- Foi, acima de tudo, bom para o ego. Ganhar confortavelmente, resolvendo cedo, criou as condições para um clima desanuviado, longe dos dramas que vinham caracterizando quase todos os jogos em Alvalade. Isso e, claro, o entusiasmo que a própria equipa transmitiu de dentro para fora do campo, contagiando de forma constante as bancadas. Não é um aspecto que desvalorize, aliás, pelo contrário e como já escrevi diversas vezes, a confiança parece-me decisiva para o potenciar do crescimento das equipas. Do ponto de vista da análise, porém, este cenário não conduziu a um jogo muito útil. De todo o modo, e sintetizando, não dá para concluir que teremos um Sporting permanentemente entusiasmante, da mesma forma, de resto, que os primeiros resultados da época não tinham como base indícios para o pessimismo que foi gerado. O futebol é mesmo assim, orientado por emoções e resultados...
Ler tudo»
- Começo pelos aspectos defensivos, particularmente pelo comportamento em organização defensiva. No jogo com o Rio Ave tinha notado alguma indefinição nos comportamentos na primeira linha de pressão, nomeadamente na relação de simetria entre Schaars e Elias. Desta vez, não vislumbrei o mesmo dilema, mas continuam a ver-se problemas de controlo de espaços e equilíbrio posicional, dentro do bloco. Nota-se uma intenção de agressividade pressionante dos médios, mas ainda com pouco critério ao nível desse comportamento. A agressividade é essencial, mas é-o também que existam prioridades na cobertura de zonas e uma noção colectiva dos comportamentos. Nomeadamente, em algumas circunstâncias notou-se um desguarnecimento da zona à frente da defesa, que culminou, por exemplo, nas acções de finalização de Zé Pedro, na segunda parte. Aqui, parece-me existir também uma perda de agressividade da linha defensiva, mais propensa a proteger-se da profundidade e aparentemente menos disponível para encurtar espaços, jogando alto e sendo pressionante dentro do bloco. Esta, aliás, parece-me ser a grande diferença entre aquilo que vemos hoje e que aconteceu na pré época, onde o posicionamento e atitude da linha defensiva parecia ser mais agressivo e pressionante.
- Depois, em transição ataque-defesa, nota igualmente para a importância da definição das prioridades do equilíbrio posicional na primeira linha de reacção à perda. Já havia escrito sobre isto no último jogo e é um aspecto a continuar a acompanhar, no entanto, queria abordar um aspecto especifico, que são as acções de rotura de Rinaudo. É excelente que o pivot possa ter essa capacidade (desde que decida bem, claro), fundamentalmente porque gera incerteza em quem defende. O ponto aqui vai para a necessidade deste comportamento ter uma correspondência ao nível do tal equilíbrio na primeira linha de reacção. Divagando um pouco, uma ideia poderia passar por ter menos gente à frente da linha da bola, atraindo a marcação para fora e dando mais liberdade a quem decide. De todo o modo, o que quero salientar é a importância de se englobar todas as acções num contexto colectivo, e que quem toma a decisão o faça não só em função do que pode extrair ofensivamente, mas que considere também o risco defensivo.
- Ofensivamente, a equipa combina já bem duas intenções do seu jogo, circular à largura num segundo momento ofensivo, ligando corredores, e promover boas situações de apoio na dinâmica das alas. O grande problema estará, continuo a acreditar, na primeira fase de construção, o que, a confirmar-se, poderá implicar duas coisas: a primeira, é uma maior dependência de um inicio de construção longa, usando o avançado como referência (escrevo mais sobre isto, a baixo...). A segunda, é a necessidade da equipa fazer do seu pressing um elemento decisivo para conseguir impor-se em certos jogos, não tendo de começar sucessivamente na construção. Este jogo foi um bom exemplo disso, com várias bolas a serem recuperadas.
- Antes de duas notas individuais, queria dizer algo sobre o Setúbal. É uma equipa que se destaca pela qualidade técnica do seu meio campo. Na verdade, não estou certo de que isso seja uma virtude. Pelo menos, na redundância de características dos seus médios. Defensivamente, é óbvio que a equipa tem vários problemas, quer ao nível da agressividade dentro do bloco, quer no próprio comportamento da linha defensiva, que baixa facilmente (no segundo golo, por exemplo, Wolfswinkel poderia ter sido colocado em fora de jogo, sem grande dificuldade). Mas, muitos dos problemas da equipa vêm do seu comportamento com bola. Quer em organização, quer em transição se verificam demasiadas perdas, que conduzem a desequilíbrios junto da própria baliza - neste jogo não faltam exemplos. Não escrevi sobre a visita ao Dragão, mas houve situações onde a equipa tinha possibilidade de potenciar situações de igualdade numérica sobre a última linha portista, na saída em transição, mas em que optou por voltar para trás, facilitando, não só a reorganização defensiva do adversário, como a própria recuperação de bola nos instantes subsequentes. No fundo, de que serve ter qualidade e maturidade para sair de zonas de pressão, se depois se permite que o adversário as volte a regenerar sucessivamente? De novo, a minha convicção de que deve ser sempre a bola, o meio, e o espaço, o objectivo, e não o contrário...
- Individualmente, primeiro Van Wolswinkel. A sua fase de concretização é muito boa, sem dúvida. Pessoalmente mantenho a avaliação que fiz no inicio de temporada, neste, como em todos os aspectos. Ou seja, no que respeita à capacidade de finalização, a sua qualidade técnica é forte, e com os dois pés, não é isso que está em causa. O problema que antecipei tem a ver com a sua necessidade em fugir de situações de maior contacto, o que nem sempre será possível. De todo o modo, neste aspecto (eficácia na finalização) não há muito a discutir e o tempo falará por si, quer confirmando os indícios que deixou no Utrecht (na minha leitura), quer confirmando o bom momento que indiscutivelmente atravessa. Para mim, neste plano, não há lugar a sofismas, no médio-longo prazo são os números que ditam lei. O que me motiva mais falar sobre Wolfswinkel, porém, tem a ver com outros aspectos, extra finalização. E, aqui, penso que realmente se revela uma mais valia. Quer pela mobilidade que tem, quer pela capacidade de trabalho defensivo e, sobretudo, pela enorme mais valia que vem oferecer em relação a Postiga ao nível da presença como referência para as primeiras bolas. Frequentemente é um aspecto subvalorizado, mas que tem, a meu ver, grande relevância, para as equipas que utilizam, nem que pontualmente, a saída longa como solução. Já agora, em relação às soluções do plantel para a posição (Bojinov e Rubio), e pelo que conheço, parece-me que Wolfswinkel é quem tem maior capacidade de dar amplitude ao seu jogo, seja na mobilidade que oferece em zonas exteriores, seja na intensidade defensiva. Neste ponto, Bojinov será o caso mais limitado, por não ter grande intensidade nas acções defensivas e necessitar, a meu ver, de estar confinado a acções em zonas mais centrais. Isto, apesar da ser talvez o melhor executante, entre os três.
- Finalmente, falar do jogo de pés de Rui Patrício. O seu momento de menor confiança passará inevitavelmente com o tempo, e a experiência ajudará igualmente o guarda redes a lidar cada vez melhor com estas fases. A questão é que o jogo de pés é mesmo indispensável para que possa atingir outros patamares. Hoje e, estou convicto, cada vez mais no futuro, os guarda redes têm de ser capazes de ser também uma solução para o jogo de posse da equipa. O Barcelona será o caso mais evidente, mas também o Manchester United e muitas outras equipas de topo utilizam esse recurso como parte integrante e importante do seu jogo. Em Portugal, o Porto também o faz com grande intenção e qualidade, com Helton, e o próprio Benfica tem tentado evoluir a esse nível. É normal e desejável que também o Sporting o faça (parece-me que tem tentado trabalhar esse aspecto, e daí, talvez, a maior pressão sobre Patrício), mas, sobretudo para a carreira do próprio guarda redes, é decisivo que consiga evoluir a esse nível.
- Depois, em transição ataque-defesa, nota igualmente para a importância da definição das prioridades do equilíbrio posicional na primeira linha de reacção à perda. Já havia escrito sobre isto no último jogo e é um aspecto a continuar a acompanhar, no entanto, queria abordar um aspecto especifico, que são as acções de rotura de Rinaudo. É excelente que o pivot possa ter essa capacidade (desde que decida bem, claro), fundamentalmente porque gera incerteza em quem defende. O ponto aqui vai para a necessidade deste comportamento ter uma correspondência ao nível do tal equilíbrio na primeira linha de reacção. Divagando um pouco, uma ideia poderia passar por ter menos gente à frente da linha da bola, atraindo a marcação para fora e dando mais liberdade a quem decide. De todo o modo, o que quero salientar é a importância de se englobar todas as acções num contexto colectivo, e que quem toma a decisão o faça não só em função do que pode extrair ofensivamente, mas que considere também o risco defensivo.
- Ofensivamente, a equipa combina já bem duas intenções do seu jogo, circular à largura num segundo momento ofensivo, ligando corredores, e promover boas situações de apoio na dinâmica das alas. O grande problema estará, continuo a acreditar, na primeira fase de construção, o que, a confirmar-se, poderá implicar duas coisas: a primeira, é uma maior dependência de um inicio de construção longa, usando o avançado como referência (escrevo mais sobre isto, a baixo...). A segunda, é a necessidade da equipa fazer do seu pressing um elemento decisivo para conseguir impor-se em certos jogos, não tendo de começar sucessivamente na construção. Este jogo foi um bom exemplo disso, com várias bolas a serem recuperadas.
- Antes de duas notas individuais, queria dizer algo sobre o Setúbal. É uma equipa que se destaca pela qualidade técnica do seu meio campo. Na verdade, não estou certo de que isso seja uma virtude. Pelo menos, na redundância de características dos seus médios. Defensivamente, é óbvio que a equipa tem vários problemas, quer ao nível da agressividade dentro do bloco, quer no próprio comportamento da linha defensiva, que baixa facilmente (no segundo golo, por exemplo, Wolfswinkel poderia ter sido colocado em fora de jogo, sem grande dificuldade). Mas, muitos dos problemas da equipa vêm do seu comportamento com bola. Quer em organização, quer em transição se verificam demasiadas perdas, que conduzem a desequilíbrios junto da própria baliza - neste jogo não faltam exemplos. Não escrevi sobre a visita ao Dragão, mas houve situações onde a equipa tinha possibilidade de potenciar situações de igualdade numérica sobre a última linha portista, na saída em transição, mas em que optou por voltar para trás, facilitando, não só a reorganização defensiva do adversário, como a própria recuperação de bola nos instantes subsequentes. No fundo, de que serve ter qualidade e maturidade para sair de zonas de pressão, se depois se permite que o adversário as volte a regenerar sucessivamente? De novo, a minha convicção de que deve ser sempre a bola, o meio, e o espaço, o objectivo, e não o contrário...
- Individualmente, primeiro Van Wolswinkel. A sua fase de concretização é muito boa, sem dúvida. Pessoalmente mantenho a avaliação que fiz no inicio de temporada, neste, como em todos os aspectos. Ou seja, no que respeita à capacidade de finalização, a sua qualidade técnica é forte, e com os dois pés, não é isso que está em causa. O problema que antecipei tem a ver com a sua necessidade em fugir de situações de maior contacto, o que nem sempre será possível. De todo o modo, neste aspecto (eficácia na finalização) não há muito a discutir e o tempo falará por si, quer confirmando os indícios que deixou no Utrecht (na minha leitura), quer confirmando o bom momento que indiscutivelmente atravessa. Para mim, neste plano, não há lugar a sofismas, no médio-longo prazo são os números que ditam lei. O que me motiva mais falar sobre Wolfswinkel, porém, tem a ver com outros aspectos, extra finalização. E, aqui, penso que realmente se revela uma mais valia. Quer pela mobilidade que tem, quer pela capacidade de trabalho defensivo e, sobretudo, pela enorme mais valia que vem oferecer em relação a Postiga ao nível da presença como referência para as primeiras bolas. Frequentemente é um aspecto subvalorizado, mas que tem, a meu ver, grande relevância, para as equipas que utilizam, nem que pontualmente, a saída longa como solução. Já agora, em relação às soluções do plantel para a posição (Bojinov e Rubio), e pelo que conheço, parece-me que Wolfswinkel é quem tem maior capacidade de dar amplitude ao seu jogo, seja na mobilidade que oferece em zonas exteriores, seja na intensidade defensiva. Neste ponto, Bojinov será o caso mais limitado, por não ter grande intensidade nas acções defensivas e necessitar, a meu ver, de estar confinado a acções em zonas mais centrais. Isto, apesar da ser talvez o melhor executante, entre os três.
- Finalmente, falar do jogo de pés de Rui Patrício. O seu momento de menor confiança passará inevitavelmente com o tempo, e a experiência ajudará igualmente o guarda redes a lidar cada vez melhor com estas fases. A questão é que o jogo de pés é mesmo indispensável para que possa atingir outros patamares. Hoje e, estou convicto, cada vez mais no futuro, os guarda redes têm de ser capazes de ser também uma solução para o jogo de posse da equipa. O Barcelona será o caso mais evidente, mas também o Manchester United e muitas outras equipas de topo utilizam esse recurso como parte integrante e importante do seu jogo. Em Portugal, o Porto também o faz com grande intenção e qualidade, com Helton, e o próprio Benfica tem tentado evoluir a esse nível. É normal e desejável que também o Sporting o faça (parece-me que tem tentado trabalhar esse aspecto, e daí, talvez, a maior pressão sobre Patrício), mas, sobretudo para a carreira do próprio guarda redes, é decisivo que consiga evoluir a esse nível.
ler tudo >>