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13.6.11

Nuno André Coelho e a volatilidade dos centrais

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Não é tema novo, mas promete ser novo ponto de interesse na próxima época. Pelo menos para mim. Aqui ficam alguns pontos de opinião, sobre Nuno André Coelho, a sua evolução e a afirmação de centrais, no geral, ao mais alto nível:

1- Começando pelo jogador, repito o que penso do seu potencial... Não encontro, entre os jogos que vejo nos mais variados campeonatos, muitos jogadores que combinem a sua capacidade física (em termos de jogo aéreo, agilidade e velocidade) com a qualidade técnica que tem. Não chega, é certo, Falta-lhe aposta continuada, e uma orientação mais clara em termos de definição de critério em posse e de referências posicionais. Coisa que, no Sporting, não teve.

2- A leitura que faço da sua prestação no Sporting é manifestamente diferente da generalidade das pessoas. Errou em demasia (sobretudo em posse), é certo, mas também denotou uma capacidade de domínio da sua zona defensiva excepcional e que, por exemplo, Torsiglieri ou Carriço não têm, nem me parece que possam vir a ter. Acabou, a meu ver, por ser uma vitima fácil, atribuindo-se-lhe responsabilidades em erros que tinham origem colectiva e fazendo dele uma justificação individual de problemas que eram essencialmente colectivos. A aposta clara num jogador no inicio de época, para, depois, passar a quarta opção denota, acima de tudo, grande falta critério na avaliação dos jogadores.

3- De novo numa opinião especulativa e pessoal, o grande "azar" de Nuno André Coelho foi ter sido envolvido na transferência de João Moutinho, porque, se com Jesualdo Ferreira era normal a aposta numa dupla que dava garantias e vinha de trás (Rolando-Bruno Alves), com a saída de Bruno Alves para o Zenit, abria-se uma oportunidade de ouro para um jogador como Nuno André Coelho. Uma oportunidade que, a meu ver, teria muito mais condições para aproveitar do que Maicon, por exemplo. Qual seria hoje a sua cotação se tivesse ficado no Porto?

4- O potencial pode lá estar, mas se nunca tiver o enquadramento e, já agora, o reconhecimento certos, de nada servirá. Nuno Coelho tem agora, possivelmente, a derradeira oportunidade para se afirmar a tempo de aspirar a uma carreira ao mais alto nível. E uma boa oportunidade! A sua qualidade não se compara a qualquer das outras soluções no plantel do Braga, sendo uma aposta incontornável para Leonardo Jardim. Depois, se não tenho opinião muito formada sobre o trabalho do novo treinador do Braga em muitos aspectos, também já deu para perceber o bom funcionamento da sua linha defensiva, sobretudo na preocupação que os centrais fazem da preservação dos espaços entre si. Esta mudança pode, por isso, ser o ponto de inflexão na carreira do jogador, e, já agora, mais uma notável notícia para os cofres do Braga. Para o Sporting, é que me parece não ter sido tão bom. Mas também se pode dar o caso de ser eu a estar enganado. Veremos...

5- Esta questão da afirmação dos centrais, merece, de facto reflexão. Se olharmos para dois centrais incontornáveis na Selecção, Ricardo Carvalho ou Bruno Alves, por exemplo, vemos que todos tiveram trajectos de afirmação semelhantes ao de Nuno André Coelho, precisando de um enquadramento colectivo e de uma aposta continuada para "explodir". Pepe, noutro caso, chegou a Portugal como um jogador irrelevante, e fez uma ascensão meteórica até à afirmação inequívoca num dos clubes mais difíceis do mundo para um central. Piqué, do Barcelona, foi vendido quase com desprezo pelo Manchester United, para de imediato se afirmar como um dos melhores (para mim, o melhor) centrais do mundo. Se fizermos um paralelismo com avançados e médios ofensivos, vemos que este tipo de volatilidade não existe com frequência e que o talento é muito mais facilmente reconhecido, e de forma independente do enquadramento colectivo. Dá que pensar, até porque é nesta volatilidade que se encontra a oportunidade dos audazes...

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14.4.11

(in)Segurança em posse: os destaques da Liga

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O tema não é novo para quem acompanha as análises que venho fazendo aos jogos dos 3 “grandes”, desde o inicio do campeonato: a segurança em posse, ou, talvez mais correctamente, a frequência com que jogadores e equipas cometem erros em posse, que abrem uma oportunidade de desequilíbrio ao adversário. Para que a leitura seja clara, a métrica que usei contempla o número de passes que, em média, cada jogador precisa de fazer para que uma perda comprometedora aconteça. Os dados, dizem respeito a todos os minutos do campeonato até ao momento.
 

Javi, o corredor central e Benfica, os líderes da insegurança
Para quem tanto procurou os motivos das oscilações do Benfica, aqui tem a resposta. Os dados e a preponderância encarnada neles revelada é clara. O problema da transição defensiva não está, nem nunca esteve, na recuperação dos médios ou na incapacidade de controlo dos defensores. Está, e sempre esteve, sim, nos erros que a sua zona de construção repetiu.


O primeiro ponto a perceber nestes dados é que a “mancha” vermelha é de tal forma abrangente que será pouco perspicaz colocar o foco numa incapacidade individual. Ou seja, mesmo se Javi e Airton podem não ser as soluções mais fortes para o momento de construção, a verdade é que parece haver, sobretudo, uma escassez de preocupação e enfoque no critério que a equipa e os jogadores devem dar às suas decisões. Daí, o problema estender-se a um número muito elevado de jogadores.
 

Depois, há claramente uma zona critica para este tipo de erros: o corredor central. A zona do “pivot” é, sem dúvida, a mais afectada pelo risco, dado o elevado envolvimento no jogo e o seu posicionamento, habitualmente bem dentro da zona de pressão do adversário. Mas também a zona mais criativa e os centrais podem ter uma exposição relevante a este tipo de risco, dependendo da envolvência destes jogadores na construção da equipa.

Segurança: os bons exemplos Se análise teve, até aqui, um enfoque no erro e naqueles que mais nele incidem, há também margem para olhar para o outro lado, e para aqueles que se destacam pela positiva neste aspecto. Eis alguns exemplos:


Luisão – Impressionante como, actuando numa equipa com tantas dificuldades a este nível, Luisão consegue fazer uma época fantástica. (1 perda p/280 passes)
Rolando – Maicon e Otamendi não são propriamente exemplos de segurança e se há aspecto onde Rolando justifica a titularidade, é precisamente na sua qualidade e segurança em construção. (1 perda p/170 passes)
Sapunaru – Outro jogador que se destaca pela fiabilidade a este nível. Pode não ser um primor técnico nem uma mais valia na dinâmica que oferece ao corredor, mas ninguém pode acusar Sapunaru de comprometer a segurança da equipa, com bola. (1 perda p/550 passes)
Pedro Mendes – Tem pouco de utilização, a sua fiabilidade vê-se bem para quem joga na posição que normalmente mais problemas sente a este nível. Aliás, é bom que se note que o Sporting tem um excelente registo na segurança dos seus médios defensivos, quando comparando com os rivais. (1 perda p/340 passes)
Carlos Martins – É a excepção do corredor central do Benfica. Se Javi Garcia, Airton e Aimar estão no “top 5” dos mais inseguros, Carlos Martins – o outro elemento habitualmente usado no corredor central encarnado – está a milhas desse nível de rendimento. Aliás, os números indicam quase o dobro da segurança em relação aos registos de Aimar. (1 perda p/107 passes)
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31.1.11

Sporting: (des)organização colectiva e potencial individual

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Não vou fazer análises mais detalhadas aos jogos do fim de semana, mas não quero deixar de utilizar o lance que dá origem ao segundo penalti na Amoreira. Na semana anterior, falava da importância do espaço entre linhas e de como algumas equipas – no caso, o Porto – se preparam ofensivamente para conseguir libertar um jogador em posse nessa zona. Pois bem, neste caso é possível ver como facilmente o Sporting fica exposto precisamente no mesmo espaço. A questão, no caso do Sporting, não tem a ver com uma má protecção específica a esse espaço, mas com os problemas da equipa em todo o momento de organização defensiva. E este é um lance paradigmático disso mesmo.

1 passe chegou
Não é preciso ser uma equipa “grande”, ou, sequer, ter uma ambição enorme. Qualquer equipa que pretenda ter qualidade colectiva tem de se questionar como é que, a partir de uma falta no meio campo adversário – o que supostamente permite uma reorganização posicional – a equipa se expõe desta forma após apenas 1 passe. Não faz sentido, por exemplo, que, perante isto, que se coloque um ênfase tão carregado nas prestações individuais dos jogadores. Sobretudo no capítulo defensivo, que é aquele que mais depende da organização colectiva.

A lacuna não tem apenas a ver com a protecção do espaço entre linhas, mas vê-se também na forma como a equipa não consegue, através da pressão colectiva, tirar partido de um drible, largo, do lateral em direcção à zona central, que é sempre uma oportunidade “de ouro” para provocar uma situação de transição, em equipas com uma pressão colectiva forte.

Como se não bastasse todo o comportamento até ao último passe, ainda vemos que há uma descoordenação na última linha, que acaba por viabilizar o isolamento do avançado.

Defesas centrais e a qualidade individual vs. Organização colectiva
Podemos começar com alguns números: entre os 3 “grandes”, e para o campeonato, os centrais do Sporting são aqueles que mais intercepções fazem por jogo. Que significa isto? Bom, não há uma conclusão linear a tirar, mas, tendo em conta que a defesa do Sporting não se distingue dos seus rivais pela eficácia defensiva, deverá querer indicar uma maior exposição dos jogadores que jogam nessa zona. E é isso que realmente observamos.

Qualquer organização defensiva depende muito da coordenação defensiva dos seus centrais e, para isso, é de evitar que tenham de sair da sua zona para fazer contenção num espaço mais adiantado. Algo que deve ser conseguido pela equipa, mas que no caso do Sporting falha com demasiada recorrência. É fácil, durante um jogo, vermos situações em que os centrais são obrigados a sair para fazer contenção, acabando por desfazer o posicionamento ideal e comprometendo a segurança da própria equipa.

E é a partir desta constatação que volto a realçar a importância de não se fazerem juízos demasiado pesados sobre competências individuais em jogadores que não actuam em equipas bem organizadas. Sobretudo ao nível do potencial.

Na minha perspectiva, o potencial dos jogadores defensivos deve incidir pouco numa apreciação da sua capacidade posicional. Porquê? Porque esse é um tipo de competência que – ao contrário do capítulo técnico, por exemplo – pode ser rapidamente desenvolvido e melhorado. Basta, para isso, que haja competência de quem treina e vontade de quem queira aprender. Não é certo que aconteça, mas estamos todos cansados de conhecer casos de jogadores que, de repente, melhoraram imenso quando se cruzaram com certos treinadores.

Casos como Nuno André Coelho e Torsiglieri são, a meu ver, exemplos disso mesmo. É fácil reconhecer-lhes potencial em variados aspectos, mas falta-lhes um melhor enquadramento colectivo para perceber exactamente até que ponto podem ir. O que é errado, é colocar sobre estes – ou outros – jogadores uma responsabilidade individual de um problema que é colectivo.
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1.10.10

A (minha) justiça a Nuno André Coelho

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Não é a primeira vez que me refiro a ele, mas porque vejo, de várias partes, uma onde de culpabilização em torno de Nuno André Coelho, julgo justificar-se vincar a minha posição e, já agora, alertar para a realidade da sua exibição frente ao Nacional.

Vinha “chamuscado” do derby e logo se aproveitou um lance em que acho muito difícil ser responsabilizado (parece-me partir de uma posição demasiado atrasada para ter tempo de recuperar) para o “queimar” definitivamente. O que pouca gente terá visto no jogo frente ao Nacional foi a excepcionalidade da exibição de Nuno André Coelho.


O Nacional chegou a Alvalade com a intenção de explorar o futebol directo, recorrendo a Orlando Sá, primeiro, e a Anselmo, depois. Ora, dá para dizer que Nuno André Coelho, sozinho, chegou para “secar” esta estratégia dos insulares. É preciso uma análise minuciosa para encontrar um lance perdido pelo central nos 90 minutos, e é preciso percorrer muitos jogos para encontrar um jogador que, como Coelho frente ao Nacional, tenha conseguido 37 intercepções e 57 passes completados. Posso dizer, aliás, que neste campeonato, e entre os centrais dos 3 grandes, não houve ninguém que tivesse conseguido tal grau de influencia. Carriço, por exemplo, neste jogo ganhou cerca de metade das bolas do seu companheiro de sector.

Para colocar os "pontos nos ís", Nuno André Coelho é um central que precisa de crescer em alguns aspectos. Ainda erra muitas vezes quando não tem necessidade e precisa de aperfeiçoar alguns detalhes posicionais – algo que só fará com outra qualidade de organização defensiva. Neste jogo específico, aliás, houve lances que poderia ter resolvido melhor, ainda que tenham sido ilhas num oceano muito mais vasto de acções positivas.

Mas NAC é também um central de potencial excepcional, com uma combinação de características, físicas, técnicas e mentais raras. É, para mim, o central português com maior margem de evolução. Neste momento, funciona como uma espécie de “bombeiro” de uma defesa que quer fazer coisas que não sabe, quer pela sua capacidade aérea, quer pela sua capacidade de recuperação. O Sporting – e isto também já o disse e não é isso que está em causa – tem 4 centrais de qualidade muito elevada, mas nenhum deles será solução dos problemas colectivos que a equipa há muito revela no sector mais recuado. Não sei qual o destino de NAC, e não sei se encontrará, a tempo, o enquadramento certo para a tal ascensão que está ao seu alcance – num defesa, o enquadramento colectivo é mais importante que em jogadores mais ofensivos – mas sei que se está a cometer um grande erro em subvalorizar o valor deste jogador.



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21.9.10

Como o Benfica ganhou o derbi (Vídeo)

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O vídeo não serve para mais do que para sustentar a análise que deixei ontem. Nele estão praticamente todas as jogadas onde o Benfica se aproximou do golo, sendo facilmente perceptível o porquê da estratégia do Sporting ter facilitado a vida ao Benfica. O elemento fundamental aqui é o espaço que o Benfica sempre pode usufruir para executar os seus ataques. Embora tenha – como sempre – um intuito auto-explicativo, não quero deixar de completar as imagens com algumas notas.

Mérito do Benfica
Quase sempre – e eu não fujo à regra – as análises estão centradas no lado do erro, mas é preciso, antes de mais, notar o mérito do Benfica, que, como escrevi ontem, continua a ser uma equipa fortíssima em termos técnico-tácticos. Nota para a qualidade demonstrada em várias jogadas, querendo destacar um nome: Saviola. A sua execução e movimentos, sempre muito forte a criar apoios à construção e com uma execução repentina no último passe tornaram a vida muito difícil ao Sporting.

A linha defensiva
Não é o único problema do Sporting, que também ao nível do pressing demonstra mais coração que cabeça, mas não me canso de reforçar a importância da linha defensiva e no vídeo faço questão de apontar alguns pormenores que, mesmo não tendo influencia directa no lance em causa, dizem muito sobre a qualidade táctica da equipa. Aliás, é nestes detalhes que se vê a qualidade colectiva. Um exercício também interessante seria comparar a coordenação da linha do Benfica com a do Sporting, e facilmente veríamos as enormes diferenças qualitativas que permitem, num caso poder jogar alto com segurança, e no outro não. Já agora, mais uma vez recorro ao dado estatístico do fora de jogo para reforçar esta situação. Apesar de ter jogado mais alto e supostamente mais agressivo neste plano, o Sporting tirou apenas 1 fora de jogo, enquanto que o Benfica conseguiu 7. Obviamente que não é um acaso.

O segundo golo
Por ser decisivo, o lance do segundo golo é aquele que mais discussão levanta. Já escrevi ontem que não faz sentido crucificar-se um central por perder um lance aéreo e que a responsabilidade do lance tem sobretudo a ver com a forma primária como a equipa permite que 1 primeira bola se transforme numa situação de 2x1 sobre Carriço. Aqui não há uma fórmula, mas 2 opções. Ou os laterais têm de estar mais por dentro para 1 deles fechar nas costas do central, ou 1 médio tem de se aproximar dos centrais para manter a indispensável superioridade nessa zona. No Sporting, e dada a propensão ofensiva dos laterais, creio que faz sentido a aproximação do médio, mas nem 1 coisa nem outra aconteceram. Mais um indicador claro das deficiências colectivas da equipa.

Transição vs. Organização
Muitas vezes ouvimos ou lemos belas prosas sobre futebol, elogiando o ataque posicional e criticando as equipas que fazem da transição a sua força. É bonito e eu também gosto de ler, mas a prática é outro assunto. Só não joga em transição quem não pode, porque é no momento de transição que há mais espaço e menos organização do adversário. No fundo, e num exemplo mais radical, seria como escolher rematar com ou sem guarda redes. Pode-nos dar mais gozo bater um guarda redes, mas o melhor mesmo era rematar sem ele na baliza. O motivo pelo qual equipas mais fortes precisam de trabalhar o ataque posicional é por raramente lhes é dada oportunidade para dar profundidade imediata no momento de transição. Mas isso é outro assunto, e as coisas não devem ser confundido. O Benfica já havia provado do mesmo veneno quando defrontou o Porto na Supertaça, mas agora temos novo exemplo de como, em jogos equilibrados, a equipa que joga em transição é normalmente aquela que tira mais vantagens.

Defesa de Nuno André Coelho
Lembro-me de há 2 anos ter escrito, num derbi em que saiu altamente criticado, que apesar dos erros ocasionais, David Luiz tinha um potencial ímpar entre os defensores do Benfica. Hoje, isso é bastante claro para quase todos, e não consigo deixar de fazer um paralelismo com Nuno André Coelho. Não se trata de uma comparação, mas de analogia de características e situações. Nuno André Coelho tem qualidades fantásticas e raras num central. É forte no ar, muito rápido a recuperar e bom tecnicamente. Os seus erros são hoje muito empolados – com extremo exagero, diga-se – mas se um dia tiver a sorte de apanhar um treinador e um modelo que o beneficie (não é certo que a tenha...), aí, todos vão perceber o quão fantástico pode ser.



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20.9.10

Benfica - Sporting: análise e números

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4 minutos não chegaram para dar vantagem ao Benfica, mas foram mais do que suficientes para que se percebesse que seria muito difícil não serem os encarnados a vencer. De facto, uma boa análise desses escassos momentos seria provavelmente mais útil do que muitas que vi feitas à totalidade da partida. É que esse período de tempo, que terminou com a bola ao poste de Cardozo, foi o que bastou para perceber que o domínio a que o Sporting se propunha não passava de um mero “bluff” impossível de sustentar. Impossível pela incapacidade – que é tudo menos nova – de controlar espaços defensivos, sobretudo em transição. Que mais poderia pedir o Benfica? Finalmente poderia jogar em transição, manter equilíbrios posicionais e numéricos e não se expor tanto ao trauma das perdas de bola. Ficou-se pelos 2, mas este era daqueles jogos com condições para um saldo dilatado.

Notas Colectivas: Benfica
Qualidade táctica. Se há coisa em que o Benfica de Jesus foi, é e sempre será, é na sua qualidade táctica. Não é a primeira vez que o defino, mas vou repeti-lo porque quando se fala neste termo, raramente se percebe exactamente o que se quer dizer: qualidade táctica – para mim – é eficácia com que a equipa reage colectivamente à dinâmica do jogo. E, aqui, não muitas equipas no mundo tão fortes como o Benfica. Seguramente, não há nenhuma em Portugal.

Ora bem, se o Sporting foi o adversário ideal, quer pela estimulo motivacional, quer pela postura “naive” que assumiu, só o foi porque o Benfica tem de facto muita qualidade no seu jogo. Não fez um jogo brilhante – diria que apenas “bom” para as suas possibilidades – e demorou algum tempo a conseguir também dificultar um pouco mais o domínio territorial que o Sporting tentou exercer, mas manteve sempre uma óptima organização defensiva e conseguiu com bastante frequência aproveitar erros alheios para potenciar o espaço que era concedido. E isso foi mais do que suficiente para meter o jogo e o adversário “no bolso”.

Esta será uma vitória naturalmente importante para o Benfica. Importante para o restabelecimento dos níveis de confiança colectivos, que a grande missão que Jesus tem pela frente no futuro imediato. Mas, naturalmente, está também longe de ser suficiente para corrigir todo o mal que foi feito. O Benfica terá novamente desafios complicados, perante outro tipo de adversários, menos estimulantes e mais fechados, e onde, novamente, o erro não poderá ser banalizado. Entre tudo o que de bom houve para o Benfica no jogo podemos lembrar dois aspectos que deverão manter o alerta bem presente nas hostes encarnadas: o facto da única jogada de golo do Sporting ter vindo de um erro individual e as defesas para a frente de Roberto.

Notas colectivas: Sporting
Quem acompanha o que escrevo neste blogue deve perceber que se torna algo cansativo escrever tantas vezes a mesma coisa. De facto, desde os primeiros jogos que analisei na pré época que venho alertando para aqueles que são os reais problemas do modelo de Paulo Sérgio. Debateram-se sistemas, se deveria ou não jogar um “10”, se deveria ou não jogar um “pivot”, e fizeram-se longas dissertações sobre essas matérias. Compreendo que talvez sejam mais interessantes e intuitivos esse tipo de debates, mas raramente os problemas crónicos de uma equipa passam por aí e o Sporting não é excepção.

A definição de “qualidade táctica” que relembrei atrás serve também para este caso, mas num sentido inverso. O Sporting não tem “qualidade táctica” suficiente para assumir estratégias mais altas e dominadoras frente a equipas com a qualidade do Benfica. Isso vê-se em vários aspectos aqui já denunciados. Aspectos com e sem bola, mas nenhum se compara à forma como o seu sector recuado está (mal) operacionalizado. Foi por aí – sobretudo – que o Sporting perdeu, e reforço, para ser claro, outro ponto de opinião que também não é novo: isto nada tem a ver com a qualidade individual dos seus defensores que, assinale-se, é muito elevada. É importante não confundir o que é colectivo com o que é individual.

Dito o mais importante, quero também realçar alguns pontos. O primeiro é que, apesar de insuficiente, o Sporting hoje é bem melhor do que há 3 ou 4 semanas. O segundo é que me parece correcto que Paulo Sérgio tente estabilizar um onze base, só discordando da sua flutuação em termos de variações no modelo. Neste caso, o principal problema terá sido o lado estratégico da proposta de jogo, assumindo uma postura que, como já longamente defendi, não tinha capacidade para sustentar, mas há também em algumas opções tácticas alguma discordância da minha parte. A fixação de Liedson numa zona central parece-me um lapso e não é por acaso que o seu melhor jogo foi na Figueira, onde esteve mais móvel. O mesmo vale para Yannick, que claramente não é um ala para ser fixado à direita. Com este “aprisionamento” dos avançados, o Sporting perde mobilidade e soluções de passe no último terço e isso foi relevante, não só neste jogo, mas também frente ao Olhanense. Com tudo isto, ficou fácil para Jesus realçar a sua mestria táctica para “parar” João Pereira. Na realidade, não vejo grande genialidade na opção, já que Valdés foi uma surpresa sobre a esquerda e o flanco do Benfica também foi suficiente para tapar as investidas do Sporting.

Notas individuais: Benfica
Indo directo ao assunto, o nome do jogo é Cardozo. O mesmo Cardozo que havia sido uma nulidade em 3 dos 4 jogos anteriores e que ainda a meio da semana tinha problemas fisicos que o impediam de ser mais participativo. Ora, parece estranho que o desgaste de uma semana de 3 jogos termine com a melhor exibição até agora registada na Liga, entre todos os jogos dos 3 “grandes”. Um feito que não se justifica apenas pelos golos, mas também por uma muito relevante participação colectiva – algo que tinha sido assumido como um problema crónico. Para mim, esta exibição só vem confirmar uma coisa: o problema de Cardozo não tem nada a ver com debilidades fisicas. Tem, isso sim, a ver com um problema de atitude e motivação em jogos mais e menos importantes. E está bom de ver a diferença que isso pode fazer!

Ainda no Benfica, mais uma prova de capacidade da sua dupla mais recuada, que tem uma enorme qualidade. Sempre reforcei que esse nunca foi um problema, mas é nestes jogos que isso talvez fique mais claro. Outro nome a ter em conta é Coentrão. Acredito que só poderá ser um jogador para outros patamares se for lateral, mas mesmo mais à frente voltou a mostrar a sua capacidade participativa. É uma característica importante e que lhe está no ADN.

Notas individuais: Sporting
Posso começar pelo melhor: Maniche. Foi o jogador que conseguiu mais passes, mais % de passe e mais intercepções. Foi e não é surpresa. Maniche tem um rendimento extraordinário no Sporting e é, a par de Belluschi, o melhor médio da competição até ao momento. Aliás, o que Maniche faz é raro mesmo em termos internacionais e, na minha opinião, merece regressar rapidamente à Selecção. A questão sobre Maniche é se a frustração de ter uma equipa que não acompanha a sua qualidade e intensidade, não acabará por fazer regressar o pior da sua personalidade, mas isso é algo que só o tempo irá responder.

De resto, gostaria também de falar de Nuno André Coelho, que cometeu alguns erros e acaba como o “vilão” no lance do segundo golo. Importa sublinhar, à imagem do que escrevi atrás, que Nuno André Coelho ganhou muitos lances como aquele que perdeu nessa jogada e que o seu erro não explica o golo sofrido nem o espaço criado. Mal está uma equipa se a distância entre um pontapé longo e uma ocasião de golo está dependente do central ganhar a primeira bola.

Finalmente, nota para a pouca intensidade de Valdés e Matias. São jogadores tecnicamente evoluídos, mas a quem falta muito em termos de presença sem bola. Particularmente, Matias, a jogar numa posição nuclear, precisa de estar muito mais próximo dos lances em todos os momentos. Algo que o separa e separará sempre de um rendimento superior e que tem de lhe ser passado por quem lidera o processo de treino.



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27.8.10

Breves da Dinamarca e de Hleb

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- Recuperar 3 golos numa deslocação é fantástico, mas... quem se entusiasmaria com este cenário à partida para uma eliminatória onde o Sporting era claramente favorito? Apenas uma curiosidade sobre a forma como as coisas podem ser relativas e como, de repente, uma obrigação se pode transformar num feito - que o foi, de facto.

- Não há boas equipas sem confiança, tenho-o escrito, e nesse aspecto as vitórias poderão fazer bem ao Sporting de Paulo Sérgio. O Sporting - este Sporting - porém, dificilmente se soltará muito deste estado de instabilidade emocional. Poderá recuperar algumas coisas boas que já teve, mas nunca será forte suficiente para ganhar de forma consistente se não corrigir os problemas crónicos que o seu futebol continua a denunciar. Aliás, o jogo da Dinamarca foi apenas o outro lado da moeda daquele que viramos em Alvalade. Ou seja, tendo qualidade individual e atitude, este Sporting pode sempre aspirar a um bom dia. Ao mesmo tempo, porém, pode perder qualquer jogo em segundos. E esse é o problema.

- Não é pelo golo, mas posso aproveitar a ocasião. Há muito que venho confessando estranheza pelo percurso de Nuno André Coelho e pela escassez de oportunidades perante tamanho potencial. Cada vez que o vejo reforço essa ideia, mesmo nesta defesa tão exposta e descoordenada. Gostava de o ver noutro tipo de organização, mais protegido pelo colectivo, porque creio que rapidamente se tornará num grande central do futebol português. Esperemos que o destino seja mais gentil com ele do que aquilo que tem sido...

- Entretanto, tudo indica que Hleb virá para a Luz. Sobre a contratação, e em termos técnicos, é mais um fantástico reforço para Jesus. O lado individual, parece-me, nunca será a melhor forma de ver o problema, mas será seguramente a mais fácil. Pode ser que resulte...

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24.8.10

Sporting - Maritimo: Análise e números

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Equipas perfeitas, não há. É trivial. Agora, há-as boas e mesmo muito boas. Também todos o sabemos. O que eu não conheço é nenhuma equipa que se aproxime da excelência, fazendo-o de várias formas e feitios, consoante a oportunidade e disposição. Isto é, as equipas que conseguem atingir um patamar elevado em termos qualitativos, conseguem-no invariavelmente pela especialização no que fazem e não pela diversificação. Posso ir até um pouco mais longe, e afirmar que raros são os casos que conseguem este patamar de excelência, sem a repetição de um elenco base de jogadores que dê qualidade e consistência à interpretação das ideias do modelo.

Por tudo isto, e ao ver novo jogo do Sporting, é fácil para mim concluir que, mais do que a psicologia do momento, Paulo Sérgio tem à sua frente uma barreira filosófica que ameaça ser-lhe fatal. A sua abordagem de “tentativa e erro” acabará por expor todos os erros possíveis, minará a confiança para evoluir e o cimentar dos pontos fortes – alguns deles já desapareceram. Paulo Sérgio tem poucas semanas para perceber que o seu maior erro está na metodologia que escolhe para encontrar o sucesso. E isso parece-me muito difícil que aconteça em tempo útil.


Notas colectivas
É difícil falar muito sobre o colectivo, pelos motivos que expus anteriormente. É tudo muito volátil. Demasiado para justificar grandes motivos de reflexão. Já vi o Sporting fazer uma boa circulação, que dava prioridade à dinâmica e certeza de passe dos médios. Faltavam-lhe outras coisas, mas isso era bom. Hoje, continua a querer circular, a fazer muitos passes, mas já são os centrais os protagonistas. Sai uma circulação baixa, um passe vertical, mas não sai mais nada deste jogo de circulação. Sei que não é bonito dizer isto, mas o que produziu mais resultados no jogo foram alguns passes longos, a procurar diagonais nas costas, ou segundas bolas.

Depois o problema defensivo. Primeiro, o “pressing” continua a produzir pouco – no caso deste jogo, nada. Já vimos o Sporting a tentar pressionar alto, a não o fazer bem porque não juntava sectores e porque os jogadores alicerçavam prioritariamente a tarefa na agressividade e determinação e não na organização com que pressionavam. Hoje, já não é isso que vemos. A equipa tem mais medo de subir para pressionar e quando o faz, continua a não o fazer com grande organização. Com tudo isto, claro, transições a partir de recuperações altas, são zero. E isso, como já várias vezes tentei explicar, é meio caminho andado para se ter dificuldades em marcar frente a adversários mais conservadores.

Finalmente, a linha defensiva. Continua sem ser capaz de jogar alto com eficácia, não se percebendo se os jogadores sabem bem que referências utilizar em cada acção. É fácil contar o número de vezes que a linha defensiva se contradiz nos movimentos defensivos, com uns a subir e outros a descer. Agora, a salvação parece ser o posicionamento alto de Patrício. É preciso que aconteça, mas nunca será uma solução.

Notas individuais
Estava a ver o jogo e a pensar para mim que, há 1 ano e com esta equipa, Paulo Bento dificilmente teria abandonado o Sporting da forma como aconteceu. Aliás, provavelmente teria melhores condições do que nunca para tentar o título. É que a qualidade do plantel leonino subiu bastante desde há 1 ano. Bastam os laterais, onde há hoje uma grande qualidade, para a diferença ser enorme. Mas há mais. Maniche, André Santos e Pedro Mendes são garantias de uma qualidade e certeza no passe como não existia antes (sim, incluindo aqui Veloso e Moutinho). Nos centrais – e pode parecer um paradoxo para quem vê estas coisas a “olho nú” – há uma qualidade fantástica nos recursos ao dispor. São os jogadores mais expostos em todo jogo, quer com bola, quer sem ela, não há uma movimentação defensiva coordenada e eficaz e, mesmo assim, eles erram muito pouco para aquilo a que são submetidos. Nuno André Coelho, por exemplo, fez um jogo fantástico frente ao Marítimo. Torsiglieri não tem 1 minuto, tem muito valor – digo-o, porque o conheço – e não posso sequer afirmar que seja injusto.

Ou seja, mesmo preferindo outras abordagens em termos de modelo em relação a Paulo Bento, o que o Sporting perdeu em relação a um passado recente em que lutava claramente pelo título e jogava noutras frentes, foi qualidade e consistência naquilo que é transmitido por quem lidera o processo. Mas isso também não é novidade, sempre afirmei que dificilmente o Sporting encontraria melhor do que Paulo Bento quando este abandonasse.



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13.7.10

O negócio Moutinho (Parte II)

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Feita a minha leitura do desenrolar do negócio, resta aquilo que será mais importante: as consequências do mesmo. Já se percebeu, pelo que escrevi anteriormente, que não tenho dúvidas que o Porto terá dado um excelente golpe de mercado. Mesmo tendo em conta os custos envolvidos. Ainda assim, e tentarei explicar porquê, nem tudo são rosas na “operação-Moutinho” para o lado portista.

Porto: Moutinho, um golpe duplo
Pinto da Costa já havia expresso a sua admiração pelas qualidades de Moutinho. De facto, o que me parece bizarro é que alguém consiga desvalorizar a qualidade de um jogador que faz tantos minutos, tantos jogos e sempre com uma qualidade tão constante como consegue Moutinho. Não é raro apenas em Portugal. É raro no mundo.

Moutinho é um jogador para todos os momentos do jogo. Forte em organização e forte em transição. Defensivamente e ofensivamente. A única critica que se pode fazer a Moutinho é no capítulo do desequilíbrio. Não é um jogador capaz de provocar roturas constantes, ou de ganhar jogos sozinho. Esse é o patamar que lhe falta para ser um dos melhores médios do futebol mundial. Muitos dirão que sempre foi assim e que nunca conseguirá ultrapassar essa lacuna. Mas Moutinho tem apenas 23 anos e a jogar com a frequência com que joga, parece-me, tem boas possibilidades de evoluir também nesse capítulo, tenha vontade e orientação para tal.

Tudo somado, o Porto garante um dos jogadores mais fiáveis que pode haver, garante-o com 10 anos de futebol pela frente, e a possibilidade, também, de o fazer evoluir para patamares ainda mais altos. A tudo isto, há ainda que somar o efeito de enfraquecimento de um adversário directo, algo que não seria possível se o reforço viesse de fora. É por tudo isto que a “operação Moutinho”, para o Porto, terá sido um excelente negócio, mesmo se não ficou leve em termos de esforço financeiro.

Sporting: a esperança... Nuno André Coelho!
Para o Sporting, face a tudo isto, o dinheiro encaixado por Moutinho será quase nada. Bem sei que o “quase” aqui é tudo menos irrelevante em termos financeiros. Para além de recuperar liquidez, fundamental para alguns negócios em curso, o Sporting alivia a sua folha salarial consideravelmente. O que perde e o que dá a ganhar, porém, está longe de ser compensatório.

Ao fundo do túnel, porém, no “negócio Moutinho”, eis que surge uma esperança. Nuno André Coelho. Foi uma espécie de gratificação portista para sair a bem do negócio mas, creio, tem potencial para ser muito mais do que uma parte simbólica das consequências.

De facto, estranho muito o trajecto de Nuno André Coelho no Porto. Foi um dos mistérios para que fui alertando na última época e que ainda estou para perceber. As indicações que deixou apontam para um grande potencial, com qualidade para assaltar rapidamente um lugar no onze portista, ou, agora, de formar uma dupla entusiasmante com Carriço. É um jogador rápido, com cultura posicional, alto e bom tecnicamente. Talvez uma utilização mais frequente me mostre o porquê de tão pouca confiança no seu potencial mas, para já, centrais com o potencial de Nuno André Coelho, não conheço muitos por aí...



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11.2.10

Porto - Académica: E, ainda assim... deu Porto

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- Pode não ser simpático dizê-lo, mas definiu-se a final que mais convinha, tanto à competição, como ao próprio contexto do futebol português. Consequências da natureza de um futebol tripartido. Um Benfica-Porto atrairá um interesse enormemente superior ao de um Benfica-Académica. O país parará para ver a final da competição que aprendeu a desprezar, os vencedores não deixarão de exultar o triunfo e os perdedores refugiar-se-ão na desvalorização do troféu. Tão certo como isto é que o despique se jogará no campo e não num qualquer túnel, painel televisivo ou página de jornal. E isso, pelo menos para mim, é uma boa notícia.

- A Académica caiu impotente. mas bem de pé. Já me fartei de elogiar o trabalho de André Villas Boas, mas não custa voltar a sublinhar alguns predicados que foram repetidos no relvado do Dragão. Excelente ocupação dos espaços, proximidade entre sectores e jogadores, boa definição de zonas de pressão, esclarecimento do que fazer quando em posse de bola, circulação rápida, procurando, ora variar o flanco, ora progredir com base em sucessivos triângulos de apoio, e bom desdobramento numérico em transição. Uma boa métrica para se aferir a qualidade táctica de uma equipa é verificar a frequência com que se encontram situações sem apoio de outros jogadores, quer ofensivamente, quer defensivamente. Como é óbvio, quanto menos, melhor. Na Académica situações destas são uma raridade. Villas Boas confirmou o primeiro indicio e está mais do que pronto...

- Em termos tácticos, o 4-1-3-2 improvisado não poderia resultar em nada de bom. Sobretudo com Mariano na frente. A Académica não dominou mas teve óptimas condições para causar dissabores. Aliás, teve-as também na segunda parte, antes da entrada de Rubén Micael. Ainda assim, o Porto não realizou um mau jogo, considerando todos as condicionantes. Nota para a boa ponta final, beneficiando da introdução de elementos mais rotinados com o modelo e, também, com maior qualidade individual.

- Individualmente, algumas notas que me parecem importantes. Nuno André Coelho continua a confirmar o que me pareceu na pré época. Espero que a pouca competição não lhe prejudique a evolução, porque tem tanto ou mais potencial do que qualquer outro central do plantel. Tomás Costa ainda não tem a adaptação completa ao lugar, mas, tal como Fernando fez esquecer Paulo Assunção, também ele faria esquecer Fernando se tal fosse necessário. Algo que tem a ver com a pouca exigência técnica da função, a que já várias vezes me referi. Álvaro Pereira está em nítido ascendente. Pode ser apenas um bom momento, mas a mim parece-me mais que se trata do terminar de um período de adptação. Repito a ideia sobre Orlando Sá: o mais provável é estar-se a formar mais uma "adolescência" traumática a um 9 no futebol português. Em vez de emprestar Diogo Viana ao Venlo, provavelmente seria mais útil ser Orlando a crescer num ambiente onde a relação com o golo é encarada de uma forma bem mais natural.


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6.1.10

Porto: Serão estes os reforços?

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A opção pela rotatividade encontrou no jogo propriamente dito o destino ideal. Coisas da eficácia. Assim sendo, o embate com o Leixões mais pareceu um regresso ao passado, que é como quem diz, à pré época. Pelos Reis, como pelo Natal, não se perspectivam grandes prendas para Jesualdo e a montra a analisar pelo "Professor" deve ter sido aquela que evoluiu no relvado do Dragão. Aqui ficam as notas individuais dos “novos”, numa amostra, diga-se, pouco entusiasmante.

Miguel Lopes – A sua condição física ditou que só agora se pudesse estrear e os sinais que deu são razoáveis mas, ao mesmo tempo, pouco entusiasmantes. Esteve bastante activo e na maioria dos casos cumpriu com o que se exigia. No entanto, não deixou de cometer alguns erros de detalhe em termos posicionais e, sobretudo, não foi capaz de dar mais qualidade ofensiva ao flanco em situações em que tinha tudo para o fazer. Destacam-se, neste plano, alguns erros técnicos perfeitamente evitáveis. Terá oportunidade para dar nova impressão, mas, para já, diria que está bem no meio, entre Sapunaru e Fucile. Ou seja, tem tudo para ser muito melhor opção do que o romeno mas não revelou capacidade para ameaçar o uruguaio.

Maicon – Já tinha tido as suas oportunidades e parece estar na calha para ser aposta de Jesualdo sempre que Rolando o permitir. É um bom central, que me parece ter tido uma boa relação preço-qualidade, mas não tem características que possam fazer sonhar com altos voos. Parece não ter a reactividade e qualidade técnica necessárias para que atinja esses patamares. Esteve, no entanto, regular e se lhe for dado tempo e jogo deverá melhorar, quer em termos posicionais, quer em termos de confiança.

Nuno A. Coelho – Era, para mim, a grande curiosidade deste jogo. Não percebi a pouca aposta nele ainda em plena pré época e depois de ter dado excelentes indicadores. A verdade... é que continuo a não perceber. Teve um erro numa intercepção que só por milagre não deu em golo e que mancha, de certa forma, a sua exibição. Um erro de pormenor, mas... será que é por isso que não mereceu mais atenção de Jesualdo? De resto, é forte, rápido e ágil, fisicamente. Com a bola nos pés revela grande à vontade e até capacidade para dar qualidade ao inicio do processo ofensivo. Posicionalmente esteve, também, bem, revelando inclusive boa comunicação com os colegas. Se me perguntassem, diria que tem tudo para poder evoluir até altos patamares, mas... esta posição também não é propriamente o maior problema de Jesualdo.

Prediger – Torna-se difícil comentar individualmente um jogador que, ao fim de alguns meses, parece ter apenas meia dúzia de treinos na equipa. É que o desconforto do argentino na posição é tão grande que nem se pode falar muito da sua qualidade individual. O que me parece claro é que Prediger dificilmente deixará de ser um erro de casting. Um jogador que actuava numa posição diferente na Argentina e que não revela, sequer, grandes qualidades para jogar como “pivot” defensivo. Em destaque, o pesadelo que teve para controlar as primeiras bolas aéreas e a pouca reactividade no ajuste posicional. Até pode ter qualidades, mas, neste momento é apenas um corpo estranho.

Valeri – O argentino tem qualidades técnicas que ninguém nunca duvidou. O problema de Valeri é que não acrescenta absolutamente nada dentro do actual modelo. É mais um jogador que jogava noutra posição, noutro modelo, e que chega ao Dragão sem se perceber onde pode render mais. Ou seja, é mais uma aquisição que vem para jogar em funções para as quais não estava rotinado. Valeri poderá evoluir, poderá adaptar-se à posição de interior, mas para já tem exactamente os mesmos problemas de Belluschi, não servindo como alternativa ao seu compatriota em jogos mais exigentes em termos de reactividade táctica. Esteve bem com a bola nos pés, mas não se sente à vontade na posição para dar mais dinâmica ao sector, nem, muito menos, para garantir maior agressividade em termos de pressing.

Orlando Sá – A aposta de Jesualdo passava por lhe dar jogos e... golos. Por isso, por exemplo, lhe deu o penalti em Águeda. Orlando não teve nem sorte, nem tranquilidade para o fazer e hoje é um jogador com mais minutos mas também com mais pressão. Na realidade não fiquei ainda a perceber o porquê de uma aposta tão declarada num jogador que é especialmente forte no jogo aéreo e que não tem as características que o “Professor” tantas vezes exigiu para os seus 9. Poderá vir a ser uma aposta interessante para certas alturas, mas não se vê que possa ser grande alternativa à concorrência sul americana. Se me perguntassem, sugeriria que fosse emprestado para ligas onde o golo acontece com mais facilidade, que lhe retirassem essa pressão durante algum tempo até ganhar maturidade como avançado de alto nível. Se continuar pelo Dragão, o mais provável é que seja mais um 9 português com... uma “adolescência” traumática.

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