10.6.10

Diário de 'Soccer City' (#2)

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Expectativas. A sensação de êxtase ou frustração que os adeptos sentem no final das competições são consequência dos resultados. Óbvio. No entanto, este é também um jogo a dois, e o sentimento final só fica definido pela natureza do outro elemento, a expectativa inicial, e do que resulta do choque entre esta e o desfecho final. Tudo isto se joga neste momento um pouco por todas as nações presentes na África do Sul, mas em nenhuma o fenómeno “expectativa” parece ter tanto interesse como em Espanha.

Enquanto estava a ver a ‘Seleccion’ a passar a ferro a Polónia e a aniquilar a úlitma réstia de dúvida sobre a sua superioridade qualitativa às portas do Mundial, questionava-me também sobre a utilidade do que se gera por trás de tanto e tão bom futebol. Não do optimismo, e muito menos da importantíssima confiança. Refiro-me antes a alguma sobranceria que inevitavelmente cairá em cima disso tudo. E digo “inevitavelmente”, porque é sempre assim. Porque o exagero toma sempre o seu lugar nesta equação. Um exagero que começa nos adeptos mas que quase sempre se transmite também para os jogadores, ainda que nuns casos mais e noutros menos.

Um bom exemplo, talvez mesmo o melhor de todos, seja o do Brasil em 1982. A reputação de um futebol divino não se construiu na própria competição. Aliás, nem haveria tempo para tal. O que aconteceu foi que em Maio de 1981 o Brasil fez uma digressão europeia e no espaço de 1 semana venceu Inglaterra, França e Alemanha, sempre em território alheio. Em Espanha, o mundo apenas confirmou a ideia que já tinha e rejubilou com uma equipa que acabou vitima de um misto de má fortuna e desleixo. Ser-se o “melhor” é naturalmente um bom sinal, mas ceder ao conforto desse estatuto pode também ser o mais perigoso dos pecados.

Uma coisa é certa, porém: o que se joga no Mundial é um título de “Campeão”, porque para distinguir o “Melhor” nem era preciso jogar.
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