6.10.10

Os problemas do Sporting e o jogo com o Beira Mar (análise e números)

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Fosse o futebol tão simples como tantas vezes o “pintam”, e Paulo Sérgio já teria encontrado tantas soluções quantos os problemas com que se deparou. Como não é, discutir o que normalmente se discute após cada mau resultado – sistema e individualidades – ajuda mais a esconder a solução do que, de facto, a desvendá-la. Porque tem o Sporting piores resultados se continua a ser a equipa que mais domina territorialmente os jogos? Aquela que mais trabalha a posse, mais passes faz e com mais eficácia? Ou, já agora, a equipa que mais remata? A resposta não está nos postes ou na eficácia, porque, paralelamente a estes indicadores, é o Sporting que, entre os “grandes” menos ocasiões cria por jogo. A resposta está noutros aspectos mais profundos e que, por isso, não têm tão simples resolução.

Quando fiz o primeiro diagnóstico a esta equipa, ainda na pré época, alertei para 2 pontos do modelo. O pressing e a linha defensiva. Quanto à linha defensiva, os ecos do seu mau funcionamento já tiveram, entretanto, diversas consequências, muitas – não todas – também já aqui escalpelizadas. No que respeita ao “pressing”, a análise não é tão simples, mas nele se esconde uma das melhores explicações para o insucesso ofensivo do Sporting – não a única, claro.

É bonito falar-se do domínio e da posse, mas a realidade, no futebol, diz-nos que a maioria dos golos no futebol vêm de situações de transição, onde o adversário é apanhado em situações de desorganização. É raro ver-se alguém dizer isto, mas uma equipa que seja forte na potenciação dos momentos de transição tem muito mais possibilidades de vencer e marcar golos do que uma outra que opta sistematicamente por um ataque posicional, ignorando a transição. Ora, o Sporting raramente consegue potenciar esse tipo de situações. Não recupera em zonas altas e não tem uma transição ofensiva bem preparada e que produza efeitos. É sobretudo por isso que a equipa ataca mais, passa mais, remata mais, mas... marca menos.

O jogo com o Beira Mar
A exibição foi muito fiel àquilo que é realidade da equipa. Domínio, boa circulação – mesmo melhor do que na maioria dos jogos – fases de bom futebol, mas, no final, pouca produtividade, tanto em termos de eficácia, como em termos de ocasiões concretas. Na primeira parte, sobretudo, o futebol foi de facto bom e merecia outro resultado. Na segunda, porém, a circulação em ataque posicional foi menos fluída e as oportunidades rarearam. Bem vistas as coisas, nesse derradeiro período, é o Beira Mar quem mais se deve queixar da sorte, porque esteve bem mais perto do golo do que o Sporting.

Outro aspecto que me parece enigmático é a forma como se mexe na equipa. A necessidade de meter “carne no assador” é intuitiva, mas muitas vezes também desprovida de qualquer lógica que produzia efeitos práticos. Neste caso, as alterações não corrigiram as crescentes dificuldades da equipa em chegar à frente mas apenas as agravaram. Depois das alterações, o Sporting não criou 1 lance claro de golo e, pelo contrário, consentiu alguns. Algo que não é exclusivo de Paulo Sérgio, mas que deveria merecer reflexão.

Enfim, e voltando ao inicio, entendo que é inútil continuar a tentar acertar numa “fórmula” – entenda-se, sistema e jogadores – que miraculosamente traga resultados, e que mais importante é perceber e corrigir detalhes da “fórmula” actual. Na situação actual - e não é de agora - é inútil voltar a mudar de sistema, tenha ele 1 ou 2 avançados, 1 ou 2 pivots, e é igualmente pouco relevante mudar o jogador A ou B (salvo situações extremas, claro). A questão está na filosofia do modelo e na qualidade dos seus princípios.

Por fim, os dados individuais do jogo, mas vou-me poupar a análises no texto. Quaisquer questões, responderei na caixa de comentários...




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