16.11.09

Portugal - Bósnia: Bom resultado, mau pronúncio...

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Começo pelo mais importante, o resultado. É para cima de bom. Para se ser eliminado depois de um 1-0 na primeira mão, eu diria, é quase preciso perder 2 vezes no mesmo jogo. Esta foi a melhor parte, porque se o resultado é em teoria bom, podia e devia ter sido muito melhor. Por culpa própria, e de uma intensidade baixíssima no seu jogo, Portugal perdeu a oportunidade de penalizar uma equipa globalmente fraca e que tem apenas 3 unidades que podem decidir. Isto, se a bola lhes chegar. Não foi isso que aconteceu e o que se viu abre mesmo margem para que na Bósnia se acredite que é possível fazer Portugal perder as tais 2 vezes que precisa para ficar de fora. É que, podem ter a certeza, a intensidade deles vai ser completamente diferente.

O jogo não começou brilhante, marcado por uma posse de bola com dificuldades para encontrar espaços, demasiado desligada e com poucas movimentações que libertassem os 3 da frente. Houve excepções, é certo. Alguns momentos de qualidade que resultaram da virtude técnica dos nossos jogadores, com Deco e Nani em evidência.

Mas não foi a posse e organização ofensiva o principal problema da Selecção.
Repetidamente a Bósnia saiu a jogar a partir de trás. Lentamente, de pé para pé, até chegar ao meio campo, antes de utilizar o pontapé longo para os 2 avançados. É, na minha óptica, inaceitável que uma equipa como Portugal tenha feito um jogo tão pouco intenso em termos de pressing, com destaque, sobretudo, para a linha média e para os 4 jogadores entre Liedson e Pepe. Se tivesse havido maior ligação e agressividade do pressing, é quase certo que os bósnios teriam sentido muitas dificuldades em sair a jogar, teriam perdido muito mais bolas e em zona perigosa. Não foi assim, a Bósnia tirou sempre partido disso para fazer passar os minutos antes de, na fase final, dar um ar do que será a segunda mão. Apenas um ar, porque a sua atitude será seguramente muito mais intensa e, sendo-o, Portugal terá enormes se não alterar a sua postura.

Um dos reflexos do que é o jogo de Portugal é o que aconteceu com Pepe. Foi dos jogadores mais importantes no jogo, mas correu demais. Ou melhor, deveria ter corrido demais, se Portugal tivesse um meio campo com a ordem que devia. O papel de Pepe pode ser importante e uma adaptação feliz de Queiroz, mas só faz sentido se a sua missão for de apoio e equilíbrio e não com a liberdade que assume, não cumprindo muitas vezes os propósitos tácticos da sua posição. O que se passa é que, sem bola, o restante meio campo trabalha tão pouco que as correrias de Pepe se tornam úteis, mesmo desguarnecendo a posição que devia cobrir. E, com bola, a movimentação dos médios é tão pouca que as aventuras do ‘merengue’ acabam por dar muito jeito, apesar de retirarem o equilíbrio táctico que, mais uma vez, a sua posição devia garantir. Nada contra Pepe, provavelmente o mais bravo de todos. Contra, isso sim, a falta de intensidade colectiva e, sobretudo, ordem táctica do meio campo.
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