17.10.11

Dinamarca - Portugal: algumas jogadas importantes...

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Conforme planeado, recupero hoje algumas jogadas do Dinamarca-Portugal. Como sempre, o objectivo não é procurar culpabilizações, mas reflectir sobre algumas situações que me parecem justificar correcção. Aqui fica a minha análise:

3' - O ponto sobre este livre lateral tem a ver com o posicionamento da cortina defensiva. Notoriamente, Portugal tenta estabelecer a sua fronteira de posicionamento perto da linha de grande área, mas no momento em que a bola é batida já essa linha está uns bons metros dentro da área (receio?). A consequência é que o objectivo de oferecer ao guarda redes uma margem de protecção não é conseguido e o cruzamento acaba por encontrar o pior dos cenários, com vários jogadores com possibilidade de desviar mesmo à frente da baliza.


6' - Os indícios sobre os problemas de controlo português em organização defensiva, viram-se cedo. Esta fase de circulação de bola da Dinamarca é um excelente exemplo. A bola circula dentro do bloco português, que embora curto não consegue evitar sucessivas mudanças de corredor, obrigando a equipa a constantes ajustamentos laterais. Não adoptando, estrategicamente, uma postura muito agressiva em profundidade, era fundamental que Portugal fosse forte no espaço que definiu para pressionar, sobretudo na pressão lateral. Aqui, destacaria o movimento de ligação entre os centrais através do pivot, que se repetiu algumas vezes, com a presença pressionante a não ser eficaz...

12' - O golo é uma consequência dos problemas do ponto anterior. A bola entra num corredor mas isso não a impede de circular com rapidez e segurança até uma situação de 1x1 no flanco oposto. A imagem parada pretende mostrar o momento em que Moutinho inicia o movimento de pressão sobre Kjaer. Nesse instante, o restante bloco não o acompanha na mudança de atitude, vendo-se bem essa falta de sintonia no posicionamento de Martins, que está ainda a recuar quando Moutinho parte para uma postura mais pressionante. A consequência é a liberdade do pivot (Zimling), que fica com tempo para receber e virar. Mais à frente, o mesmo problema com Bendtner, que oferece o apoio vertical sem pressão. Na minha leitura, estes são os dois apoios fundamentais para o desequilíbrio que é gerado. Aliás, repetiram-se as dificuldades para pressionar, quer o primeiro médio, quer as acções de Bendtner para fora do seu espaço...

24' - Situação estranha, com o movimento de Meireles a ser difícil de compreender, em sentido contrário à subida do bloco e colocando toda a gente em jogo. Já com a Islândia, o segundo golo vem de uma falta de concentração idêntica, no caso de Moutinho...

62' - A nota mais importante vem após a perda, mas não quero deixar de começar pelo bom condicionalismo dos dinamarqueses à posse portuguesa, quer pela neutralização de Meireles, quer, depois, pela boa presença que conseguiam no corredor da bola, durante todo o jogo. De todo o modo, esta transição, na zona em que aconteceu, e com o equilíbrio que Portugal tinha, nunca deveria ter tido tamanha consequência. Para reagir à perda, Portugal fica apenas com Meireles e Ronaldo na zona da bola. Meireles faz, a meu ver correctamente, uma tentativa de manter a bola no mesmo corredor, mas Ronaldo tem uma atitude péssima, não fechando o espaço e permitindo que Eriksen ficasse com tempo e espaço para receber, virar e encarar a linha defensiva portuguesa. Depois, pode-se discutir muita coisa sobre o comportamento da linha defensiva (que teve muitos problemas, diga-se), mas a partir do momento em que o jogador tem o espaço para pensar, de frente, a jogada, tudo fica muito complicado...

84' e 85' - Estas duas jogadas, já no final do jogo, tentam mostrar que o problema português nunca foi a exposição imediata no momento de transição, mas muito mais a qualidade com que (não) se apresentou em todos os momentos defensivos, seja em organização ou transição. Em particular, de novo, a falta de pressão que condicionasse o jogador que recebia a bola (normalmente Bendtner) foi sempre uma grande condicionante. Há também, e reforço outra vez a ideia, um grande mérito dos dinamarqueses, quase sempre lúcidos e inspirados em todas as acções, mas do ponto de vista português, este jogo mostrou vários pontos para Paulo Bento reflectir, e nenhum me parece que tenha ver com a exposição posicional após o 2-0...
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