30.6.11

Reforços 2011/12: Nolito (Benfica) (Parte II - vídeo)

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Tal como com Bruno César, complemento a análise com o vídeo detalhado de uma exibição de Nolito. Alerto para o número de vezes em que o jogador recebe a bola nas mesmas circunstâncias, e com possibilidade de partir para o 1x1. Algo que, como muitos outros detalhes, ilustra bem a qualidade/intencionalidade por trás do jogo colectivo...

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29.6.11

Reforços 2011/12: Nolito (Benfica) (Parte I)

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Perfil evolutivo- O ponto mais importante a realçar vai para o facto de Nolito ser, de raiz, um avançado. Foi contratado há 3 anos pelo Barcelona, jogando como extremo. É, portanto, a outro nível, um caso semelhante a David Villa, na equipa principal. Este dado é importante para contextualizar o papel futuro de Nolito. De resto, claramente a sua possibilidade de afirmação em Camp Nou ficou esgotada com o passar do tempo, e o Benfica será a sua primeira oportunidade pós-Barça.

Perfil táctico/técnico - A dificuldade sobre a projecção que se pode fazer sobre Nolito, vem da especificidade do seu papel no Barcelona B. Nolito jogou sempre "amarrado" ao corredor esquerdo, tendo como principal objectivo poder potenciar as situações de 1x1 que o colectivo lhe proporcionava. O seu movimento característico, e repetido inúmeras vezes, passou por receber aberto e no pé, mas na sequência de uma circulação larga, rápida e lateral, que expusesse o defensor do seu lado. Depois, Nolito partia decididamente "para cima" do opositor, forçando o 1x1, sempre com o seu pé direito, e sempre na direcção do corredor central. Em situações de inferioridade numérica, a sua opção foi sempre pelo privilégio da manutenção da posse, completando o rigoroso cumprimento de um perfil especifico que lhe estava destinado.


Como características, Nolito tem no 1x1 e na qualidade do seu pé direito, sobretudo na recepção e condução, as mais valias. Depois, em termos de definição de outras acções, fica claro que não se sente confortável em cruzamentos mais largos e que tem grande dificuldade em recorrer ao seu pé esquerdo. O critério foi muito bem trabalhado e percebido, para as exigências da equipa, mas ficou por testar a sua aplicabilidade em zonas mais baixas ou centrais, como naturalmente encontrará no Benfica.

Futuro no Benfica - Pelo perfil revelado, o mais provável é que Nolito venha a lutar por um lugar entre os avançados, particularmente como alternativa a Saviola. É possível que venha a ser testado como ala, mas parece ter de haver um caminho mais longo a percorrer para que essa adaptação corra pelo melhor.

Ou seja, e pensando na hipótese de jogar como avançado, Nolito poderá não ter tarefa fácil. O seu critério parece estar bem trabalhado, mas a sua capacidade de movimentos sem bola numa zona mais ampla, bem como a sua capacidade de resposta em zonas centrais, está longe de ter sido testada no papel especifico que desempenhava em Barcelona. A sua possibilidade de sucesso dependerá da resposta que for capaz de dar nesses aspectos, mas também da própria concorrência. É que se Saviola estiver em bom plano, dificilmente Nolito poderá ter grandes possibilidades de assumir um papel principal, no futuro mais imediato...

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28.6.11

Reforços 2011/12: Bruno César (Benfica) (parte II - vídeo)

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Concluindo a análise a Bruno César iniciada ontem, deixo um vídeo sobre a sua exibição contra o Guarani, para o campeonato brasileiro 2010. Como é hábito, o vídeo pretende dar uma imagem real do jogador, mostrando todas as suas intervenções e não apenas os melhores momentos, como é característica deste tipo de vídeos...

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27.6.11

Reforços 2011/12: Bruno César (Benfica) (I)

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O investimento e a antecipação que caracterizaram esta aquisição, não deixam dúvidas: Bruno César é uma aposta forte do Benfica para os próximos anos. Deixo aqui alguns tópicos de opinião, após uma análise feita ao jogador:

Perfil evolutivo - A sua evolução até ao topo do futebol brasileiro foi muito rápida. De jogador de segundo plano, foi, na primeira metade de 2010, uma revelação do campeonato Paulista e, na segunda, a revelação do campeonato brasileiro. Este dado pode se considerado um risco, por haver pouco tempo de resposta do jogador em clubes de topo, mas entendo que aquilo que mostrou é suficiente para que se perceba o seu valor potencial.


Perfil táctico/técnico - Bruno César, no Corinthians, jogou muitas vezes a partir dos flancos (sobretudo do esquerdo), quer em 4-3-3, quer em 4-4-2. O seu comportamento táctico, porém, levava-o sempre para posições centrais, abrindo espaço para a entrada dos laterais nos corredores laterais (Roberto Carlos) e, ao mesmo tempo, promovendo zonas de densidade numérica na frente de área, onde o Corinthians gostava de centrar a sua posse no último terço.

Não é por acaso que marcou tantos golos no Corinthians, e seguramente manterá grande propensão goleadora, seja onde for. Isto, porque Bruno César tem uma enorme facilidade de remate e uma grande propensão para tentar esse recurso. Por outro lado, a sua movimentação no último terço é muito inteligente, procurando estrategicamente espaços para aproveitar segundas bolas ou passes atrasados. Muitos dos seus golos surgiram na sequência de cruzamentos, ainda que não em finalizações próximas da baliza.

Por outro lado, Bruno César contrasta um pé esquerdo de qualidade excepcional ao nível de todos os tipos de execução técnica (recepção, passe e remate), com alguma simplicidade criativa e ausência em fases mais precoces do jogo ofensivo. Em particular, não revelou grande propensão para assumir ou envolver-se na fase de construção. Nas zonas próximas da área, é muito objectivo, definindo normalmente linhas de passe simples ou forçando situações de finalização, mas não demonstrou especial apetência pelo 1x1 ou por iniciativas mais criativas. Isto, repito, apesar da sua notável capacidade de definição.

Defensivamente, não revelou grande intensidade/agressividade, mas também se revelou disciplinado tacticamente, não deixando de fazer os ajustamentos posicionais que a sua posição prevê. Não representará uma mais valia, mas também não deverá ser obstáculo de adaptação.

Futuro no Benfica - A primeira dúvida que me "assalta" tem a ver com o seu enquadramento no modelo: em que posição irá jogar? Para que posição foi pensada a sua aquisição? Da análise apresentada previamente, resulta que Bruno César pode ser candidato a ala, 10 ou avançado, mas também que não se encaixa imediatamente em nenhum desses papeis. Em particular, a sua pouca propensão para actuar em fase de construção, a confirmar-se, poderá ser um grande obstáculo à sua presença como 10, já que essa é uma parte importante da função desse jogador, num meio campo com apenas 2 elementos no corredor central.

Ou seja, Bruno César tem algumas características que o tornam num jogador de grande potencial, nomeadamente a facilidade com que se torna decisivo nos jogos. Faltará ao Benfica e a Jesus conseguir um enquadramento táctico adequado noutras vertentes do jogo. Um objectivo que pode não ser fácil, até pela qualidade da concorrência, e pressão de resposta imediata. A grande vantagem de Bruno César neste processo, poderá estar mesmo no facto de iniciar a época antes de outros elementos. Neste sentido, os primeiros jogos da época podem vir a ser fundamentais...

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24.6.11

Leitura e consequências da saída de Villas Boas

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1- Noutro contexto, a Europa olharia desconfiada para Villas Boas e não lhe abriria tamanha oportunidade "apenas" com uma Liga Europa. A "febre Villas Boas" teve como catalisador de reacção, a herança de Mourinho. Não apenas por ter saído da sua equipa técnica, mas sobretudo porque a experiência de Mourinho conseguiu resultados extraordinários e que ainda estão bem presentes na memória de todos. Ou seja, não fossem as sucessivas declarações de Villas Boas, despistando o interesse no "salto", e este seria um cenário há muito antecipado por todos, fosse o destino o Chelsea, ou qualquer outro "tubarão".

2- O Chelsea é, a meu ver, uma das equipas que melhores recursos individuais tem na actualidade. Melhores do que os rivais internos, por exemplo. Recursos que, com Villas Boas, têm tudo para reassumir favoritismo principal na Premier League e reentrar na corrida pelo topo europeu, estatuto que, por estes dias, apenas o Real Madrid parece ser capaz de discutir com o Barcelona. Para o interesse do futebol europeu de topo, parece-me uma boa notícia.

3- O primeiro grande interesse sobre Villas Boas, estará na sua opção pelo modelo de jogo. Levará com ele o 4-3-3 do Porto, procurando depois os jogadores ideais? Eu arrisco que não. Arrisco que a sua orientação passará por identificar as mais valias que tem (e poderá ter), e que será a partir delas que definirá o seu modelo. Delas, e do contexto "Premier" do jogo, claro. Essa é orientação metodológica que penso que seguirá na definição do modelo (e que, sem prejuízo deste raciocínio, poderá redundar algo que utilize a mesma estrutura, 4-3-3), mas não me atrevo a projectar qual possa ser a resposta final...


4- Se a orientação metodológica que descrevi no ponto anterior estiver correcta, não fará sentido encarar a postura de Villas Boas no mercado como demasiado centrada no alvo "A" ou "B". Ainda que seja essa a ideia que a comunicação social passou, assim que a sua mudança se tornou eminente. Duvido, neste sentido, que Villas Boas esteja ansioso por trocar Torres. Pelo contrário, acredito que gostasse de ter com ele Falcao, mas não para perder o espanhol.

5- Curiosas, as primeiras declarações de Villas Boas, de novo salientando a importância da "estrutura", do trabalho herdado, e da sua própria modéstia em termos de contributo para o sucesso. Algo que, sucessivamente, se ouviu dele enquanto treinador portista.

6- Discordo da opinião geralmente difundida de que a saída de Villas Boas seja boa para o interesse da Liga. Primeiro, porque acho difícil que se conclua um raciocínio que assenta na tese da perda de qualidade, com o adjectivo "interessante". Não faz sentido. É como achar que a II Liga é mais "interessante" do que a I Liga por ser mais equilibrada, ou que a qualidade não tem "interesse". É o culto da mediocridade.

7- O segundo motivo por que não concordo com o raciocínio de que a perda de Villas Boas deixa a Liga portuguesa mais "interessante", tem a ver a suposição de que o Porto ficará substancialmente mais fraco. Primeiro, não é preciso muita memória para perceber o quão errado pode ser subestimar a capacidade de regeneração dos portistas. Aliás, se há coisa que o tempo prova é que o sucesso continuado do Porto não tem a ver com a unicidade dos seus sucessivos protagonistas. Sem que isto desfaça, realmente, o carácter único de muitos deles. Depois, porque desta vez a alteração nem parece abrir grandes fendas do ponto de vista metodológico/filosófico. Vitor Pereira era o elemento mais próximo de Villas Boas e o seu discurso (mesmo anteriormente à convergência profissional) apontava para ideias muito parecidas. A única hipótese - e excluindo aqui eventuais saídas de jogadores - de haver uma rotura grande será do ponto de vista de liderança, mas esse nunca foi visto como um ponto que distinguisse o agora técnico do Chelsea.

Diria que enquanto os seus rivais continuarem a olhar demasiado para o Porto, seja pela tentativa de cópia, seja pela esperança do eternamente adiado ponto de inflexão negativo, o mais provável é que o pódio do futebol português, mais excepção, menos excepção, permaneça inalterado.

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21.6.11

O que conheço de Vitor Pereira

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A partir do momento em que se deu como provável a hipótese de saída de Villas Boas, e dada a situação de mercado, era o nome que mais fazia sentido, e a minha perspectiva apontava, precisamente, para a sua nomeação.

A minha curiosidade em relação ao desafio que Vitor Pereira tem agora pela frente, é especial. Foi o treinador que acompanhei mais de perto, e, imagino, poucas pessoas terão tido a oportunidade de seguir boa parte da sua carreira como eu tive. Refiro-me, em particular ao seu trajecto de quase duas temporadas no Sp.Espinho, onde, na altura, fazia o acompanhamento integral dos jogos da equipa, como comentador de rádio.

Começo por dizer que, desde essa altura, e mesmo aquando da sua entrada no clube, a sua competência era muito elogiada, avançado-se já a possibilidade de uma carreira de sucesso até ao mais alto nível.


Vitor Pereira chegou ao Espinho para herdar uma equipa acabada de descer da Liga de Honra, onde a generalidade do plantel se manteve. A primeira época foi jogada essencialmente em 4-3-3, mas também em 4-4-2, em situações especificas. O objectivo do 1º lugar esteve perto, mas acabou por fugir numa fase final em que outros clubes claramente investiram mais.

Mais interessante, foi a segunda temporada. Vitor Pereira promoveu uma revolução radical no plantel, mantendo apenas 2 jogadores do anterior elenco, numa decisão muito contestada e que revelou coragem pelo risco e responsabilidade que envolveu. O plantel foi composto com jogadores para uma ideia de jogo enquadrada com as suas características. O Espinho começou a jogar num sistema assimétrico, com um lateral muito ofensivo e outro muito posicional e próximo dos centrais. Mas a principal característica da equipa era a forma repentina como verticalizava o jogo, recorrendo a uma dupla de avançados que se complementava muito bem. Um jogador muito forte na primeira bola aérea e um outro explosivo na profundidade. Para além do seu modelo base, Vitor Pereira tinha uma estrutura alternativa, mais larga na linha média, com que jogava intencionalmente para provocar o factor surpresa com o decurso das partidas. O Espinho dominou o campeonato durante grande parte do tempo, parecia ter o primeiro lugar bem encaminhado já em plena segunda volta, mas inesperada e repentinamente o cenário inverteu-se e Vitor Pereira acabou por sair do clube, ainda com a época em curso, numa sequência de acontecimentos que, pessoalmente, nunca ficou muito clara.

A descrição acima pode indiciar um perfil radicalmente distinto de Villas Boas, porque o futuro treinador do Chelsea deixou uma imagem de ser um cego seguidor de uma filosofia de jogo apoiado e valorização de posse. Na verdade, não creio que assim seja. A filosofia de jogo que adoptou no Porto obedece a uma escolha feita em função das circunstâncias e recursos. Entendo que Villas Boas vale muito mais do que alguém que reduz o futebol à aplicação prática de um dogma e que tem, acima de tudo, uma fidelidade ao "seu modelo" e não a "um modelo". Essa versatilidade, de reconhecer a variabilidade do jogo em função de cenários e circunstancias é uma virtude que, a meu ver, ambos comungam.

Vitor Pereira, prevejo, manterá a linha de orientação do modelo de jogo, mas surgir-lhe-ão inevitavelmente novos desafios a que estou certo que responderá com coragem e confiança. Infelizmente, do ponto de vista da antecipação de perfil táctico, não posso ir muito além disto, porque o que dele conheci foi num cenário competitivo completamente diferente.

Do ponto de vista do desafio, parte com o enorme peso do paralelismo que, inevitavelmente, será feito com o ano anterior. Um "fardo" injusto, uma vez que em futebol não há cenários iguais ou repetiveis (e nem o próprio Villas Boas o teria), mas que faz parte do jogo.

Duas notas finais para algo muito salientado durante a apresentação: a "estrutura Porto". Parece-me incontornável a importância desse factor, que, no caso, garante a possibilidade de ser nomeado alguém com o perfil de Vitor Pereira, que seria impensável em qualquer dos outros "grandes". A outra nota tem a ver com a competência de Vitor Pereira em termos metodológicos. Algo que não é garantido por mim, mas mais uma vez pela qualidade da "estrutura". O sucesso, será outro assunto muito mais complexo, e que começaremos a analisar a seu tempo...

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16.6.11

Reforços 2011/12: Alberto Rodriguez (Sporting)

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Aqui ficam alguns pontos de opinião sobre a contratação de Rodriguez pelo Sporting.

1- Em primeiro lugar, e não é novidade para quem vem acompanhando as minhas opiniões sobre o Sporting, não entendo que fosse prioritário o reforço da zona central da defesa. Aliás, seria o último dos sectores a que eu destinaria investimento, no caso do Sporting. As melhorias que o sector necessita vêm sobretudo de aspectos colectivos e, para isso, o novo treinador terá de ter um papel relevante.

2- Rodriguez é um jogador realmente forte em muitos aspectos, onde destacaria a capacidade de antecipação e a boa capacidade de marcação dentro da área, em situações de cruzamento. Para além disso - e aqui está uma segurança para Domingos - é capaz de jogar numa linha defensiva mais alta, ainda que não me pareça um jogador especialmente forte na recuperação.

3- O ponto fraco de Rodriguez, parece-me, é no jogo em posse, onde não acrescentará valor em relação às soluções existentes, podendo até vir a sentir algumas dificuldades em termos de risco, porque o assume frequentemente sem o melhor critério.

4- Em suma, no capítulo técnico, parece-me um bom reforço, capaz de discutir o lugar com os outros jogadores, e levando até alguma vantagem porque não precisará de adaptação ao modelo do novo treinador. Diria que é um jogador com características semelhantes a Polga (ou mesmo a Carriço), talvez não tão forte em antecipação e em posse, mas com mais capacidade de resposta em situações de contacto com avançados e também com melhor capacidade para jogar com espaço nas costas.

5- Há dois dados importantes na contratação. Primeiro o facto de ter sido em final de contrato, supondo-se ter tido baixos custos para o Sporting. Depois, o "cadastro" de lesões de Rodriguez, que é de tal forma preenchido que será obrigatório que o clube tenha especial cuidado com a composição do plantel. Este último ponto, diga-se, parece-me muito relevante, pela incerteza que, desde logo gera na formulação do plantel.

6- Em relação aos dados apresentados, referir que foram obtidos em jogos de elevado grau de dificuldade, pelo que não podem ser directamente comparados, por exemplo, com dados que já apresentei de centrais de outros clubes. Mas, e tal como está feito, é útil comparar com jogadores do mesmo clube...

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15.6.11

Reforços 2011/12: Artur Moraes (Benfica)

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Começando por referir que é a primeira vez que apresento dados estatísticos como elemento de apoio à análise e avaliação de rendimento de guarda redes. Ainda não tenho uma base de dados muito extensa, e haverá seguramente evolução nos indicadores apresentados. Ainda assim, e tal como aconteceu para os jogadores de campo, posso prometer que este acréscimo representará um salto enorme na fiabilidade das análises, reduzindo os erros de percepção em que todos inevitavelmente incorremos.

Sobre Artur Moraes, importa, primeiro referir que os dados apresentados (que são esmagadores na comparação entre o reforço a anterior situação), devem ser relativizados, pelo pouco tempo de análise de Artur (que cometeu erros ao longo da época), e pela excepcionalmente má época dos guarda redes do Benfica.

Seja como for, a apreciação que faço desta aquisição é de que o Benfica terá potencialmente resolvido o seu problema de guarda redes. Não porque Artur Moraes seja um guarda redes de qualidades excepcionais, mas porque, de facto, transmitiu uma imagem de grande consistência e solidez, sendo muito pouco propenso ao erro.

Finalmente, deixo uma nota de reflexão sobre o conceito de "guarda redes que vale pontos". Muitas vezes ouve-se esta afirmação após uma defesa, ou mesmo exibição, decisiva. "Tirar" golos ao adversário é, de facto, um dos objectivos que diferenciam os melhores do mundo, mas o saldo - e este é o ponto que quero deixar - tem sempre de ser feito dos dois lados do balanço: do lado dos "proveitos", e do lado dos "custos". E, nesse aspecto, um guarda redes de poucos "custos" já é uma mais valia difícil de igualar...

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13.6.11

Nuno André Coelho e a volatilidade dos centrais

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Não é tema novo, mas promete ser novo ponto de interesse na próxima época. Pelo menos para mim. Aqui ficam alguns pontos de opinião, sobre Nuno André Coelho, a sua evolução e a afirmação de centrais, no geral, ao mais alto nível:

1- Começando pelo jogador, repito o que penso do seu potencial... Não encontro, entre os jogos que vejo nos mais variados campeonatos, muitos jogadores que combinem a sua capacidade física (em termos de jogo aéreo, agilidade e velocidade) com a qualidade técnica que tem. Não chega, é certo, Falta-lhe aposta continuada, e uma orientação mais clara em termos de definição de critério em posse e de referências posicionais. Coisa que, no Sporting, não teve.

2- A leitura que faço da sua prestação no Sporting é manifestamente diferente da generalidade das pessoas. Errou em demasia (sobretudo em posse), é certo, mas também denotou uma capacidade de domínio da sua zona defensiva excepcional e que, por exemplo, Torsiglieri ou Carriço não têm, nem me parece que possam vir a ter. Acabou, a meu ver, por ser uma vitima fácil, atribuindo-se-lhe responsabilidades em erros que tinham origem colectiva e fazendo dele uma justificação individual de problemas que eram essencialmente colectivos. A aposta clara num jogador no inicio de época, para, depois, passar a quarta opção denota, acima de tudo, grande falta critério na avaliação dos jogadores.

3- De novo numa opinião especulativa e pessoal, o grande "azar" de Nuno André Coelho foi ter sido envolvido na transferência de João Moutinho, porque, se com Jesualdo Ferreira era normal a aposta numa dupla que dava garantias e vinha de trás (Rolando-Bruno Alves), com a saída de Bruno Alves para o Zenit, abria-se uma oportunidade de ouro para um jogador como Nuno André Coelho. Uma oportunidade que, a meu ver, teria muito mais condições para aproveitar do que Maicon, por exemplo. Qual seria hoje a sua cotação se tivesse ficado no Porto?

4- O potencial pode lá estar, mas se nunca tiver o enquadramento e, já agora, o reconhecimento certos, de nada servirá. Nuno Coelho tem agora, possivelmente, a derradeira oportunidade para se afirmar a tempo de aspirar a uma carreira ao mais alto nível. E uma boa oportunidade! A sua qualidade não se compara a qualquer das outras soluções no plantel do Braga, sendo uma aposta incontornável para Leonardo Jardim. Depois, se não tenho opinião muito formada sobre o trabalho do novo treinador do Braga em muitos aspectos, também já deu para perceber o bom funcionamento da sua linha defensiva, sobretudo na preocupação que os centrais fazem da preservação dos espaços entre si. Esta mudança pode, por isso, ser o ponto de inflexão na carreira do jogador, e, já agora, mais uma notável notícia para os cofres do Braga. Para o Sporting, é que me parece não ter sido tão bom. Mas também se pode dar o caso de ser eu a estar enganado. Veremos...

5- Esta questão da afirmação dos centrais, merece, de facto reflexão. Se olharmos para dois centrais incontornáveis na Selecção, Ricardo Carvalho ou Bruno Alves, por exemplo, vemos que todos tiveram trajectos de afirmação semelhantes ao de Nuno André Coelho, precisando de um enquadramento colectivo e de uma aposta continuada para "explodir". Pepe, noutro caso, chegou a Portugal como um jogador irrelevante, e fez uma ascensão meteórica até à afirmação inequívoca num dos clubes mais difíceis do mundo para um central. Piqué, do Barcelona, foi vendido quase com desprezo pelo Manchester United, para de imediato se afirmar como um dos melhores (para mim, o melhor) centrais do mundo. Se fizermos um paralelismo com avançados e médios ofensivos, vemos que este tipo de volatilidade não existe com frequência e que o talento é muito mais facilmente reconhecido, e de forma independente do enquadramento colectivo. Dá que pensar, até porque é nesta volatilidade que se encontra a oportunidade dos audazes...

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8.6.11

Reforços 2011/12: Nuri Sahin (Real Madrid)

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No inicio da temporada fiz algumas observações no campeonato alemão, sobre as quais, e por não as ter terminado, nada publiquei. Aproveito, no entanto, alguns dados desse trabalho para dar a minha opinião sobre a recente aquisição do Real Madrid, Nuri Sahin.

De facto, não teria dúvidas em elege-lo como o melhor jogador do campeão, Borussia Dortmund, tratando-se de um dos médios que mais garantias dão para o futebol mundial, na próxima década. A sua contratação entende-se facilmente, se juntarmos três vectores: a sua qualidade, a sua juventude e a seu enquadramento táctico.

Em termos de características, trata-se de um médio canhoto, com boa capacidade de trabalho e notável qualidade técnica. Em particular, destaca-se a sua capacidade para verticalizar o jogo, sendo um jogador muitas vezes determinante por essa aptidão. O critério é, um pouco à imagem do futebol alemão, muito sólido e emocionalmente estável, no momento da decisão. Ainda assim, é provável que o critério seja, a par de alguns aspectos de ordem táctica, o principal desafio na adaptação de Sahin ao futebol do Real.

Parece-me importante notar o seu enquadramento táctico, sendo que Sahin vinha jogando numa estrutura de "duplo pivot", idêntica àquela que provavelmente encontrará em Madrid. Este dado retira grande dose de risco à aquisição e é muito provável, na minha leitura, que Sahin ganhe rapidamente o estatuto de titular, ao lado de Xabi Alonso.

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7.6.11

Portugal - Noruega: redes de passes

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6.6.11

Análise Portugal Noruega: Estatística e opinião

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1- Há que o reconhecer de forma clara: não foi o bom jogo da Selecção. Portugal foi dominador, chegando até a patamares raramente elevados, em termos de volume e certeza em posse. Para além disso, foi também uma equipa que conseguiu asfixiar o adversário, através de uma forte presença na reacção à perda (Meireles, em enorme destaque neste plano!). Porque é que, então, não fez um "bom jogo"? Convém, antes de mais, ressalvar que a classificação de "bom" ou "mau" vem sobretudo das expectativas e, neste caso, da constatação de que, face ao volume e domínio de jogo que a equipa conseguiu, seria desejável que conseguisse, também, um muito maior desnível no que respeita à proximidade real com o golo. Mas, não foi isso que aconteceu. Para explicar os detalhes da análise que faço, seria ideal recorrer a imagens. Por uma questão de gestão de tempo, porém, os próximos pontos vão ser tudo o que vou deixar sobre o assunto.

2- Com Paulo Bento, e em termos de qualidade táctica, Portugal ganhou sobretudo capacidade pressionante. Ou seja, é uma equipa mais autoritária, pela capacidade que tem na reacção à perda, e mais preparada para potenciar o erro adversário, pelo que faz perante a construção contrária. Isto chega para fazer de Portugal, hoje, uma Selecção muito mais forte do que era no passado. Mas, há vários aspectos a melhorar noutros patamares de organização.

3- Começando por aquilo que fez em ataque posicional, já que, neste caso, foi praticamente impossível atacar de outra forma. A meu ver, o grande problema da Selecção esteve na dinâmica colectiva nas zonas próximas da área. Pedir-se-ia maior capacidade de envolvência nas zonas laterais, mas frequentemente houve poucos apoios formados nessas zonas. Isto acontece, porque não há uma orientação clara em termos de dinâmica de relacionamento entre extremos, laterais, mas, sobretudo, médios, nos corredores laterais. As situações de cruzamento foram, sem grande surpresa, aquelas que mais problemas causaram, e que, de resto, valeram o golo decisivo, mas apenas quando Ronaldo fazia movimentos (que lhe são característicos) de integração na zona de finalização, Portugal pareceu, realmente, conseguir criar problemas de controlo à defensiva norueguesa. O que Portugal conseguiu foi, sobretudo, potenciar finalizações de fora da área e situações de bola parada, o que parece francamente pouco.

4- Para além do capítulo ofensivo, é importante também notar que, para o volume de jogo que teve, Portugal se expôs em demasia. Isto é, garantindo uma presença forte na reacção à perda, seria de evitar as duas situações claras que se permitiram à selecção norueguesa. Isto aconteceu, primeiro, porque não houve a concentração ideal em certos momentos e, depois, porque se notaram igualmente algumas dificuldades no ajuste posicional. O primeiro lance de golo norueguês, nasce de uma acção de ataque rápido após um pontapé de canto favorável a Portugal. Os jogadores foram rápidos a recuperar, mas devia ter havido outra prudência, dado que Meireles estava fora e, ainda assim, foram colocados os mesmos cinco jogadores em situação de finalização, limitando a presença posicional fora da área. O segundo lance, vem de uma situação que os noruegueses exploraram várias vezes e à qual Portugal respondeu quase sempre mal. Ou seja, uma variação de flanco em zona baixa, que não só libertava a possibilidade de cruzamento largo para a área, como desorganizava o bloco português, que denotava, aí, dificuldades em fazer, rápida e eficazmente, os ajustes posicionais que se exigiam...

5- Duas notas no capítulo individual. A primeira para o papel do avançado. Discute-se sempre muito antes dos jogos da Selecção sobre o perfil do jogador escolhido para este papel. A discussão, em teoria, faz sentido, mas eu continuo a ter dificuldades em observar, na prática, os motivos para tanto debate. Neste caso, a utilidade de Postiga fez-se sobretudo pela resposta ao cruzamento que deu o golo, e pela presença em algumas situações de transição (sobretudo na parte final do jogo). De resto, a sua presença em apoio foi escassa e, objectivamente, sem grande capacidade de consequência. A outra nota é sobre o papel de Carlos Martins/Ruben Micael. Foi curto o tempo, mas em várias jogadas deu a ideia do médio do Porto estar muito mais preparado para jogar neste sistema, nomeadamente em termos de posicionamento defensivo. Não é surpresa, já que Micael treina e joga num modelo que usa a mesma estrutura. Para mim, seria um dado decisivo na escolha entre os dois...
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3.6.11

Antevisão (pouco especifica) do Portugal - Noruega

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1- Quero começar por fazer eco das palavras de Egil Olsen, na sua antevisão ao jogo:

"Portugal é a melhor selecção do mundo"

Não tenho dúvidas que será uma expressão de circunstância, uma tentativa de exacerbar publicamente o desafio dos seus jogadores, como forma de potenciar a sua motivação. Uma frase que, provavelmente, teria sido repetida se o obstáculo fosse o Brasil, a Argentina, Alemanha ou a Espanha.

Ainda assim, é bom que alguém o diga, já que cá dentro temos tanto receio de assumir as nossas responsabilidades. Portugal não é a "melhor selecção do mundo", mas integra, seguramente, um leque restrito de equipas nacionais com as melhores unidades individuais para potenciar o rendimento colectivo. Isso é o presente, uma realidade actual, que não vejo forma de poder ser atenuada por aspectos históricos. Os 4-0 à Espanha foram claros do potencial que existe e do salto gigantesco que representou a chegada de Paulo Bento, em termos de aproveitamento colectivo. Olsen viu-o, porque, vendo de fora, é demasiado claro. Em Portugal, porém, ainda há demasiada gente a não querer ver. Seja por preconceito, por negação, ou falta de visão. A verdade é que para que se aproveite este potencial que, podemos estar certos, não durará para sempre num país de 10 milhões de habitantes, é preciso, primeiro de uma vez por todas, que se assuma a responsabilidade daquilo a que nos devemos propor. Hoje, talvez, mais do que nunca!

2- Na verdade, não tenho grandes especificidades para acrescentar à antevisão do jogo. Porque não conheço pormenorizadamente a equipa norueguesa (para além do recente embate com Portugal), e porque não tive tempo de a estudar. Ainda assim, não é difícil antecipar o que teremos pela frente: segurança em posse (com prejuizo do arrojo e qualidade), equilíbrio táctico rígido e omnipresente em todos os momentos, e, por fim, crença em Carew. Não apenas para criar algo a partir do nada, mas também para ajudar a equipa a subir e "respirar" ao longo do jogo.

Portugal terá de ser profissional na atenção aos pormenores, mas terá sobretudo de ser humilde ao ponto de não desrespeitar o jogo. Intensidade é a palavra chave. Intensidade, pela concentração e velocidade de raciocínio que será preciso ter, e, intensidade, pela dificuldade que tantas vezes existe em conseguir tê-la em jogos que, como este, à partida são encarados como desnivelados. Se Portugal tiver intensidade, se conseguir, não só jogar, mas não deixar jogar e provocar o erro, como fez contra a Dinamarca, por exemplo, então as suas hipóteses de estar fora do Euro 2012 serão, no final do jogo, muito pequenas. É nessa hipótese que quero acreditar...

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