Notas colectivas
Ter mais bola e dominar territorialmente não era um problema. A estratégia islandesa praticamente “ofereceu” esse privilégio a Portugal. O problema seguinte era clássico. Para que este não fosse um presente envenenado, Portugal teria de garantir 2 coisas. A primeira era a consequência da sua posse, já que em transição tornava-se praticamente impossível atacar. A segunda era o controlo sobre o outro lado da estratégia islandesa, as transições e bolas paradas. Portugal, pode dizer-se, não foi sempre muito competente nesse desafio.
Convém separar as 2 partes. Na primeira, e especialmente após o golo, houve alguma dificuldade em lidar com as primeiras bolas islandesas e concederam-se demasiadas situações de bola parada, quer em cantos, quer livres. Outro dado sintomático, são as perdas de bola, muito mais do que no seguríssimo jogo frente à Dinamarca. A boa notícia, porém, foi que, apesar destes problemas, Portugal conseguiu sair ao intervalo em vantagem, graças à sua mais valia individual.
Uma estatística importante para perceber a diferença no controlo que Portugal conseguiu ter entre a primeira e a segunda parte são os cantos. A Islândia teve 6 em todo o jogo, mas apenas 2 na segunda parte e ambos nos primeiros 20 minutos. Ou seja, depois de uma primeira parte algo intranquila, Portugal voltou bem mais lúcido, jogando com o resultado a favor e esperando pacientemente pela oportunidade de selar a vitória. E assim foi. Os islandeses ficaram progressivamente mais longe da baliza de Eduardo e os espaços foram aumentando com a fadiga. As transições passaram a ser possíveis, Portugal marcou mais uma vez e até podia tê-lo feito de novo. Algo que os islandeses, pelo que fizeram na primeira parte, também não mereciam.
Notas individuais Meireles – Já o havia elogiado no jogo frente à Dinamarca, pela cultura posicional que revelou. Desta vez, teve um jogo mais difícil, com mais situações de segundas bolas para disputar. Ainda assim voltou a ser muito importante do ponto de vista defensivo, aliando a este aspecto a não menos importante presença decisiva no jogo. É que, se a sua função passa sobretudo pelo trabalho de coordenação e equilíbrio, dá muito jeito ter alguém tão inspirado...
Carlos Martins – Julgo que o facto de ter sido o jogador com mais passes acertados, mesmo jogando menos tempo, será uma surpresa para a generalidade das pessoas. De facto, Martins teve uma influência assinalável e positiva em posse. O problema é que esse não é o único momento do jogo e para um médio da sua posição é preciso também ter mais utilidade nos momentos defensivos. Não é uma questão de atitude ou entrega, mas de cultura posicional. Continuo a achar Tiago um médio mais completo para a função.
Ronaldo – É sem dúvida a primeira grande conquista de Paulo Bento. Ronaldo fez mais um enorme jogo, útil em todos os momentos e apresentando-se como uma ameaça constante. No Mundial, lembro-me de referir que era impossível alguém rematar repetidamente de 35 metros sem ter instruções claras para isso e que era absurdo atribuir responsabilidades individuais a um jogador que tem o rendimento de Ronaldo em equipas diferentes e épocas sucessivas. Ora bem, a resposta começa a ser dada. Ronaldo voltou a ser um jogador - um grande jogador - e não uma tentativa frustrada de super-homem.
Hugo Almeida – Assinalável o esforço que fez para se manter dentro do jogo. Não é fácil dentro deste sistema e, como já tantas vezes escrevi, o problema da pouca participação está bem mais aí do que numa falta de rendimento individual.
Postiga – A ocasião que falhou, e ao contrário daquela que teve frente à Dinamarca, teve muito mérito do guarda redes. Postiga teve um impacto positivo no jogo, ainda que tivesse alinhado no período em que havia mais espaço para atacar, mas arriscou sair desta dupla experiência com o trauma da finalização de novo reforçado. É por isso que o golo que lhe foi oferecido tem uma importância especial. Se bem o percebo, quem mais poderá agradecer o brinde é mesmo Paulo Sérgio...
Ter mais bola e dominar territorialmente não era um problema. A estratégia islandesa praticamente “ofereceu” esse privilégio a Portugal. O problema seguinte era clássico. Para que este não fosse um presente envenenado, Portugal teria de garantir 2 coisas. A primeira era a consequência da sua posse, já que em transição tornava-se praticamente impossível atacar. A segunda era o controlo sobre o outro lado da estratégia islandesa, as transições e bolas paradas. Portugal, pode dizer-se, não foi sempre muito competente nesse desafio.
Convém separar as 2 partes. Na primeira, e especialmente após o golo, houve alguma dificuldade em lidar com as primeiras bolas islandesas e concederam-se demasiadas situações de bola parada, quer em cantos, quer livres. Outro dado sintomático, são as perdas de bola, muito mais do que no seguríssimo jogo frente à Dinamarca. A boa notícia, porém, foi que, apesar destes problemas, Portugal conseguiu sair ao intervalo em vantagem, graças à sua mais valia individual.
Uma estatística importante para perceber a diferença no controlo que Portugal conseguiu ter entre a primeira e a segunda parte são os cantos. A Islândia teve 6 em todo o jogo, mas apenas 2 na segunda parte e ambos nos primeiros 20 minutos. Ou seja, depois de uma primeira parte algo intranquila, Portugal voltou bem mais lúcido, jogando com o resultado a favor e esperando pacientemente pela oportunidade de selar a vitória. E assim foi. Os islandeses ficaram progressivamente mais longe da baliza de Eduardo e os espaços foram aumentando com a fadiga. As transições passaram a ser possíveis, Portugal marcou mais uma vez e até podia tê-lo feito de novo. Algo que os islandeses, pelo que fizeram na primeira parte, também não mereciam.
Notas individuais Meireles – Já o havia elogiado no jogo frente à Dinamarca, pela cultura posicional que revelou. Desta vez, teve um jogo mais difícil, com mais situações de segundas bolas para disputar. Ainda assim voltou a ser muito importante do ponto de vista defensivo, aliando a este aspecto a não menos importante presença decisiva no jogo. É que, se a sua função passa sobretudo pelo trabalho de coordenação e equilíbrio, dá muito jeito ter alguém tão inspirado...
Carlos Martins – Julgo que o facto de ter sido o jogador com mais passes acertados, mesmo jogando menos tempo, será uma surpresa para a generalidade das pessoas. De facto, Martins teve uma influência assinalável e positiva em posse. O problema é que esse não é o único momento do jogo e para um médio da sua posição é preciso também ter mais utilidade nos momentos defensivos. Não é uma questão de atitude ou entrega, mas de cultura posicional. Continuo a achar Tiago um médio mais completo para a função.
Ronaldo – É sem dúvida a primeira grande conquista de Paulo Bento. Ronaldo fez mais um enorme jogo, útil em todos os momentos e apresentando-se como uma ameaça constante. No Mundial, lembro-me de referir que era impossível alguém rematar repetidamente de 35 metros sem ter instruções claras para isso e que era absurdo atribuir responsabilidades individuais a um jogador que tem o rendimento de Ronaldo em equipas diferentes e épocas sucessivas. Ora bem, a resposta começa a ser dada. Ronaldo voltou a ser um jogador - um grande jogador - e não uma tentativa frustrada de super-homem.
Hugo Almeida – Assinalável o esforço que fez para se manter dentro do jogo. Não é fácil dentro deste sistema e, como já tantas vezes escrevi, o problema da pouca participação está bem mais aí do que numa falta de rendimento individual.
Postiga – A ocasião que falhou, e ao contrário daquela que teve frente à Dinamarca, teve muito mérito do guarda redes. Postiga teve um impacto positivo no jogo, ainda que tivesse alinhado no período em que havia mais espaço para atacar, mas arriscou sair desta dupla experiência com o trauma da finalização de novo reforçado. É por isso que o golo que lhe foi oferecido tem uma importância especial. Se bem o percebo, quem mais poderá agradecer o brinde é mesmo Paulo Sérgio...