26.12.11

Análise Individual Liga Portuguesa: Guarda Redes

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Aproveito a pausa natalícia para fazer um pequeno balanço das 13 primeiras jornadas da Liga. Apresentarei neste período algumas comparações individuais, por posição, tendo por base exclusivamente os dados recolhidos e o modelo estatístico utilizado...

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21.12.11

Académica - Sporting: opinião e estatística

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- O futebol traz-nos bastantes curiosidades, e a época do Sporting tem sido interessante de analisar também a esse nível. Uma semana antes, o Sporting havia conseguido os três pontos essencialmente graças à diferença de eficácia que havia tido em relação ao Nacional. Desta vez, fogem dois pontos por um défice de aproveitamento precisamente nesse aspecto. Este, aliás, foi o problema essencial do mau arranque de campeonato, e se recuperarmos esses jogos facilmente concluímos que a eficácia (especialmente nesses 3 primeiros jogos) foi o factor que mais contribuiu para o menor rendimento ofensivo do Sporting em relação a Benfica e Porto. Defensivamente, por outro lado, o cenário é outro. Seja como for, já se suspeitava desde a terceira jornada que seria muito difícil o objectivo da luta pelo título, não apenas pelos pontos perdidos, mas sobretudo pela evidência de que o campeonato português não permite neste momento muita margem de erro a quem quer ser campeão. Depois da paragem de Natal, o Sporting joga a última réstia de realismo da sua candidatura ao título, mas 2011 pode até acabar com uma perspectiva bem real de um título para conquistar, assim o Sporting bata o Marítimo. Bem vistas as coisas, com ou sem candidatura ao título, pode haver ainda muito para jogar para o Sporting. Em especial se tivermos memória sobre o que foram os últimos dois anos...

- No que respeita ao jogo, voltamos a ver uma equipa a convidar os centrais do Sporting para sair a jogar. Desta vez, e ao contrário de outras equipas, não creio que a Académica tenha tirado grande partido disso. Primeiro, porque permitiu que fosse Polga a fazê-lo, e há uma diferença significativa na qualidade de passe, entre Polga e Onyewu. Depois, porque apesar de não permitir uma boa ligação no primeiro passe, acabou por não controlar bem a segunda bola, e o Sporting, seja de uma forma mais ou menos ligada, teve sempre uma presença constante no último terço ofensivo. Assim, o Sporting foi sempre a equipa com maior domínio no jogo, tendo também um bom controlo do adversário. Há apenas uma excepção: as aberturas largas que a Académica fazia para os seus extremos. É uma opção recorrente e estratégica dos 'estudantes' e é muito improvável até que não estivesse identificada pelo Sporting, mas o facto é que esse movimento nunca foi bem controlado, quer porque frequentemente faltou presença pressionante na linha média, quer porque, depois, não se utilizou o fora de jogo para neutralizar estas solicitações. E estas duas componentes, a presença pressionante sobre o portador da bola, e o comportamento da linha defensiva, estão obviamente ligadas. Teve algumas ameaças a esse nível antes, mas foi no golo que essa dificuldade ficou mais exposta. A verdade, porém, é que mesmo depois da bola ter entrado em Diogo Valente, o lance estava longe de estar fora de controlo. E aqui, entra a acção de Polga...

- Polga é um caso especial. Trata-se de um central que não é rápido, alto, nem tão pouco ágil. E, no entanto, apesar de todas estas limitações físicas, é o central que, entre os grandes, mais intercepções consegue, tanto na temporada anterior, como nesta. Ou seja, a sua capacidade posicional e de antecipação são tremendas, e se Polga tivesse outras condições no plano físico provavelmente não se teria ficado pelo campeonato português, ou pela dezena de internacionalizações pelo seu país. Tem isto a ver com o lance, porque na minha leitura a má abordagem de Polga resulta do receio de fazer auto golo, uma vez que estava em recuperação e já relativamente próximo da baliza. A sua intervenção teria de ser subtil, e creio que foi isso que tentou fazer. Porém, porque não conseguiu colocar o corpo a tempo, perdeu o controlo sobre o seu próprio movimento e a tentativa de fazer bem, acabou por resultar no pior.

- No Sporting, volto a abordar a questão da utilização de Daniel Carriço, que de facto não parece beneficiar a equipa. Primeiro, pelo tal problema da saída em construção, da limitação dos centrais e da inexistência de uma dinâmica que faça de Carriço parte da solução e não parte do problema. Depois, porque Elias e Schaars têm tudo para assumir funções mais amplas no meio campo. Qualquer um dos dois poderia funcionar como primeiro pivot, mas ambos compõem uma dupla que me parece potencialmente muito forte, como duplo pivot. Aliás, creio que qualquer um dos dois rende mais nessa função do que tão próximo do avançado, como actualmente actuam. Há, claro, dois problemas para Domingos: o primeiro é que Rinaudo vai regressar e uma alteração estrutural poderia quebrar a dinâmica colectiva. O segundo, e mais importante, é que com a lesão de Matias não há uma solução óbvia para actuar à frente desde duplo pivot.
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20.12.11

Porto - Marítimo: opinião e estatística

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- O último jogo do ano no Dragão não trouxe grandes motivos de interesse, muito pela monotonia do domínio portista, ainda mais potenciada após a expulsão. Ainda assim, o jogo pareceu confirmar algumas tendências do passado recente, nomeadamente no que respeita ao contraste entre a facilidade com que a equipa domina e controla o adversário e a dificuldade que mantém em conseguir uma tradução fiel desse domínio em jogadas de real proximidade com o golo. Não se trata de volume, pois remates não faltaram, mas de qualidade no desfecho das inúmeras acções ofensivas. De todo o modo, abre-se uma interrogação para o futuro próximo, que passa por perceber até que ponto Vitor Pereira está disposto a abdicar deste onze que tão fielmente vem repetindo, para rever algumas opções que não parecem oferecer o máximo potencial à equipa.

- Em termos colectivos, apenas uma nota em relação ao que referi nos últimos jogos. Desta vez, e particularmente na primeira parte, a ligação de jogo no último terço não me pareceu tão eficaz, nomeadamente na ligação com Álvaro Pereira. Aqui, pareceu haver uma assimetria com influência no rendimento. Com James muitas vezes próximo de Hulk e com ambos a descair para a direita, quando as jogadas se iniciavam pelo flanco direito, a equipa tinha dificuldade em fazer uma boa entrada na zona de finalização, essencialmente porque não parecia capaz de ligar o jogo com o flanco oposto, acabando mais dependente de cruzamentos ou tentativas de penetração em zonas bastante densas. Por outro lado, quando iniciou pelo corredor esquerdo, a sua capacidade de aproveitar o espaço no flanco oposto pareceu muito maior e muito boa, com Hulk ou James como destino dessas acções ofensivas. É a tal questão da largura na última linha, que me parece ser importante para conseguir criar mais dificuldades a quem defende.

- Individualmente, quero deixar algumas notas de opinião, e começo por Hulk. Este foi o jogo interessante, porque Hulk actuou na primeira parte como referência mais central e na segunda mais preso à linha. Pessoalmente, não tenho quaisquer dúvidas sobre o seu maior rendimento na primeira parte. Hulk é um jogador excepcional, que pode desequilibrar a qualquer momento, jogue onde jogar. O que se nota é que partindo de posições mais centrais, Hulk é solicitado em zonas mais ofensivas, e com muito menor tendência para cair na tentação do drible forçado e repetitivo. Com alguma surpresa, a sua prestação como elemento de apoio frontal é muito boa, mais influente e certo nesse papel do que Kleber ou Walter, ou do que qualquer dos avançados dos outros dois grandes. Veremos como evolui, mas pessoalmente sou da opinião de que o seu rendimento pode ser de facto mais potenciado partindo dessas posições, desde que complementado por outros jogadores que ocupem os espaços que abre com a sua mobilidade. Uma ideia ainda não explorada, seria tentar uma relação de maior mobilidade entre Hulk e Kleber, já que sempre que actuam juntos fazendo em posições muito fixas. Kleber tinha um papel deste tipo no Marítimo, pelo que pode não ser assim tão estranho. É uma ideia, embora me pareça improvável que seja tentada...

- Outro caso é Djalma, que continua a não conseguir um grande entrosamento com os restantes elementos mais ofensivos e, também, sem protagonizar muitos desequilíbrios. Continuo a pensar que se esta relação for melhorada, o Porto poderá potenciar significativamente o número de ocasiões que consegue, mas teremos de esperar para ver o que acontece. Deste jogo, sobram mais duas ideias: Cristian Rodriguez e Iturbe. Cristian Rodriguez, particularmente, é um jogador de boa dinâmica e com capacidade para aparecer em zonas interiores, o que pode ser importante num ataque que se pretende móvel. A melhor época de Rodriguez no Porto, aliás, foi num ataque com essas características. Mais incerto, mas muito promissor é Iturbe. Será um jogador de características diferentes, mas cujo potencial torna imprevisível o impacto que possa vir a ter.

- Finalmente, falar de Belluschi que foi o jogador que mais desequilíbrios protagonizou no jogo, quase sempre sem sorte nas situações em que finalizou, mas com influência decisiva no primeiro golo. Belluschi mantém, para já, um rendimento inferior ao de Defour nesta posição, sendo menos irregular na certeza das suas abordagens e integrando menos vezes a zona de finalização, dentro da área. Por outro lado, e tal como frente ao Beira Mar, apareceu sucessivamente a finalizar à entrada da área. A questão passa por saber se Belluschi consegue ser verdadeiramente eficaz dessa posição, ou se o azar por que aparenta passar é mais do que apenas isso. É outra questão para a qual só o tempo poderá dar resposta...
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19.12.11

Benfica - Rio Ave: opinião e estatística

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- Todos os jogos começam 0-0, mas, diz-se e eu concordo, nenhum parte totalmente desligado do que ficou para trás. Este, particularmente, terá começado em grande medida na mudança táctica que Jesus introduziu a meio da primeira parte do jogo na Madeira. Witsel passou a jogar na ala, Aimar ao meio e Rodrigo como avançado. O Benfica não impressionou, mas os efeitos foram suficientemente positivos para que Jesus mantivesse a ideia até este jogo, alterando alguns protagonistas, sim, mas repetindo a ideia base. Os cinco golos voltam a dar nova força a uma opção que, em boa verdade, recupera a especificidade da filosofia que marcou as duas épocas anteriores do Benfica, tanto no que de bom traz, como nos riscos que pode acarretar. Sobretudo, é interessante observar as diferenças...

- A grande alteração, a meu ver, está na especificidade do 10. Com Aimar mais recuado, o Benfica ganha maior mobilidade na solução de saída pelo corredor central, mais facilmente explode e desequilibra por essa via, mas também se expõe muito mais ao erro e ao risco de transição. A oportunidade dos méritos ofensivos teve reflexo principal na primeira época de Jesus, a ameaça da perda em fase de construção, por outro lado, ficou bem patente no inicio da temporada passada. Não tem tudo a ver com Aimar, é claro, a própria mentalidade de Jesus o potencia, mas é quando puxa o argentino para zonas de construção que o radicalismo deste futebol de "vertigem e velocidade" (recuperando os termos de Villas Boas) mais se proporciona. Não é difícil percepcionar os méritos de Aimar, e a ameaça que representa quando o jogo se aproxima do último terço, e por isso é um jogador tão elogiado e acarinhado por todos. O seu futebol de toques curtos e repentinos é raro e pode ser devastador quando jogo chega "entrelinhas", mas esse perfil de progressão implica também alguns riscos quando é iniciado mais atrás. É que se o Benfica tem uma reacção muito forte à perda quando a bola chega ao último terço, nem o Benfica nem nenhuma equipa se prepara tacticamente para perder a bola em construção, e esse é o risco que passou a correr, quer na Madeira, quer agora frente ao Rio Ave, com o número de perdas de risco a aumentar em paralelo com o número de oportunidades que a equipa construiu.

- Mas não passa apenas pela alteração no meio campo, a explicação da boa capacidade de desequilíbrio da equipa neste jogo. Há dois nomes que importa referir: Saviola e Nolito. O argentino vem fazendo um campeonato muito bom em termos de capacidade de desequilíbrio (já o ano passado o fez, pelo menos na primeira metade), justificando, a meu ver, mais tempo do que aquele que vem tendo. Nolito, é um caso ainda mais radical. O seu futebol não tem perfume algum, como bem atestam os dois golos que marcou. O primeiro, quase que atropelando a defesa e guarda redes adversários até que a bola entrasse na baliza, numa jogada tão pouco ortodoxa que nem o próprio a deve ter imaginado. O segundo, após dominar menos bem, faz uma abordagem em queda que tanto podia servir de remate como de desarme, mas que acaba por surpreender tudo e todos mais uma vez por ser tudo menos esperada. Nolito não acrescenta grande qualidade às dinâmicas de saída em construção, pelo menos quando se compara com outras soluções, e estou convencido de que é por isso que Jesus não lhe tem dado mais minutos, mas o facto é que nenhum jogador é tão eficaz como o espanhol no que respeita à criação de golos e lances de perigo. E não há nada mais valioso do que um jogador que tem a capacidade de aproximar a equipa do golo. Quando observei os jogos de Nolito no Barcelona B deparei-me esta mesma dificuldade: O jogador criava muitos lances, mas num estilo que era difícil de acreditar poder manter-se com o tempo. Talvez Jesus tenha pensado o mesmo, mas a verdade é que Nolito tem prolongado essa capacidade no tempo e isso deveria justificar-lhe mais tempo de jogo do que aquele que teve até agora. Seja como for, quer Saviola quer Nolito têm concorrência de grande qualidade, e a decisão não é fácil para Jesus.

- É impossível não gostar deste futebol de risco, que potencia momentos de fulgor e êxtase nos adeptos e que é capaz de fazer repetir várias goleadas. Mesmo Witsel, penso ficar mais bem enquadrado na ala. Com esta resposta, Jesus dificilmente deixará de repetir a fórmula na segunda metade da época, mas também estou bastante seguro de que regressará à fórmula anterior, com Witsel no meio e Aimar mais à frente, assim se aproximem os jogos perante adversários de maior calibre.

- Uma palavra para o Rio Ave, que teve boas condições para causar uma surpresa na Luz. Estrategicamente abdicou de um jogo de construção e apostou tudo em fazer chegar o jogo de forma directa à frente da defesa do Benfica. A verdade é que o conseguiu, quer pela boa resposta nessa abordagem mais directa, quer pela qualidade de grande parte dos seus jogadores (Yazalde, provavelmente o mais inspirado). As aspirações da equipa de Carlos Brito, porém, ficaram repentinamente reduzidas a pó, com o final avassalador de primeira parte do Benfica. A grande parte da justificação, é claro, vai para o mérito do jogo do Benfica, mas há também que referir que os de Vila do Conde não tiveram grande felicidade nesse período, sendo a desvantagem de 2 golos provavelmente excessiva ao intervalo...
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13.12.11

Sporting - Nacional: opinião e estatística

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- Fraca. Não há outra forma de classificar a exibição do Sporting. O mais importante, os três pontos, foram conseguidos, mas sobretudo graças ao melhor aproveitamento das poucas ocasiões criadas em todo o jogo. E, já agora, graças também à importância das bolas paradas. Torna-se difícil fazer grandes comentários ao jogo colectivo, porque olhando para a composição da equipa se percebe a instabilidade na sua composição. Não é possível que o Sporting se possa exigir grandes níveis de qualidade colectiva quando tantas das suas principais unidades estão permanentemente a entrar e sair da lista de disponíveis. Má fortuna, certamente, mas também há que olhar para trás e para a composição do plantel, porque há vários casos cujo histórico já fazia prever este cenário. Ou seja, esta não é uma situação que possa ser considerada como totalmente imprevisível. Seja como for, parece claro que o Sporting joga boa parte da manutenção da sua candidatura nas próximas jornadas, e será decisivo que consiga elevar rapidamente os níveis qualitativos do seu jogo.

- Centrando a análise num comentário mais individualizado, começo por Carriço. A sua adaptação não está a ser propriamente um sucesso, por muito que se queira encorajar o jogador neste novo desafio. Defensivamente, o Sporting não é a equipa mais fácil para um "pivot", e Carriço sofre com isso. Isto é, por ter tantas vezes os dois médios adiantados, o espaço de intervenção do "pivot" é frequentemente muito difícil de controlar por um só jogador, e nem sempre é possível manter uma presença pressionante sobre o portador da bola sem assumir o risco de perder o espaço "entrelinhas". Mas será nos momentos com bola que Carriço e a equipa mais tem sofrido. Não acrescenta valor à posse, mas a meu ver não faz sentido centrar as criticas nessa limitação, porque ela está implícita na decisão de adaptar o jogador ao lugar. Ou seja, a resposta teria de ser colectiva, criando dinâmicas que não exijam muito do jogador, mas que o protejam, a ele e à equipa, dessa vulnerabilidade. Uma sugestão seria fazer Carriço baixar para a linha dos centrais, criando mais espaço no meio e oferecendo mais protagonismo aos centrais. O problema é que a dupla de centrais do Sporting, neste momento, não tem propriamente grande vocação para essa tarefa.

- De Onyewu, o herói do jogo, sobra nova reflexão sobre a importância das bolas paradas. O Sporting perdeu o jogo da Luz nesse capítulo, e agora resgata três pontos por esta via. Curiosamente, no ano passado e contra este mesmo adversário, havia permitido o empate na sequência de um pontapé de canto. Ou seja, este pode não ser o aspecto mais interessante de abordar, mas é incontornável o peso decisivo que pode ter no sucesso das equipas ao longo de uma prova de regularidade, como é um campeonato. Pode, e seguramente tem. Eu próprio negligenciei este aspecto na avaliação que fiz no inicio de época sobre Onyewu, mas a verdade é que a estatura do central americano, e pese embora ser seguramente o mais fraco do plantel em todos os outros momentos do jogo, se pode revelar importante e difícil de preterir para uma equipa com tantas fragilidades a esse nível. Isto não quer dizer, porém, que o Sporting não se deva exigir mais do que isto...

- No meio campo, a novidade é André Martins. Não é um grande momento para se mostrar, num jogo em que a equipa está tão instável ao nível da qualidade do seu jogo. Ainda assim, para quem está a fazer a estreia no campeonato, foi uma prestação impressionante do jovem médio. Enquanto esteve em campo foi jogador mais interveniente da equipa, nem sempre muito certo ao nível do passe, é verdade, mas inesperadamente útil na reactividade e agressividade defensivas. Se confirmar a característica - o que é provável - estará muito próximo de poder ser uma opção com importância crescente nas prioridades de Domingos. Mas é ainda muito pouco para que possa fazer uma apreciação conclusiva...

- Finalmente, uma nota sobre Elias. Pessoalmente, discordo da sua utilização por vezes demasiado ofensiva e centralizada. Percebe-se que Domingos veja nele um jogador de grande potencial para a transição, dada a capacidade que tem em progredir rapidamente. Mas Elias não é naturalmente um jogador tão ofensivo. Não o era no Corinthians, por exemplo, e não me parece que seja necessário mantê-lo tão adiantado para que se aproveite a sua capacidade de desdobramento em transição, porque tem capacidade de o fazer de trás para a frente, e partindo de posições mais recuadas. Neste aspecto, é um jogador semelhante a Ramires, e se pensarmos no agora médio do Chelsea, este nunca teve de ser um médio ofensivo para ser temível em transição. Por outro lado, em organização, Elias é um jogador com grande eficácia no jogo mais apoiado, tendo uma das percentagens de certeza em posse mais elevadas entre os médios da equipa (na verdade, é a mais elevada entre os habituais titulares). Quando se aproxima da direita, a equipa parece ganhar qualidade na dinâmica do corredor, mas nem sempre essa é a prioridade para o seu posicionamento.
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12.12.11

Beira Mar - Porto: opinião e estatística

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- Creio que se pode afirmar agora com mais segurança: há, tacticamente, um novo Porto. Não que a equipa que iniciou a época não fosse diferente da anterior. É-o sempre. Mas era uma equipa que jogava em bases de quase absoluta continuidade com o modelo anterior, com algumas 'nuances' corrigidas ou alteradas, mas sem nenhuma verdadeira rotura. Agora, e ao que tudo indica, há mesmo roturas que vieram para ficar. A inversão do triângulo de meio campo não é apenas uma manobra de xadrez, e a presença de Hulk como elemento central do ataque também não constitui uma mera opção técnica, como aconteceu no ano anterior aquando das ausências de Falcao. Há implicações na dinâmica cujo saldo entre perdas e ganhos se medirá a prazo e em função da própria evolução da equipa. Para já, pelo menos para mim, a novidade constitui-se, em si mesmo, um interesse acrescido...

- Em relação ao jogo, faço um balanço de impressões contrastantes. Por um lado, o Porto esteve muito bem na afirmação do seu domínio no jogo. Não um domínio consentido, como aquele que se verificou em Olhão, por exemplo, mas um domínio autoritário e com condições para garantir outro tipo de tranquilidade na obtenção da vitória. Essencialmente, isso aconteceu pelas virtudes desta nova variante do 4-3-3 portista. A equipa é capaz de verticalizar com mais propósito e frequência, tem maior mobilidade nos elementos da frente, envolve melhor Álvaro Pereira, e reage muito bem à perda, com Moutinho e Fernando a manter a bola continuadamente no meio campo ofensivo. Mas, e apesar de tudo isto, surge o contraste: é que o Porto não teve uma grande proximidade com o golo, no sentido em que não criou um grande número de oportunidades claras para o conseguiu. Por outro lado, e apesar do controlo em grande parte do jogo, o Beira Mar fez um golo e permitiu-se ainda algumas aproximações perigosas nas escassíssimas chegadas que conseguiu ao último terço. Fica a dúvida, por isto, em relação à segurança defensiva da equipa, sobretudo em alguns problemas no controlo da profundidade.

- Há outra mudança na gestão de Vitor Pereira, em relação ao período inicial da temporada, e esta ainda mais radical: a rotatividade. Depois de um inicio de época em que todos jogavam e deixavam de jogar, eis que Vitor Pereira fixa um onze e só muda quem é mesmo obrigado a mudar. Desta opção sobram algumas dúvidas e, como sempre, várias criticas, relativamente a certas opções. Pessoalmente, creio ser evidente o desajuste de casos como o da colocação de Maicon à direita, mas não acho que se possa ser demasiado critico em relação a um treinador que opta por tentar estabilizar uma dinâmica colectiva vencedora, mesmo que para isso tenha de assumir alguns elos mais fracos. Não entendo que tenha de haver um 8 ou 80 nesta matéria, mas acho que é, ainda assim, preferível este tipo de gestão do que aquele que marcou o inicio de temporada.

- Relativamente a alguns casos individuais, destacar sobretudo Hulk. Não sei o que o futuro nos vai mostrar, mas para já Hulk tem dado uma resposta tremenda na nova posição. É, até, um jogador mais consequente do que na ala, porque não se depara tantas vezes com a tentação de ir para o 1x1. Com a sua mobilidade e havendo complementaridade para os movimentos que faz, o Porto ganha porque não tem um jogador tão escondido do jogo como acontece com os 9 habituais, porque mantém como referência mais adiantada um jogador fortíssimo para o momento de transição, e porque se o tal entrosamento colectivo for bom, há maior imprevisibilidade de movimentos nos jogadores da frente. Resta saber se continuará a decidir onde é importante ter gente que saiba decidir, na área, mas para já não pode haver ponta de critica a levantar. Depois, referência para Belluschi, que foi novidade no tal espaço "entrelinhas", trazendo uma característica diferente de Defour. O argentino não surge tão bem como Defour nos espaços, mas tem a particularidade de ser temível na frente da área. Não lhe saiu bem neste jogo, mas pode vir a fazer estragos dali. Sobre Álvaro Pereira, fazer referência para o seu muito maior propósito nos envolvimentos ofensivos, sendo solicitado em zonas mais próximas da área e com maior possibilidade de sucesso para os seus famosos cruzamentos. Finalmente, Otamendi, que acrescenta muito em termos de zona de intervenção dos centrais, quer em relação a Rolando, quer em relação a Mangala. As suas instabilidades mantêm-se, mas ninguém é mais forte no jogo de antecipação do que ele, e por isso é que tem uma capacidade de intervenção defensiva superior a todos os outros.
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6.12.11

A primeira parte do Sporting - Belenenses

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Interessante a primeira parte do jogo. Sendo de uma divisão inferior, o Belenenses terá sido a equipa que, nesse período, mais dificuldades criou esta época ao Sporting, em Alvalade, ao nível da ligação do seu jogo ofensivo (Marítimo e Lazio criaram dificuldades, mas de outro tipo). Por demérito do Sporting, seguramente, que não terá abordado o jogo com a intensidade adequada e se deixou surpreender pela estratégia contrária. Mas é interessante (pelo menos para mim...) atentar a outros detalhes do que sucedeu. Aqui ficam 3 pontos que distingo na estratégia do Belém:

1- Convidar os centrais a sair a jogar: É a segunda vez que uma equipa chega a Alvalade com a esta intencionalidade estratégica. Na verdade, era previsível que isso viesse acontecer, assim como é previsível que se volte a repetir com mais frequência. No caso do Leiria, a outra equipa que o fez, o Sporting respondeu um pouco melhor do que desta vez, em parte porque teve nesse dia Carriço, que é um jogador mais forte a contrariar este tipo de estratégia. Polga será até mais capaz no passe, mas não aparenta sentir-se especialmente vocacionado para entrar no bloco contrário em condução. Onyewu, por outro lado, não é forte em nenhum aspecto da construção, e terá sido essa uma das armas da estratégia do Belenenses, já que foi sobre o americano que recaiu o principal protagonista neste movimento. Se o Sporting tivesse conseguido maior qualidade a criar superioridade com o central, provavelmente teria mais rapidamente desfeito a teia que lhe foi montada, mas esta é uma debilidade óbvia da equipa de Domingos e daí a tendência a ser progressivamente explorada pelos adversários.

2- Definição de uma área reduzida para pressionar: Se ao atrair um central a progredir sobre um dos lados do campo, o Belenenses condicionava a circulação lateral, também previu o encurtamento do espaço na profundidade, pela definição que fez da zona onde se propôs pressionar. Com a linha defensiva alguns metros acima do limite da área e com o meio campo bem à frente do bloco. Ou seja, uma área de pressão que era limitada tanto na profundidade como na largura.

3- Referências individuais: Goste-se ou não do meio, a verdade é que este tipo de marcação produziu bons efeitos na primeira parte. Porque, condicionando lateralmente ao convidar a penetração do central, o Belenenses ficou com uma área curta para pressionar, tornando mais fácil manter uma proximidade individual em cada emparelhamento que definiu. A marcação individual pressionante, como foi feita, tem como consequência um condicionamento directo dos pontos de apoio. Não orienta o jogo, não distingue espaços fundamentais a privilegiar, mas bloqueia directamente os pontos de apoio. Encurtando a área onde tinha de pressionar, através da penetração do central até à zona prevista, o Belenenses conseguia ter sempre uma grande proximidade pressionante sobre os apoios, tornando qualquer circulação apoiada muito difícil e arriscada a partir desse ponto. Por isso, vimos sempre os jogadores a receber de costas e muito apertados. Perante este tipo de marcação, o Sporting provavelmente deveria ter potenciado movimentos especulativos, que atraíssem a marcação e libertassem espaços essenciais, mas não foi isso que fez...

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No final, o Sporting levou a melhor, mas não creio que tenha sido uma inevitabilidade face ao que ao jogo nos mostrou. Nomeadamente, porque na primeira parte o preço a pagar poderia ter sido outro e é impossível prever o que se poderia seguir. Quanto ao Belenenses, a sua estratégia esteve longe de revelar uma grande consistência global, já que incidiu sobre um condicionamento estratégico e muito específico. No entanto, foram os resultados temporários da sua estratégia que acrescentaram alguma dúvida ao desfecho do jogo e da eliminatória.
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5.12.11

Defour, novidade "entrelinhas"

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Já me tinha referido à simplicidade do seu jogo, demasiado breve nas suas aparições para que se torne fácil reparar nele. Talvez por isso, e por vir com o rótulo de jogador mais posicional, já tenhamos ouvido ou lido que não pode jogar com Moutinho, que é demasiado parecido, demasiado defensivo. Pessoalmente, discordo. Defour não é um jogador excepcionalmente criativo, é certo, mas é um jogador extremamente dinâmico, interventivo e fiável nas suas intervenções. Em particular, destacou-se pela boa capacidade de movimentação sem bola, e é essa aptidão que parece ter motivado a recente alteração de Vitor Pereira, na composição do meio campo portista.

Ao contrário do que foi quase sempre regra, Defour apareceu a jogar numa linha mais adiantada, na recepção ao Braga. Com Moutinho mais posicional, descaído para o lado esquerdo de Fernando, Defour manteve um posicionamento mais ofensivo, ainda que tendencialmente descaído sobre a direita. Em organização, aproximou-se muitas vezes do corredor direito, mas rapidamente se juntou também às zonas mais centrais, seja no aproveitamento do espaço "entrelinhas", seja no complemento dos movimentos de Hulk, sobre a última linha contrária. Em transição, o seu posicionamento defensivo mais alto, permitiu-lhe aparecer mais rapidamente nas costas da linha média do Braga, e a este comportamento se deve, pelo menos a meu ver, a maior e melhor reactividade da equipa neste momento do jogo.

Enfim, Defour confirma assim que o seu futebol não se limita a tarefas mais defensivas, e que tem uma amplitude de valências que fazem dele uma solução útil para várias funções. Mas, talvez o grande ponto de interesse esteja na alteração táctica em si mesmo. Será que passará a ser esta a composição do meio campo portista a partir de agora? Ou será apenas uma tentativa de conseguir maior complementaridade para a identidade de Hulk, mais móvel do que um "9" tradicional? E, já agora, que alternativas poderão existir a Defour se esta opção estrutural se mantiver? James e Belluschi serão seguramente candidatos...
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