitas vezes que o campeonato português é muito competitivo, mas eu tenho alguma dificuldade em concordar com a ideia. Não está em causa a capacidade de trabalho nas equipas mais pequenas, mas sim uma diferença de condições que, na minha leitura, se tem dilatado progressivamente com o tempo...

- Relativamente ao jogo, creio que importa contextualizar a estratégia do Paços. Pareceu haver uma intencionalidade de criar problemas desde a zona de construção e, em particular, limitar as saídas do Benfica pelos corredores laterais. Isso foi de alguma forma conseguido. Houve poucas saídas iniciadas por qualquer dos laterais (especialmente Maxi, que é um protagonista normalmente mais activo) e criaram-se situações de grande densidade na zona média, o que dificultou a vida ao Benfica. O que tornou o jogo tremendamente fácil para o Benfica, porém, foi o que acontecia a seguir. Ou seja, se a equipa tinha algumas dificuldades em passar dessa tal zona de maior densidade, quando o fazia, aproximava-se com enorme probabilidade do golo. E isso - a proximidade com o golo - é o que mais liga as equipas ao sucesso. Nota, aqui, para dois factores. Primeiro, os movimentos de lateralização do jogo numa segunda fase ofensiva e, segundo, a óbvia dificuldade do Paços em controlar os espaços na linha mais recuada.

- Sem haver muitas notas a fazer, queria explorar dois temas, começando pela influência das bolas paradas. Foi um dos "abre latas" do Benfica no jogo, conseguindo 4 dos 10 desequilíbrios por essa via. A curiosidade no campeonato encarnado tem a ver com as diferenças de aproveitamento destas situações entre os jogos disputados em casa e fora. Em casa, o Benfica criou 11 desequilíbrios e marcou 4 golos, comparando com apenas 2 desequilíbrios e nenhum golo, nos jogos fora. É certo que jogou mais vezes em casa e que um dos jogos fora foi no Dragão, mas é, ainda assim, um dado curioso e que será interessante acompanhar.

- O outro tema, tem a ver com o papel dos extremos nos movimentos de construção. Há uma intenção de trazer os alas para o corredor central, como solução para o primeiro passe, num movimento também identificado em muitas outras equipas. Aqui, parece-me haver uma diferença grande entre as soluções, com Bruno César a revelar-se mais consistente do que Nolito e Gaitan. Nolito, claramente, não tem qualquer apetência para esses movimentos, sendo um avançado de formação, não tem grande facilidade de desempenho nessa zona, nem, tão pouco, se aventura na procura desses movimentos (creio que esse é o principal motivo pelo qual não é um titular indiscutível para Jesus). Gaitan, por outro lado, aventura-se muito mais por essas zonas, porque gosta de ter a bola seja onde for. O problema de Gaitan é o perfil de decisão, demasiado orientado para o risco e pouco ajustado àquilo que se exige nessas zonas. Joga o tudo ou nada numa zona em que tal ainda não se justifica. Bruno César, por outro lado, parece-me revelar-se bem mais consistente na interpretação destes movimentos específicos. Aliás, em jogo corrido é enorme a diferença de certeza em posse de Bruno César para os outros dois, sendo a do brasileiro na ordem dos 74% e a dos outros dois a rondar os 60%.

- Finalmente, uma referência ao Paços. É impossível exigir-se muito a uma equipa que visita a Luz no momento em que o Paços o fez. Um desafio emocional desta ordem requereria sempre outro enquadramento para poder aspirar de forma minimamente realista ao sucesso. De todo o modo, e como referi, creio que o Paços conseguiu um bom condicionamento do jogo numa primeira fase, sendo esse o grande dado positivo a reter. O problema, defensivamente, é que isso não foi suficiente para garantir o essencial: o controlo objectivo sobre o adversário e a respectiva proximidade com o golo. Depois, no lado ofensivo, o Paços não teve realmente qualquer capacidade de se manter ameaçador ao longo do jogo. A sua zona de bloqueio nunca desencadeou recuperações que originassem transições que pusessem em causa o equilíbrio do Benfica e, em organização, a equipa privilegiou saídas mais longas e menos arriscadas(o que é razoável dado o contexto, diga-se). O que mais se estranhará é que num jogo destas características, Michel não tenha feito parte da equação principal...
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