15.6.10

Diário de 'Soccer City' (#7)

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Não foram precisos muitos minutos para perceber o que seria do jogo. A Costa do Marfim, grande esperança africana no Mundial daquele Continente, resolveu jogar “à europeia”. E fez bem. A partir do momento em que a estratégia “gélida” dos marfinenses entrou em campo, seria sempre o primeiro golo o ditador do jogo. Pode dizer-se que Eriksson fez emergir o pior do jogo da Selecção, o maior dos seus receios. Portugal, perante este cenário, não foi nem melhor nem pior do que as expectativas que já se poderiam ter. Uma pena. Duas coisas me parecem mais claras, depois dos 90 minutos: (1) Está tudo em aberto ; (2) Prevê-se um grupo muito difícil para todos.

Baixar a primeira a linha e subir a última, para assim criar uma zona de grande densidade, onde Portugal tivesse pouco espaço para jogar. Duas coisas seriam preciso para que Portugal contornasse o obstáculo. Ou pelo menos uma delas. Uma, seria ser capaz de ter uma posse dinâmica e segura, que evitasse as perigosíssimas perdas em construção e que fosse capaz de, lentamente, ir esburacando o “muro” marfinense. Mas esse era o principal problema da Selecção: jogar contra equipas fechadas, que dessem pouco espaço para a explosão. Sempre foi, e não foi – para novo desapontamento – neste jogo que ele deu sinais de desaparecer.

A segunda possibilidade passava por explorar o outro lado do jogo, aquele que começou a ter lugar com mais frequência após a metade da primeira parte. Porque os marfinenses também jogaram, também eles assumiram boa parte do jogo. Restava a Portugal ser capaz de fazer a Costa do Marfim de provar do seu próprio veneno. Ser capaz de pressionar, provocar perdas nos primeiros passes da construção e sair depois em transição. No fundo, ser capaz de jogar com o espaço quando ele existiu. Mas também não foi capaz de o fazer, e é por isso que o nulo, bem vistas as coisas não foi assim tão mau. Portugal não fez por merecer mais e não fica propriamente em pior condição do que quando entrou para o jogo.

Convém situar as coisas. Portugal não fez um grande jogo, e mesmo tendo-se deparado com o seu grande problema colectivo, creio que há exibições individuais às quais se exige mais. Mais qualidade e mais simplicidade, sobretudo. No entanto, a Costa do Marfim que tivemos pela frente será tão forte quanto a maioria dos adversários que poderemos encontrar. O problema de muitas Selecções, especialmente fora da Europa, é não terem um nível de organização que lhes possibilite potenciar melhor as suas hipóteses em cada jogo. Porque o nível técnico, esse, está ao nível dos melhores. E esse vinha sendo o problema, por exemplo, da Costa do Marfim. O facto é que dentro desta proposta de jogo, qualquer Selecção encontraria e encontrará grandes problemas. Isto faz, na minha opinião da Costa do Marfim um candidato para levar a sério, assim consiga chegar aos oitavos.

Enfim, um boa notícia, para já, é que o segundo jogo de Portugal se joga uma noite depois do Brasil-Costa do Marfim. Dará para perceber a importância real do jogo com a Coreia. Por exemplo, se tivermos um empate na noite de Joanesburgo, Portugal saberá que precisará de vencer os Coreanos por 2 golos para entrar em vantagem no último jogo. Para já, o que parece claro é que teremos um apuramento disputado até à última e que, depois da magra vitória canarinha frente aos coreanos, ninguém sai a rir da primeira jornada deste verdadeiro “grupo da morte”.

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