27.2.09

Regresso ao passado?

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Quando o futebol europeu arranca para a sua fase decisiva da época, eis que surge uma notícia que pode indiciar um regresso ao passado e, também, uma súbita inversão no caminho que o futebol mundial vem levando nos últimos anos. A famosa intenção da FIFA de aplicar a lei dos 6+5 (ou seja em cada onze só podem estar 5 jogadores que não sejam eligiveis para as selecções dos países do clube em questão) ganhou nova força com a conclusão de um estudo feito por especialistas jurídicos em assuntos europeus. A posição da comunidade europeia foi contrária à aplicação desta regra mas, a confirmar-se a ideia (defendida neste estudo) de que pelo facto de não haver qualquer impedimento em relação aos suplentes ou à composição do plantel, esta é uma lei que não choca com as normas europeias, então a FIFA poderá mesmo levar em diante a ideia, provocando uma nova revolução, agora em sentido contrário daquilo que aconteceu com a “lei Bosman”.

A consequência de
sta, agora bem mais provável, medida não será um regresso ao passado, tal qual ele era. A globalização do futebol faz-se essencialmente, não pela livre circulação de jogadores, mas pelo acesso de várias ligas e de vários jogos ao mesmo adepto. Isso, como é óbvio, não mudará. O que mudará é a garantia de qualidade para algumas ligas que começavam a perder os seus valores pelo facto de não terem o mesmo poder económico de outros campeonatos. Neste caso, é claro, dificilmente se encontrará um campeonato com maiores benefícios que o português. Porque somos um país com muita qualidade individual mas cada vez menos dinheiro, os jogadores portugueses são um alvo fácil. Continuarão a ser, os clubes financeiramente não ganharão nada com isto, mas a consequência ao nível global ditará, forçosamente, um enorme arrefecimento na saída de jogadores nacionais dos seus países e, por consequência, uma manutenção de qualidade que hoje não acontece.

Mas há alguns perdedores evidentes com esta possível nova realidade, destacando-se os empresários de jogadores. A limitação do mercado implica uma diminuição de transferências e uma quebra no valor da maioria das transferências – sobretudo de jogadores que não pertençam aos principais países europeus – e isso, claramente é um revés para o seu negócio.

Esta mudança terá, por todas as implicações que envolve, algumas barreiras de relevo mas julgo que traria alguma ordem e, sobretudo uma “pureza” (não sei se o termo é o mais correcto) que foi, afinal, a base do futebol enquanto fenómeno social, mas que hoje parece tendencialmente afastada da realidade. Não se pense que os grandes europeus perderão o seu domínio, mas é certo que haverá um maior equilíbrio entre as equipas dos vários países, até porque pelo andar da carruagem o mais certo seria termos uma concentração cada vez maior das principais estrelas nos principais campeonatos, com particular destaque para a Premier League, cuja evolução mediática e económica ameaça deixar a anos luz todas as outras competições domésticas.


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O thriller de Istambul e... Viva a "2ª divisão europeia"!

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- Pois é, diz-se que a Taça Uefa não tem o mesmo interesse e que é hoje a segunda divisão do futebol europeu. Pois bem, se a Champions League tem os grandes nomes e os grandes duelos, a Taça Uefa ganha claramente em emotividade e espectáculo. Impressionante jornada, repleta de grandes golos!
- O Milan foi sensacionalmente eliminado (2-2) em casa depois de ter estado em vantagem por 2-0. Pizarro foi o herói do Bremen com 2 golos de cabeça, mas a bomba de Pato é o que vale a pena ver.
- O Tottenham caiu em casa ao empatar com o Shakhtar. Fica, no entanto, o grande golo de Giovani dos Santos.
- Twente e Marselha tiveram de decidir nos penaltis, após um livre sensacional de Ben Arfa ter empatado a eliminatória.
- O PSG impressionou frente ao Wolfsburgo. Para ver os golos de Rothen e Hasebe.
- Impressionante a qualidade dos golos neste jogo! 2-1 entre St.Etienne e Olimpiacos. Payet, Ilan e Oscar.
- Golo da promessa Gebhart, mas insuficiente para evitar a queda do Estugarda aos pés do Zenit.
- Finalmente, a finalização explosiva de Luis Aguiar.

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26.2.09

Sporting - Bayern: como não reagir à adversidade...

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Da ameaça à desgraça - Sem nunca colocar em causa a óbvia superioridade do Bayern, pensei desde a primeira hora que o Sporting pudesse ser um adversário incomodativo para os bávaros. A primeira parte do jogo confirmou grande parte das minhas expectativas e a segunda, claro, desmentiu-me totalmente. A história da derrocada frente ao Bayern não se conta simplesmente pela diferença de qualidade entre as duas equipas. Foi um jogo que teve uma história curiosa, começando por revelar equilíbrio e até algum ascendente em certas fases do Sporting mas que teve nos golos momentos que funcionaram negativamente para o Sporting não só no resultado mas sobretudo na atitude mental dos jogadores. O Sporting começou a ameaçar ser um duro osso de roer para o Bayern e terminou a desejar que o jogo terminasse o quanto antes, porque mais minutos tivesse a partida, mais golos o Sporting teria sofrido.

Mexidas no 11 – Paulo Bento promoveu alterações que, na minha perspectiva, eram totalmente expectáveis. Pela sobrecarga de jogos de elevada importância (o desgaste aqui é sobretudo mental) e, também, pelas características do adversário. Tonel, Caneira e Abel, por rotatividade mas sobretudo por experiência e estatura. Romagnoli pelo ajuste do seu futebol às características do jogo alemão. Arrisco que se Adrien ou Veloso tivessem disponíveis um deles também entraria, estranhando apenas a ausência de Pereirinha do 11. São alterações totalmente compreensíveis e que indiciam uma prioridade dada à liga e, se se pode dizer que algumas ausências condicionaram as hipóteses de vitória do Sporting, é totalmente demagógico querer-se explicar a goleada a partir daqui.

Primeira parte – Para uma análise honesta àquilo que foi o jogo, importa descontextualizar a primeira parte da expressividade do resultado. O Sporting entrou de facto bem, pressionando, sendo agressivo e conseguindo também levar o seu jogo com alguma facilidade até à área alemã. Não foi um domínio completo porque o Bayern conseguiu sempre causar muitas dificuldades à organização defensiva do Sporting, intervalando os períodos de maior domínio leonino com fases de presença muito regular perto da área do Sporting. Nota aqui para o flanco esquerdo com Zé Roberto e Ribery a imporem uma dinâmica notável e que causou muitas dificuldades ao Sporting. Ainda assim, o Sporting não merecia de todo sofrer o 0-1 pois tinha dividido o jogo e usufruído das únicas oportunidades reais de golo. A verdade porém é que o sucedido é apenas uma consequência da exigência deste nível. É que um erro é simplesmente imperdoável quando do outro lado está alguém que pode fazer o que fez Ribery a Tonel e Polga – sobre este lance destaco, para além do erro de Derlei, o soberbo trabalho de Ribery (com uma exibição absolutamente fantástica a provar que está entre a elite das individualidades do momento) e também um erro na abordagem de Polga que se aproxima por antecipar (muito bem) que Tonel seria batido, mas que não tem o tempo certo de abordagem ao desarme.

Mentalidade – O Sporting não feliz num jogo que até estava a ser bem conseguido mas o que aconteceu depois do 0-2 é difícil de explicar. Os jogadores simplesmente “desapareceram” do campo, numa quebra psicológica difícil de igualar. Aqui, talvez o tal desgaste mental de ter 2 jogos tão intensos num curto espaço de tempo ajude a explicar tamanha incapacidade de reacção psicológica. É um motivo possível mas que, obviamente, não pode servir para que se tolere o intolerável.


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Real Madrid - Liverpool: A lei do pormenor

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Sou totalmente contrário a análises baseadas nos títulos passados, ganhos por gente que nada tem a ver com os embates de hoje, mas não deixa de ser notável que entre estes 2 emblemas se contem 14 conquistas deste troféu. Mais interessante do que esse aspecto, para este duelo, há a particularidade de envolver o maior clube da capital espanhola e um outro que detém muitos espanhóis e os maiores embaixadores do futebol campeão europeu.

Este foi tudo menos um encontro interessante, preso a uma rigidez táctica e a uma enorme preocupação em não errar. Esta toada durou toda a partida, acabando esta por ser decidida já no fim e da forma mais previsível possível, ou seja, de bola parada. Do ponto de vista táctico também houve pouco interesse. O confronto de dois treinadores espanhóis com ideias de jogo muito próximas ditou um encaixe de dois 4-4-2. Aqui começou a ganhar o Liverpool porque tem muito mais tempo de rotina neste modelo e se sente muito mais confortável a interpretá-lo.

Os ‘reds’ impuseram a sua postura típica deste tipo de embates de alto nível. Grande concentração táctica, grande qualidade na ocupação dos espaços e grande importância dada ao erro, quer na tentativa de o evitar, quer na busca de um aproveitamento de deslize alheio. Mais habituado a estas andanças (lá está, os títulos passados de nada valem!), o Liverpool foi sempre mais competente na interpretação deste jogo de tanto rigor, sentindo-se sempre o seu maior conforto no jogo. Nota para a fantástica capacidade defensiva da equipa, com o conceito de zona e de entre ajuda a ser interpretado quase na perfeição.

Juande abordou este jogo, tentando ser forte nos mesmos pontos que o Liverpool. Este Real tem fantásticas individualidades que poderiam ter feito a diferença no jogo mas do ponto de vista colectivo notou-se sempre que esta era uma equipa menos confortável em certos aspectos de pormenor que acabaram por ditar alguns desequilíbrios relevantes no jogo. Na segunda parte, Juande Ramos tentou uma mudança táctica que tentasse desbloquear o jogo, passando Robben da direita (onde foi marcado sempre zonalmente por vários adversários) para esquerda, contando com a não participação ofensiva de Fabio Aurélio e introduzindo Guti para uma posição mais central, tentando criar superioridade naquela zona. O Liverpool, no entanto, tem uma organização fantástica e essa tentativa resultou em muito pouco. A ideia que se retira deste jogo é que, claramente, há um caminho a percorrer para que equipas como o Real possam realizar um jogo tacticamente tão forte como as potencias do futebol inglês. Ainda assim, claramente, não é por falta de talento, destacando a excelente exibição de Pepe, a certeza do jogo de Gago e a facilidade incrível que Robben tem para desequilibrar.


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Para quem não viu...

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25.2.09

Atletico Madrid – Porto: Conseguiram... não ganhar!

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KO desperdiçado – Num jogo em que evidenciou grande superioridade colectiva, o Porto voltou a revelar a sua surpreendente vertente auto destrutiva – que normalmente aparece por estas alturas da competição – valendo-lhe um difícil empate. Difícil, porque é extremamente complicado perceber-se como é que não se ganha um jogo destes. O 2-2 não é, claro, um mau resultado, mas deixa a eliminatória à distância de um golo e essa é uma situação que, sendo favorável, é tudo menos segura. Para mais, ninguém garante que teremos um Atlético igual na segunda mão, pelo que é perigoso pegar neste jogo como exemplo para projectar o embate do Dragão. De todo o modo percebe-se facilmente que este Atlético tem várias fragilidades, pelo que será muito importante encarar a segunda mão com inteligência.

Jogo à medida – Como se pensava, o Atlético revelou-se frágil a organizar o jogo e, sobretudo, no controlo da profundidade, cometendo muitos erros a reorganizar-se em transição. O Porto aproveitou bem essas debilidades, adoptando a postura certa no jogo e tirando partido daquela que é também a sua forma favorita de actuar. A primeira parte foi jogada sempre neste registo, sentindo-se também a enorme vulnerabilidade emocional que se vive do outro lado. Após o primeiro golo, o Atlético manteve-se por cima no jogo, mas a sua confiança foi altamente abalada após a primeira ameaça de empate, avolumando-se o número de erros que os colchoneros cometeram em todos os sectores e em todos os momentos do seu jogo. Não só o Porto se deu ao luxo de perder variadissimas oportunidades, como ainda concedeu uma impensável vantagem com o erro de Hélton. A verdade é que o jogo se podia ter complicado e bem. Na segunda parte o Atlético correu menos riscos e o Porto não usufruiu dos mesmos espaços, ainda que tenha ameçado de bola parada e na sequência de um transição resultante de uma recuperação em zona alta. A toada quebrou depois e parece-me que o 2-2 terá chegado mesmo a tempo porque o jogo depressa caminhava para uma fase mais imprevisível e com grande risco para as aspirações portistas.

Nota para alguns golos. O primeiro do Atlético numa falha, primeiro, de Bruno Alves que não acompanha Aguero ao espaço entre linhas, permitindo que este se virasse, e depois de Cissokho, que não fecha convenientemente o espaço. Estas diagonais dos extremos são típicas, como, aliás, tinha referido na antevisão. Os 2 golos do Porto surgem, também, de erros quase primários. O primeiro num posicionamento ridículo da defesa quando não podia fazer fora de jogo, e o segundo numa imperdoável perda de controlo da frente do lance num cruzamento.

Sobre as individualidades, acho que ficou claro para todos as dificuldades dos laterais portistas e o bom jogo posicional do meio campo, com Lucho em destaque. De resto, com esta capacidade de explosão, quanto tempo ficará Hulk em Portugal?

A diferença da organização – No lançamento do jogo alertei para as diferenças colectivas entre Porto e Atlético, acentuadas pelo mau momento de confiança dos ‘colchoneros’, isto apesar de haver, na minha opinião uma mais valia individual do lado espanhol. Ainda assim, confesso que me surpreendeu tamanha diferença entre a organização colectiva dos 2 conjuntos. Entre os adeptos (e não só) é conhecida a irresistível tendência para a critica direccionada aos treinadores. O que se viu foi uma diferença enorme entre o aproveitamento que se faz dos recursos de um lado e de outro e parece-me ser tempo de se dar mérito à qualidade que muitos treinadores portugueses têm quando comparados com o que se vê por outras paragens...


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Inter – Man Utd: Zerados

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É o prato forte de uns oitavos atipicamente interessantes. A primeira mão ficou a zero e, para já, ninguém tem motivos práticos para sorrir. No que respeita ao jogo, porém, creio que o United será quem mais se pode lamentar de não ter conseguido, pelo menos, um empate com golos. Sobretudo pelo primeiro tempo. A segunda mão, essa, será forçosamente diferente em vários aspectos, mas o nulo garante a manutenção de um jogo com uma componente táctica e estratégica muito forte, onde se sente que um erro pode dar toda a vantagem ao adversário.

A primeira parte do United foi fantástica, a provar que há ainda muito caminho para o Inter percorrer até conseguir uma verdadeira superioridade sobre o actual campeão europeu (isto, independentemente do que resulte da eliminatória). Grande lucidez em posse, tornando o pressing do Inter completamente ineficaz com uma grande segurança no passe e fazendo a bola chegar com alguma facilidade à zona de perigo, onde conseguiu várias ocasiões de golo na primeira parte, ao mesmo tempo que controlou sempre um jogo ansioso e muito errático do Inter. Uma palavra para a soberba exibição de Ronaldo, o mais infortunado de todos. Mantém alguns erros que pode e deve corrigir, mas mostrou porque é tão decisivo, sendo referência para o jogo ofensivo da equipa e aparecendo depois de forma fantástica nas zonas de finalização.

Mourinho terá corrigido algo para o segundo tempo e, de facto, o jogo mudou. Mais atitude do Inter, melhor reacção à perda de bola e a insistência num jogo directo em que é fortíssimo, com o poder de Adriano e Ibrahimovic. O Manchester voltou a ameaçar nesta fase, mas com muito menos regularidade do que no primeiro tempo, sendo o Inter quem mais ameaçou. Nesta equipa do Inter destaco pela negativa a sua inesperada incapacidade defensiva. Primeiro, teve muitas dificuldades em ter eficácia sempre que tentou um pressing mais alto perante a organização adversária e, depois, viu o United conseguir algumas situações de finalização bem perigosas a partir de situações de ataque organizado e em jogadas algo simples.


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24.2.09

A segunda parte do derbi e a decisão de Pereirinha

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O colete de forças leonino
O vídeo serve, no fundo, de apoio à análise que tinha deixado ontem ao jogo e, em particular, ao que sucedeu no segundo tempo. Nesse período foi de facto impressionante a superioridade que o Sporting conseguiu obter no jogo, motivado pelo golo inicial de Derlei e conseguindo fazer com que o Benfica fosse acentuando os seus erros posicionais, adoptando um comportamente cada vez mais desligado de sector para sector e sempre constrangido pela pressão que o Sporting foi exercendo.
Sem querer particularizar muito a análise a cada uma das jogadas em amostra, reforço a ideia daqueles que foram os pilares essenciais para tamanha superioridade leonina nesse período. Primeiro a atitude, reflectida na determinação e agressividade com que se disputaram cada um dos lances. Depois, a vertente estratégica, com um jogo quase sempre directo a desgastar a defesa encarnada que se foi progressivamente distanciando do seu meio campo, um bom posicionamento para segundas bolas e, muito importante, um pressing que impediu sempre o Benfica de fazer um bom primeiro passe, provocando invariavelmente o erro.
Do lado do Benfica, falou-se muito dos erros individuais. Já ontem fiz aqui a defesa de uma visão que deve ser pouco centrada no aspecto individual e muito mais nos problemas colectivos. Hoje, acrescento que se quisermos fazer uma análise mais rigorosa do ponto de vista individual talvez cheguemos à conclusão de que David Luiz não pode ser o único responsabilizado. Neste ponto destaco Sidnei, um jogodor muito jovem, imponente fisicamente e fortissimo no ar, mas que revela (e não é deste jogo) várias dificuldades do ponto de vista posicional, sempre que se lhe exige sair da sua zona. Não é uma crucificação de um jogador com potencial, apenas uma divisão mais justa do peso das responsabilidades neste caso especifico e, de uma forma mais geral, um alerta para alguns aspectos em que claramente deve melhorar.


A decisão de Pereirinha: A razão ou a emoção?
O último dos lances do vídeo tem a jogada do terceiro golo (desde já, um fantástico gesto que define o cabeceador sublime que é Liedson) em que sobressai, para além dos desequilíbrios tácticos já abordados, a notável jogada de Pereirinha. Há algo particularmente invulgar na sua acção, não há? É que Pereirinha, conhecido pela inteligência e racionalidade com que actua, ignora uma linha de passe evidente para Izmailov para arrancar para a sua jogada individual que antecede o golo. Afinal, terá tudo sido o produto de uma rara má decisão do jovem médio?
Este assunto, o do acerto nas decisões, é cada vez mais discutido, sobretudo na análise de jogadores particularmente talentosos. Para mim não é uma questão totalmente objectiva e aquilo que seria, à partida, uma má decisão pode ser, afinal, a melhor das decisões, dependendo dos casos e, claro, do desfecho dos mesmos. Vejo as coisas como as decisões da própria vida. Ou seja, em 90% dos casos é preciso ter-se lucidez e ser-se racional, mas no futebol como na vida são provavelmente os outros 10% que fazem toda a diferença. É que não se pode tirar o instinto ao jogador que, se sentir confiança e inspiração, deve seguir a emoção e ignorar a razão. Foi isso que fez Pereirinha no lance e é isso que fazem tantas vezes os maiores génios do mundo. Seguem o seu instinto e a confiança no seu talento, produzindo as jogadas e os lances que nos ficam gravados na memória. O princípio deve ser mesmo esse, seguir a razão mas nunca ignorar a emoção.
Já agora, aproveito o assunto para deixar um vídeo onde não faltam "más decisões"!

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O golpe de Kuranyi e outros golos do fim de semana...

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- Em Inglaterra o United parece estar no caminho da revalidação do título. Destaque para a bomba de Ronaldo na vitória frente ao Blackburn (2-1).
- Hiddink estreou-se e o Chelsea venceu em Villa Park. O génio de Lampard e a classe de Anelka no golo que fez a diferença.
- Em Espanha, mau sinal para o Barcelona numa altura crucial da época. Derrota caseira com o Espanyol (1-2) e De la Peña a ser a figura do derbi.
- Fantástica vitória do Real sobre um Bétis com Ricardo à beira do desespero (6-1). Grande golo de Ricardo Oliveira e 2 finalizações a lembrar o melhor Raul.
- Em Itália, Balotelli regressou a tempo de garantir a vitória do Inter (1-2) em Bolonha. A Juventus também venceu (2-0) fora, em Palermo, com um belo golo de Sissoko.
- Grande golo de Rodrigo Taddei na vitória da Roma.
- Na Alemanha alguns golos de realce. O futuro reforço do Bayern, Baumjohann (Monchengladbach), Patrick Helmes (Leverkusen) e os portugueses Sérgio Pinto e Hugo Almeida.
- Em França dois golos de jovens promissores em realce. Kevin Gameiro (Lorient) e Matuidi (St.Etienne).
- Na Argentina continua o péssimo arranque do Boca. Desta vez o carrasco foi o prodígio Eduardo Salvio (Lanus).
- Alguns golos em destaque pelo mundo fora. Na Húngria, o calcanhar improvável de Zoltan Hercegfalvi (Honved). Na Australia, o missil de Barbierp (Adelaide Utd). No México, 2 grandes golos na vitória do Atlas. Lucas Ayala e Edgar Pacheco. Na segunda divisão inglesa, Saganowski (Southampton) para deixar saudades aos adeptos do Vitória.
- Finalmente, por cá, para ver ou rever: Liedson, Gabriel Gomez e Licá.

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23.2.09

Sporting - Benfica: A atitude na origem de tanto desequilíbrio

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A produção das duas equipas foi tão dispar no segundo tempo que se torna quase dispensável referir a justiça do vencedor. De facto, é uma situação algo rara nestes jogos, normalmente pautados por grande equilíbrio e onde os lances decisivos são normalmente o tónico que marca a maior diferença entre os conjuntos. Neste campo, o dos lances decisivos, até se pode dizer que o Sporting foi mais feliz, ganhando vantagem na abertura das duas partes, mas a forma como reagiu a essa vantagem no segundo tempo (e ao contrário do primeiro) foi de tal forma avassaladora que torna, até, a vantagem minima uma penalização escassa para todas as dificuldades que o Benfica sentiu durante esse período. Uma das maiores curiosidades deste jogo foi, aliás, a forma tão diferente como as equipas reagiram em dois momentos diferentes à vantagem do Sporting.

O jogo directo e o resultadismo – Antes de mais volto ao jogo da primeira volta para referir um aspecto que, sendo previsivel, não deixa de ser curioso. É que na altura criticou-se muito o recurso a um jogo mais directo por parte do Sporting nessa partida. Pois bem, a abordagem directa foi desta vez, e de forma muito mais clara, uma estratégia deliberada do Sporting para contornar o pressing encarnado. Desta vez, no entanto, o resultado foi diferente e, como é hábito, as criticas também. Sobre esta estratégia do Sporting, referir que foi uma opção que Paulo Bento terá encontrado para correr menos riscos no jogo e, sobretudo, evitar a forma como o Benfica poderia aproveitar a sua posição no jogo para se fechar num bloco denso onde a posse de bola do Sporting fosse facilmente transformada em transições perigosas a partir de perdas. O objectivo era evitar os centrais e, por isso, explorar passes largos para as laterais do campo. Na primeira parte, mais por deficiência na interpretação do que por erro estratégico, não resultou bem, na segunda foi uma fonte de problemas para o Benfica, potenciando muitissimo o aproveitamento do espaço entre linhas em que o Benfica tem tantas dificuldades.

Sporting – Se me perguntarem qual terá sido a mais valia do Sporting no jogo, respondo, em primeiro lugar com as palavras determinação e agressividade. Essa foi sempre a grande vantagem do Sporting durante o jogo, a atitude. Começou por ser no inicio, valendo-lhe alguma superioridade mesmo no período pouco lúcido que antecedeu o 1-0 e voltou a se-lo, mas com muito maior qualidade de jogo a acompanhar na segunda parte e, mesmo, no final da primeira, depois do 1-1.
A primeira nota sobre o Sporting é negativa e vai para a forma como a equipa não soube gerir a vantagem que tão cedo conseguiu. O Benfica não teve, sequer, de sair muito do seu registo inicial para se superiorizar no jogo. Isto porque o Sporting foi sempre precipitado e algumas vezes despropositado na forma como geriu a posse de bola. A punição aconteceu, no entanto, por erro de avaliação de Polga que arriscou não resolver rapidamente uma segunda bola resultante de um pontapé de Moreira. O empate era, no entanto, uma penalização merecida.
O Sporting do segundo tempo foi outro. Novamente uma fortissima atitude inicial e, novamente, a recompensa com um golo. Desta vez, porém, outra lucidez, outra capacidade e, também, outro adversário para gerir. À atitude já elogiada, juntaram-se um pressing que impediu o Benfica de jogar e uma muito maior sapiência na gestão da bola, nunca abdicando, no entanto, de abordagens mais directas como recurso estratégico. À medida que o Benfica foi querendo subir no campo, o domínio acentuou-se porque o meio campo tornava-se cada vez mais distante da linha defensiva, aumentando o espaço entre linhas que os médios do Sporting transformaram numa autêntica via verde para o assalto ao cada vez mais impotente quarteto defensivo encarnado. O resultado foi apenas 1 golo mais, mas a superioridade conseguida justificava bem mais...

Benfica – Antes do jogo referi a pouca apetência de Quique para estratégias tácticas especificas e a previsibilidade da abordagem que faria o treinador espanhol. Tudo isso se confirmou e, em Alvalade, o Benfica tentou repetir exactamente o que fizera no Dragão. É verdade que o Benfica não teve a felicidade no timing em que sofreu os golos, mas é também evidente que a sua boa reacção no primeiro tempo teve mais a ver com uma menor inspiração do adversário do que num grande mérito dos encarnados. Como assim aconteceu, o Benfica terá ido para o intervalo provavelmente iludido sobre o seu conforto no jogo e isso terá, ainda mais, reforçado a diferença de atitude com que se reiniciou o jogo. Mais ainda, condicionaria depois uma resposta ao 2-1, com o Sporting, agora sim, a juntar qualidade à estratégia que tinha montado para a partida. De repente, o Benfica viu-se impotente para sair do colete de forças leonino, impedido de sair a jogar pelo pressing contrário e sendo recorrentemente penalizado pelo espaço que passava a conceder nas costas da sua linha média, sempre que esta tentava adiantar-se.

Liedson e David Luiz – Podia falar de vários nomes, mas vou apenas abordar os dois mais incontornáveis. Liedson, primeiro. O seu registo comprova-o, este foi apenas um clássico normal para Liedson e isso é uma evidencia só por si fantástica. Liedson consegue ser perturbador, ameaçador, incomodativo e, depois, altamente decisivo. A capacidade de aparecer nos grandes jogos é um atributo raro e que Liedson possui inegavelmente. Não precisava dele para ser um grande jogador, mas isto torna-o particularmente especial e garante ao seu nome uma lugar na memória bem para além da sua própria longividade futebolísitca.
É normal arranjar-se réus tal como heróis e, desta vez, coube a David Luiz a "fava". Da mesma forma que o referi, por exemplo, na derrocada frente ao Olimpiacos, parece-me um equívoco individualizar um problema que é claramente colectivo. Digo que o jogador não tem responsabilidade única em nenhum dos golos ( por exemplo, Polga teve um erro muito mais censurável) e aproveito para reafirmar aquilo que referiu Quique sobre as qualidades fantásticas deste jogador. David Luiz tem um potencial enorme pelas invulgares capacidades físicas e técnicas que possui e, mesmo não sendo a posição de lateral uma vocação, David Luiz tem sido bastante competente nessa função revelando também pela versatilidade a qualidade que tem. É sem dúvida o defesa com mais potencial do Benfica e não é por uma noite menos má que isso muda.


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Atlético Madrid - Porto: Em antecipação...

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Aproximando-se com grande rapidez a jornada europeia, salto a análise da deslocação do Porto a Paços para fazer uma pequena antevisão da bem mais interessante visita ao Calderon.

Penso já o haver referido aquando do sorteio, mas na definição de favoritismos, parece-me impossível atribuir-se ao Porto uma superioridade teórica. Isto porque é essa ordem natural das coisas. Se, por cá, os grandes têm sempre favoritismo pela capacidade de “absorver” as principais figuras do campeonato, também esse estatuto tem de ser dado ao Atlético por ser um emblema capaz de “pescar” nos grandes portugueses as suas principais individualidades. Mas o favoritismo acaba aqui, nas individualidades.

Para se explicar o que é o Atlético de Madrid em termos tácticos, basta dizer que tem um modelo muito semelhante ao do Benfica de Quique. Aliás, há hoje uma corrente no futebol espanhol que utiliza este 4-4-2 clássico de forma muito estereotipada e nada especifica, retirando, na minha opinião, qualidade e potencial às equipas. A isto junta-se um momento mau em termos de confiança, sentindo-se isso na forma hesitante como a equipa organiza o seu jogo ofensivo, tendo muitas dificuldades em fazê-lo. Em termos ofensivos é uma equipa particularmente forte em ataques rápidos e quando consegue lançar no espaço a dupla Aguero-Forlan. Outro movimento característico são cruzamentos e lançamentos largos para as costas da defesa contrária, ora para o aparecimento de um dos avançados, ora para apanhar uma diagonal de um dos extremos. Nota em termos individuais para a relevância táctica de Paulo Assunção, importante para colmatar o problema do espaço entre linhas que, tal como o Benfica, este Atlético apresenta.

Para o jogo será importante que o Porto acentue o mais possível a sua maior qualidade colectiva e diminua o efeito das individualidades adversárias. Isto é, situações de 1x1 ou 2x2 com extremos e avançados devem ser totalmente evitáveis. Depois, será importante que o jogo seja bem gerido do ponto de vista emocional. É que esta é uma partida que será seguramente muito vivida em Madrid. Para o Porto será importante, senão decisivo, evitar ao máximo fases de entusiasmo que contagie e inspire jogadores individualmente temíveis. Para tal não há segredos. Grande concentração táctica e técnica (erros individuais como os frente ao Schalke são proíbidos) e, depois, a importância de manter o Atlético sob ameaça. Aqui, espera-se que Hulk aproveite o espaço que o Atlético concede para protagonizar as suas explosões.


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Koutsianikoulis, o domínio do "Messi grego"

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20.2.09

Sporting - Benfica: Notas prévias...

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Começo esta pequena antevisão do derbi com uma referência ao seu enquadramento no campeonato. Houve uma altura em que pensei que este inicio de temporada pudesse ser praticamente decisivo e quem chegasse na frente após os clássicos que marcam o inicio da segunda volta teria uma vantagem praticamente decisiva. Hoje, porém, não reconheço a nenhuma equipa uma consistência suficiente para que se possa pensar que a perda de pontos possa ser tão improvável em 10 jornadas. A vantagem pontual será, obviamente, relevante e definirá favoritismos mas não creio que se possa vir a considerar decisiva por antecipação. Sobre este tema aproveito, de resto, para deixar a opinião de que esta liga tem sido francamente equilibrada e que as diferenças que existem na classificação são definidas por detalhes e não por diferenças significativas na qualidade das equipas, como aconteceu, por exemplo, no ano anterior.

Sporting: a importância de ser competente nos detalhes – Paulo Bento tem nas suas decisões grande parte da incerteza que existe sobre as estratégias para o clássico. Há várias incógnitas em relação a quem jogará em que posição e, até, poderemos admitir que o losango possa não ser uma certeza depois do que se viu no Restelo. De resto, o Sporting deverá saber perfeitamente com o que pode contar da parte do adversário que quase seguramente abdicará de tentar comandar o jogo pelo domínio da posse de bola e por ataques em organização. O Benfica esperará o momento certo para atacar a profundidade em transição e definirá uma zona de pressão relativamente baixa e difícil de ultrapassar. Neste, mais do que em qualquer jogo, é fundamental ser-se prudente em posse para evitar perdas em zona intermédia que possam abrir lugar às tais transições rápidas. Ainda no que respeita ao controlo do adversário importa obviamente falar das bolas paradas onde, claramente, o Sporting está em desvantagem. Ofensivamente, os “leões” necessitam de ser inteligentes nos espaços para os quais canalizarão a sua posse e, em organização, será também audaz chamar o Benfica para tentar esticar o bloco em profundidade antes de aproveitar depois os espaços entre linhas. Duas notas para pormenores que podem fazer a diferença. Primeiro, o pressing que se for reactivo e agressivo poderá encurralar o Benfica, transformando o seu bloco baixo numa adversidade. Segundo, no inicio das jogadas é preciso ser, sempre que possível, rápido para impedir que o bloco adversário se organize e impeça a bola de chegar rapidamente às imediações da sua área.

Benfica: formula do Dragão e jogo emocional – Quique tem-se mostrado um treinador pouco propenso a estratégias tácticas específicas para partidas de maior importância. Daí que preveja a repetição da fórmula aplicada no Dragão, até pela satisfação que provocou a exibição conseguida. Ou seja, uma equipa concentrada mas prudente, evitando atacar em organização desde trás para não dar oportunidades ao pressing adversário e preferindo iniciar as suas jogadas através de segundas bolas resultantes dos pontapés longos de Moreira. A ideia, depois, é aproveitar as transições para lançar as suas principais individualidades no espaço. Frente ao Sporting, e independentemente das escolhas de Paulo Bento, o Benfica contará com alguma dificuldade de recuperação do quarteto defensivo leonino, embora se saiba também que esta é provavelmente a equipa que melhor se organiza defensivamente na Liga. Jogando fora e sabendo da necessidade de vitória do seu adversário, o Benfica poderá e deverá fazer do tempo um aliado, até porque este Sporting já revelou ser muito mais débil quando se sente pressionado pelo cronómetro. Para o Benfica, por isso, pode ser preponderante a gestão do controlo emocional do jogo, esperando que seja o adversário o primeiro a sofrer com os efeitos da ansiedade.


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Futre e a caminhada de 87

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Interessantíssimo este vídeo que recuperou o blog futbolarte.com. A visão de Futre sobre a caminhada portista rumo ao título europeu de 1987. Já lá vai tanto tempo que muitos dos que lêem este texto não terão, sequer, uma memória desse momento. Sobre essa final, digo apenas que no Bayern todos pensavam estar garantido o triunfo num excesso de confiança que levou até alguns alemães (não adeptos do Bayern, claro) a congratularem-se por aqueles minutos de inspiração de Madjer. Não fora o atípico período de descontos da final de 1999 e esta seria ainda hoje a maior frustração do clube bávaro, como, aliás, o chegou a Uli Hoeness.

Sobre Futre já aqui lhe dediquei um post próprio, mas não posso, primeiro, elogiar o talento e, depois, lamentar o caminho que levou a sua carreira que, ainda assim, foi capaz de ser reconhecida como 1 dos 2 portugueses (o outro foi Eusébio) com a honra de constar entre os 100 melhores jogadores do século XX para a revista World Soccer (numa lista altamente inflacionada de jogadores britânicos). Pergunto-me, ao ouvir este documentário, o que teria sido de Futre (e do Inter) se Milão tivesse sido o seu destino ao invés de Madrid. Por fim, alerto para o pormenor do sotaque de Futre: se, quando o ouvimos por cá achamos que fala “portunhol”, por lá parece que fala “espanhuguês”. Em ambos os casos com grande correcção, note-se!


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19.2.09

Braga - Standard: Colectivamente desnivelado

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3-0!! – Em mais um embate de elevado grau de dificuldade, o Braga deu novas mostras da sua valia. 3-0 é um resultado pesado nos dias que correm e só pode ser explicado por 2 motivos. Ou existe, de facto, uma enorme diferença entre as equipas, ou a um jogo mais bem conseguido tem de se juntar também alguma inspiração que possa marcar tanta diferença. Para o caso é, claramente, a segunda hipótese que explica o sucedido na ‘Pedreira’, já que em termos individuais não se pode falar, sequer, de uma superioridade bracarense. Mesmo estando melhor servido em certas posições, a verdade é que o Braga não tem nenhum jogador da valia de Jovanovic, Witsel ou Defour. O elogio vai, por isso e mais uma vez, para a forma como esta equipa se exibiu do ponto de vista colectivo, impondo sempre um ritmo alto e um domínio territorial do jogo. Algo que, para quem vem seguindo este Braga, parece acontecer contra todo e qualquer adversário.

A diferença começou no pressing – Boloni falou de um “banho de bola”, da forma como a equipa foi insuficiente na qualidade do passe e como foi superada na agressividade e velocidade. Tudo verdade, mas tal não aconteceu apenas porque os seus jogadores tiveram um mau dia. As coisas aconteceram assim porque houve diferenças enormes no comportamento táctico e colectivo das equipas. Para começar, no pressing. Enquanto que o Braga foi sempre rápido, intenso e agressivo a importunar o primeiro passe, condicionando sempre a sua realização e impedindo que a bola chegasse aos médios organizadores, o Standard adoptou uma postura expectante que permitia que a bola entrasse sempre nos médios do Braga, podendo estes virar-se e pensar o jogo. Esta diferença de intensidade foi particularmente importante no momento da transição ofensiva belga que ficou quase sempre condenada ao fracasso e incapaz de explorar as qualidades de jogadores como Jovanovic, Mbokani ou De Camarco. Aqui, tal como fez Jesus, importa reconhecer o condicionalismo provocado pela lesão de Defour, claramente o jogador com maior capacidade para não vacilar perante o pressing.

O modelo e os níveis de intensidade – A proposta de jogo que o Braga apresenta recorrentemente é muito exigente. Só é possível jogar com linhas altas e pressionantes e com espaço nas costas se houver uma grande intensidade colectiva. Isto porque estando alta a equipa precisa de, primeiro, ser capaz de impedir que o adversário suba e, depois, estar preparada para se reposicionar muito rapidamente, caso a bola passe a primeira fase de pressão. Isto requer uma enorme intensidade, quer física quer mental dos jogadores ao longo dos jogos, algo que é muito difícil de conseguir durante todos os 90 minutos. Um dos aspectos positivos nesta partida foi precisamente a capacidade demonstrada depois do 2-0, mantendo o controlo do jogo, mesmo que a um ritmo mais baixo, tirando partido da sua situação no jogo e esperando por uma nova oportunidade para desequilibrar. Esta gestão da intensidade e do ritmo ao longo dos jogos é, diria, o único crescimento táctico que vejo faltar a esta equipa tão entusiasmante.


Para além da classificação – Desde o inicio da época que tenho abordado muito aqui o Braga e tem também havido quem questione o porquê de se destacar tanto esta equipa quando há outras até melhor posicionadas na liga. A diferença para mim é óbvia e tem a ver com qualidade colectiva. Não se pode comparar este Braga e este modelo de jogo com, por exemplo, um Leixões ou Nacional. Não se pode também comparar este Braga com aquele que, com Jorge Costa, chegou aos oitavos de final da Taça Uefa. A diferença, como digo, está na qualidade que é ditada por um modelo de jogo invulgar e arrojado e, claro, muito bem interpretado. É evidente que esta não é, nem pode ser, uma equipa imbatível ou perfeita, mas pense-se, por exemplo, quantas equipas do futebol português seriam realisticamente capazes de protagonizar esta carreira européia...

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Renteria a dar brilho à jornada

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- No principal jogo da ronda na Taça Uefa, o Milan teve a situação sob controlo em Bremen, mas acabou por sofrer muito no fim após o empate (1-1) de Diego com assistência de Hugo Almeida.
- De cabelo azul ao vento, o espaço entre o meio campo e a baliza parece ser curto para Wagner Love. 1-1 do CSKA em Villa Park.
- O campeão Zenit venceu 2-1 o Estugarda com 1 excelente golo de Tymoschuk.
- Na Premier, o Manchester ganhou facilmente (3-0 ao Fulham). Nota para a jogada de 'bilhar' finalizada por Berbatov.
- Finalmente, na Libertadores, o Boca venceu (1-0) com golo de Palacio e o São Paulo "safou-se" (1-1) no último lance da recepcção ao Independiente Medellin.

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18.2.09

Mourinho, Ronaldinho e o derbi

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Mourinho, o objectivo é um fim e não um meio
O Inter venceu o derbi, o que só por si seria já relevante dada a rivalidade existente entre Milan e Inter. Para muitos terá, também, garantido o ‘scudetto’ com o triunfo. A forma como Mourinho venceu o jogo é, em si mesmo, um enorme elogio à capacidade do técnico português, já que a diferença esteve sobretudo nos estragos que o Inter provocou ao identificar estrategicamente a forma como deveria surpreender o seu adversário.
Para justificar o porquê de Mourinho ser o treinador que é podem encontrar-se vários motivos. Há um, no entanto, que não posso deixar de realçar após este jogo. O seu respeito pela essencia do que é o jogo e o seu objectivo essencial. Como jogo que é, o objectivo do futebol é vencer, e o trabalho dos treinadores é tornarem as suas equipas mais aptas para o conseguir. Tudo o resto são, perdoem-me, floridos e demagogias de quem falha naquilo que é a compreensão do que é realmente o jogo. Jogar bem não obedece a preconceitos mas a objectivos, e é isso que faz o treinador português quando trabalha as suas equipas para serem fortes em qualquer circunstância de jogo. Tal como acontecera com o Chelsea, o Inter está trabalhado para poder surpreender o adversário através de um jogo mais elaborado e apoiado, mas não tem qualquer problema em recorrer a uma abordagem mais directa, se o adversário for mais vulnerável na profundidade. Foi isso que sucedeu no derbi. Um jogo aparentemente equilibrado, por momentos, até, indiciando uma superioridade do Milan, mas escondendo essa ameaça permanente que foi o recurso à profundidade através de verdadeiros “esticões” no jogo. Para muitos, Mourinho abusa do musculo e esquece a técnica mas, se a equipa perde no brilhantismo que poderia dar a certos jogos, ganha na versatilidade com que se pode preparar para cada um dos diferentes adversários que se lhe colocam pela frente. Sempre com o verdadeiro objectivo do jogo em mente. Vencer.
O Inter não tem tido uma época fácil e sente-se que este é um trabalho ainda em desenvolvimento. Os resultados começam agora a parecer mais próximos do que se pretendia inicialmente, mas o caminho não tem sido exactamente o que se pensou inicialmente. Mais uma vez elogio o treinador. Da ideia do 4-3-3 de pressing alto, Mourinho passou a um 4-4-2 de pressing médio. Um erro comum nos treinadores é quererem impor o seu modelo, ignorando as características dos jogadores que têm. O modelo de jogo deve ser uma “obra” de todos e não apenas de quem a dirige. A capacidade de adaptação às novas circunstâncias é, em todas as áreas, uma forma de distinguir os mais inteligentes.

Ronaldinho sempre genial
Já várias vezes escrevi que tenho em Ronaldinho, ainda, um dos melhores jogadores do mundo da actualidade. A sua técnica é quase única, quer na forma como explode no 1x1, quer na visão e precisão do seu pé direito. Para tirar o melhor de Ronaldinho, no entanto, é preciso dar-lhe espaço, e trabalhar estrategicamente para ele. Como é um fora de série quase único ainda hoje, quando isso acontece normalmente quem mais ganha é a equipa – basta recordar o fantástico Barça de 2006.
Sem Kaká, no derbi, o Milan priveligiou Ronaldinho como poucas vezes o fará e o brasileiro respondeu como uma exibição pouco menos do que fantástica, criando inúmeros problemas ao Inter. A estratégia foi correctissima e quase deu ao Milan um resultado de todo improvável face à incapacidade que revelou noutras áreas (sobretudo na sua eficácia defensiva). Terá faltado durante muito tempo mais do que apenas Pato como solução vertical e, também, alguma eficácia no aproveitamento dos muitos lances criados pelo gaúcho.
Kaká é fantástico e merece toda a importância que o Milan lhe dá mas, quanto a mim, tenho ainda esperança de ver uma equipa que saiba tirar melhor partido de um Ronaldinho ainda na plenitude das suas capacidades. Exibições como aquela que protagonizou (apesar da derrota) foram o motivo de ter sido visto, justamente, como o melhor do mundo durante algum tempo. Acredito que ainda tem o que é preciso para atingir esse nível.


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Ronaldinho no derbi

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17.2.09

Erros defensivos recorrentes

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Afinal o que é prioritário?
É um problema recorrente do Benfica e, desta vez, nem foi preciso alongar o bloco para que ele se notasse. Na situação em concreto percebe-se claramente que o comportamento instituido para o posicionamento zonal da linha média dá prioridade à manutenção da linha de jogadores e não à protecção de espaços essenciais, como é o caso do espaço entre linhas. Este é, na minha perspectiva, um comportamento zonal errado porque a sua orientação não tem em conta os espaços mais importantes mas sim a manutenção de uma relação posicional entre os jogadores que, como se vê, não traz qualquer utilidade defensiva em muitos lances.
Esta foi uma situação que poderia muito facilmente ter ditado outro destino ao jogo, mas que surgiu de uma forma mais espontânea do que propositada. Isto porque, na realidade, a maioria das equipas falha redondamente em fazer um melhor aproveitamento deste deficiente preenchimento do espaço à frente dos centrais. Frequentemente vemos equipas a tentar explorar os corredores para tentar bater a defesa encarnada quando, claramente, o uso de um ponto de apoio à frente dos centrais pode ser muito mais útil nesse propósito.

O golo do Belenenses
Ontem falei nos problemas defensivos dos laterais que Paulo Bento escolheu para o jogo do Restelo. A superioridade do Sporting foi de tal forma evidente durante grande parte do jogo que essas lacunas tinham tudo para não ter grande impacto na partida. A verdade, porém, é que o lance que resultou no primeiro golo da partida encontra muita responsabilidade na acção de Miguel Veloso, tendo Pedro Silva tido também um lapso que, no entanto, acabou por não ter consequências no lance.
A primeira nota tem a ver com a forma como a jogada é construída. Ou seja, com um ataque rápido que começa no guarda redes do Belenenses após uma jogada de ataque do Sporting. O que se torna pouco compreensível é como é que o Sporting é apanhado numa situação de 2x2 momentânea após a abertura de Zé Pedro para Saulo , quando nenhum defensor tinha participado no ataque anterior. Aqui, mais uma vez Miguel Veloso é pouco lesto a perceber a importância do seu espaço defensivo, obrigando Polga a uma situação de 1 contra 1 com Saulo. A responsabilidade de Veloso ganha nova relevância quando, depois de recuperar, não consegue auxiliar Polga no duelo com o extremo azul. O seu posicionamento não fecha a zona central, permitindo que Saulo ameace atacar esse espaço antes de cortar para a linha. De resto, não consigo ser muito penalizador para a acção de Polga que tem uma situação difícil em que o adversário tem muito espaço e, para mais, dentro da área, o que impede qualquer tentativa de desarme mais arriscado. Nota ainda no lance para a forma como Pedro Silva perde o controlo sobre o movimento de Silas, permitindo que este criasse uma linha de passe na zona central da área, e para a importância da recuperação de Adrien que troca correctamente a marcação com Carriço, permitindo que este ficasse livre para uma dobra a Polga no caso de Saulo fugir para a baliza. A utilidade dos 2 jovens no lance acabou por ser nula, mas a sua acção foi totalmente correcta.

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O chapéu de Kone num fim de semana de clássicos

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- Em Inglaterra, a Taça ditou um fim de semana menos interessante do que é hábito. Ainda assim, para ver os golos de Nani e Gunnersson (Coventry).
- Em Espanha, nota para o empate a 2 do Barcelona em Sevilha, apesar dos esforços de Ricardo para garantir a vitória do Bétis. Noutro palco, o Atlético empatou em casa 1-1 com o Getafe, quando a vitória parecia já garantida.
- Em Itália o 'Scudetto' parece garantido após o derby de Milão (2-1 para o Inter). É que a Juventus também perdeu pontos (1-1 em casa frente à Sampdoria) num jogo onde os pontos pareceram mais largos do que o habitual.
- Na Alemanha, o Bayern parece estar num mau momento após derrota em Berlim (2-1). Nota para os golos de Guerrero (Hamburgo) e Azaough (Bochum).
- Fim de semana importante na Holanda a cofirmar tendências. Tendência para a liderança do AZ após empate (2-2) em Eindhoven, e tendência para uma época paupérrima do Feyenoord após derrota no Arena de Amsterdão (2-0).
- Na Argentina, o "Ogre" Fabbiani completou a virada do River em Rosario, enquanto que o Boca foi surpreendido em casa. Para ver ainda o golo de Leguizamon (Arsenal).
- No Brasil, derbies nos estaduais. São Paulo 1-1 Corinthians. Flamengo 1-1 Botafogo. Cruzeiro 2-1 Atl. Mineiro.
- Notas ainda para o empate a zero no Old Firm (Celtic-Rangers) e para a goleada do Standard (4-0) antes do jogo com o Braga.
- Finalmente, para ver ou rever, os golos inspirados de Di Maria e Ruben Amorim.

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16.2.09

Benfica - Paços: Lançados pelo erro de Cássio

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Uma vitória feliz é o que se pode dizer do triunfo caseiro do Benfica frente ao Paços. Feliz, porque realmente o Benfica produziu muito pouco até ao 1-0, denotando enormes dificuldades em superar a estratégia pacense. Um jogo que foi durante 70 minutos perfeitamente monocórdico e que teve apenas 3 excepções a esta toada. A primeira no lance de bola parada que só por acaso não colocou o Benfica na frente. A segunda na ocasião falhada, sem guarda redes, pelo Paços. A terceira excepção, por ter sido a que deu golo, foi aquela que levou o jogo para 20 minutos completamente distintos dos anteriores, num lance igual a tantos outros anteriores, mas com essa ligeira diferença do guarda redes ter verdadeiramente oferecido o golo a Cardozo.

O bloqueio do Paços – Já aqui referi que o Paços é das equipas que pior defende na Liga. Na Luz, no entanto, o nulo até esteve perto, com 70 minutos de autêntico bloqueio ao jogo encarnado. A estratégia foi colocar os jogadores num espaço curto de campo, mantendo-os próximos para que houvesse entreajuda. Outro aspecto fundamental foi a largura táctica. O Benfica tenta sempre sair pela alas e o Paços impediu estrategicamente que os corredores pudessem ser sinónimo de profundidade para o ataque encarnado. A partir daqui, e porque também não tinha oportunidades para sair em transição, o Benfica simplesmente bloqueou. A bola entrava nos corredores e não eram criados apoios que criassem condições para que a bola saísse de lá jogável. Aqui, não ajuda a qualidade dos laterais (sobretudo Jorge Ribeiro, já que o David Luiz é mais uma questão de perfil) e não ajudou também o papel dos médios e de Aimar (Cardozo, sabe-se que tem outro perfil) que poucas movimentações criaram para gerar os tais apoios. Valeu o erro de Cássio...

Loucura Final – 5 golos é demais, mas depois do 1-0 era previsível que o jogo “enlouquecesse”. É que este Paços não tem só por natureza defender mal e sofrer muitos golos. É também uma equipa que ataca com muita gente e que normalmente marca golos. Por isso seria muito importante que o Benfica não só estivesse bem defensivamente como, depois, aproveitasse as oportunidades que o balanceamento ofensivo do Paços oferecesse. Isso aconteceu com 2 remates muito inspirados que se provaram decisivos . Às aspirações do Paços terá feito muita falta Cristiano. Aliás, visto o jogo, pode dizer-se que a lesão do extremo foi um momento muito importante no destino do jogo. Deixo uma outra nota individual para Rui Miguel que fez um excelente jogo, provando ser um médio a ter em conta para os próximos anos no futebol português.


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Porto - Rio Ave: Saiu barato o preço da arrogância

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Não se pode dizer que o Porto não tenha merecido vencer, mas eu diria seguramente que a sua atitude perante o jogo e a sua própria capacidade acabou por colocar em causa um triunfo, conseguido numa fase em que, realmente, apresentou muito pouca qualidade para justificar novo golo.

Primeira parte com atitude – Apesar dos reforços de Inverno, o Rio Ave permanece como uma das mais acessíveis equipas da Liga. O Porto pareceu reconhecer isso mesmo ao deixar Lisandro e Rodriguez de fora e a verdade é que a entrada portista revelou que, de facto, não era preciso jogar com todos para garantir grande superioridade. Os primeiros minutos mostraram um Porto com grande facilidade em fazer a bola chegar às imediações da área do Rio Ave (fruto de uma saída rápida em posse e de algumas boas combinações sobre os flancos), mantendo depois ali o jogo, através de segundas bolas que foram recorrentemente ganhas pelo bom posicionamento da segunda linha portista. Apesar do golo não ter surgido de um desses lances, a verdade é que houve ocasiões em quantidade e qualidade suficiente para justificar a vantagem ao intervalo.

Segunda parte arrogante – A segunda parte foi completamente diferente. Muito se tem falado das diferenças deste Porto dos anteriores e há uma que parece que foi ignorada na abordagem ao segundo tempo. É que este Porto não controla defensivamente os adversários, sendo incapaz de os manter longe da sua área. Se no passado o Porto baixava o ritmo do jogo, mantendo o adversário sob controlo e fazendo do tempo um aliado para esperar por um erro alheio, hoje a equipa pode ser explosiva em transição, mas enquanto não duplica a vantagem está sob permanente ameaça. Essa sua limitação foi, eu diria arrogantemente, ignorada pela equipa na segunda parte e Fábio Coentrão acabou por alarmar o Dragão com um golo (golão!) que, no final, não passou de um susto. O Porto tentou reagir, mas nunca voltou ao ritmo do primeiro tempo e pode, em boa verdade, agradecer ao destino a sorte o facto de ter feito um golo numa altura em que a qualidade já não correspondia à vontade.

Algumas notas individuais – Cissokho. Jogar contra um adversário que tenha como solução driblar para dentro parece ser um problema para o qual Cissokho não tem resposta. Mais uma vez acabou batido quando Coentrão não tentou a linha, dando-lhe espaço para aquele inspiradíssimo pontapé. Farias. Um paradoxo o facto de ter sido tão decisivo e, no resto, ter produzido tão pouco. Farias é um jogador de área a quem os golos surgem facilmente. Mas não é só. Miguel Lopes. Se vier para o Dragão é provável que acabe rapidamente como titular. Coentrão. O Dragão inspira-o e tem de se ter isso em conta. Mesmo assim, o seu talento merece um crescimento mais estável do que aquele que tem acontecido.


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Belenenses - Sporting: A arte de complicar e... resolver

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O jogo terminou com o vencedor lógico e, até, com este a desperdiçar soberanas oportunidades para dar mais folga ao seu triunfo, mas, apesar de toda a superioridade revelada, a verdade é que o Sporting esteve muito perto de lhe ver fugir os 3 pontos. De facto, a primeira parte foi de grande domínio leonino, aproveitando a má organização colectiva de um Belenenses que, não só não lidou bem com a mobilidade apresentada pelos jogadores do Sporting, como, depois, foi incapaz de se soltar ofensivamente.

1 jogo, 3 fases emocionais distintas – O futebol é assim mesmo. Um jogo que se antecipa e prepara racionalmente mas que, depois, vive muito de momentos puramente emocionais. Neste jogo tivemos 3 absolutamente distintos. O primeiro é menos emotivo e mais racional e vai até ao golo do Belenenses – uma jogada com alguns erros defensivos que amanhã analisarei. O golo ditou, não só a vantagem no marcador, mas também um desequilíbrio na balança emocional do jogo, claramente favorável ao Belenenses. O Sporting perdeu lucidez, organização e concentração, enquanto que o Belenenses ganhou crença e confiança e soltou-se como não havia feito antes. As substituições são importantes porque trazem gente com cabeça mais distante deste turbilhão emocional. Paulo Bento jogou bem com elas e teve a indispensável sorte de um momento de inspiração. Um só momento faz toda a diferença porque, a seguir, temos uma nova fase, emocionalmente contrastante com a anterior. O empate fez a confiança e crença mudarem de campo e, para mais, tirou lucidez organizacional à já mal organizada equipa do Belenenses. O 1-2 tornou-se praticamente inevitável.

4-4-2 clássico e algumas novidades – O Sporting apresentou-se em 4-4-2 clássico no Restelo, com Adrien ao lado de Rochemback. Na verdade esta não é uma alteração muito relevante face ao que se vem observando porque, desde o regresso de Vukcevic ao 11 base, o Sporting vem apresentando um meio campo naturalmente mais largo, onde a amplitude de movimentos de Moutinho aproxima muito mais o 6 do 10 em vários momentos. Paulo Bento teve outra particularidade que foram as opções para as laterais. Miguel Veloso é importante ali porque, numa equipa que sente muitas vezes dificuldades em sair a jogar em apoio (essencialmente por recear a perda), torna-se numa solução mais para o primeiro destino das jogadas. O jogador tem, no entanto, algumas lacunas no desempenho da posição. Primeiro a sua decisão de passe nem sempre procura a simplicidade aconselhada para uma saída pelo corredor. Segundo, tem enormes (e algo surpreendentes) dificuldades em definir o seu posicionamento defensivo em transição, fixando-se em demasia em referências individuais e ignorando a importância dos espaços. Trouxe já 1 exemplo sobre isto frente ao Marítimo e Veloso tem voltado a repetir essa dificuldade (por exemplo no segundo golo sofrido frente ao Braga). Depois, jogou Pedro Silva. É um risco jogar com este jogador que é mais forte fisicamente do que Abel mas que arrisca demasiado em posse e que tem muitas dificuldades em dar segurança ao flanco. Ainda no campo das notas individuais, merece referência Adrien. É um jogador que promete e terá feito o seu melhor jogo no Sporting. Ainda assim, a sua evolução precisa ainda de confirmar um crescimento no capítulo do passe e no controlo das primeiras bolas aéreas. Um adversário tão mal organizado não foi, claramente, o melhor dos testes.


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Coentrão!!

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14.2.09

Standard Liége: Talento emergente

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Quando o sorteio ditou o Standard Liége como opositor do Sporting de Braga, muitos devem ter pensado que se tratou de uma benesse, pela falta de campanhas relevantes deste clube nos últimos anos do futebol europeu e pela própria mediocridade em que mergulhou o futebol belga após o Mundial de 94. Esta ideia não só é enganosa, como é perigosa.

É enganosa, porque a equipa de Lazlo Boloni tem uma enorme qualidade e, se mais dúvidas houvesse, bastaria recordar o actual trajecto europeu. Prolongamento e um grande susto provocado ao Liverpool na pré eliminatória da Champions. Eliminação do Everton na primeira eliminatória da Taça Uefa e primeiro lugar num grupo com Sevilha, Sampdoria, Estugarda e Partizan. É perigosa, porque subvalorizar a qualidade desta equipa e dos seus jogadores será seguramente o primeiro passo para se ser surpreendido. Essa é, aliás, a primeira tarefa da equipa técnica do Braga. Passar a ideia de um confronto mais difícil do que, por exemplo, aquele que tiveram com o Portsmouth, estimulando a concentração e empenho totais durante a eliminatória. Este é um risco que correm também os belgas, já que depois dos adversários que tiveram pela frente, o Braga não será propriamente um nome assustador para os jogadores. Neste aspecto, claramente, é uma desvantagem a ligação da equipa técnica do Standard ao futebol português, já que serão muito mais capazes de se aperceberem da qualidade que tem esta equipa bracarense.


Sobre a equipa de Liége, deixo a nota para a juventude da equipa (média a rondar os 24 anos e nenhum jogador, sequer, às portas dos 30) e para a qualidade individual de alguns destes jogadores. Tenho, aliás, a convicção de que alguns nomes que hoje são uma incógnita para a generalidade dos adeptos, serão, em breve, figuras dos principais campeonatos europeus. O motor da equipa é, claramente, o duplo pivot formado pelos talentos Witsel e Defour (ambos de 20 anos!!). São 2 jogadores diferentes mas com um cultura táctica enorme e que garantem tanto o equilíbrio defensivo como a organização ofensiva. Depois há Milan Jovanovic. Um sérvio de enorme qualidade que serve normalmente de referência ofensiva às transições da equipa. O seu perfil é diferente do ala oposto – normalmente Dalmat – e isso dita também alguma assimetria comportamental. O brasileiro Camozzato é muito ofensivo (aliás desposiciona-se algumas vezes), ao contrário do lateral esquerdo que é mais fixo e defensivo. Na frente, o naturalizado De Camargo joga atrás do jovem ponta de lança congolês Mbokani. São 2 jogadores fisicamente interessantes, esguios e altos, capazes de ser uma ameaça, quer pela velocidade, quer pelo jogo aéreo. Neste aspecto, nota para o papel importante de De Camargo, baixando sempre em acções defensivas mas surgindo depois como elemento desequillibrador nas chegadas ofensivas, numa movimentação que dificulta muito as marcações pela mobilidade. Em termos comportamentais, esta é uma equipa que se refugia muito num bloco baixo, o que dá vantagem à robustez física dos seus defensores, e é particularmente perigosa em transições ou ataques rápidos. Aqui a opção pode ser através de uma circulação rápida ou recorrendo a um jogo mais directo, tendo Mbokani como referência. Um dos pontos fracos da equipa poderá ser a fraca qualidade técnica dos centrais. Se houver uma pressão alta que impeça Defour de receber facilmente, o Standard poderá ter algumas dificuldades. Nota final para o ambiente caseiro em Liége. É muito intenso e chega a ser impressionante.


Notas individuais:
Oguchi Onyewu – Central norte americano, é o patrão da defesa. A sua principal característica é a capacidade física. Alto e forte é um jogador muito eficaz nas marcação e perigoso quando se adianta nas bolas paradas. Beneficia claramente quando o Standard baixa o bloco.

Steven Defour – É o capitão e já foi considerado o melhor jogador da liga belga. Tudo isto, com 20 anos. Defour é o comandante em campo, com um excelente sentido posicional e uma grande qualidade e certeza no passe em organização ofensiva. O que custa a perceber é como se consegue ser tão adulto com apenas 20 anos.

Axel Witsel – Forma um duplo pivot com Defour, jogando normalmente sobre a meia esquerda. Witsel não é menos talentoso, mas é diferente. Podia ser um médio ofensivo ou mesmo um ala. Jogador leve e ágil, está talhado para criar desequilíbrios a partir de trás, destacando-se, por exemplo, pela sua capacidade no 1x1.

Milan Jovanovic – Já se falou deste jogador como hipótese para o Porto e só posso dizer que desportivamente seria hoje uma enorme valia. É um jogador elegante e irreverente, tanto na personalidade como no futebol que apresenta. Defende-lo é muito difícil porque Jovanovic é forte tanto no 1x1, como nas assistências, ou mesmo nas diagonais com que ataca as zonas de finalização. Aliás, Jovanovic é por natureza um goleador. Ao vê-lo pergunto-me o que faz na Bélgica aos 27 anos?!

Dieumerci Mbokani – A veia goleadora que apresenta desde a sua chegada à Bélgica faz deste avançado de 23 anos um caso interessante de seguir. Mbokani é rápido, tecnicamente forte e bom no jogo aéreo. Tem, no entanto, algumas lacunas sobretudo ao nível da decisão, revelando-se por vezes demasiado egocêntrico.

Alguns jogos:
Standard 2-1 Anderlecht
Everton 2-2 Standard
Standard 2-1 Everton
Standard 1-0 Sevilha
Standard 3-0 Sampdoria


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Ruben Micael & Nené: A dupla revelação da liga?

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13.2.09

Jorge Jesus, o mais apto para treinar um 'grande'!

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(resultados da votação que respondeu à pergunta “quem está mais apto a treinar um 'grande'?”)

A votação terminou antes da vitória do Braga em Alvalade, pelo que não terá tido o efeito dessa importante vitória. Ainda assim, Jorge Jesus mereceu, de forma arrasadora, a preferência de quem votou. Em 189 votos, Jesus recolheu 90, sendo que o a segunda opção mais votada (“Cajuda” e “Nenhum”) mereceu uma preferência mais de 5 vezes inferior (17 votos). Entre as restantes hipóteses, não é possível distinguir nenhum, já que os resultados foram muito próximos. Se se pudesse garantir que os 189 eram únicos e representativos era possível afirmar com 95% de probabilidade que entre 40%-53% dos adeptos vêem Jorge Jesus como o mais apto dos treinadores para uma oportunidade num grande.

Confesso que uma preferência tão grande por Jorge Jesus me surpreende. Aliás, sendo mais preciso, o que mais me surpreende é a pouca preferência demonstrada pela hipótese “Nenhum” – apenas 8% - pelo simples facto das hipóteses sujeitas a votação serem todas de treinadores portugueses com carreiras em clubes de menor dimensão (relativamente aos 3 “grandes” entenda-se). A minha ideia sobre Jorge Jesus é francamente positiva desde o tempo em que esteve no Belenenses e a sua afirmação no Braga não me surpreende minimamente. Ainda assim, o que tem revelado em Braga é francamente positivo e acaba por ser uma importante confirmação dos indícios que já deixara, quer em Leiria, quer principalmente no Restelo. A grande questão não está no sucesso mas sim na forma como o tem conseguido. Todos os anos há equipas que conseguem boas carreiras no campeonato, mas é preciso um grande exercício de memória para encontrar uma equipa que se tenha afirmado com um modelo de jogo com as características deste Braga. Se é verdade que a qualidade individual que Jesus tem ao seu dispor é muito elevada, não posso deixar de me interrogar o que faria com algumas individualidades que são, afinal, o motivo da recorrente superioridade das equipas grandes em Portugal.

O resultado desta votação justifica a próxima pergunta: “Qual o próximo clube de Jorge Jesus?


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Alguém consegue explicar porque é que ele ainda vai à Selecção?!

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- Outra pergunta. Será que é mais fácil marcar livres na América do Sul?! Entre os (poucos) jogos do dia, não faltaram golos de livre naquele Continente. Thiago Neves (Fluminense), Geovani (Duque de Caxias),
Jorge Wagner (São Paulo), Dominguez (Nacional). Todos com execuções quase perfeitas. Se pensarmos, por exemplo, na pouca frequência deste tipo de golos no nosso campeonato...

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12.2.09

Portugal - Finlândia: Experiências, muitas. Evolução, pouca...

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Jogo de preparação? – Este foi um jogo marcado para pensar num advesário concreto, a Suécia. A situação do apuramento justifica esse plano tão centrado num jogo relevante, e a lógica diz que neste jogo deveriam ter sido apresentadas uma estrutura e uma estratégia próximas do que se pensa realizar frente aos suecos. Foi isso que aconteceu? Francamente é-me difícil ter certezas sobre o que pretendeu exactamente Queiroz.
O que se viu de inicio foi uma formação, de novo, em 4-3-3, mas com laterais com manifesta vocação ofensiva – daí a experiência de Duda a lateral. De resto, a equipa tentou ser larga, orientando a sua construção para saídas em apoio que têm no recuo dos 2 médios, Tiago e Deco, a principal referência para o primeiro passe. Aquilo que se viu, nesse momento de organização ofensiva, foi, porém, uma ausência de dinâmica nas movimentações, com 2 extremos previsivelmente abertos e um ponta de lança muito fixo e pouco solicito para tudo o que não sejam situações de finalização. À propensão ofensiva dos laterais, Queiroz juntou a outra surpresa. A presença de Pepe como médio mais defensivo. A presença de Pepe nesta função – e partindo do principio que é um teste a pensar na Suécia – pode explicar-se pela necessidade de dar mais dimensão física àquela zona, particularmente para responder a um jogo mais directo que os suecos possam tentar protagonizar. Ainda assim, notou-se alguma liberdade excessiva de Pepe para sair da sua posição, o que, juntando à tal propensão ofensiva dos laterais, poderá ser perigoso no momento da transição. De resto, outro aspecto preocupante foi a incapacidade de ter um pressing mais eficaz. Com defesas tão rápidos como Portugal tem ao seu dispor, seria talvez útil pensar numa estratégia que utilizasse linhas mais subidas para pressionar equipas que tecnicamente não são muito fortes. Isso, porém, não se vê acontecer com grande qualidade...


Ponto de situação – A pior critica que se pode fazer ao trabalho de Queiroz é dizer que este poderia bem ter sido o seu primeiro jogo, tal o leque de experiências feitas e falta de rotina demonstrada. Pessoalmente tinha uma expectativa em relação a esta nova fase. Scolari tinha uma lacuna ao nível do treino e da capacidade táctica, e com Queiroz poderiam ter sido dados novos passos rumo a modelo mais bem trabalhado e ajustado àquela que são as características dos recursos existentes. Ao contrário, Queiroz permanece numa espécie de busca incessante por novas e altamente improváveis mais valias individuais em vez de se orientar mais para a sistematização e rotinas colectivas. Se lhe dou razão quando se queixa da falta de tempo para trabalhar com os jogadores, culpo-o por promover sucessivas revoluções nas convocatórias que impedem, precisamente, que se possa fazer um trabalho mais continuado. Portugal permanece, como no passado, com um jogo colectivamente previsível, não porque, como às vezes se confunde, joga da mesma forma, mas porque não tem qualidade colectiva suficiente para surpreender. O que vemos é um futebol que tem como única solução orientar-se para as alas onde encontra extremos permanentemente encurralados por 2 ou mais adversários, tentando sair depois individualmente dessas situações o que, por muita qualidade que haja, é difícil. A diferença em relação ao passado está no aspecto mental que hoje parece bem mais fraco do que na era Scolari.

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Roger Guerreiro (o polaco) e outros golos nos internacionais

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- Em Marselha, a Argentina deu uma prova de competência. O 0-2 de Messi é uma imagem do que pode ser esta Selecção.
- David Villa começou por confundir os ingleses, abrindo caminho à vitória por 2-0.
- Em 1936 Hitler viu assistiu a um dos poucos jogos de futebol da sua vida. Nos jogos de Berlim, a Alemanha foi surpreendentemente derrotada pela Noruega. Ontem o feito repetiu-se (0-1)!
- Huntelaar marcou um belo volei.
- Unal pela Turquia frente à Costa do Marfim
- Um dos golos da noite, por Nazarenko (Ucrânia)

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11.2.09

20 nomes do 'Sudamericano' Sub20

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Terminou o Sudamericano com um vencedor óbvio, mas com algumas grandes surpresas. Neste particular, a Argentina foi o destaque, pela negativa, do torneio. Ficando em 6º e último lugar na fase final do torneio, a Argentina não só averba uma das piores prestações da sua história na competição como, ainda, fica de fora do Mundial de Sub20 no próximo ano. Para um país repleto de talentos, o Mundial de sub20, mais do que uma montra, é um instrumento que inflaciona o preço dos jogadores que nele participam. Esta será, por isso, uma boa oportunidade para quem quer andar realmente atento a bons investimentos no país das Pampas. Pela positiva, destaco claramente o Uruguai. Uma equipa fantástica, cheia de jogadores de qualidade que só terminou em terceiro por alguma displicência no último dia da competição, quando o Brasil já tinha o título assegurado. De resto os outros apurados para o Mundial são o Paraguai (2º) e a Venezuela que tirou partido do factor casa para garantir a presença no Egipto no próximo Verão. A Selecção venezuelana, no entanto, não promete muito...

Deixo, finalmente, uma lista de 20 jogadores que destaco dos jogos que vi. Não tive a oportunidade de ver todos os jogos, nem de os ver com total atenção, havendo equipas que pude analisar com muito maior detalhe do que outras. Nesta lista não estão nem guarda redes, nem defensores centrais porque o seu potencial mede-se muito pela consistência com que actuam, sendo necessário mais tempo para confirmar essas características. Há também nomes óbvios que escapam a estas, como Zucullini ou Renan Oliveira, mas julgo ser mais interessante destacar figuras menos conhecidas. Destes 20 nomes alguns não confirmarão certamente o destaque, mas também estou seguro que outros haverá que, em breve, poderão ser vistos nos principais palcos do futebol europeu...

- Eduardo Salvio (extremo/avançado, 18 anos, Argentina, Lanús) – Foi o primeiro destaque que fiz da competição e, por isso, não há muito a acrescentar sobre esta estrela emergente. Falta saber o destino e quanto tempo demorará até que o ‘salto’ se concretize.
- Ivan Bella (extremo, 19 anos, Argentina, Velez) – Extremo rápido e forte tecnicamente. Parece ter todas as características técnicas e físicas para se tornar num excelente jogador. Se a sua evolução for positiva na forma como entende o jogo, tornar-se-á seguramente num bom valor do futebol argentino.
- Samuel Galindo (médio centro, 16 anos, Bolívia, Real América) – Um caso estranho. Tem 16 anos, mas era o capitão da Selecção sub20, sendo-lhe entregue a camisola 10. Muito alto e esguio, tem uma fisionomia estranha para um jogador que ocupa posições centrais do meio campo. Ainda assim bom pé esquerdo e uma notável personalidade que lhe permite competir sem problemas perante jogadores bem mais velhos.
- Sandro (médio defensivo, 19 anos, Brasil, Internacional) – Médio defensivo que se destacou numa equipa cheia de talentos e sobretudo ofensiva. Bem posicionado e muito assertivo nas suas acções, Sandro merece acompanhamento no futuro próximo.
- Giuliano (médio ofensivo, 18 anos, Brasil, Internacional) – Uma das grandes revelações da competição e um dos seus melhores jogadores. Médio criativo de grande técnica e visão, promete poder explodir num futuro próximo no Internacional. Dizer, finalmente, que este jogador foi contratado recentemente pelo Internacional, já que jogava no Paraná, na Série B do Brasil.
- Douglas Costa (médio ofensivo, 18 anos, Brasil, Grémio) – Um dos grandes nomes da prova, não desiludiu. Numa equipa em que é difícil brilhar, Douglas deixou clara a diferença que é fazer a bola chegar aos seus pés. Vamos ver como evolui, mas aqui pode estar mesmo um grande craque.
- Walter (avançado, 19 anos, Brasil, Internacional) – Já o destaquei pela forma como se afirmou na competição. Finalizador excepcional, é algo estático nas suas movimentações, mas tem tudo para se tornar num dos melhores 9 do futebol mundial.
- Dentinho (extremo/avançado, 20 anos, Brasil, Corinthians) – Tecnicamente é um jogador fantástico, tendo sido já uma das afirmações do “Timão” em 2008. Dentinho tem tudo para se tornar num jogador altamente desequilibrador e decisivo.
- Cristian Mejia (extremo, 18 anos, Colômbia, Deportes Tolima) – Jogador de centro de gravidade baixo e com uma capacidade de explosão extraordinária. Estas características são o seu ponto forte, mas para se tornar realmente um caso sério precisa de trabalhar mais a sua utilidade em situações de jogo onde há menos espaço. É novo e tem tempo, mas esse será um aspecto decisivo.
- Javier Reina (médio ofensivo, 20 anos, Colômbia, Vitória Bahia) – Numa selecção que se destacou pela capacidade física, Reina foi o jogador cerebral. Forte tecnicamente e com grande dinâmica, foi o jogador que deu maior rasgo de qualidade à Colômbia. O seu destaque era já esperado uma vez que está já ligado a um clube brasileiro.
- Jefferson Montero (médio ofensivo/extremo, 19 anos, Equador, Indep. José Teran) – O Equador não passou à fase final mas deixou clara a sua qualidade. Montero foi um dos jogadores que mais se destacaram, aparecendo sempre rápido e muito difícil de parar. Tecnicamente evoluído, revelou-se na principal fonte criativa da equipa.
- Joao Rojas (extremo/avançado, 19 anos, Equador, Tecnico Universitário) – Marcou 2 golos de cabeça na abertura, mas o seu destaque deve-se sobretudo à forma enérgica e à qualidade com que se mostrou quando a bola lhe chegou. É, sem dúvida, um jogador a ter em conta.
- Rodrigo Burgos (médio defensivo, 19 anos, Paraguai, Cerro Porteño) – Pivot defensivo por natureza, esteve bastante bem nos primeiros jogos, quer pelo posicionamento, quer pela certeza no passe. É difícil tirar grandes conclusões sobre um jogador de características tão tácticas, num torneio de jogos marcadamente anárquicos, mas Burgos merece, pelo que vi, nova avaliação.
- Hernan Perez (médio ofensivo/extremo, 19 anos, Paraguai, Libertad) – Uma das revelações do torneio e a principal figura do segundo classificado. Hernan Perez marcou muitos e bons golos. Sempre a partir da direita, no seu estilo esguio e desconcertante, Perez foi um elemento desequilibrador e de grande qualidade. Se não for antes, merecerá grande atenção por parte dos olheiros no Mundial do Egipto.
- Robin Ramirez (avançado, 19 anos, Paraguai, Libertad) – Avançado móvel, baixo e forte tecnicamente, destacou-se sobretudo pela facilidade com que fez golos. É verdade que muitos desses tentos foram conseguidos em fases em que os jogos ofereciam já grandes condições aos avançados, mas Ramirez deixou sempre a ideia de ter uma relação de grande proximidade com a bola e a baliza.
- Reimond Manco (médio ofensivo/extremo, 18 anos, Peru, PSV) – Uma das grandes promessas da sua geração não conseguiu evitar a grande desilusão do Peru. A selecção tinha sido campeã continental nos sub17, mas desta vez nem 1 ponto fez. Manco pode ser acusado pelo excesso de individualismo, mas a sua qualidade não deixou de sobressair.
- Adrian Gunino (lateral direito, 20 anos, Uruguai, Danubio) – Deixou excelentes indicações nas partidas que realizou. Apesar dos jogos terem sido muito partidos, Gunino não deixou de se revelar muito dinâmico e objectivo nas suas acções ofensivas, criando vários desequilíbrios.
- Matías Aguirregaray (médio polivalente, 19 anos, Uruguai, Peñarol) – No Uruguai há excelentes jogadores e um deles é certamente Aguirregaray. Médio de grande entrega, agressividade e força física, tem também uma boa qualidade técnica. Jogou normalmente como interior direito, mas poderá fazer várias posições. Pode ser um jogador de adaptação muito rápida a um futebol mais exigente tacticamente.
- Nicolás Lodeiro (médio ofensivo, 19 anos, Uruguai, Nacional) – Para mim será provavelmente a maior revelação do torneio. Baixo e de grande qualidade técnica, joga preferencialmente com o pé esquerdo, mas isso não o impediu de marcar um excelente golo com o direito. Actuou como interior esquerdo num meio campo fantástico do Uruguai, fartando-se de criar jogo ofensivo.
- Tabaré Viúdez (médio ofensivo, 19 anos, Uruguai, Milan) – O facto de jogar no Milan dava-lhe o destaque entre os jogadores uruguaios. Viúdez confirmou o talento e a qualidade técnica, jogando numa posição central do meio campo, coordenando (muitas vezes com Lodeiro) o jogo ofensivo daquela que foi, para mim, a segunda melhor equipa da prova.


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Robinho contra o mundo!

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10.2.09

4 jogadas do Clássico...

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A ameaça de Lucho
Tinha falado aqui antes do jogo da possibilidade de Lucho ser um elemento preponderante no jogo, dada a sua capacidade e inteligência na identificação e aproveitamento dos espaços criados. A verdade é que o bom jogo táctico do Benfica acabou por não dar muitas oportunidades para que “El Comandante” pudesse tirar o melhor partido desta sua característica. Ainda assim, uma das melhores ocasiões do jogo teve a sua assinatura.
Nota nesse lance para a rapidez com que foi feito o lançamento lateral, acabando por apanhar Yebda muito longe de Meireles, permitindo o tempo e espaço para a leitura da jogada. Depois a sintonia entre a visão do médio luso e a movimentação de Lucho tiraram partido de um movimento algo desnecessário da defesa encarnada. A subida da linha mais recuada foi um risco que não merecia a pena ser corrido, já que o espaço entre linhas não era significativo. O espaço entre os jogadores também é relevante, mas é esse movimento de subida que expõe o espaço na cara de Moreira.


A inteligência de Katsouranis
Destaquei-o como o melhor do clássico e estes 3 lances explicam o porquê deste meu realce. Já não é primeira vez que faço este elogio ao jogador, mas volto a referir que a grande vantagem em jogar com Katsouranis está na leitura que este faz dos espaços sobre o corredor central. A diferenciação tem, por isso, mais a ver com as acções sem bola do que propriamente com os momentos em que esta passa pelos seus pés (ainda que seja também inteligente neste plano). As 3 jogadas do vídeo em que intervém mostram essa sua qualidade e revelam também como ela é útil, quer defensiva, quer ofensivamente. Para além do que está referido no vídeo, destaco o facto de, no lance em que combina com Reyes, ficar solto na cabeça de área. Uma oportunidade de passe que escapou a Ruben Amorim...
Ainda nestes 3 lances, algumas notas para alguns jogadores intervenientes:
Primeiro, as dificuldades de Luisão quando tem de sair da zona central. Não sou tão critico como a maioria em relação ao central brasileiro, reconhecendo-lhe muita importância em vários aspectos do jogo encarnado, mas é inequivoco que sente muitas dificuldades sempre que tem de sair da zona central. Neste lance é quase primariamente surpreendido por Rodriguez, numa zona em que o Benfica tinha superioridade.
Depois, Reyes. Destaque para a excelência com que domina e protege a bola, atraindo adversários para depois libertar a bola no espaço que estes deixam. É uma imagem já muito vista e o facto de Moreira bater os pontapés longos (importantes na estratégia do do jogo) para o espanhol, não é coincidência.
Finalmente, Aimar. No primeiro lance tira partido da acção de Reyes e Katsouranis para se libertar de Fernando e lançar Ruben Amorim. No segundo, começou por decidir bem, guardando a bola e esperando pela subida da equipa (apesar do passe para trás não ser normalmente muito favorável à transição), mas depois mostrou-se pouco prestável para procurar uma linha de passe, precisamente quando o jogo se encaminhou para a sua zona. Aí, mais uma vez, Katsouranis deu o exemplo. Ainda assim, Aimar fez claramente um bom jogo (importante em vários aspectos) no Dragão.

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Muitos destaques, mas nenhum supera a inspiração de Eliran Atar

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- Em Inglaterra, destaque para o golo decisivo de Giggs na vitória do United frente ao West Ham.
- Outras notas na jornada que ditou a demissão de Scolari para a sensacional reviravolta do Liverpool e para o golo do novo reforço do Everton, .
- Em Espanha, sem surpresas prossegue a caminhada do Barcelona. Na vitória frente ao Gijon destacou-se o golo de Dani Alves.
- Notas ainda para a vitória 0-3 em Huelva do Atlético no primeiro jogo pós-Aguirre, e para o feito do Bétis no sempre quente derbi de Sevilha (1-2).
- Em Itália, marcou Figo e de cabeça na vitória do Inter em Lecce.
- A Juventus teve um jogo tipico. Ou seja, sofrido mas ganho no último minuto. Poulsen fez o 1-2 em Catania.
- Notas ainda para os excelentes golos da Roma (3) e para o efeito de Alexis Sanchez a resolver o jogo no último minuto para a Udinese.
- Na Alemanha, destaque para dois jogos e um golo. 3-1 do Bayern ao Dortmund, 1-0 do Schalke ao Bremen e o golo de Baumjohann do Monchengladbach.
- Em França, o grande jogo entre Marselha e Bordéus foi decidido com um auto golo estranho de Chamakh, tal a ausência de pressão sobre o jogador...
- De resto, notas para os golos de Benzema (3 jogadores pensaram a mesma jogada!!) e do interessantissimo Sessegnon (PSG).
- No resto do mundo, algumas notas. O Ajax perdeu 4-1 frente ao Vitesse, colocando em causa a continuidade de Van Basten. Na Argentina, o River foi incrivelmente surpreendido em casa frente ao Colon (2-2), com 2 grandes golos dos visitantes.
- 3 golos. A bicicleta de Papasterianos (Ergotelis), Ali Boussaboun (Utrecht) e, porque não, Chumbinho (Leixões).

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