Ora, reflectindo um pouco talvez se chegue a um paradoxo conceptual. Ou seja, se a movimentação é característica, não será mais facilmente anulável? A resposta é um pouco a mesma que encontramos para o modelo de jogo do Barcelona ou para o famoso drible de Garrincha. Isto é, na prática a qualidade prova-se muito mais importante do que o factor surpresa.
E daqui parto para Falcao. Repare-se no golo que marcou de cabeça frente ao Leiria. Quando Varela faz o movimento de aproximação à linha, Falcao ataca o primeiro poste. Mas Varela não cruza e recua. Falcao, quase como que em exercício de treino, volta para trás, para a posição inicial, para repetir o movimento. O cruzamento aparece finalmente e Falcao ganha a frente do lance, fazendo o golo. No meio de tudo isto há um defensor – Zé António. Pode pensar-se que ele foi inocente e que deveria ter previsto o movimento do avançado, mas Zé António, como todos os defesas que marcam Falcao, sabem exactamente o que vai fazer, só não conseguem pará-lo.
Normalmente, o que é mais fácil é explorar as costas do defensor e o motivo é simples. O defensor tem de dividir a atenção entre a bola e o atacante, pelo que terá sempre dificuldade em controlar visualmente o atacante se o tiver nas suas costas. É isso que é normalmente explorado. Ou seja, os avançados procuram o “lado cego” porque é este que lhes permite maior afastamento do marcador directo, e, consequentemente, uma finalização em melhores condições.
Falcao também marcou golos neste registo, mas não é o que o caracteriza. Muito mais difícil é jogar de igual para igual com o central e batê-lo à frente dos seus olhos. Não se trata apenas de reagir mais rápido e chegar primeiro. O problema é que, ao contrário das finalizações nas costas, o avançado tem invariavelmente de finalizar apertado, requerendo da sua parte uma grande agilidade para poder finalizar tecnicamente bem. Não é para todos.
Repare-se no dado comum de todas as finalizações de Falcao apresentadas no vídeo. São feitas em queda.
No caso de jogadores hábeis a finalizar ao primeiro poste, um dos jogadores actualmente mais fortes a fazê-lo é Gilardino. Aliás, há na escola transalpina alguma tradição neste particular, com Inzaghi e Pazzini a serem outros casos que identifico.
Para finalizar, e voltando ao futebol português, talvez o jogador que mais se distinguiu pela sua agilidade e técnica de finalização de cabeça não tenha sido um homem de área. Falo de João Vieira Pinto.
A agilidade e o primeiro poste
Se cada goleador tem o seu movimento preferido, o caso de Falcao não é o mais comum.Normalmente, o que é mais fácil é explorar as costas do defensor e o motivo é simples. O defensor tem de dividir a atenção entre a bola e o atacante, pelo que terá sempre dificuldade em controlar visualmente o atacante se o tiver nas suas costas. É isso que é normalmente explorado. Ou seja, os avançados procuram o “lado cego” porque é este que lhes permite maior afastamento do marcador directo, e, consequentemente, uma finalização em melhores condições.
Falcao também marcou golos neste registo, mas não é o que o caracteriza. Muito mais difícil é jogar de igual para igual com o central e batê-lo à frente dos seus olhos. Não se trata apenas de reagir mais rápido e chegar primeiro. O problema é que, ao contrário das finalizações nas costas, o avançado tem invariavelmente de finalizar apertado, requerendo da sua parte uma grande agilidade para poder finalizar tecnicamente bem. Não é para todos.
Repare-se no dado comum de todas as finalizações de Falcao apresentadas no vídeo. São feitas em queda.
Outros casos
Certamente que será fácil encontrar especificidades noutros goleadores conhecidos. Jardel, provavelmente o mais eficaz que o futebol português conheceu, era fortíssimo ao segundo poste. Toda a gente sabia o que fazia, mas ninguém o parava. Actualmente, e ainda em Portugal, Cardozo também prefere esse destino. Já Liedson é um caso algo semelhante a Falcao, sendo capaz de finalizar de várias maneiras devido à sua agilidade e velocidade de reacção. Ainda assim, Liedson é mais conhecido pelas suas reacções de fuga ao segundo poste do que por jogadas de antecipação.No caso de jogadores hábeis a finalizar ao primeiro poste, um dos jogadores actualmente mais fortes a fazê-lo é Gilardino. Aliás, há na escola transalpina alguma tradição neste particular, com Inzaghi e Pazzini a serem outros casos que identifico.
Para finalizar, e voltando ao futebol português, talvez o jogador que mais se distinguiu pela sua agilidade e técnica de finalização de cabeça não tenha sido um homem de área. Falo de João Vieira Pinto.