Sporting, fora da Champions: A época estava a ser perfeita, no que a resultados diz respeito, mas deixou-o de ser nesta semana, e logo em dose dupla. A eliminação da Champions, em particular, teve uma valorização mediática muito significativa. Começando por abordar os jogos dessa eliminatória, frente ao CSKA, creio que eles terão tido o condão de trazer à terra aqueles, eventualmente, estivessem mais iludidos. O Sporting, por muito que esteja notoriamente melhor em diversos planos, como me parece que está, não poderia passar a ser, de repente, aquilo que não é, uma equipa da primeiríssima linha do futebol europeu. Porque só nessa condição é que poderia ter revelado uma grande superioridade perante uma equipa como é o CSKA. Não foi assim, obviamente, e os dois jogos foram, no essencial, equilibrados. O Sporting, diria, mostrou-se mais competente na generalidade dos seus processos de jogo, mas teve sempre muitas dificuldades em controlar os movimentos de dois jogadores, especialmente Musa. Mas, se poderia haver uma euforia excessiva em relação a esta equipa do Sporting, corre-se agora o risco de cair no erro inverso. Primeiro, os erros cometidos e problemas sentidos não me parecem graves, estando na minha perspectiva mais ligados ao mérito próprio, dos jogadores do CSKA. Depois, a eliminação da Champions também não me parece, de todo, um revés com a magnitude que lhe é dado em termos mediáticos. Estar na fase de grupos da Champions tem, para um clube como o Sporting, pontos a favor, mas também pontos contra, e estes últimos raramente são equacionados. A favor, os óbvios milhões que são muito úteis para ajudar a compor planteis mais fortes, e a motivação que traz ao clube e aos seus adeptos. Contra, na minha perspectiva, quase tudo o resto. No plano desportivo, a Champions é um objectivo desportivo praticamente impossível, nos dias que correm, para as equipas portuguesas e para o Sporting em particular. Ser campeão europeu é uma utopia, e mesmo uma altamente improvável presença nos quartos ou meias finais não chegaria para compensar a perda de um título interno. E esse é o meu ponto essencial: no futebol português as épocas ganham-se ou perdem-se nas competições internas, e se os milhões da Champions poderão saciar os bolsos de alguns, nunca serão suficientes para compensar as frustrações dos adeptos no final de Maio. Mas, a verdadeira ameaça advém do desgaste que geralmente decorre da presença numa competição tão exigente, sendo normalmente complicado gerir os ciclos semanais com jogos tão importantes à terça ou quarta feira. Um passo que várias vezes se revelou maior do que a perna para as equipas portuguesas. Um bom exemplo de tudo isto é o caso do Benfica no ano anterior, que foi afastado das competições europeias precocemente, mas acabou por conseguir manter a vantagem interna que tinha, numa fase em que era o Porto quem parecia estar mais forte. Estamos apenas no domínio conjectural, reconheço, mas parece-me um equívoco ser despiciente relativamente à importância que têm tido as trajectórias europeias nas competições internas. Enfim, passar o playoff seria, sem dúvida, uma vitória importante para o Sporting, mas poderia também vir a revelar-se uma vitória pírrica para as aspirações internas - e mais importantes, desportivamente - do clube.
Benfica e a derrota frente ao Arouca - O jogo frente ao Arouca, disputado depois dos empates dos rivais na véspera, prometia trazer uma injecção de moral para as hostes encarnadas, acabou por ter o efeito precisamente inverso. Ora, estes altos e baixos emocionais têm normalmente alguns efeitos na lucidez com que se olha para o jogo, e creio que isso terá acontecido também desta vez. Aqui, refiro-me sobretudo à tentação quase irresistível para se exacerbar os deméritos da exibição do Benfica, em função da desilusão do resultado. Começo, portanto, por referir que na minha análise o Benfica teve um volume ofensivo bastante significativo no total do jogo, e em especial na primeira parte, o que normalmente lhe teria sido suficiente para garantir pelo menos um golo no jogo. Bastante mais significativo, por exemplo, do que teve frente ao Estoril, onde venceu por 4 golos de diferença. Diria que a goleada desse jogo foi tão enganadora como esta derrota, e diria também que apesar do contraste extremo dos resultados, o Benfica deu alguns sinais bastante consistentes nestes dois jogos. Por um lado, que em princípio deverá ser capaz de dominar, de forma clara, a generalidade dos seus jogos no plano interno. Por outro, que tanto do ponto de vista defensivo como ofensivo não tem ainda (vejamos se alguma vez terá...) a consistência que lhe permita aspirar a uma regularidade pontual para chegar ao patamar pontual das últimas temporadas. No plano defensivo, há uma dificuldade clara no momento de transição defensiva, com várias situações de jogadores a aparecer na cara de Júlio César nestes dois jogos. A gestão da posse (segurança) e jogo posicional (reacção) provavelmente necessitam de ser revistos, porque se esta tendência se mantiver os custos serão seguramente muitos e frequentes. Ofensivamente, já referi que a equipa conseguiu um grande volume e assédio à área do Arouca, mas é igualmente verdade que a forma como o fez deixou bastante a desejar, apostando a meu ver exageradamente em cruzamentos e finalizações exteriores, em vez de combinações que pudessem desequilibrar mais o último reduto adversário. Aqui, duas notas individuais contrastantes. Pela positiva, Nélson Semedo, que conseguiu algumas situações de rotura dentro da área do Arouca, em especial na primeira parte, perdendo esse protagonismo na segunda, não parecendo ter beneficiado com a entrada de Victor Andrade. Pela negativa, Mitroglou. Incrível a sua falta de envolvimento num jogo com tanto volume ofensivo e onde a influência de um avançado poderia ser maior. E isto, naturalmente, não ajudou em nada no tal problema que a equipa revelou na forma como abordou o último terço. É verdade que Mitroglou tem conseguido ganhar alguns duelos no seu papel de "pinheiro", mas a mim parece-me um contributo muito escasso para uma equipa com as aspirações do Benfica.
Porto, "déjà vú" na Madeira - A perda de pontos na Madeira terá sido um penoso "déjà vú" para os adeptos portista, mas não creio que seja apenas no que respeita ao resultado que a equipa deu sinais de continuidade em relação à época transacta. E isso, na minha perspectiva, pode ter uma leitura tanto positiva como negativa para as aspirações da equipa. Pela negativa, a falta de evolução do modelo de Lopetegui, que parece manter os mesmos defeitos do passado. Isto é, um jogo muito lateralizado, com poucas situações de rotura interior e um apelo constante a variações de corredor. A segunda parte do Porto, por exemplo, foi muito pouco conseguida em termos ofensivos, com a equipa raramente a conseguir desmontar o bloco defensivo do Marítimo. Pela positiva, porém, fica a ideia de que as diversas saídas jogadores importantes não terão afectado significativamente o potencial da formação de Lopetegui. Ou seja, mantenho a ideia de que este Porto valerá mais ou menos o mesmo do que a sua versão anterior, sendo que esse nível não será este ano tão fácil de superar por parte de qualquer dos rivais. Aliás, o saldo da jornada acabou até por não ser desfavorável ao Porto, já que era quem tinha em teoria o jogo mais complicado. Uma nota especialmente negativa, porém, para o regresso de Cissokho. A sua responsabilidade no golo parece-me óbvia, dada a trajectória tão larga que a bola percorreu, e isso teve desde logo custos elevados para a equipa, no jogo. Mas, também no plano ofensivo o seu contributo foi muito escasso para uma equipa que teve grande parte do volume ofensivo, e que aposta tanto nos corredores laterais para conseguir os seus principais desequilíbrios. Assim, Alex Sandro vai de facto fazer muita falta.
Inicio da liga espanhola - Nota também para o inicio da liga espanhola, e em particular para os arranques de Barça e Real, ambos com exibições muito atípicas. Em Bilbao, a performance do Barcelona acabou por ser suficiente para garantir a vitória, mas não para deixar de desiludir quem se habituou a ver a expressividade ofensiva dos blaugrana. Não me pareceu o melhor arranque para equipa de Luis Enrique. Se 1 golo foi escasso em Bilbao, muito mais foi o nulo de Gijon! No entanto, foi bastante diferente a exibição do Real, relativamente à do seu rival catalão. Muito mais volume ofensivo, e também muito mais permissividade defensiva, o que leva a conclusão de que o nulo tem muito de acidental e pouco de sintomático. Verdadeiramente preocupante, para o Real, foi a facilidade com que o Gijon se aproximou da sua baliza, mas também se podem estender algumas criticas ao plano ofensivo. Em especial, as decisões no último terço pareceram-me questionáveis em grande parte do jogo, com poucas jogadas de envolvimento e rotura, e muitas finalizações exteriores e cruzamentos (uma critica idêntica à que fiz ao Benfica, acima). Não me parece, porém, que o Real deixe de ser uma equipa altamente concretizadora durante a temporada.
Benfica e a derrota frente ao Arouca - O jogo frente ao Arouca, disputado depois dos empates dos rivais na véspera, prometia trazer uma injecção de moral para as hostes encarnadas, acabou por ter o efeito precisamente inverso. Ora, estes altos e baixos emocionais têm normalmente alguns efeitos na lucidez com que se olha para o jogo, e creio que isso terá acontecido também desta vez. Aqui, refiro-me sobretudo à tentação quase irresistível para se exacerbar os deméritos da exibição do Benfica, em função da desilusão do resultado. Começo, portanto, por referir que na minha análise o Benfica teve um volume ofensivo bastante significativo no total do jogo, e em especial na primeira parte, o que normalmente lhe teria sido suficiente para garantir pelo menos um golo no jogo. Bastante mais significativo, por exemplo, do que teve frente ao Estoril, onde venceu por 4 golos de diferença. Diria que a goleada desse jogo foi tão enganadora como esta derrota, e diria também que apesar do contraste extremo dos resultados, o Benfica deu alguns sinais bastante consistentes nestes dois jogos. Por um lado, que em princípio deverá ser capaz de dominar, de forma clara, a generalidade dos seus jogos no plano interno. Por outro, que tanto do ponto de vista defensivo como ofensivo não tem ainda (vejamos se alguma vez terá...) a consistência que lhe permita aspirar a uma regularidade pontual para chegar ao patamar pontual das últimas temporadas. No plano defensivo, há uma dificuldade clara no momento de transição defensiva, com várias situações de jogadores a aparecer na cara de Júlio César nestes dois jogos. A gestão da posse (segurança) e jogo posicional (reacção) provavelmente necessitam de ser revistos, porque se esta tendência se mantiver os custos serão seguramente muitos e frequentes. Ofensivamente, já referi que a equipa conseguiu um grande volume e assédio à área do Arouca, mas é igualmente verdade que a forma como o fez deixou bastante a desejar, apostando a meu ver exageradamente em cruzamentos e finalizações exteriores, em vez de combinações que pudessem desequilibrar mais o último reduto adversário. Aqui, duas notas individuais contrastantes. Pela positiva, Nélson Semedo, que conseguiu algumas situações de rotura dentro da área do Arouca, em especial na primeira parte, perdendo esse protagonismo na segunda, não parecendo ter beneficiado com a entrada de Victor Andrade. Pela negativa, Mitroglou. Incrível a sua falta de envolvimento num jogo com tanto volume ofensivo e onde a influência de um avançado poderia ser maior. E isto, naturalmente, não ajudou em nada no tal problema que a equipa revelou na forma como abordou o último terço. É verdade que Mitroglou tem conseguido ganhar alguns duelos no seu papel de "pinheiro", mas a mim parece-me um contributo muito escasso para uma equipa com as aspirações do Benfica.
Porto, "déjà vú" na Madeira - A perda de pontos na Madeira terá sido um penoso "déjà vú" para os adeptos portista, mas não creio que seja apenas no que respeita ao resultado que a equipa deu sinais de continuidade em relação à época transacta. E isso, na minha perspectiva, pode ter uma leitura tanto positiva como negativa para as aspirações da equipa. Pela negativa, a falta de evolução do modelo de Lopetegui, que parece manter os mesmos defeitos do passado. Isto é, um jogo muito lateralizado, com poucas situações de rotura interior e um apelo constante a variações de corredor. A segunda parte do Porto, por exemplo, foi muito pouco conseguida em termos ofensivos, com a equipa raramente a conseguir desmontar o bloco defensivo do Marítimo. Pela positiva, porém, fica a ideia de que as diversas saídas jogadores importantes não terão afectado significativamente o potencial da formação de Lopetegui. Ou seja, mantenho a ideia de que este Porto valerá mais ou menos o mesmo do que a sua versão anterior, sendo que esse nível não será este ano tão fácil de superar por parte de qualquer dos rivais. Aliás, o saldo da jornada acabou até por não ser desfavorável ao Porto, já que era quem tinha em teoria o jogo mais complicado. Uma nota especialmente negativa, porém, para o regresso de Cissokho. A sua responsabilidade no golo parece-me óbvia, dada a trajectória tão larga que a bola percorreu, e isso teve desde logo custos elevados para a equipa, no jogo. Mas, também no plano ofensivo o seu contributo foi muito escasso para uma equipa que teve grande parte do volume ofensivo, e que aposta tanto nos corredores laterais para conseguir os seus principais desequilíbrios. Assim, Alex Sandro vai de facto fazer muita falta.
Inicio da liga espanhola - Nota também para o inicio da liga espanhola, e em particular para os arranques de Barça e Real, ambos com exibições muito atípicas. Em Bilbao, a performance do Barcelona acabou por ser suficiente para garantir a vitória, mas não para deixar de desiludir quem se habituou a ver a expressividade ofensiva dos blaugrana. Não me pareceu o melhor arranque para equipa de Luis Enrique. Se 1 golo foi escasso em Bilbao, muito mais foi o nulo de Gijon! No entanto, foi bastante diferente a exibição do Real, relativamente à do seu rival catalão. Muito mais volume ofensivo, e também muito mais permissividade defensiva, o que leva a conclusão de que o nulo tem muito de acidental e pouco de sintomático. Verdadeiramente preocupante, para o Real, foi a facilidade com que o Gijon se aproximou da sua baliza, mas também se podem estender algumas criticas ao plano ofensivo. Em especial, as decisões no último terço pareceram-me questionáveis em grande parte do jogo, com poucas jogadas de envolvimento e rotura, e muitas finalizações exteriores e cruzamentos (uma critica idêntica à que fiz ao Benfica, acima). Não me parece, porém, que o Real deixe de ser uma equipa altamente concretizadora durante a temporada.
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