25.10.11

Porto - Nacional: opinião e estatística

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- Começo com uma questão: se o Porto tem basicamente a mesma equipa (saiu apenas Falcao), se tem o mesmo modelo táctico (apenas se introduziram alguns comportamentos ao que já existia), porque é que tem tido mais problemas do que no ano anterior? E, aqui, importa distinguir o que é normal, dentro do expectável, do que será um pouco menos fácil de explicar. Ou seja, era de esperar que a época não fosse tão conseguida como a anterior, mesmo que Villas Boas se tivesse mantido, primeiro porque foi uma época excepcionalmente boa e, depois, porque há alguns factores que costumam contribuir para o acréscimo de dificuldades. Factores como a motivação, própria e dos adversários, a nível interno, que seria este ano sempre menos favorável ao Porto, ou como a presença na Liga dos Campeões, que traz sempre mais desgaste emocional do que a Liga Europa, especialmente nesta fase de grupos. Mas, mesmo descontando tudo isto, há claramente um momento menos conseguido do que aquilo que seria de esperar, como o comprova o jogo com o Apoel, por exemplo. Porquê? Não tenho a resposta exacta, mas uma coisa me parece certa, nem ela estar muito centrada do campo individual, nem do plano táctico. Há aqui algo que acredito possa ter influência, que tem a ver com a rotatividade implementada no inicio deste ano, ao contrário do ano anterior, onde a base da equipa se manteve sempre muito estável. É o meu palpite...

- Noutro âmbito, comento algumas situações individuais. Primeiro, Moutinho. Esta situação do seu menor rendimento faz-me lembrar a radical alteração na reputação do jogador após a sua mudança para o Dragão. De repente, passou de não convocado para a Selecção a grande médio do futebol nacional. Num Verão e pouco mais. Na minha leitura, se há característica que Moutinho possui é a sua consistência. Não é melhor no Porto do que era no Sporting, nem me parece que hoje seja pior do que era no ano anterior. Do mesmo modo, não me parece que se possa passar por cima das suas lacunas, que as tem, ou, num pólo completamente oposto, passar a reparar em tudo o que faz menos bem. Há, claro, uma coincidência em cada um destes pontos altos e baixos: o momento da própria equipa. A pergunta é, será que as equipas mudam tanto só por causa do momento de Moutinho? Ou, por outro lado, será que é a percepção geral sobre o jogador que muda quando a sua equipa não está tão bem? Eu, claramente, sou partidário desta segunda hipótese, e nesse sentido acho todo esta discussão sobre a sua quebra de rendimento (que o próprio alimentou) sem qualquer sentido.

- Depois, e mantendo-me no campo dos médios, falar de Defour, que se tem revelado mais uma excelente opção para aquela posição. Não me parece um jogador tão consistente em posse como Moutinho, por exemplo, mas, e mantendo o paralelismo com o português, tem-se revelado bem mais útil nos movimentos que exigem maior profundidade. Já conhecia o jogador, mas nunca o analisei com grande detalhe, mas fico cada vez mais com a sensação de que pode ser uma das soluções com mais consistência para a posição. Seja como for, tem muita e boa concorrência.

- Finalmente, Walter. Desconheço os motivos da sua repetida ausência dos eleitos, e esta não é uma opção que vem desta época, já que também não foi opção quando Falcao se lesionou no inicio da segunda metade da época anterior. Simplesmente, hoje, e devido ao momento da equipa, o tema ganha outros ecos. Francamente, sempre assumi que os motivos da sua ausência não eram técnicos, porque o seu rendimento, nas poucas oportunidades que teve, nunca justificou essa apreciação negativa. Pelo menos, na minha avaliação. Hoje, porém, tenho mais dúvidas de que não tenha sido esse o motivo. Se assim foi, realmente, foi um desperdício...

- Com tudo isto, não abordei o jogo propriamente dito. Na verdade, não teve muito interesse. Duas notas. Uma para o Porto, que sem James voltou a ter comportamentos mais simétricos entre os extremos. Aliás, a sua assimetria neste inicio de época parece-me o aspecto mais questionável do ponto de vista da intencionalidade táctica, sobretudo quando isso implica que a equipa perca presença à largura na sua última linha ofensiva. Já agora, fica a nota de curiosidade, porque no Chelsea, Villas Boas promove um tipo de acção interior semelhante com Mata. A outra nota, tem a ver com o Nacional e com a exposição da equipa, especialmente na segunda parte. A tentativa de jogar alto parece-me um equívoco tremendo nesta equipa, não pela ideia em si mesmo, mas porque a equipa não revela qualidade suficiente para o fazer de forma consistente. Esse é outro ponto de discussão possível, o que as equipas escolhem fazer deve ser definido em função das suas ideologias ou das suas capacidades reais?
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