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Conhecimento e competências – Para quem não está familiarizado, o grande “guru” do treino táctico em Portugal chama-se Vitor Frade. Carvalhal não é só um ex-jogador de futebol, é também um académico e aluno de Vitor Frade com quem, diz-se, prolongava acesas discussões tácticas pelas escadarias da Faculdade. Não será o mais popular (esse é Mourinho), mas será, provavelmente, o disciplo original de um conceito de jogo e metodologia de treino que vai, aos poucos,conquistando o mundo. Isto não faz de Carvalhal um treinador de sucesso garantido – como se sabe – mas garante-lhe um perfil que tem tudo para que tal aconteça.
Enquadramento com o desafio – O Sporting, hoje mais do que nunca, é um osso terrivelmente duro de roer para qualquer treinador. Clube grande, com exigência de títulos e resultados contínuos, tem nesta altura uma concorrência, não só mais apetrechada, mas também muito competente. E nestas coisas, ser bom não basta, é preciso ser melhor. Carvalhal tem-se mostrado sensibilizado ao longo da sua carreira para a importância de saber jogar no mercado e saber fazê-lo de forma astuta, sem milhões. Esse é um predicado de que o Sporting precisa urgentemente e que não encontraria seguramente noutros nomes de técnicos mais conceituados (mas não necessariamente mais competentes) que facilmente exigiriam mundos impossíveis assim que se deparassem com as primeiras e previsíveis dificuldades e que, com alguma facilidade virariam a cara a uma causa que precisa de grande determinação. Esse é um erro cometido noutros clubes no passado e que foi, desta vez, evitado.
Menos
Não afirmação com um modelo dominador – Dizer que Carvalhal é um treinador de falhanços é apenas meia verdade. A sua final da Taça com o Leixões e a recente época com o Vitória de Setúbal são, a meu ver, feitos que, nas mesmas condições, alguém dificilmente repetirá. O seu grande falhanço, como aliás aqui referi, foi no Marítimo, onde teve tudo para fazer muito e fez muito pouco. Este problema torna-se especialmente relevante quando consideramos que com o Marítimo se exigia um modelo de jogo mais próximo daquele que terá de apresentar em Alvalade. Esta não afirmação num modelo de jogo mais dominador e forte em posse é, para mim, o grande senão da carreira de Carvalhal e, também, o principal motivo de desconfiança para os sportinguistas.Incapacidade sob pressão – Outro dos riscos da opção tem a ver com a sua incapacidade para dar a volta aos momentos negativos que, inevitavelmente, qualquer equipa tem. Em Belém, em Matosinhos e em Setúbal teve épocas positivas, em certos casos mesmo muito, mas quando a tendência mudou, Carvalhal nunca foi capaz da inverter. Sendo que o Sporting está nesta altura numa fase negativa e que é impossível voltar ao zero a meio da época, aqui pode também estar um risco para a opção.
Nota1: Para breve um confronto entre Jesus e Carvalhal. Alguém se lembra do 5-0 que Jesus aplicou ao agora novo treinador do Sporting?
Nota2: O Sporting há muito que não é eliminado de uma taça interna sem ser por penaltis. O último a consegui-lo foi... Carlos Carvalhal (aliás, com reconhecida queda para provas a eliminar)!