- Organização defensiva: Muita coisa a dizer sobre este momento, que foi aquele que começou por condicionar as aspirações de Portugal. A equipa não se apresentou muito agressiva em termos de primeira linha, definindo um bloco médio e tentando fazer com Postiga uma pressão lateral sobre o central que saía com bola. Resultou bem com a Islândia, mas não resultou bem com a Dinamarca. Essencialmente, porque os dinamarqueses revelaram grande carácter, não se atemorizaram perante o pressing e fizeram a bola rodar pelo "pivot" (Kvist ou Zimling), alterando o lado de saída e obrigando Portugal a voltar a reorganizar-se defensivamente. Depois, mesmo dentro do bloco, houve vários problemas... A Dinamarca apelava muito à mobilidade das suas unidades, criando muita presença do lado da bola. Portugal nunca lidou bem com isto, houve uma indefinição no papel dos médios (de novo, fico com a sensação de que Martins tem menor familiaridade com os comportamentos defensivos do modelo, relativamente a Micael), houve uma falta de atitude de Ronaldo e uma incapacidade da linha defensiva se manter alta e encurtar os espaços dentro do bloco. O lance do primeiro golo é, de resto, elucidativo de muitos destes problemas, mas possivelmente voltarei a ele no inicio da próxima semana...
- Transição defensiva: Paulo Bento justificou os problemas de controlo das acções a partir deste momento pelo risco que a equipa assumiu depois do 2-0. Pessoalmente, entendo que não é justificação suficiente para o tipo de problemas que se viram. Grande parte das acções desencadeadas a partir do momento de transição não tiveram na verticalização uma iniciativa imediata. Ou seja, na maioria dos casos, houve tempo para uma reorganização e melhor controlo, o que não aconteceu. Aqui, há dois aspectos a salientar. Tacticamente, o papel da última linha, que teve pouca capacidade para ser agressiva na resposta, não fechando os espaços à sua frente e permitindo que o destinatário do primeiro passe se virasse e encarasse de frente a linha defensiva. Muito claramente, Pepe faz muita falta, pela sua capacidade de pressionar dentro do bloco, seja em organização, seja neste tipo de movimentos, em transição. Depois, em termos de atitude, não houve também a entrega que se justificava a este nível. De novo, o lance do 2-0 é sintomático da incapacidade de resposta e falta de atitude que houve (Ronaldo, no caso). Porque nem tudo é mau, destacar o papel de 2 jogadores na resposta que deram neste momento, Moutinho e Meireles, se Portugal não caiu mais cedo e de forma mais acentuada foi muito pela sua reactividade.
- Organização ofensiva: Com bola, em organização, Portugal já havia demonstrado algumas dificuldades frente à Islândia, onde acumulou vários erros. Não errou tanto desta vez, mas nunca teve, nem a fluidez, nem a inspiração para retirar algo das suas iniciativas ofensivas. Paulo Bento corrigiu a tal questão das primeiras bolas, que eram inconsequentes para Postiga, fazendo Patrício bater a bola preferencialmente para a direita (será por isso que Ronaldo começou por aí o jogo?), mas não foi na construção longa que houve mais dificuldades. Em posse, os dinamarqueses bloquearam completamente as iniciativas lusas, sendo-lhes devido grande mérito, mesmo reconhecendo um jogo aquém das expectativas por parte de Portugal. Meireles, nunca entrou na construção, bloqueado pela acção de Eriksen. A acção dos laterais, por onde Portugal tentou sair várias vezes, foi sempre condicionada e a progressão pelos corredores raramente conseguida. Finalmente, o papel da última linha dinamarquesa, muito mais agressiva em altura do que a portuguesa, fechando os espaços dentro do bloco e como que convidando Portugal a explorar o espaço nas costas. Poderia até ser uma alternativa, mas nem Portugal mostrou engenho para o fazer, utilizando o papel dos laterais na profundidade, por exemplo, nem tão pouco era provável que, com Postiga, Portugal conseguisse muito mais do que aumentar a sua estatística de fora de jogo, sempre que tentasse fazer do seu avançado uma solução para estes movimentos de rotura. De resto, continua a ser muito difícil vislumbrar qualquer mais valia consistente do avançado que justifique a sua escolha durante tanto tempo. Mas há outras dúvidas mais interessantes e difíceis de responder, que me sobram da última fase do jogo: Vemos invariavelmente os treinadores a mexer estruturalmente e a esgotar substituições, sempre que o resultado lhes é desfavorável. É ideia generalizada, que o deve fazer, que deve introduzir mais gente na frente, e "refrescar" as suas primeiras escolhas. Talvez por ser ideia generalizada, e por gerar critica pela certa, os treinadores fazem-no também sem grandes hesitações. A questão é que não creio que ninguém tenha alguma vez estudado realmente, e de forma objectiva esta questão, se mudar estrutura e jogadores acrescenta ou não possibilidades de rectificar coisas? Pessoalmente, tenho dúvidas que normalmente seja útil (talvez um dia procure uma resposta mais fundamentada...), e, neste caso, mais ainda porque não me parece que trazer Ronaldo para o meio seja uma boa ideia. Ou seja, parece-me que se deve conseguir que "apareça" no meio, mas não tanto que "esteja" no meio. A diferença pode ser, tão simplesmente, ter Ronaldo de frente ou de costas para a baliza...
- Transição ofensiva: Portugal tinha tudo para fazer deste momento a génese dos seus desequilíbrios. Não foi assim. Primeiro, porque a vantagem dos dinamarqueses implicou sempre um extremo equilíbrio no momento da perda, depois porque Portugal conseguiu potenciar poucos erros que fizessem deste momento uma oportunidade real e, depois, porque quando os conseguiu "arrancar" (fundamentalmente depois do 1-0), nunca teve engenho nem inspiração (outra vez!) para lhes dar a melhor consequência.
- Bolas Paradas: Era o capítulo mais temido, mas não foi por aí que Portugal caiu. Podia ter sido, porque cometeu vários erros, mas podia ter sido também por aí o seu relançamento no jogo, já que Portugal não foi menos perigoso do que a Dinamarca em matéria de bolas paradas...
- Por fim, duas notas. Uma para Rui Patrício, que tem tido um mau inicio de época, mas que fez uma excelente exibição, poupando a Selecção do embaraço a que se sujeitou. Depois, para o embate com a Bósnia, onde Portugal parte como favorito claro mas onde terá de ter outra abordagem, começando pela atitude já que os aspectos de ordem táctica e organizacional continuarão a não ter tempo suficiente para ser muito desenvolvidos.
- Transição defensiva: Paulo Bento justificou os problemas de controlo das acções a partir deste momento pelo risco que a equipa assumiu depois do 2-0. Pessoalmente, entendo que não é justificação suficiente para o tipo de problemas que se viram. Grande parte das acções desencadeadas a partir do momento de transição não tiveram na verticalização uma iniciativa imediata. Ou seja, na maioria dos casos, houve tempo para uma reorganização e melhor controlo, o que não aconteceu. Aqui, há dois aspectos a salientar. Tacticamente, o papel da última linha, que teve pouca capacidade para ser agressiva na resposta, não fechando os espaços à sua frente e permitindo que o destinatário do primeiro passe se virasse e encarasse de frente a linha defensiva. Muito claramente, Pepe faz muita falta, pela sua capacidade de pressionar dentro do bloco, seja em organização, seja neste tipo de movimentos, em transição. Depois, em termos de atitude, não houve também a entrega que se justificava a este nível. De novo, o lance do 2-0 é sintomático da incapacidade de resposta e falta de atitude que houve (Ronaldo, no caso). Porque nem tudo é mau, destacar o papel de 2 jogadores na resposta que deram neste momento, Moutinho e Meireles, se Portugal não caiu mais cedo e de forma mais acentuada foi muito pela sua reactividade.
- Organização ofensiva: Com bola, em organização, Portugal já havia demonstrado algumas dificuldades frente à Islândia, onde acumulou vários erros. Não errou tanto desta vez, mas nunca teve, nem a fluidez, nem a inspiração para retirar algo das suas iniciativas ofensivas. Paulo Bento corrigiu a tal questão das primeiras bolas, que eram inconsequentes para Postiga, fazendo Patrício bater a bola preferencialmente para a direita (será por isso que Ronaldo começou por aí o jogo?), mas não foi na construção longa que houve mais dificuldades. Em posse, os dinamarqueses bloquearam completamente as iniciativas lusas, sendo-lhes devido grande mérito, mesmo reconhecendo um jogo aquém das expectativas por parte de Portugal. Meireles, nunca entrou na construção, bloqueado pela acção de Eriksen. A acção dos laterais, por onde Portugal tentou sair várias vezes, foi sempre condicionada e a progressão pelos corredores raramente conseguida. Finalmente, o papel da última linha dinamarquesa, muito mais agressiva em altura do que a portuguesa, fechando os espaços dentro do bloco e como que convidando Portugal a explorar o espaço nas costas. Poderia até ser uma alternativa, mas nem Portugal mostrou engenho para o fazer, utilizando o papel dos laterais na profundidade, por exemplo, nem tão pouco era provável que, com Postiga, Portugal conseguisse muito mais do que aumentar a sua estatística de fora de jogo, sempre que tentasse fazer do seu avançado uma solução para estes movimentos de rotura. De resto, continua a ser muito difícil vislumbrar qualquer mais valia consistente do avançado que justifique a sua escolha durante tanto tempo. Mas há outras dúvidas mais interessantes e difíceis de responder, que me sobram da última fase do jogo: Vemos invariavelmente os treinadores a mexer estruturalmente e a esgotar substituições, sempre que o resultado lhes é desfavorável. É ideia generalizada, que o deve fazer, que deve introduzir mais gente na frente, e "refrescar" as suas primeiras escolhas. Talvez por ser ideia generalizada, e por gerar critica pela certa, os treinadores fazem-no também sem grandes hesitações. A questão é que não creio que ninguém tenha alguma vez estudado realmente, e de forma objectiva esta questão, se mudar estrutura e jogadores acrescenta ou não possibilidades de rectificar coisas? Pessoalmente, tenho dúvidas que normalmente seja útil (talvez um dia procure uma resposta mais fundamentada...), e, neste caso, mais ainda porque não me parece que trazer Ronaldo para o meio seja uma boa ideia. Ou seja, parece-me que se deve conseguir que "apareça" no meio, mas não tanto que "esteja" no meio. A diferença pode ser, tão simplesmente, ter Ronaldo de frente ou de costas para a baliza...
- Transição ofensiva: Portugal tinha tudo para fazer deste momento a génese dos seus desequilíbrios. Não foi assim. Primeiro, porque a vantagem dos dinamarqueses implicou sempre um extremo equilíbrio no momento da perda, depois porque Portugal conseguiu potenciar poucos erros que fizessem deste momento uma oportunidade real e, depois, porque quando os conseguiu "arrancar" (fundamentalmente depois do 1-0), nunca teve engenho nem inspiração (outra vez!) para lhes dar a melhor consequência.
- Bolas Paradas: Era o capítulo mais temido, mas não foi por aí que Portugal caiu. Podia ter sido, porque cometeu vários erros, mas podia ter sido também por aí o seu relançamento no jogo, já que Portugal não foi menos perigoso do que a Dinamarca em matéria de bolas paradas...
- Por fim, duas notas. Uma para Rui Patrício, que tem tido um mau inicio de época, mas que fez uma excelente exibição, poupando a Selecção do embaraço a que se sujeitou. Depois, para o embate com a Bósnia, onde Portugal parte como favorito claro mas onde terá de ter outra abordagem, começando pela atitude já que os aspectos de ordem táctica e organizacional continuarão a não ter tempo suficiente para ser muito desenvolvidos.