26.2.10

Benfica, Sporting e o problema da sobrecarga competitiva

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Carvalhal aproveitou o rescaldo do jogo com o Everton para voltar a um tema que tem sido, também aqui, repetidamente referido: a importância da carga competitiva no rendimento das equipas. Espantosamente, ou talvez não, há quem insista no arremesso do argumento das diferenças de mentalidade entre Portugal e outras paragens. Ignorância e um característico complexo de inferioridade. A sobrecarga competitiva e o número de jogos semanais influi no rendimento das equipas, e isso passa-se aqui, como em qualquer lugar. Aliás, esse é, ano após ano, um aspecto decisivo na recta final das provas europeias e tem ajudado a definir muitos vencedores. Aqui fica, mais uma vez, uma reflexão sobre a temática, aproveitando os actuais exemplos de Benfica e Sporting...

O Benfica e o simples efeito do desgaste competitivo
Há casos em que se sente mais do que outros, mas não há nenhuma equipa para quem seja igual jogar 1 ou 2 vezes por semana. Não tem a ver com desgaste físico, como tipicamente se confunde, mas sobretudo com o desgaste mental. O caso do Benfica é paradigmático porque é fácil encontrar exemplos de um grande desfasamento entre o rendimento nas semanas de apenas 1 jogo e naquelas em que a equipa tem de jogar 2 vezes. O modelo de jogo está perfeitamente assimilado pelos jogadores, mas estes não conseguem apresentar o mesmo rendimento ao nível das tomadas de decisão, quer na rapidez, quer no acerto, afectando, por consequência, a qualidade global do jogo colectivo. O que distingue, aqui, as equipas que sentem mais e menos este problema é a qualidade da recuperação de jogo para jogo. As equipas que melhor recuperam são aquelas que mais “frescas” aparecem em termos mentais, a jogar 3 dias depois, e aquelas que, por isso, mais regularidade apresentam.

Ainda assim, mesmo recuperando bem, nunca é igual jogar em ciclos de 3 ou 6 dias. Entre outros aspectos, ter uma semana completa permite aos treinadores preparar muito melhor o jogo seguinte, e isso pode ser preponderante nas fases decisivas das provas...

O Sporting e o problema aquisitivo do modelo de jogo
Um outro caso, bem mais problemático e que se vem reflectindo no Sporting, é o da necessidade de tempo para trabalhar aspectos mais profundos do modelo de jogo. Toda a gente reconhece a importância da pré época, mas não me parece que tal relevância tenha a ver, como por vezes se insiste, fundamentalmente com aspectos físicos. A pré época é o tempo em que o ciclo das equipas está centrada no treino e não na competição e é neste período que se podem e devem trabalhar os princípios do modelo de jogo das equipas. É aqui que os treinadores podem dar às equipas a sua identidade colectiva, partindo depois para um ciclo em que a competição passa a ser o objectivo óbvio. Pode-se corrigir e trabalhar aspectos tácticos, recuperar e preparar jogos, mas se a equipa não tiver as suas bases bem trabalhadas ficará sempre refém da calendarização e do tempo que tiver para treinar. É por isso que se torna pouco provável que uma mudança técnica a meio da época traga grandes resultados ao nível da qualidade de jogo e isto é sobretudo verdade em equipas com cargas competitivas mais elevadas, como, creio, fica fácil de perceber.

É por isso que no caso de Carvalhal, o tempo é tão importante. Seria mais fácil para ele, aliás, ter apanhado um Sporting já eliminado de grande parte das provas porque teria mais tempo para trabalhar e implementar as suas ideias. Ainda assim, o treinador terá as suas oportunidades para mostrar trabalho. Após a recepção ao Porto, o Sporting terá uma rara semana de treino e, depois de novo ciclo competitivo, uma paragem para as Selecções. Será, mesmo assim, curto e até ingrato para um treinador que joga tanto nesta fase, mas é o que lhe resta para moldar um Sporting à sua imagem.



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Por falar em túneis...

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25.2.10

Inter - Chelsea: Da vitória à... frustração de Mourinho

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O favoritismo do Chelsea era, à partida, incontornável. Ainda assim, por ver nos actuais “Blues” uma equipa algo sobrevalorizada em termos colectivos, sempre me pareceu possível um golpe de asa de Mourinho. O Inter pode ter confirmado este prognóstico pelo resultado, mas saio, ainda assim, menos crente na passagem dos italianos depois da primeira mão. Mesmo considerando que o poder mental das equipas de Mourinho torna a eficácia em tudo menos um acaso, parece-me extremamente feliz o resultado dos ‘nerazzurri’ e fica-me também a dúvida sobre a sua capacidade para sustentar o conseguido, em Stamford Bridge.

O que dirá Mourinho aos seus botões?
Quem viu as primeiras equipas de Mourinho, quem leu ou ouviu o que então defendeu, ou mesmo quem acompanhou o processo de intenções deste Inter no inicio de época, só pode estranhar ao que hoje assiste. A intenção de pressionar alto já não existe e a posse de bola não parece mais fazer parte do plano. Hoje, perante os grandes jogos, o Inter sucumbiu ao recurso de se afundar no campo, de remeter a sua recuperação para zonas baixas e de jogar tudo na profundidade em transição. É neste registo que deposita as suas esperanças de chegar longe na Champions e bater o pé aos favoritos. Porquê? A resposta não pode ser mais frustrante: porque depois de ter tentado outra via, percebeu não conseguir e procura agora um outro refúgio. Mourinho, publicamente, afirma que este é o “seu” Inter, mas ao mesmo tempo que as suas entre linhas deixam antever a ânsia por um fim de ciclo, eu pergunto-me se, aos seus botões, não confessará antes a sua frustração.

As coordenadas para Stamford Bridge
E agora, o que esperar da segunda mão? Mourinho saberá melhor do que ninguém a dura batalha que tem pela frente. É muito difícil sobreviver em Stamford Bridge. O ambiente ajuda a motivar uma equipa que, não só tem confiança e qualidade, como ainda conta com um capital de experiência acumulada que a torna também forte perante a pressão. Para o Inter será importante – senão vital – andar próximo da baliza contrária. Que é como quem diz, conseguir dar sequência e objectividade às suas transições. De resto, não haverá muitas dúvidas sobre o que se vai ver. Um domínio estrategicamente consentido pelo Inter, dificultando toda e qualquer tentativa de penetração através de um bloco baixo e denso, na expectativa de, a qualquer momento, ver Milito ou Eto’, em transição, a fazer um aproveitamento eficaz da exposição espacial. Da parte do Chelsea, a importância do poder de Drogba no jogo interior e a relevância da inspiração dos atiradores de meia distância. Afinal, o cenário será diferente, mas muito deste filme já se viu em San Siro...

Individualidades: De Lucio a... Balotelli
Antes de passar ao capítulo individual, uma nota para sublinhar a opinião de que, se Mourinho tem encontrado dificuldades em se aproximar das suas intenções iniciais, muito se deve a uma ineficiente abordagem do mercado. Algo que, aliás, se arrasta praticamente desde a sua primeira época em Inglaterra. Ainda assim, há casos de sucesso recentes e que merecem referência positiva.

Começando pelo melhor em campo, Lucio. É ágil, rápido, tem uma grande atitude e capacidade técnica. Lúcio pode ter os seus deslizes, que os tem, mas é um dos melhores do mundo, na minha opinião. A sua exibição, aliás, não está ao alcance de muitos. Difícil é perceber como o Bayern o libertou...

Eto’o, a grande atracção do Verão, não deixou de ser um grande jogador, mas, para além de passar por uma espécie de ressaca da CAN, é também um dos que sente mais o recuo da equipa em campo. Não que deixe de ser fortíssimo também em transição, mas Eto’o habituou-se a um jogo centrado na posse, e é nesse registo que se torna mais forte, seja pela intensidade com que pressiona, seja pela mobilidade que gosta de interpretar. Hoje, parece frustrado por ter de passar tanto tempo impotente no jogo.

Ao lado do camaronês, e em sentido oposto, Milito. Não é tão forte como Eto’o, nem a pressionar, nem a trabalhar como apoio à circulação, mas... que capacidade tem na profundidade! É um jogador que, embora diferente em vários aspectos, me faz lembrar Inzaghi. Um terror para os defesas, com as suas diagonais permanentes. Talvez o melhor do mundo nesta altura e neste particular. Para já, arrastou Terry para dentro da área, alongou a defesa e “ganhou” um golo. Em Stamford Bridge, grande parte das esperanças de Mourinho estão nas suas roturas.

Finalmente, Balotelli. É um prodígio e não é preciso ter-se olho de lince para o perceber. Entrou bem em vários aspectos e a equipa subiu com a alteração. Mas, ao mesmo tempo que consegue desequilibrar com uma facilidade admirável, é escandalosamente displicente para com um jogo que, claramente, não compreende. Não pressionar um adversário que vem a passo na sua zona e amuar em acções ofensivas só porque não têm o destino por si pretendido são exemplos de atitudes que, por si só, justificam fortes tomadas de posição. Pode ter o talento que tiver, mas, se não mudar, nunca chegará sequer perto do seu real potencial...



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"que golo este, do chileno..."

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24.2.10

Benfica - Hertha: Mais um aviso europeu...

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Não surpreende mais uma goleada. Não – como já havia explicado após a primeira mão – que este Hertha seja tão fraco como se vende por aí, mas porque, não só o Benfica é superior, como tinha, na circunstância específica, todas as condições para acentuar ainda mais esse desequilíbrio qualitativo. Motivo principal? A antecipação do tal jogo com o Leiria. Graças à folga no fim de semana, o Benfica teve todas as condições para se apresentar fresco e forte no jogo. Ao contrário do Hertha, que esteve, na Luz, bem abaixo do que havia sucedido há menos de 1 semana. Fica mais um marco do poder encarnado em 09/10, com uma exibição plena de qualidade e que serve de aviso, mais um, para todos aqueles que ainda visitarão a Luz nesta temporada...

Na máxima força
Jogar na “máxima força”, para este Benfica, não implica forçosamente ter toda a gente disponível. Implica, isso sim, ter alguns dos mais fundamentais no onze e... a 100%. Foi isso que se viu, por exemplo, com Aimar e Di Maria, rapidissimos na reacção e capazes de emprestar ao jogo grande intensidade e capacidade de desequilíbrio. Por isso, pode perfeitamente dizer-se que este foi um Benfica na “máxima força” aquele que se apresentou frente ao Hertha. A consequência? Um futebol fortíssimo e num ritmo transcendente para as possibilidades dos alemães.

Um Hertha adormecido
O aviso para quem visita a Luz é claro. Ou o jogo é bem preparado e a equipa se apresenta pronta para fazer, bem, o que precisa, ou então o mais provável é ser... atropelada. Foi isso que aconteceu com o Hertha. Na verdade, não era possível exigir-se muito para uma equipa que jogava o 3º jogo em 5 dias, mas também parece evidente que os jogadores não aprenderam muito do que conseguiram na primeira mão. É que se o Benfica esteve muito mais forte e intenso, o Hertha não soube encaminhar o jogo nas oportunidades que teve para o fazer. A ideia teria de passar sempre por uma tentativa de iniciar as jogadas de forma longa e preparando as segundas bolas, para evitar que o Benfica subisse e pressionasse. Isso não foi feito e, como se não bastasse, a equipa demorou sempre tempo demais a subir no campo, acabando por facilitar a tarefa do Benfica, que tentava encostar os alemães. Assim... 4 foram poucos.

Aimar e a sobrecarga competitiva
É certo que a melhoria foi colectiva, mas há uma individualidade que, por motivos já amplamente explicados, faz toda a diferença: Aimar. O 10 é a personalização da própria equipa, quer no seu potencial, quer naquela que é a grande ameaça para a recta final: a sobrecarga competitiva. Quando o Benfica joga apenas 1 vez por semana, e volto a este tema, tudo é perfeito. Todos são capazes de jogar no seu pleno, lúcidos e rápidos no pensamento, e com o seu 10, peça vital em todos os momentos do jogo, na plenitude das suas capacidades. Quando há mais jogos... a diferença vê-se, quer em Aimar – tantas vezes mesmo indisponível – quer na generalidade da equipa.O problema, está bom de ver, é que a época vai ser decidida em semanas que, na sua maioria, terão duas competições e onde não dará para grandes poupanças.

Caberá a Jesus o desafio de ser capaz de gerir esta problemática e encaminhar a equipa para um rendimento que consiga os melhores resultados. Perceber que “melhores resultados” não é sinónimo de “maiores goleadas” talvez seja o inicio da solução...



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Showboat!

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23.2.10

As movimentações do meio campo portista

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Ontem sublinhei a importância dos movimentos sem bola do meio campo portista no crescimento da qualidade colectiva. Hoje, trago os casos práticos do exuberante jogo com o Braga. Este pormenor, da boa movimentação na zona intermédia, foi aquele que mais contribuiu para a vulgarização da organização defensiva bracarense. Quer por ter permitido mais e melhores soluções para o portador da bola, quer porque, por outro lado, expôs zonas que eram estrategicamente importantes para o plano de Domingos (o espaço entre linhas, sobretudo). Muito mérito do Porto, portanto.

Não é necessário uma grande explicação das jogadas em causa para que sejam compreendidas. A ideia é, basicamente, seguir o movimento dos médios identificados e desfrutar da eficácia com que antecipam os espaços e trabalham por dar soluções ao portador da bola. Neste plano, claramente, a jogada do primeiro golo merece nota especial, com Ruben Micael e Raul Meireles (não “Meirelses”!) como protagonistas.

Mas há um derradeiro aspecto para que quero chamar a atenção. Se aqui podemos – e é fácil faze-lo – centrar atenções no individual, falando da importância da chegada de Micael ou do regresso de Meireles, há que contextualizar esta característica dos médios com o ciclo de Jesualdo. Lucho, que também se diferenciava pela inteligência dos seus movimentos sem bola, cresceu desde a chegada do “professor”, tendo atingido a sua maior produtividade apenas em 07/08, na segunda época com Jesualdo. O mesmo se pode dizer de Lisandro, assim como de Meireles, outro caso evidente. Agora, noutro exemplo mais recente, temos Belluschi, que mesmo não tendo sido titular, havia denotado já um crescimento também neste plano, confirmando-o no curto espaço de tempo que esteve em campo.

Ou seja, se é óbvio que a qualidade desta característica é vital para o sucesso do modelo portista, também parece claro que ela está muito mais dependente daquilo que se faz nos treinos no Olival do que do perfil dos intérpretes quando chegam ao Dragão. Ou seja, o crédito deve ser dirigido, mais uma vez, para o notável trabalho que Jesualdo Ferreira vem desempenhando no clube.



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13 golos do fim de semana

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22.2.10

Porto - Braga: A fúria do campeão

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Se este era um jogo em que a pressão se vestia de azul, ela demorou apenas 35 minutos a evaporar-se por completo das bancadas do Dragão. De facto, embora fosse previsível maior domínio e iniciativa portista, dificilmente alguém projectaria tamanha diferença no marcador e, mais ainda, tão célere definição do destino dos 3 pontos. Mérito, como tanto se esforçou por vincar Jesualdo, para a frescura de um Porto renovado e que, agora, ganha novo ânimo para um final de época onde, apesar de tudo, a margem de erro continua muito perto do zero. Do outro lado, do bracarense, resta saber qual o efeito desta abrupta descida à terra. Será que se viu no Dragão um momento de viragem?

Diferença... avassaladora
Afinal, o que explica tão radical diferença num jogo supostamente equilibrado? A eficácia é uma resposta tão óbvia como incontornável, mas há naturalmente bem mais para dizer. Se o Braga vinha com a missão de previligiar, sobretudo, o controlo do jogo, fundamentalmente pelo equilíbrio táctico em todos os momentos, bem como por um constrangimento dos espaços, a verdade é que... falhou rotundamente. E falhou porque do outro lado esteve uma equipa que, fazendo lembrar o jogo com o Sporting, esteve avassaladora. Avassaladora na velocidade com que pensou e reagiu a cada momento do jogo, e avassaladora, também, em termos de inspiração. Tudo isto aconteceu muito rápido, sem tempo para uma chuva de oportunidades, mas perfeitamente suficiente para o KO bracarense.

Os destaques de um Porto renovado
Os destaques individuais mais evidentes da partida serão, provavelmente, Varela e Falcao. O primeiro foi o epicentro dos desequilíbrios que definiram o jogo. Em particular, 2 assistências notáveis e plenas de intenção, com o pormenor de terem sido protagonizadas com o pior pé. Algo que, afinal, não é novidade. O segundo, não só pelos golos e pela já mais do que destacada apetência para se movimentar na área, mas também pela utilidade que tem noutros momentos. Em particular, a sua incansável entrega, quer em termos de mobilidade, com bola, quer no trabalho defensivo, sem ela.

Compreender o crescimento do Porto, porém, passa sobretudo por compreender o crescimento da sua inteligência nos movimentos do meio campo. Micael tinha trazido essa qualidade de movimento sem bola, Belluschi vinha acompanhando com um crescimento individual nessa matéria, mas, com Meireles, tudo se faz com muito maior naturalidade e velocidade. É normal destacar-se a inteligência dos jogadores quando em posse da bola, mas eu pergunto: se um jogador passa muito mais tempo sem bola do que com ela, não será mais importante ainda a inteligência sem bola? Para já, o Porto, como colectivo, parece concordar com a ideia...

A impotência do Braga
Domingos quis, muito claramente, controlar. Privilegiou o equilíbrio táctico em todos os momentos e a proximidade das suas linhas para manter o Porto sem espaço. Se esta fórmula já lhe rendeu resultados no passado, desta vez foi completamente insuficiente. Primeiro, em termos defensivos, o facto de defender em 4-4-2, com 3 linhas defensivas, permite-lhe preencher bem toda a largura do campo, mas impede uma boa pressão em profundidade. Domingos, face a isto, abdicou de subir o bloco, mantendo-o próximo e relativamente baixo, na tentativa de encurtar o espaço entre linhas. O problema foi a tal velocidade de pensamento e movimento do meio campo portista que, juntamente com Falcao, fizeram parecer o comportamento táctico do Braga muito pior do que realmente foi.

Depois, com bola, outro problema. Era importante ser capaz de ter bola, e, talvez mais importante ainda, manter o Porto desconfortável na sua retaguarda. Isso nunca foi conseguido, primeiro por alguma incapacidade da equipa em termos de decisão com bola, e, depois, por um excesso de conservadorismo no desdobramento ofensivo. Preocupou-se demasiado com os equilíbrios tácticos e, quando deu por isso, já era tarde de mais.

Ainda assim, e apesar de tudo, não posso deixar de destacar Mossoró. Será um jogador fundamental para o Braga neste final de época e é aquele que maior qualidade dá à equipa em termos de dinâmica ofensiva. Quer pela mobilidade com que actua, quer pela qualidade que empresta em cada participação.



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19.2.10

Hertha - Benfica: Valeu o resultado, mas ficou o susto

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Se a expectativa de um jogo fácil, contra uma equipa fraca, era exagerada, ela provou-se completamente falaciosa. Na verdade, o Benfica trouxe de Berlim um bom resultado, que, não deixando de ser merecido, foi, no entanto, bem mais sofrido do que as antevisões sugeriam. Aliás, o que resulta, para além da factualidade do desfecho, é um sinal de alerta para a segunda mão. O que se viu em Berlim justifica cautelas acrescidas para o planeamento do próximo jogo, porque, se o Hertha parte com imensas desvantagens, elas não serão assim tantas que permitam ao Benfica confiar num “piloto automático”.

Congelar depois de marcar
Marcar cedo provou-se uma bênção. De facto, o golo de Di Maria fez o Benfica tirar partido da sua melhor fase no jogo e fica por saber o que aconteceria se tal não tivesse sucedido. É que, alguns minutos depois do 0-1, o Hertha apoderou-se do jogo, chegou ao empate e ameaçou mesmo passar para a frente. Valeu, depois, a dupla alteração de Jesus, porque, no meio de tanto frio, os alemães pareciam estar demasiado quentes para o Benfica.

No que ao Benfica diz respeito, o grande problema, que conduziu à perda do domínio das operações, esteve no meio campo. Enquanto o Hertha – e isto repetiu-se nos minutos iniciais – tentou organizar, saindo em posse, o Benfica tirou vantagem. Isto porque a previsibilidade dava-lhe tempo para se posicionar e, em bloco, pressionar. Quando o Hertha passou a iniciar longo e dar maior importância às segundas bolas para o inicio das jogadas, os alemães passaram a levar vantagem, valendo ao Benfica o notável jogo posicional da sua linha mais recuada para manter, ainda assim, a bola longe da baliza de Julio César. Tudo isto porque, no meio, houve, para além do mérito do Hertha em termos de posse, uma grande diferença de reactividade e agressividade entre as 2 equipas. Como já abordei no passado, não é coincidência verificar quem era o 10...

A importância das substituições
De novo importante este capítulo, de novo bem o treinador. Quando a equipa está em dificuldades é que se deve mexer e não o contrário. Foi isso que fez Jesus, ainda que talvez com alguns minutos de atraso. A mudança permitiu mudar peças contraproducentes e, por outro lado, mexer com o lado mental da equipa e do jogo. Muito importante e um alívio para o que se estava a verificar naquele inicio de segunda parte...

Martins e Ramires, dois casos a reflectir
Este jogo não poderia ser mais claro sobre Martins. Fantástico passe, com o pé esquerdo, na origem do golo. Aimar faria aquele passe com o pior pé? Duvido sequer que o tentasse. Depois, no entanto, quando o jogo ganhou velocidade no meio, quando era preciso agir e reagir primeiro, Martins viu o jogo passar-lhe à frente dos olhos e o Benfica sentiu bem essa sua incapacidade, até na diferença que trouxe Aimar.

Sobre Ramires também já venho falando desde há muito. Antes da sua chegada. Um jogador sobrevalorizado em muitos aspectos – já o era no Cruzeiro – mas fortíssimo em termos de transição e reacção. É por isso que o jogo de Berlim deve merecer reflexão. Tinha tudo para ser o jogo de Ramires, entregue à luta pela posse de bola e, depois, explodindo em transição. Não foi, não se conseguiu impor num jogo que tinha tudo para ser seu e isso deve fazer reflectir quem comanda o processo. Talvez, numa altura em que tanto se planeia recuperar e descansar, fosse melhor olhar para Ramires como um caso a precisar de especial atenção. Porque em condições normais, e num jogo destes, vale bem mais do que o que se viu...

Hertha, uma desvalorização sintomática
É curioso ver a forma como uma equipa da Bundesliga é amplamente desvalorizada pela comunicação social portuguesa. Fala-se do Hertha, e isto não é num sitio ou dois, como se de uma equipa sem qualquer nível se tratasse. Ora, isto vindo de quem regularmente aborda elogiosamente os níveis qualitativos de certos emblemas internos, é no mínimo sintomático... Sintomático de uma enorme falta de noção sobre os reais níveis qualitativos das equipas e, sobretudo, do actual estado do futebol português em comparação com algumas ligas europeias. Os níveis colectivos são outro assunto, mas a nível individual, quantas equipas acham que em Portugal se podem equiparar ao Hertha?!

De todo o modo, e se sempre houve qualidade individual bem superior ao valor que lhe era atribuído, é inegável que em termos colectivos, o Hertha se apresentou muito melhor do que nas anteriores amostras, frente ao Sporting. Sobretudo em 2 aspectos. Primeiro na atitude dos seus jogadores, muito mais reactivos e agressivos. Depois, no jogo apoiado que revelaram, sobretudo sobre a sua ala esquerda. Várias jogadas ao primeiro e segundo toque, com triangulações rápidas e mudanças de flanco. Não foi fácil para o pressing do Benfica nessa zona e o Hertha tem muito mérito nisso. Fica-me, no entanto, a dúvida sobre se terão a mesma disponibilidade mental no segundo jogo...

Calendário e Marselha
Primeiro um referência para o calendário. O Benfica é melhor equipa, vive um momento mais forte e leva agora também um resultado favorável para sua casa. Como se isto já não fosse suficiente, ainda há o calendário. Fantástico para o Benfica jogar na Terça, uma vantagem enorme. Para lá de não jogar a meio dos dois jogos, ainda vê o adversário realizar o terceiro jogo em... 5 dias!
Entretanto, tendo o Benfica a eliminatória bem encaminhada, o seu potencial adversário está praticamente definido. O Marselha. Uma grande e entusiasmante eliminatória em perspectiva...



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Liga Europa: golos a reter

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18.2.10

Porto - Arsenal: Para sorrir e... rever

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Do jogo resulta uma primeira e óbvia conclusão. A qualificação é uma possibilidade real. Acreditar justifica-se, mais não fosse, pelo resultado conseguido. Se não é difícil retirar o que há de bom de uma vitória tão importante como esta, mais complicado será para o Porto abstrair-se de todo o entusiasmo para fazer um diagnóstico fiel do que se passou. É que, se a equipa tem a sua quota parte de mérito, também é um facto que o desfecho resulta em grande medida da infelicidade inglesa nos momentos dos golos. Perceber a necessidade de fazer melhor será fundamental porque, não tenho dúvidas, dentro do mesmo registo as dificuldades serão imensas em Londres. Para já, e mesmo sem muito tempo para isso, vale a pena saborear o que foi conseguido.

Vitória e... lições para a segunda mão
Apesar de nunca ter tido reflexo no marcador, a verdade é que o Porto teve manifestas dificuldades em se impor no jogo. Sobretudo na primeira parte, onde, apesar do golo e de mais um ou outro desequilíbrio, o Arsenal foi sempre quem mandou no jogo. O motivo desta incapacidade tem sobretudo a ver com a força e qualidade dos “Gunners”, mas requererá do Porto uma outra reacção para se manter por cima na segunda mão. Não tendo feito um mau jogo, o Porto precisava de ter tido mais solidariedade e reactividade nos diversos momentos do jogo. Algo que acabou por ser, pelo menos parcialmente, corrigido no segundo tempo onde houve mais gente no processo defensivo e mais solidariedade para parar uma das equipas mais competentes do mundo em termos de movimentação colectiva. Esse será o registo a reter para a segunda mão, onde irá também ser necessário, para além de uma boa dose de capacidade de sofrimento, mais qualidade na saída em transição. Para isso terá de haver, também, mais inspiração de quem joga na frente.

Arsenal: qualidade... global
Uma coisa que vulgarmente é repetida nas apreciações ao Arsenal é que é uma equipa “boa a atacar mas má a defender”. Ora, isto não faz qualquer sentido. O Arsenal, ou qualquer equipa, para fazer valer a sua posse de bola tem de ser altamente competente em todos os momentos do jogo, com bola e sem ela. E isso é o que é o Arsenal: uma grande equipa em termos globais. Excepcional em posse e circulação, mas também muitíssimo forte na forma como se prepara para ganhar a bola. Seja através de segundas bolas, seja através de um pressing alto sobre a construção do adversário. Por isso é que o Arsenal criou dificuldades ao Porto. Não apenas porque foi competente com bola, mas porque, também, não deixou que o Porto tivesse facilidade em ter a bola.
Uma coisa completamente diferente é falar do valor individual de alguns jogadores do Arsenal. Aí, claramente, começamos a perceber o porquê desta equipa, não só ter perdido este jogo, mas também acumular tantas dificuldades em se impor ao mais alto nível, apesar da qualidade com que enche os relvados por onde passa.

A personalidade de Micael
Ontem falei de Liedson, hoje de Micael. Esbraceja, protesta e parece estar a perder o foco no que é essencial. Mas não está. Está, isso sim, com uma intensidade enorme no jogo, sempre atento a todos os pormenores e com uma personalidade que não o deixa ser discreto em termos de comunicação. Terá sido, a par de Fernando, o melhor do Porto, mas teve o condão de ser especialmente decisivo pela intensidade com que vive o jogo. E foi essa intensidade que lhe valeu ter pensado o que nenhum adversário pensou naquela altura. Não é, ainda, um médio de eleição, mas dificilmente deixará de ter uma evolução enorme pela personalidade que tem. Está a corresponder em pleno a todas as expectativas que tinha sobre ele.

O atrofiar de Hulk
Sobre ele incidiam grande parte dos holofotes, devido à longa ausência a que vem sendo sujeito. Não duvido da sua vontade, mas realizou uma das piores exibições ao serviço do Porto. Salvou-se um lance em que podia ter feito o 3-1 e muito pouco mais. Para além de não decidir bem – o que não é surpresa – apareceu também muito àquém do que é normal em termos físicos. Está tudo ligado e tem tudo a ver com a falta de jogos. Prova-se que esta situação pode ser um grande entrave para um jogador que precisa de competição para evoluir e para se aproximar do raro potencial que possui.



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Ronaldinho, simplesmente "craque"

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17.2.10

Everton - Sporting: Cambaleou... mas não caiu!

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O golo, resgatado já perto do final, não faz do desfecho, um bom resultado. Ainda assim, e isso é claro, deixa tudo em aberto para mais 90 minutos de futebol. Para o caso em questão, no entanto, o 2-1 sabe quase a vitória tal o cenário que chegou a pairar sobre Goodison Park. Terá sido o Sporting assim tão inferior? A resposta não pode ser tão linear. É que se em ¾ do campo se revelou mais do que suficiente para a “encomenda”, lá atrás confirmou ser uma equipa totalmente à deriva. Foi isso que custou o jogo ao Sporting e é isso que coloca grandes reticências sobre a capacidade de suster o Everton no segundo jogo. Para já, e de novo muito graças a Liedson, dá para acreditar...

O elo mais fraco
Abordar o jogo com apenas um avançado como Liedson e 5 médios como os que alinharam, implicava uma postura diferente daquela que é tipica nestes confrontos. Ou seja, seria impossível ser forte na profundidade e o objectivo teria sempre de passar por um domínio da bola. Não se pode dizer que a intenção tenha sido absolutamente conseguida, mas não foi esse o grande problema do Sporting, e aquele que quase deitou tudo a perder. A questão – que é também aquela que faz baixar o patamar de rendimento deste Sporting – tem a ver com a sua fiabilidade no último terço. Ou falta dela. Talvez volte a este aspecto fulcral da “era” Carvalhal com mais pormenor, mas para já basta dizer que o Sporting começa a cair pela rectaguarda e que é essa fragilidade que impede a equipa de, noutros planos, traduzir a boa evolução que foi conseguida. Foi assim, de novo. Repetidamente incapaz de jogar com o fora de jogo e, depois, abanando em tudo o que é bola aérea, o Sporting sofreu os seus golos e mergulhou em novo período de depressão antes de resgatar o tal golo da esperança, quando até já nada o fazia esperar.

As substituições
Tenho abordado bastante este tema nos últimos tempos. Já referi que não concordo com a forma como são vulgarmente encaradas as substituições e que as vejo sobretudo como ferramentas emocionais. Outra opinião que também já reforcei é que se a intenção for mudar tacticamente, penso que o melhor é fazê-lo de uma só vez. Dito isto, tenho de concordar com o que fez Carvalhal. O único reparo, e começo por aqui, é o “timing”. Creio que se justificava a alteração uns bons minutos antes. E por 2 motivos. Primeiro, e talvez mais importante, pelo aspecto emocional. A equipa entrara sem reacção no segundo tempo, atravessando o seu pior período no jogo. Alterar seria uma forma de tentar passar uma mensagem diferente para dentro do campo, como, aliás, acabaria por acontecer. Depois, tacticamente, também não tinha sido preciso esperar pelo minuto 66 para perceber que o Sporting precisava de mais profundidade e presença no último terço. De resto, concordo com a dupla alteração e com o facto de, depois disso, não ter caído na tentação de mudar só por mudar. Se a equipa estava a reagir bem, não havia motivo para alterar e foi isso que Carvalhal, bem, não fez.

Liedson e Saleiro
Começo pelo primeiro. Esteve sempre móvel, incansável na criação de soluções de passe, e bastante bem no de apoio à construção. Sem bola, trabalhou sempre, como poucos. No entanto, praticamente não teve ocasiões, jogando sem par na frente, como já assumiu não gostar. A determinado ponto parecia estar frustrado, reclamando e gesticulando com algumas decisões dos colegas. Podia pensar-se que tinha desistido... não! A verdade é que nunca desiste, está sempre dentro do jogo, pleno de reactividade e intensidade, do primeiro ao último minuto. E isso, mais uma vez, valeu enormidades. Não sei como será no balneário ou no banco de suplentes. Dentro do campo, que é o que realmente interessa, Liedson é um dos melhores exemplos que se pode encontrar no futebol.

Sobre Saleiro, importa reforçar a boa forma como se tem afirmado, jogando muitas vezes longe da zona central, mas fazendo valer, com personalidade, as suas melhores características. Boa movimentação, recepção e passe. O problema é o resto, e sem o resto nunca Saleiro se afirmará ao nível que seguramente pretende. Um pormenor que já ficara claro é a incapacidade de ser solução na profundidade, sobretudo devido à sua falta de aceleração e velocidade. Em Goodison Park, no entanto, foi outro aspecto que veio ao de cima. Um avançado, que quer jogar em zonas de finalização, tem de se saber movimentar por antecipação. É isso que define os grandes jogadores de área, muito mais do que a capacidade física ou mesmo o primor de execução. Não é nada abonatório para um 9 perder lances – mais do que um, por sinal – em que, tendo a posição ganha, vê os defensores a antecipar, eles próprios, o destino das jogadas.



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Calcanhares...

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Entre a finalização de Seedorf e a troca de pés de Ronaldinho... ficam-me dúvidas... Ainda sobre o assunto, Cahill resolveu banalizar Guti...

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16.2.10

O desperdício de Belluschi, e o melhor do Benfica-Belenenses

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Talvez tenha sido a figura da jornada. Não pelos motivos que mais vulgarmente levam alguém a merecer este destaque, mas porque se houve alguém que contribuiu para o desacerto na finalização portista em Matosinhos foi, de facto, Fernando Belluschi. Isto, pelo menos, enquanto esteve em campo. Mas nem tudo é negativo naquilo que fez Belluschi nos 3 lances que tanto o aproximaram do golo. Nos 2 primeiros casos é claro o desacerto no toque final, com o argentino a aparecer bem em zonas de finalização na sequência, curiosamente, de iniciativas de um dos destaques da partida: Miguel Lopes. No último, também se assinala o movimento sem bola, mas, desta vez, seria cruel fazer qualquer reparo ao que se seguiu. Notável recepção, excelente remate. Seria, seguramente, um dos melhores golos do ano. Assim, ficou-se por uma simples frustração. É assim o futebol...

Ainda sobre Belluschi, e importa mencioná-lo apesar da ineficácia na conclusão, ficam 3 exemplos que evidenciam melhorias nos movimentos sem bola do argentino. O sublinhar deste pormenor explica-se, naturalmente, pelas dificuldades que o jogador revelou durante tanto tempo. É também por isto que creio ter sido um erro a sua substituição.

Benfica – Não foram muitos os exemplos ao longo do jogo e, seguramente, menos do que tem sido hábito. Ainda assim, o Benfica não deixou de nos brindar com uma notável jogada em construção da qual resultou, também, uma das suas melhores ocasiões no jogo. Não serão precisos muitos comentários, apenas gostaria de destacar 2 aspectos. Primeiro, na origem da jogada, a liberdade concedida a Javi Garcia, um dos erros que já havia identificado ao Belém. Depois, o pormenor do movimento dos jogadores do Benfica, primeiro Aimar e depois César Peixoto. É nos espaços que criam que a jogada tem o seu desenvolvimento. Excelente!

Belenenses – A grande ocasião do Belenenses resulta, também, de uma excelente jogada. Tudo tem origem num lançamento lateral favorável ao Benfica em que o Beleneneses acaba por ganhar a bola. A zona do Benfica cria problemas mas não é suficiente para tapar as linhas de passe e isso acaba por ser prejudicial. Num momento chave, é possível ver que a saída de 2 jogadores encarnados na pressão, tem como consequência um 2x1 nas suas costas. Assim se cria a liberdade para o cruzamento que termina com Fajardo na cara de Quim. É verdade que há mérito do ataque à zona de finalização por parte do jogador e que este beneficia também de alguma incapacidade de David Luiz para resolver o lance. Mas... o que dizer daquele toque final?!



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6 golos do fim de semana

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15.2.10

Leixões - Porto: Pressão, o denominador... incomum!

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De há algum tempo que venho alertando para a novidade desta barreira no percurso do “Dragão”. A pressão de não ir à frente, de sentir que o peso de não poder errar. É difícil, ou mesmo impossível, quantificar como seria de outra forma, mas a verdade é que numa fase em que confirmou algum crescimento no seu jogo, o Porto fez paradoxalmente coincidir a perda de 4 pontos potencialmente decisivos. Frente ao Leixões, tal como já acontecera com o Paços, o tempo pareceu atrofiar a lucidez de uma equipa que no campo se revelou manifestamente superior à oposição, mas que foi repetidamente tremendo à frente da baliza. E assim, tudo contabilizado, as contas estão verdadeiramente difíceis para que o "penta" seja uma realidade...

O Porto até nem fez um grande jogo no Mar. Começou especialmente mal e acabou em perda de lucidez na recta final. A verdade, porém, é que as diferenças entre as 2 equipas são abismais, quer em termos colectivos, quer em termos individuais, e com a maior das naturalidades, o Porto assumiu um domínio enorme ao qual deveria ter correspondido com maior eficácia.

Começando, então, pelo enganador inicio de partida. Talvez pelo acidentado estado do terreno, talvez pela determinação e agressividade do Leixões, ou até por uma boa dose de culpa própria, o Porto teve 25 minutos manifestamente fracos onde ameaçou, até, tremer perante a oposição. Isso, afinal, provou-se um engano. O Leixões não tinha qualidade para tanto, deu demasiados espaços entre linhas e os jogadores portistas, facilmente, acabaram por impor um grande domínio, sustentado pela mobilidade implícita no seu modelo e por uma forte reacção à perda de bola que fez com que o Leixões se eclipsasse em termos ofensivos. Nesta sequência, que terá durado até ao fim do jogo, ainda que com manifesta perda de lucidez a partir de determinado ponto, Belluschi, Mariano, Varela, Micael e Falcao desperdiçaram, alguns mais do que 1 vez, boas oportunidades. Todas elas... desperdiçadas.

Resta, e sem querer entrar no capítulo individual, falar das substituições de Jesualdo. Recentemente tenho defendido não haver razão lógica para uma obrigatoriedade de se fazer todas as alterações. Jesualdo apenas utilizou 2, mas, tendo em conta as que fez, diria que mais valia não ter feito nenhuma. Retirar Belluschi para colocar Tomás Costa? Ainda para mais numa altura em que o Porto parecia próximo do golo? Tudo isto, implicando uma alteração na estrutura que, 15 minutos volvidos, seria novamente alterada com a entrada de um descrente Orlando Sá (que falta faz Farias!). Francamente, para mim, as substituições têm sobretudo importância do ponto de vista emocional e se não for para esse fim, raramente vale a pena mexer. Ainda assim, não consigo ser muito critico em relação ao treinador. Basta pensar no que se diria caso resolvesse simplesmente não mexer...



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Benfica - Belenenses: Afinal, deu para suar...

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“Melhor o resultado do que a exibição”. É uma frase tão vulgar que serão poucas as pessoas que nunca a terão lido ou ouvido no rescaldo de um jogo. No caso do Benfica e da sua carreira na liga, no entanto, esta é uma máxima de aplicabilidade rara. E recorro a esta introdução, não porque o triunfo frente ao Belenenses não se tivesse justificado – que justificou – mas porque, paralelamente, ficou facilmente claro que, nem a exibição encarnada correspondeu às expectativas, nem um outro desfecho teria escandalizado quem quer que fosse. Responsáveis? As duas equipas...

Começando pelo Belenenses, porque merece o destaque. Se o Benfica poderá encontrar, em si próprio, motivos que contribuíram para as dificuldades sentidas, grande parte destas são explicadas pelo mérito do Belém. Esta equipa, que jogou na Luz, está longe de ser a pior da Liga. Isto, sob inúmeros itens de análise. Onde, talvez, roce a mediocridade é na confiança, e talvez esse tenha sido o maior entrave a um melhor resultado na Luz. Mas, afinal, o que fez de bom o Belenenses? Bem, começando por aquele que talvez tenha sido o seu maior mérito: a linha defensiva. Ao contrário do passado, Toni, concebeu uma linha defensiva que obriga a equipa a recusar-se a “afundar” no campo, implicando também um encurtamento de espaços na zona de criação encarnada. A isto, junto-se uma boa solidariedade e agressividade no pressing, contribuindo para um bom rendimento sem bola. Isto, mesmo se a estratégia “zonal” esqueceu a importância de certas zonas, particularmente naquelas onde emergem os “pivots” do jogo encarnado. Depois, com bola, o Belenenses também teve momentos de rara ousadia, com boa posse de bola, sustentada por um jogo apoiado e muito rápido entre os seus jogadores. O problema foi, por um lado, a falta eficácia e, por outro, a irregularidade deste registo positivo, com a equipa a perder clarividência em vários momentos, nomeadamente em quase toda a segunda parte. Ainda assim, claramente positiva a prestação dos “azuis”.

E do lado do Benfica, o que dizer? Bem, posso começar pelo cruzamento de Ramires, que se provaria uma bênção para a equipa. Um grande momento do brasileiro que, acrescento, é raro nele nos dias que correm. Esse lance ajudou a afastar temporariamente o Belenenses do bom inicio que vinha fazendo, mas, depressa, as dificuldades voltaram a sentir-se. Por um lado, creio, nota-se a influência na velocidade de decisão provocada pela repetição de jogos, por outro, também não me parece que o Benfica estivesse preparado para um Belém tão capaz. Ainda assim, deve dizer-se, a superioridade encarnada foi mais clara na segunda parte onde, com alguma eficácia, poderia ter resolvido o jogo.

No que respeita às contas do campeonato, o Benfica mantém-se numa boa posição, embora não tão boa como se desejaria para uma equipa que pretenderá ir longe na Liga Europa. Esse será, e repito a ideia, o grande desafio do Benfica. Em termos de qualidade, o Benfica já ganhou a época, em termos de resultados, no entanto, tudo se jogará na recta final. Da glória à... frustração.



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12.2.10

Formação: um erro que urge corrigir

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Imaginemos uma gravidez, prestes a dar à luz na noite de fim de ano, no limiar da meia noite. Certamente que as probabilidades de estarmos a assistir ao nascimento de um futuro ‘craque’ são muito remotas. Por estranho que pareça, no entanto, poder-se-ão jogar, naquele momento, uma boa parte das hipóteses de que tal aconteça. É o que nos dizem os números. Entre os júniores dos 3 “grandes” apenas 2 jogadores nasceram em Dezembro. Em Janeiro? 15! Na verdade, nem é preciso confrontar as extremidades: entre primeiro e segundo semestres, tal como revela a figura, há uma diferença de quase 50% de representatividade.

Estou certo, pela clareza dos números, que isto não é ignorado por quem se dedica à formação, mas... o problema permanece por resolver...


Comecemos por ir a outros números, mas simpáticos, por sinal. Entre os jogadores que estiveram presentes no último Euro 2008 e Euro 2009 de sub21, há cerca de 10% mais jogadores nascidos no primeiro semestre do ano. Ou seja, o caso não é uma exclusividade nacional, ainda que se pareça atenuar em idades mais avançadas. Compreende-se, se entrarmos naquelas que serão as razões do problema.

A génese de tudo isto está, precisamente, na origem da formação. Com os mais novos. Quando chegam às ‘escolinhas’, em idades muito jovens, são divididos por escalões etários, antes de serem escolhidos na base do seu rendimento. Ora, com 6-7 anos, alguns meses podem ser importantes no desenvolvimento físico e mesmo técnico. Não se manifestará em todos os casos, claro, mas no balanço geral é óbvio que acabará por fazer a diferença. O que se dá a seguir é o efeito vulgarmente conhecido por “bola de neve”. Ou seja, os mais velhos, que são mais facilmente escolhidos, passam a ter mais oportunidades de jogar, a ser mais incentivados e, por consequência, a ter mais condições para evoluir. Quando chegam aos júniores as diferenças podem não ser tão grandes entre quem nasceu no inicio e final do ano, mas o desenvolvimento dos primeiros foi naturalmente maior.

Na prática, o que está a acontecer é uma selecção equivocada nas idades mais jovens que acaba por tornar a vida mais difícil a quem nasceu nos últimos meses do ano e, potencialmente, a impedir alguns talentos de terem a oportunidade que precisam para evoluir.

Este é um tema que vem sendo, há já algum tempo, discutido noutros âmbitos e que resolvi adaptar ao caso do futebol português. Desconheço se alguma medida já foi tomada para conseguir um melhor e mais equilibrado aproveitamento dos talentos existentes. Se não foi, e tudo indica que não, é bom que comecem a pensar nisso...



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11.2.10

Porto - Académica: E, ainda assim... deu Porto

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- Pode não ser simpático dizê-lo, mas definiu-se a final que mais convinha, tanto à competição, como ao próprio contexto do futebol português. Consequências da natureza de um futebol tripartido. Um Benfica-Porto atrairá um interesse enormemente superior ao de um Benfica-Académica. O país parará para ver a final da competição que aprendeu a desprezar, os vencedores não deixarão de exultar o triunfo e os perdedores refugiar-se-ão na desvalorização do troféu. Tão certo como isto é que o despique se jogará no campo e não num qualquer túnel, painel televisivo ou página de jornal. E isso, pelo menos para mim, é uma boa notícia.

- A Académica caiu impotente. mas bem de pé. Já me fartei de elogiar o trabalho de André Villas Boas, mas não custa voltar a sublinhar alguns predicados que foram repetidos no relvado do Dragão. Excelente ocupação dos espaços, proximidade entre sectores e jogadores, boa definição de zonas de pressão, esclarecimento do que fazer quando em posse de bola, circulação rápida, procurando, ora variar o flanco, ora progredir com base em sucessivos triângulos de apoio, e bom desdobramento numérico em transição. Uma boa métrica para se aferir a qualidade táctica de uma equipa é verificar a frequência com que se encontram situações sem apoio de outros jogadores, quer ofensivamente, quer defensivamente. Como é óbvio, quanto menos, melhor. Na Académica situações destas são uma raridade. Villas Boas confirmou o primeiro indicio e está mais do que pronto...

- Em termos tácticos, o 4-1-3-2 improvisado não poderia resultar em nada de bom. Sobretudo com Mariano na frente. A Académica não dominou mas teve óptimas condições para causar dissabores. Aliás, teve-as também na segunda parte, antes da entrada de Rubén Micael. Ainda assim, o Porto não realizou um mau jogo, considerando todos as condicionantes. Nota para a boa ponta final, beneficiando da introdução de elementos mais rotinados com o modelo e, também, com maior qualidade individual.

- Individualmente, algumas notas que me parecem importantes. Nuno André Coelho continua a confirmar o que me pareceu na pré época. Espero que a pouca competição não lhe prejudique a evolução, porque tem tanto ou mais potencial do que qualquer outro central do plantel. Tomás Costa ainda não tem a adaptação completa ao lugar, mas, tal como Fernando fez esquecer Paulo Assunção, também ele faria esquecer Fernando se tal fosse necessário. Algo que tem a ver com a pouca exigência técnica da função, a que já várias vezes me referi. Álvaro Pereira está em nítido ascendente. Pode ser apenas um bom momento, mas a mim parece-me mais que se trata do terminar de um período de adptação. Repito a ideia sobre Orlando Sá: o mais provável é estar-se a formar mais uma "adolescência" traumática a um 9 no futebol português. Em vez de emprestar Diogo Viana ao Venlo, provavelmente seria mais útil ser Orlando a crescer num ambiente onde a relação com o golo é encarada de uma forma bem mais natural.


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Os deuses devem estar loucos!

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10.2.10

Sporting - Benfica: Acentuar diferenças...

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Os clássicos, e os dérbies muito particularmente, têm este carácter especial, que os torna importantes, seja qual for o contexto. Assim foi, mais uma vez. A competição podia estar desvalorizada, mas na hora de um Sporting-Benfica, o jogo conta para lá da vitória. Conta ao golo. É por isso que até o pontapé, aparentemente irrelevante, de Cardozo tem afinal um peso significativo na moralização de uns e desencanto de outros. Esse – o aspecto mental – é realmente o que mais importa no balanço de um jogo altamente condicionado por um momento madrugador e que acabou por não ter, também, grande interesse a nível técnico-táctico.

Benfica – golear em piloto automático
Em piloto automático. Foi assim que o Benfica arrancou de Alvalade a sua vitória mais expressiva em clássicos desde há vários anos. Tudo por 2 factores. O primeiro, claro, o minuto que ditou a expulsão de João Pereira e a vantagem no marcador. O segundo, a tal qualidade que a equipa consegue atingir sem grande esforço e que faz dela naturalmente dominadora, seja em jogo corrido, seja de bola parada.

Apesar disto, e dos 4 golos, não se pode dizer que o Benfica tenha feito um grande jogo em Alvalade. Não será seguramente pelo brilhantismo da exibição encarnada que este jogo será lembrado. Começou por tirar partido das circunstâncias que o jogo lhe deu e, ao 0-2, ameaçava o massacre. Depois, estranhamente, tornou-se displicente, chegando, de repente, a ter mesmo a eliminatória em risco. Algo que, face às circunstâncias, teria sido muito difícil de explicar. Ainda assim, porém, o “piloto automático” acabou por ser suficiente com a cabeçada de Luisão a decidir uma vitória que, na recta final, poderia ter tido maior expressão do que aquela que lhe acrescentou o pontapé de Cardozo...

Contas feitas, mais importante do que a final, será a galvanização que a equipa levou de Alvalade. Certamente haverá mais gente frente ao Belenenses e, certamente também, mais energia positiva em torno da equipa. Resta saber que peso terão os tais aspectos de desgaste pela sobrecarga de jogos...

Sporting – O que mais irá acontecer?
Torna-se, de facto, difícil prever que algo de pior possa acontecer ao Sporting. No espaço de 1 semana perde 3 vezes, 2 delas copiosamente e frente aos seus maiores rivais. Mais desanimador será pensar que, desta vez e ao contrário do Dragão, a equipa até nem fez muito por merecer tão expressiva derrota. Carvalhal, no meu entender previsivelmente e bem, mudou para 4-2-3-1 e a equipa tinha entrado bem no jogo, prometendo até ser mais forte do que o Benfica pela atitude que demonstrara. O que condicionou o jogo, no entanto, não foi apenas a expulsão de João Pereira. Foi o facto de ter ficado com 10 e, logo a seguir... a perder.

O que resta do Sporting no jogo pode dividir-se em 3 fases. A primeira de desnorte, ficando sem reacção depois do primeiro golo e parecendo ser incapaz de evitar um longo suplicio de domínio benfiquista. A segunda, de inconformismo e crença, motivada pelo golo de Liedson (incrível a facilidade com que marca em jogos grandes!). O maior elogio que se pode fazer à equipa é constatar que, depois do 1-2, dividiu o jogo perfeitamente, chegando mesmo a estar por cima de um Benfica que, de repente, passou a ter dificuldades em soltar-se de uma equipa com menos 1 unidade. O terceiro golo do Benfica, no entanto, fez voltar o sentimento de impotência e foi assim que que o Sporting encarou o final do jogo. Apenas sofreu mais um golo, mas podiam ter sido mais nesta fase.

Sobre o jogo, como referi, para além dos lances de bola parada e de alguns pormenores não há muito a apontar ao Sporting. A vida de Carvalhal está cada vez mais difícil, parecendo-me mais vitima do que réu neste processo. Essencialmente era muito difícil mudar com qualidade sem tempo para treinar. Nota-se que em vários aspectos a equipa não consegue fazer a ponte de um modelo para o outro. Ao Sporting e Carvalhal não resta outra coisa que não seja jogar e esperar por melhor sorte. Pelo menos até que haja tempo para treinar...



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Renteria para lembrar... Suker

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O jogador que motivou este "flashback" tinha, nesta altura... 11 anos! Renteria e o seu chapéu ao Belenenses, claro!

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9.2.10

Análise vídeo: Tonel, Rolando, Orlando e Moreno

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O comportamento da linha defensiva tem sido, provavelmente, o aspecto táctico que mais tenho focado nos últimos tempos. Ora bem, para não fugir a essa regra, esse é o também o tema das jogadas do fim de semana que resolvi trazer. 4 lances diferentes, mas com esse importante pormenor em comum...


Golo da Académica – Começando pelo mérito da Académica. O ponto mais importante do sucesso da transição, do ponto de vista dos estudantes, é o facto da Académica ter conseguido colocar 4 jogadores em situação ofensiva, forçando a uma situação de 4x4.

É claro, no entanto, que há muito para corrigir da parte do Sporting. Primeiro, uma transição, idealmente, deve ser parada o mais rapidamente possível para dar tempo à equipa de se reorganizar defensivamente. Neste sentido, o ideal é que os jogadores em equilíbrio se coloquem para poder pressionar a referência para a saída em transição. Isso, claramente, não acontece e, ao contrário, o quarteto defensivo (com Pedro Mendes a cobrir o adiantamento de Grimi) afunda-se no campo. O único que parece querer fazer o contrário é João Pereira, mas nem a acção do ex-Braga acaba por ter utilidade. Como se não bastasse, ao chegar às imediações da área, dá-se o erro que abre a clareira por onde entra João Ribeiro. Em vez de manter referência colectivas, Tonel fixa-se no seu marcador e, não só não faz uso do fora de jogo, como abre um buraco na zona central, por onde entra o extremo da

Académica. Em vez de se focalizar a 100% no seu adversário, Tonel deveria ter lido a jogada e mantido a posição, tendo Polga como referência de posicionamento. Este, no entanto, é um mal da defesa leonina que vem repetidamente sendo penalizada por não dominar este recurso. Fica fácil de perceber, tal como referi na altura, que o erro de Grimi no Dragão não se tratou de um lapso individual mas sim de uma falta de preparação colectiva para este tipo de lances.

Oportunidade de Pongolle – O fora de jogo tem sido um dos recursos claramente usados por André Villas Boas desde a sua chegada a Coimbra. Várias vezes lhe tem sido útil, é verdade, mas também é fácil encontrar exemplos de má interpretação do recurso. No caso, Orlando habilita Pongolle desnecessariamente, numa jogada que poderia ter ditado um rumo completamente diferente para o jogo.

Sobre a jogada, e não tendo a ver com a temática, nota para 2 aspectos. Primeiro, o excelente trabalho de Liedson, num jogo em que o 31, mesmo não marcando, esteve em óptimo plano. O segundo tem a ver com a finalização de Pongolle... Ou melhor, com a defesa de Ricardo. É que não há nada de errado com a conclusão do francês, merecendo todo o mérito a grande intervenção do guarda redes.

Oportunidade Naval – Na grande oportunidade da Naval para trazer do Dragão um outro desfecho, encontro um lance em que tenho leitura diferente dos anteriores. Ou seja, a opção do defesa, no caso Rolando, foi a mais correcta. É que, ao contrário de outros lances, Rolando, que tem a leitura total do lance, não pode garantir que colocará o avançado em fora de jogo, já que este se encontra atrás da linha de Bruno Alves. O outro pormenor que faz da opção de Rolando em baixar, uma opção correcta, é o facto do portador da bola não estar a ser pressionado e ter a oportunidade de ler e definir o timing da jogada.

Ainda assim, e apesar da decisão de Rolando me parecer inevitável, a jogada acaba na cara de Hélton. Muito mérito para a Naval, em especial para o passe de Fábio Júnior, mas também alguma dificuldade de Bruno Alves em recuperar mais rapidamente de modo a fechar a linha de passe. Provavelmente, e visto depois, tinha-se justificado a falta de Ruben Micael no inicio da jogada.

Golo do Paços – jogo de grande domínio do Vitória e... derrota. Dois lances definiram o desfecho cruel. O primeiro, um pontapé fantástico, o segundo, uma transição que apanha a defesa em desequilíbrio após uma bola parada ofensiva. A grande curiosidade do lance está na acção de Moreno. Quando a defesa, ainda que algo atabalhoadamente, tentava parar o avanço adversário recorrendo ao fora de jogo, eis que aparece o capitão vimaranense em recuperação. O incrivel da acção de Moreno está na forma como, ao longo da jogada, despreza por completo o posicionamento dos colegas, acabando por ser o responsável pelo posicionamento legal de Maycon na altura do remate.


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9 golos do fim de semana...

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8.2.10

Porto - Naval: Renovar da esperança

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O ar é outro no Dragão. As melhorias no jogo portista – tal como fui reforçando – já vinham sendo visíveis, mas havia uma ansiedade que parecia asfixiar a equipa em momentos chave. Não se pode dizer que a confiança seja já total, e para isso basta lembrar que a Naval teve o empate na cara de Hélton, a 15 minutos do fim. É inegável, porém, que, frente à Naval, os renovados ventos de esperança contagiaram também os jogadores.

O Porto fez uma primeira parte muito positiva. Enorme mobilidade, grande velocidade de circulação e boa reactividade dos jogadores às variações tácticas do jogo. O resultado foi um domínio absoluto do Porto que não teve, no entanto, uma grande correspondência em termos de oportunidades. Ainda assim, claramente, o golo de Tomás Costa não foi menos do que justo para a diferença de qualidade das equipas.

Na segunda parte, e conseguida a vantagem, estavam reunidas as condições para que o jogo fosse resolvido bem mais cedo. A Naval tornou-se mais afoita mas também mais vulnerável e só por um comportamento mais errático é que o Porto não chegou ao segundo golo mais cedo. O resultado foi uma ansiedade crescente mas que, ainda assim, nunca chegou aos níveis dos jogos com Leiria e Paços. Tudo, claro, libertado na etapa final, assim que Falcao fez o 2-0.

Em termos individuais, creio que é justo falar de Belluschi. Pelo menos pela primeira parte, já que caiu muito na segunda. Já havia referenciado a sua progressão em termos de familiaridade com o modelo portista, mesmo nos jogos com Leiria e Paços, e o argentino parece mesmo estar a ficar mais entrosado com a sua função. Com a boa entrada de Micael, fica a dúvida sobre quem irá compor o meio campo quando Fernando e Meireles estiverem de volta. Outra nota vai para Varela que, ao contrário do que previ inicialmente, se adaptou muito bem às exigências de jogar no Porto. O seu rendimento tem sido fantástico.



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Setúbal - Benfica: desaproveitamento pontual

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Parcial: 9-2. Pontos:4. Será difícil encontrar um registo destes num qualquer campeonato da história e se o Benfica não atingir o seu objectivo no final das contas, bem poderá olhar para ele como um exemplo paradigmático da diferença entre golos e aproveitamento pontual que vem marcando a sua viagem pela Liga 09/10. A verdade é que, depois de Leiria, Manuel Fernandes voltou a montar um plano “anti-águia” muito eficaz e que, desta vez, teve mesmo resultados práticos. Muito mérito para o Vitória, que fez um jogo de superação, mas também forte responsabilização para alguma displicência encarnada na abordagem ao jogo. Algo que, afinal, não é novo.

Na verdade até se pode dizer que o jogo começou por correr bem ao Benfica. É facto que o Vitória empatou numa infelicidade de David Luiz, mas também o é que foram os sadinos quem conseguiu ter um melhor aproveitamento do seu plano de jogo. Algo que não se reflectiu em domínio mas sim num controlo das iniciativas encarnadas e, depois, numa saída em transição sistematicamente incomodativa. O empate ao intervalo, por tudo isto, era o menor dos males para o Benfica.

Mas, afinal, qual foi o problema do Benfica? Quero começar por um aspecto que me parece ser muito relevante e que poderá vir a ser importante mais à frente, caso o Benfica continue na Liga Europa. A sobrecarga competitiva. Jogar a meio da semana pode ser um problema para a resposta nos jogos de campeonato. Não tem a ver, como muitas vezes se diz, com aspectos físicos, mas antes sim com a resposta mental, a nível da concentração e intensidade dos jogadores. E isso sentiu-se no Bonfim. Ou seja, a reactividade e intensidade do Vitória foi claramente superior a um Benfica que costuma fazer desse aspecto uma das suas virtudes. Por isso ganhou mais duelos e por isso, também, conseguiu fazer com que o Benfica errasse com uma frequência que acabou por condicionar a sua superioridade no jogo.

É claro que o Benfica tentou rectificar ao intervalo. Aí, na segunda parte, o Vitória esticou até onde pôde antes de se afundar na sua área. Acabou, finalmente, por ter a felicidade do seu lado no dramático penalti de Cardozo. Um desfecho para o qual, afinal, ambas as equipas concorreram. De um lado, o Vitória por toda a entrega que manteve, do outro o Benfica, por se ter posto à mercê de um resgate final.

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Sporting - Académica: A recaída do leão

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A recuperação parecia real, motivada pela esperança de, afinal, ainda conseguir algo de bom nesta temporada. Duas derrotas depois, o Sporting aparece, de novo, mergulhado num profundo problema anímico, regressando, neste aspecto, ao ponto de partida da “era” Carvalhal. Esta é a conclusão mais óbvia do que se passou em Alvalade. Mas a derrota, essa, não encontra explicação apenas no aspecto mental.

Para começar a perceber o porquê do fiasco leonino na recepção à Académica, não há como assistir aos primeiros 3 minutos da partida. Ocasião flagrante desperdiçada de um lado, golo oferecido do outro. E muito passa por aqui, porque se a Académica é, realmente, uma das equipas mais fortes em termos colectivos desta liga, terá feito em Alvalade, até, uma exibição aquém das expectativas. Sobretudo na primeira parte, onde, normalmente, o Sporting teria saído na frente.

Mas, se a derrota é punição manifestamente exagerada, o Sporting não pode deixar de olhar para os vários erros que cometeu. Antes de ir aos aspectos individuais, que no caso são fundamentais, passo por algumas questões colectivas. Começando por uma evidente perda de capacidade com bola. A mobilidade da linha média foi consideravelmente inferior e isso fragilizou a qualidade do jogo, sobretudo numa fase em que os índices emocionais ainda permitiam retirar alguma coisa dos jogadores. Depois, o aspecto defensivo. A linha defensiva continua a ser uma espécie de terror para este modelo, impedindo a equipa de jogar mais compacta e de, por outro lado, resolver situações como a que aconteceu no segundo golo. A tudo isto se junta o tal problema mental, compondo um cenário terrível para Carvalhal que tem o grande problema de não ter tempo de treino para o poder tratar convenientemente. Melhorias pela certa, prevejo-as só dentro de algumas semanas, quando não houver jogos a meio da semana. Para já, tudo pode acontecer...

Para terminar, então, os aspectos individuais. Os estreantes, Pedro Mendes e Pongolle não estiveram exuberantes, como é óbvio, mas estiveram bastante bem. Mendes menos, ainda que não se lhe possa apontar grandes problemas num jogo em que evidenciou clara falta de ritmo. Quanto a Pongolle, reforçando a pouca exuberância, moveu-se muito bem com grande dinâmica e qualidade. Parece-me um erro a sua saída.

O réu principal é Patrício. O ressalto da bola era imprevisível, é verdade, mas um guarda redes não se pode deitar numa bola destas. Faz-me lembrar o que acontece no futebol de praia onde este tipo de situações são comuns e os guarda redes têm de se colocar prudentemente atrás da bola e nunca mergulhar. Mas se Patrício é quem mais fica ligado ao resultado e ao próprio jogo, pelo menos em termos mediáticos, há um jogador que merece uma censura incomparavelmente superior: Vukcevic.

A exibição do montenegrino é inqualificável e imprópria de um profissional. Não defende, não se movimenta sem bola, não faz os ajustamentos posicionais e permanece agarrado à linha, como que à margem do jogo e da equipa. Já não é a primeira vez que chamo a atenção para a sua displicência táctica mas, desta vez, foi bem para além do que é minimamente razoável. O castigo que Paulo Bento lhe aplicou, parece provar-se, foi pouco para um jogador que, se não mudar de atitude profissional, não tenho dúvidas, sairá da esfera do futebol de alto nível bem antes de chegar à casa dos 30. E capacidade é coisa que nunca lhe faltou...



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5.2.10

Pormenores tácticos do Dragão e Luz

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Antes do fim de semana, ficam mais 4 revisões de alguns golos que marcaram os últimos dias. No centro das atenções, claro, a derrocada leonina aos pés do Dragão. Mas também um olhar sobre o notável golo que abriu a vitória encarnada Quarta Feira, na Luz. Vamos a eles...

2-1, Dragão – Uma nota introdutória: nos momentos que antecederam este golo, Carvalhal havia pedido que Moutinho se aproximasse de Adrien, formando algo mais próximo de um 4-4-2 clássico. A linha de médios é, aliás, bem visível a certo momento da jogada e não terá ajudado em nada a ultrapassar o grande problema do Sporting no jogo: a distância entre jogadores e sectores. Neste particular, o espaço entre a defesa e o meio campo foi muito importante para os desequilíbrios que o Porto conseguiu criar. Tornou mais difícil o controlo dos movimentos dos médios portistas e, talvez mais importante ainda, o repetitivo “baixar” de Falcao. Aliás, o colombiano vem sendo de tal forma uma peça central na dinâmica portista que só se espanta não ter havido maior preparação para o neutralizar. Permitir que o jogador receba e rode naquela posição era absolutamente proíbitivo.
Duas notas sobre a movimentação portista, que tem imenso mérito, e que se repetem na jogada seguinte. A dificuldade criada pela rotação da bola da direita para esquerda, contando com o aparecimento de Álvaro Pereira e, por outro lado, o movimento vertical dos médios a ser fundamental para perturbar a zona central da defesa leonina.

3-1, Dragão – Repetem-se várias circunstâncias. A bola roda da direita para a esquerda, os médios protagonizam movimentos verticais e o Sporting mantém demasiado espaço entre jogadores e sectores para ter um controlo eficaz da sua zona defensiva. Isto, numa fase em que já Adrien havia saído e em que o meio campo havia voltado ao losango. Fundamental, apesar de discreto, o movimento de Alvaro Pereira. É ele que mantém João Pereira distante do central, abrindo o espaço por onde entra o perspicaz Ruben Micael. Outra nota sobre o trabalho do madeirense tem a ver com a rapidez com que recebe e cruza, não dando tempo para que haja uma adaptação defensiva no centro.
Finalmente, nota para o que acontece no centro da área. Houve uma responsabilização de Grimi que julgo não ser justa. O que existe é, isso sim, um movimento desestabilizador de Varela e um grande mérito de Falcao. Isto porque Grimi começa por posicionar-se correctamente, aproximando-se de Carriço e encurtando o espaço para Falcao. O que sucede é que Carriço, pelo aparecimento de Varela, abre repentinamente esse espaço e o lateral não tem tempo de o corrigir. Ainda assim, consegue pressionar Falcao que dá, mais uma vez, um sinal de toda a sua capacidade aérea.

4-1, Dragão – De novo sobre Grimi. Claramente é o responsável principal pelo lance, mesmo não tendo havido a pressão devida sobre Mariano. Primeiro, baixa colocando Varela em jogo e, depois, não se coloca correctamente, de forma a tirar partido do apoio de Carriço. Ainda assim, e apenas sobre o fora de jogo, nota para o facto do erro de Grimi vir, no meu entender, de um ainda mau entendimento geral da defesa desta situação. Veja-se, por exemplo, o comportamento de Carriço. Numa situação em que tem um enorme espaço nas costas e em que o posicionamento de Tonel é mais alto do que o seu, só poderia, se tivesse a rotina correcta do movimento, subido para a mesma linha de Tonel. O mesmo dizer de Grimi, que tem a óbvia agravante de baixar em relação ao próprio Carriço. Ou seja, o que está patente neste lance, e que já vinha sendo claro, é uma incapacidade da defesa em interpretar correctamente e as rotinas deste tipo de recurso. Algo que se percebe pelo longo tempo em que a equipa, pelos seus princípios, a ignorava...

1-0, Luz – Não figurará entre os melhores golos do ano. Mas provavelmente devia. Reparar na movimentação de Saviola e Aimar é suficiente para perceber o porquê de grande parte do lance. Tem, de facto, a ver com a qualidade de movimentos desta dupla que tantas vezes tenho elogiado. E este aspecto, o da movimentação, é o porquê dessa insistência. Mas quero também alertar para outro pormenor na jogada. O cruzamento de Saviola e o movimento de Cardozo. O paraguaio inverte o seu movimento inicial para ir para o segundo poste e é para ali que a bola, finalmente, vai. A razão não tem a ver com improvisações geniais, mas, antes sim, com trabalho meticuloso. O segundo poste é o lugar de Cardozo, é para lá que ele deve ir, e é para lá que a bola tem de ser cruzada. É assim que é treinado e é por isso que vezes sem conta vemos já vimos este “filme”.


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A fila de Neymar

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4.2.10

Aimar: muito mais do que um simples "Mago"

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E, de repente, o Benfica voltou a ser absolutamente dominador. A qualidade táctica, inerente ao modelo de Jesus, esteve sempre lá, o problema é a sua interpretação. E aqui, claro, há jogadores mais importantes do que outros. A escolha entre Aimar e Saviola, que não é evidente, torna-se inútil. O Benfica tem os dois e precisa de ambos para atingir todo o seu potencial. E que potencial! No entanto, se em termos de mobilidade com bola a dupla ‘Millionaria’ divide méritos e responsabilidades, no que respeita ao trabalho defensivo, Aimar assume outra relevância. Algo que tem a ver com as exigências da função 10 em todos os momentos tácticos. Um tema que não é novo aqui. Desta vez, volto a ele para deixar alguns exemplos da vertente recuperadora de Aimar.
“El Mago”, dizem... Pois a mim, parece-me pouco.

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Como Boussoufa ganhou o clássico...

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3.2.10

Porto - Sporting: Esmagador!

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Um clássico distingue-se por algumas especificidades que o separam das partidas comuns. Mais emoção, mais qualidade e, normalmente, mais equilíbrio. Para a história entram os exemplos que destoam, e este, que à partida tinha tudo para seguir esse padrão mais expectável, entrará na lista dos mais invulgares de sempre. Aliás, creio (e corrijam-me se estou errado), que apenas uma visita do Sporting ao Porto teve mais golos e, também em apenas um caso, uma equipa marcou mais do que 5 golos. Se a volumetria dos números se explica pela invulgar eficácia das equipas, o mesmo não se pode dizer da diferença dos mesmos. É que, e este era outro dado que era difícil de prever, o Porto foi, de facto, muito superior ao Sporting, merecendo bem a folgada vitória.

Porto
No rescaldo da goleada da Madeira reforcei a ideia da relatividade do problema portista, e da competência que nunca deixou de acompanhar a equipa. Pois bem, desta vez, e quando talvez isso fosse menos previsível, o Porto foi para além da competência e voltou a roçar a excelência. Porque, se o Sporting terá muito para reflectir, também é certo que, perante este Porto, poucas equipas poderiam realmente aspirar a um bom resultado.

Se a expressividade do marcador apenas ficou definida na segunda parte, no jogo do pressing e posse de bola, que normalmente define quem tem mais condições para vencer, o Porto já “goleava” ao quarto de hora. De facto, o que espanta, até, é que não tenha havido mais ocasiões junto da baliza de Patrício, tal foi a superioridade portista na entrada do jogo. Em destaque, por um lado, a reactividade e agressividade dos jogadores em termos defensivos, e por outro, a confiança e qualidade da posse, capaz de sair quase sempre bem das zonas de pressão do adversário. Este padrão de excelência apenas foi atenuado entre o primeiro golo do Sporting e o segundo do Porto e, mais tarde quando o jogo já estava perfeitamente definido. Para juntar a esta superioridade, o Porto contou também com uma notável dose de eficácia que lhe permitiu fugir rapidamente no marcador. E assim, logicamente, a goleada tornou-se inevitável.

Em termos de notas individuais é quase impossível não elogiar quem quer que seja. A nota mais invulgar vai, claro, para Mariano que fez um jogo excelente a todos os níveis, provavelmente o melhor de Dragão ao peito. Também Belluschi esteve fantástico, confirmando o crescimento que já lhe vinha apontando e uma maior adaptação às exigências do modelo portista. Desta vez, até, mais influente do que Micael, embora a qualidade da movimentação do madeirense também não o tenha deixado ficar a perder. Sem querer passar por todos, não posso deixar de referenciar, outra vez, Falcao. Foi de novo soberbo e profundamente influente no jogo. Aliás, se a superioridade no jogo se deve ao colectivo, a definição da vitória, essa, deve-se em enorme dose ao colombiano. Numa fase em que o jogo equilibrara depois da “bomba” de Izmailov, foi Falcao que voltou a ser determinante. Se o seu primeiro golo é obviamente bom, o segundo talvez esteja ao alcance de ainda menos avançados. Mas, quanto ao jogo de cabeça de Falcao, já nada me surpreende.

Sporting
O jogo era importante para os dois, mas mais para o Sporting. E antes da análise ao jogo, começo aqui, pelos seus efeitos. No que resta desta época, define-se, não só o destino da equipa nas competições em que ainda tem hipóteses de vencer, mas também o arranque da próxima época. Nesse sentido, a revolução que foi encetada e, em particular, a liderança técnica de Carvalhal, sofreu um forte revés. Não tanto pela eliminação, mas pela forma como esta aconteceu. As melhorias no jogo ofensivo reveladas noutras partidas não ficam desfeitas, mas a qualidade do modelo de Carvalhal só será valorizada se, realmente, mostrar capacidade nos principais desafios que se avizinham.

Relativamente ao jogo, começo por concordar com a análise de Carvalhal e a importância dada à primeira parte. Uma diferença enorme de rendimento entre as duas equipas, que fez do Sporting um adversário vulgar no Dragão. Sem bola, a equipa não conseguiu vencer duelos, ser eficaz no pressing ou ganhar segundas bolas. Com bola, não teve qualidade nem arrojo para evitar o pressing contrário, demorando a criar linhas de passe e, mais estranhamente ainda, falhando em demasia em termos técnicos.

Nesta exibição do Sporting encontro 2 “focos” essenciais para explicar as dificuldades sentidas. O primeiro tem a ver com a vertente táctica e com algo que já havia falado, apesar de ter sido apenas pontualmente exposto pelos adversários. É que há demasiados espaços entre linhas e entre os jogadores para que se garanta uma presença mais forte na zona da bola. Por isso, a equipa correu mais mas teve muito menos bola. Neste aspecto, seria importante que a defesa conseguisse jogar mais alto, mas percebe-se também o desconforto de alguns jogadores em fazê-lo (particularmente no 4º golo isso ficou claro). Ainda neste aspecto, nota, por um lado, para a exposição de Adrien em termos de exigência e, por outro, para a sua incapacidade para estar à altura. Algo que venho referindo há muito e que voltou a ser claro. Daí ter falado do “upgrade” que pode representar Pedro Mendes.

O outro “foco” tem a ver com a atitude e intensidade próprias para um jogo desta natureza. Com Paulo Bento, e embora isto fosse muitas vezes desprezado ou ignorado, o Sporting teve um rendimento estupendo em termos de atitude nos jogos grandes. Não teve sucesso em todos, obviamente, mas teve-o em mais do que seria previsível. Será importante que Carvalhal recupere essa capacidade para a sua “era”, porque é nos níveis de intensidade e agressividade que se decide muito destes jogos. Aliás, como o próprio o salientou.



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Nani: a exibição que impressionou Ferguson

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2.2.10

O Braga e a importância táctica da linha defensiva...

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Ontem destaquei-o como um pormenor importantíssimo para o sucesso táctico do Braga. Em particular, claro, para esse notável registo defensivo. A linha defensiva e a forma como se movimenta verticalmente no campo. Na verdade, este destaque não se justifica pelo último jogo, mas sim por uma característica do modelo de Domingos que vem sendo marcante ao longo da época e que, diga-se, já havia sido trabalhada na “era Jesus”.

O que se ganha com este recurso?
Bem, boa parte da resposta está no vídeo. Na primeira jogada, um exemplo claro. Uma situação de transição conduzida por Izmailov, com os 2 avançados a fazer um movimento cruzado, à procura de libertar linhas de passe. Resultado: ambos ficam anulados porque a defesa, em vez de os tentar anular individualmente, avança e coloca ambos em fora de jogo, limitando, de repente, as soluções do russo. Na segunda jogada, 2 momentos distintos. O primeiro é semelhante ao caso anterior. Ou seja, Matías, também em transição, fica, tal como Izmailov, limitado pelo fora de jogo da linha defensiva e é obrigado a parar a progressão da jogada, dando mais tempo para que a defesa se equilibre. Apesar disso, o Sporting volta a encontra soluções de penetração e a bola regressa ao chileno. Aqui, e apesar de alguma desconcentração de Evaldo, a solução de passe acaba mesmo por ser “apanhada” pela armadilha.

Outra nota importante nesta última jogada é o que acontece quando a linha defensiva pára. As linhas defensivas aproximam-se e encurtam o espaço no bloco. Este foi, e tem sido, um dos segredos defensivos do Braga. Nem sempre pressionando de forma eficaz em zona mais alta, mas capaz de reter o adversário em zona média, devido à grande densidade de jogadores. Nota, finalmente, para importância da linha de área, que serve de referência para os jogadores do Braga. Recuam até à área, mas nela não entram.

Herança de Jesus?
Se há coisa que não considero justo afirmar é que este Braga é uma herança de Jesus. É falso. Pelo menos na generalidade. O Braga de Domingos não é uma cópia do passado, tem características e intérpretes diferentes. Neste particular, da linha defensiva, no entanto, é inegável que o trabalho do passado tem importância. Jesus também utiliza esse recurso defensivo nas suas equipas e, mesmo se o Braga de hoje não defende tão alto como o de então, é óbvio que o tempo de rotina beneficia o rendimento.

Já agora, não desfazendo da qualidade que apresenta neste particular, o Braga não é a equipa mais forte neste aspecto em Portugal. O Benfica de Jesus supera, pelo menos na minha opinião, os bracarenses neste particular. E no caso do Benfica, esta é também uma arma altamente importante para o sucesso táctico.

Porque é tão difícil aplicar?
A resposta está nas referências de marcação. Há muitas equipas por esse mundo fora a tentar tirar dividendos tácticos do adiantamento da linha defensiva, mas que acabam por sair mais fragilizadas do que beneficiadas. Muitas vezes se fala da capacidade de recuperação dos defesas mas, embora seja óbvia a vantagem de contar com defesas rápidos, não creio que tal seja o fundamental. O que é verdadeiramente importante, é que exista uma grande orientação colectiva nos jogadores que compõem essa linha defensiva. O adversário não pode ser uma obsessão na marcação, e a prioridade tem de ser, sempre, o posicionamento em relativo aos colegas. É aqui que normalmente as equipas falham, com os jogadores a perderem-se no acompanhamento individual. Finalmente, não basta que a linha defensiva “congele”. É preciso ter uma grande capacidade de decisão jogada-a-jogada, percebendo sempre qual o movimento correcto a fazer. Se ficar, se recuar, ou mesmo, se avançar. Tudo isto se torna ainda mais difícil se não houver uma pressão constante sobre o portador da bola.

Em suma... é de facto uma tarefa complicada. Uma rotina de alta exigência mas que, sendo conseguida, tem, e repito a ideia, enormes benefícios tácticos. Já agora, entre todos, é o futebol espanhol que no momento melhor domina este aspecto e aquele que, também, mais o valoriza em termos tácticos.

outro post sobre o assunto
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