23.11.09

Benfica - Guimarães: culpa própria de uns, felicidade de outros

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Mau Benfica, grande Vitória? O resultadismo aconselha um balanço deste tipo, mas o jogo, realmente, não mostrou bem isso. A verdade, verdadinha, é que para explicar o jogo da Luz tem de se incluir o factor felicidade como um dos mais decisivos no seu desfecho final. Isto não invalida que o Benfica tenha estado anormalmente desinspirado ou, por outro lado, que o Vitória tenha demonstrado grande entrega e carácter ao longo dos 90 minutos. Muito menos deixa de ser mais um contributo para a sustentação de uma ideia que defendi aqui há dias, e que aponta para uma equipa brilhante, mas estranhamente mais orientada para o culto do golo do que da vitória propriamente dita. O Benfica cai cedo na Taça, e sem grande justificação para tal.

Antecipei aqui o crescimento do Vitória de Paulo Sérgio quando os resultados ainda não o apontavam, mas, desta vez, confesso que até me desiludiu. Primeiro, aceitando a aposta em Targino ao centro, pela profundidade que poderia dar, parece-me que a inclusão de João Alves tornou “coxa” a equipa. Porque não Rui Miguel? Depois, tendo uma intensidade e atitude forte no jogo, a equipa nunca conseguiu estar por cima no jogo. Teve alguns bons momentos, é certo, mas estes foram muito isolados e justificados mais por aspectos individuais, seja pela velocidade de Targino, ou pelo virtuosismo técnico da dupla Assis-Desmarets, do que por mérito colectivo. Na verdade houve sempre grandes dificuldades para sair a jogar e evitar o pressing encarnado, e, pior ainda, o próprio pressing nunca foi agressivo sobre as zonas base da primeira fase de construção encarnada, tornando-se progressivamente mais baixo. Na segunda parte, então, praticamente convidou o Benfica a cair em cima da sua área, tão atrás que jogou. Valeu a entrega e o sacrifício.

Mas, se o Vitória foi feliz na forma como conseguiu o triunfo, o Benfica deve muito a si próprio. O grande destaque, para uma equipa que dominou quase sempre o jogo, vai claramente para a desinspiração criativa. Aimar, Saviola e Di Maria são recorrentemente os jogadores que mais desequilíbrios conseguem criar neste Benfica e, destes três, apenas o 10 esteve relativamente próximo do que produz habitualmente. Retirá-lo do campo também não terá ajudado muito para quem precisava tão desesperadamente de um resgate criativo. A consequência foi um jogo de muita quantidade mas pouca qualidade e isso, com alguma infelicidade à mistura, ditou o afastamento.
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