30.9.09

Futebol, os bárbaros e o jogo

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A agressividade como estratégia. Será legítimo? O mais provável é torcer-se o nariz a esta ideia. A verdade, porém, é que a agressividade, para quem tem a hercúlea missão de ganhar sendo mais fraco, não é menos do que fundamental no futebol de hoje. Porque quase sempre os mais fortes são também apaixonadamente protegidos pela opinião generalizada, a critica orienta-se invariavelmente para os bárbaros que ousam usar a agressividade como arma. Mais do que uma hipocrisia, é um erro.

Obviamente, importa, antes de mais, separar conceitos. Agressividade não é brutalidade (como acontece no vídeo). E nem vale a pena ir mais longe.

É fácil e fica bem advogar em favor de uma pureza do jogo, orientando as criticas para os intervenientes, mas é também o mais hipócrita e menos útil dos caminhos. Se o jogo permite e está mal, então o mal está no jogo. Porque se o jogo tem regras, também faz parte do jogo quebrá-las. É assim no futebol, como noutros desportos. O problema deve, por isso, ser centrado no próprio jogo e nas suas leis, e não em quem as usa em benefício próprio. Porque quem joga, joga para ganhar.
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A aventura de Migliori!

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29.9.09

Até que ponto vai o falhanço de Carvalhal?

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Clássico no Dragão, goleada na Luz, alguém terá reparado? Reparado sim, importado provavelmente não. Não faz parte dos principais pratos do futebol nacional, não faz parte do “produto final”, não importa. No meio do Atlântico, Carvalhal afundou-se. E isso, mesmo que não seja tema de montra, é uma das principais notícias da temporada até ao momento. Pelo menos para mim...

Era decisivo para um treinador que se pensava ser um dos próximos candidatos a dar “o salto”. E Carvalhal teve tudo para estar à altura. Na Madeira teve qualidade, condições e até mesmo esse raro privilégio de terminar uma época sem sucesso e poder começar a seguinte. Mas falhou. No inicio e no fim, falhou. Mas esse poderá não ter sido o principal falhanço de Carvalhal...

Responder ao insucesso de médio prazo com estatísticas de posse de bola e ocasiões perdidas pode ser o maior erro de um treinador. É negar o erro em vez de o tentar identificar para corrigir. E é isso que Carvalhal tem de fazer se quiser, realmente, chegar ao nível a que há muito parece destinado. Identificar e corrigir o erro. Porque se o futebol por vezes engana, seguramente não mente.

Carvalhal tem muito do que é preciso para atingir o nível mais elevado como treinador. E é isso que faz deste um tema especialmente relevante. Não perdeu nada com esta experiência. Nem capacidade, nem conhecimento. Há, no entanto, uma característica que, não tenho dúvidas, é fundamental para quem quer vencer, seja no que for. A capacidade para aprender e, neste caso, aprender com os próprios erros. Não é uma questão de humildade, é uma questão de inteligência.
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Volta ao mundo

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28.9.09

Porto - Sporting: Vendaval Hulk!

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Joga-se em todo o campo, mas decide-se apenas em cada uma das suas extremidades. E é por isso também que no futebol, para vencer, é preciso ser-se, primeiro que tudo, mais forte nessas zonas em que realmente tudo acontece. É por aqui que se explica a vitória portista no clássico. A maior competência do Sporting revelada noutros aspectos não teve a objectividade dos rasgos azuis e brancos e, por isso, de nada valeu. Para tudo isto contribuíram decisivamente os aspectos individuais. Se de um lado haverá responsabilidades por dividir, do outro há que realçar o nome que, verdadeiramente, valeu os 3 pontos ao Porto: Hulk. 

Porto: Às costas de Hulk
A entrada forte prometeu uma exibição que o Porto não cumpriu, mas teve uma importância fulcral no jogo. Começou por dar vantagem e retirar a pressão que poderia tornar-se uma forte condicionante para, mais tarde percebeu-se, acabar por se confirmar como o período verdadeiramente decisivo no jogo. E tem tudo a ver com Hulk. O Sporting deu-lhe algumas oportunidades para atacar a profundidade e o brasileiro não se fez rogado. Soltou-se o pânico à esquerda do leão. Este é simultaneamente o maior e o pior elogio que se pode fazer à exibição azul. É que para além de Hulk sobrou praticamente... nada. Em termos ofensivos, isto é...

O problema é que a partir daquele impacto inicial, o Porto nunca mais se conseguiu impor de forma continuada no jogo. O seu pressing nunca conseguiu o Sporting de jogar e a sua posse raramente incomodou, parecendo sempre ansiosa por mais uma transição onde Hulk pudesse de novo empolgar as bancadas. E tudo isto com mais de meia hora a jogar com mais 1 unidade, depois de mais um efeito do “furacão Hulk” na defensiva do Sporting. Enfim, um Porto de fogachos mas a dar novas evidências de que esta não é uma equipa da qual se possa ainda esperar voos mais altos. Valeu Hulk, os 3 pontos e o regresso dos sorrisos.

Sporting: não se pode dizer que não fossem avisados!
«A equipa tem de jogar com personalidade porque tem qualidade. (...) É importante não dar vantagem ao adversário. Nunca é bom estar em desvantagem, mas é pior quando isso acontece com uma equipa com a qualidade e características do F.C. Porto.»

Paulo Bento parece ter adquirido dons proféticos. Não podia ter sido mais certeiro na sua antevisão. E, no entanto, a equipa mostrando a qualidade que garantia, falhou precisamente onde ele alertou. E com que rapidez!

Podemos começar por Grimi e a opção à esquerda. Um falhanço total. Grimi foi o responsável original pela hecatombe inicial. Desequilibrou de forma primária a equipa no primeiro minuto, na jogada que resultou na transição que galvanizou os portistas. Depois perdeu Hulk, tentando controlá-lo sem controlar onde ele é forte, na profundidade. Tudo isto é verdade, mas será que fazia outro sentido optar por uma adaptação quando havia um lateral disponível? Alguém pensa que o treinador não seria amplamente criticado se tivesse optado por uma adaptação com Grimi disponível?

Continuando em Polga... Arrastado pelo vendaval Hulk, tornou-se o réu para o público em geral. Não partilho dessa tão radical culpabilização, mas não há dúvidas de que Polga merece ser seriamente revisto por Paulo Bento. É um jogador que traz componentes importantes e normalmente ignoradas ao jogo do Sporting, mas é também hoje um jogador muito fragilizado em termos físicos, potenciando em demasia as suas fraquezas e trazendo também óbvios problemas à equipa. 

Mas o mais importante é mesmo falar dos aspectos colectivos. Começando pelo melhor do jogo, a posse e o meio campo. Não é fácil fazer o que o Sporting fez no Dragão. Mostrou uma qualidade que muitos duvidam mas que sempre existiu. Uma posse que pela qualidade que tem sente mais à vontade para jogar perante defesas que tentam subir e pressionar, mas que tem mais dificuldade quando os espaços se fecham junto da área contrária. Por isso a diferença qualitativa deste jogo para outros de características distintas. É verdade que raramente deu para ameaçar Hélton de forma directa, mas serviu para obter o domínio e situações de bola parada de onde surgiram ocasiões que poderiam ter valido o golo. E não se pode dizer que o Sporting não o tenha merecido.
O problema, claro, está nos detalhes. Nos erros que a equipa comete em momentos pontuais e que tornam tudo muito mais complicado. Uma sina desta temporada que corta com uma concentração competitiva que foi a primeira marca de Paulo Bento no Sporting. Curioso como o mesmo tem agora tanta dificuldade em restaurar essa característica... apesar das profecias.

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Viudez, a chilena... uruguaia!

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24.9.09

Muito futebol!

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23.9.09

Análise vídeo: lances da jornada

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Foi um jogo marcado pelo equilíbrio, é certo, mas isso não significa que não tivessem acontecido oportunidades dignas de destaque. E, no caso dos portistas, com alguns denominadores comuns. Na primeira parte, em organização ofensiva, pelo lado direito e aproveitando o espaço entre linhas e alguma falta de capacidade defensiva do lado esquerdo do meio campo contrário. Isto, claro, só possível porque existe do lado portista uma saída a jogar organizada sobre as alas, com qualidade e rotina. Tudo isto, claro, não chegou para ganhar nem mesmo para evitar a derrota. É que para além disto, houve pouco mais e, para além disto ainda, sobrou uma exibição essencialmente desinspirada e com pouco intensidade. Em especial no inicio do segundo tempo.


Hulk & Guarin – A primeira nota vai para o papel de Meyong, quem melhor pressiona no Braga. A sua acção obriga o Porto a organizar pela direita, dando uma vantagem ao Braga que deveria ter encurralado os portistas. Não foi isso que aconteceu. Não houve agressividade dos restantes jogadores e abriu-se uma linha de passe para Hulk, a quem também foi permitido rodar e sair da zona de pressão. Depois percebe-se a pouca reactividade de Viana que perde totalmente o controlo sobre o espaço nas suas costas, explorado por Guarin. Como o Braga joga com 2 linhas de 4 e não tem nenhum jogador posicional entre elas, o colombiano ficou completamente livre para atacar a zona mais recuada dos minhotos.

Meireles & Hulk – De novo a distância entre linhas. Desta vez, notória entre os avançados e a linha média. Este factor aliado à pouca agressividade de Mossoró sobre Meireles permitiu que o médio azul ganhasse tempo e espaço para libertar Hulk no flanco oposto. Um 1x1 muito perigoso e que apenas não teve outras consequências porque Evaldo conseguiu evitar o pé esquerdo de Hulk.

Guarin & Varela – De novo o lado direito portista. O primeiro ponto a realçar é a boa dinâmica entre o extremo e o médio, com troca de posições entre eles. Um rotina bem assimilada e que é solução comum na saída de bola portista, seja à esquerda, seja à direita. O ponto aqui tem a ver com a forma como Varela consegue rodar, não havendo a pressão exigível para a situação em que se encontrava. Aliás, este lance tinha tudo para dar uma recuperação e originar transição do Braga. Mas não deu. E tudo por Viana e Paulo César voltaram a denotar grande insuficiência defensiva e porque, claro, houve qualidade do lado contrário. Aliás, esta dupla não só permite que Varela rode como depois perde controlo sobre o extremo portista, não compensando, nenhum deles, o espaço de Evaldo que vem pressionar Guarin. Só por muito pouco este lance não termina em golo.

Desacerto azul – Se há lance que espelha a desinspiração portista é aquele que culmina numa finalização de Vandinho. Uma das mais perigosas do Braga. É que a jogada só acontece porque há uma série de deslizes individuais na sua origem. Primeiro o mau pontapé de Hélton, depois o não domínio de Guarin e, finalmente, uma trapalhada de Fernando finalizada com uma "assistência" em zona central. Ainda assim, saiu barato...

Pateiro – O Benfica ganhou em Leiria, mas muito facilmente poderia ter... perdido. Tudo isto por causa de um lance de inspiração de Pateiro que só não terminou em golo porque dos pés de Kalaba não houve a qualidade correspondente. Muito mérito, obviamente, para a acção de Pateiro, mas é também curioso analisar porque é que tudo foi possível. A última arma da transição defensiva encarnada é o fora de jogo, executado ao limite e, diga-se, com excelentes resultados até ao momento. Ora, quando todos esperavam o passe de Pateiro, este bateu, ele próprio, o fora de jogo. Ainda assim não parece uma fórmula copiável para casos futuros.

Rabiola – O primeiro golo do Olhanense em Alvalade tem os holofotes sobre Carriço e Abel. Podemos começar por aí e por dizer que, na minha opinião, não há nada de errado com o comportamento dos 2 defesas. Existe um 2x2 nessa zona, o que torna tudo muito complicado caso, como aconteceu, o cruzamento saia bem. Aliás, Carriço está bem posicionado e reage bem à trajectória da bola. Simplesmente não chegou e fica muito claro que o principal motivo é a falta de... centímetros. O grande erro está, por isso, na origem do lance. Ou seja, do lado esquerdo e na falta de agressividade sobre a posse de Ukra. Quando se cria uma zona de 1x3 tem de haver maior agressividade e aqui é Vukcevic quem deveria ter impedido o jovem extremo de ter uma solução de recuo. Isso não aconteceu, Ukra teve muito mérito e Miguel Garcia apareceu para dar a solução que o Sporting permitiu.

Edgar – O Marítimo começa a ameaçar ser uma desilusão séria desta liga. Pela segunda semana consecutiva com tudo para vencer e, de novo, incapaz de o fazer. Desta vez 1 lance compôs o cenário improvável no derby madeirense e perante um Nacional com 10 jogadores. Edgar foi o protagonista e trabalhou muito bem a jogada, mas... o que dizer de Olberdam?! Permitir que o avançado cortasse para dentro quando tinha já um ângulo tão fechado... e tão facilmente ele o fez! Assim, torna-se difícil...

Xavi & Messi – Há alguém que não conheça esta jogada? Há alguém que nunca tenha visto Xavi a receber da esquerda, virar-se e solicitar a diagonal de Messi nas costas do lateral?! Não me parece. Jogadores e treinadores sabem todos disto e, no entanto, tudo se repete com sucesso. E pensar que tantas vezes ouvimos gente a falar de previsibilidade pelo conhecimento que se tem das equipas. Hoje em dia nada é imprevisível, tudo é conhecido, tudo é previsível. A diferença está na qualidade. É por isso que Messi há-de marcar mais golos tão “previsíveis” quanto este...

Eto’o & Milito – Eto’o não marcou, não assistiu, mas que impacto teve! O Inter perdia e foi muito pelo camaronês que a situação se inverteu. Sempre ligado, sempre reactivo, pressionou e provocou a perda que isolou o mortal Milito. É uma característica que não dá nas vistas, mas vale muito mais do que se pensa.

Foster & Ferdinand – Um derby que ganhou outra dimensão e que teve uma emoção invulgar. O United ganhou, mas bem se esforçou para que isso não tivesse acontecido. O erro de Foster é primário, mas o que faz Ferdinand no último minuto é difícil de classificar. Valeu-lhes o “Mickey”.

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Volta ao mundo! (ainda o fim de semana)

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22.9.09

Sporting - Olhanense: O culto do sofrimento

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Parece ser sina da época leonina. O sofrimento, a recorrente urgência em correr atrás de resultados e a necessidade de os conseguir em resgates de última hora. Não dá para branquear os erros próprios, mas desta vez, e ao contrário do que acontecera na Holanda, a atípica eficácia do adversário foi o motivo que mais contribuiu para o pesadelo que foi o inicio de jogo para o Sporting. Valeu que o Olhanense se revelou tão talentoso como inocente e permitiu uma reacção rápida que colocou de novo o Sporting no jogo. E assim tudo se tornou mais dramático e interessante. Mas só do ponto de vista da emoção porque de qualidade este jogo pouco mais teve do que alguns detalhes individuais.


Muito estranho, de facto, este jogo para o Sporting. Sem pré aviso, viu-se numa dupla desvantagem que aconteceu. Como se isso não bastasse, a noite foi de desinspiração quase geral ao nível das individualidades, com vários erros e más decisões. Tinha, portanto, tudo para ter perdido, mas... ganhou. Ganhou porque teve alma e vontade suficiente para acreditar e, mais importante ainda, porque teve um adversário que na primeira parte lhe deu demasiados espaços e demasiadas facilidades para poder atacar. Aliás, suspeito mesmo que a reviravolta se teria consumado bem mais cedo caso o intervalo tivesse tardado mais alguns minutos. É que se o Sporting, mesmo sem qualidade acrescida em relação ao seu registo recente, foi suficiente para criar uma catadupa de embaraços na área do Olhanense na primeira parte, na segunda isso não aconteceu. E não aconteceu porque os de Olhão jogaram mais juntos e mais baixos, reduzindo os espaços e potenciando a tal tendência para o erro dos jogadores do Sporting.


Como balanço colectivo, não se pode dizer que algo tenha piorado ou melhorado em relação ao passado recente. A maior critica a fazer neste plano vai para a reacção à perda de bola, mais lenta do que o desejável, e para a performance da sua transição defensiva. Não que isso tivesse permitido ao Olhanense muitos lances de perigo, mas impediu um domínio mais continuado no jogo e um jogo mais aberto do que aquilo que interessava ao Sporting. Fica agora a expectativa para um teste difícil e relevante para a qualidade da equipa.


Olhanense: talentosos e inocentes
Não foi de espantar a exibição da equipa de Olhão. Tem grandes executantes do meio campo para a frente, temíveis no 1x1 e a definir jogadas. E como o foram no inicio do jogo! A verdade, porém, é que este Olhanense de Jorge Costa é também a continuidade dos defeitos que o treinador já revelara em Braga. Uma equipa demasiado estendida no campo, com muitos espaços entre os jogadores e que, por via disso, se torna permeável. E foi-o imensamente no primeiro tempo. Na segunda parte juntou mais as linhas, tornou-se menos capaz de chegar à frente com bola mas, pelo menos, resistiu mais. O problema, claro, é que já foi tarde de mais. Fica, desde já, o aviso para outras experiências deste gênero e que lhe podem ser bem mais penosas, bem como a idéia de que num campo mais pequeno poderá ser mais eficaz. Por fim, dizer que faltou ver o outro lado do Olhanense e das equipas de Jorge Costa que é a capacidade mental para reagir à adversidade e acreditar sempre. Fica para outras núpcias...

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Showboat!

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21.9.09

Braga - Porto: Dependente de um capricho

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Entre a competência e excelência. Tenho discutido a diferença entre estes 2 níveis de performance, a propósito da equipa do Porto. A perda de Lucho e Lisandro ditou a descida de patamar qualitativo e isso faz-se sentir em jogos como os disputados em Stamford Bridge e Braga. Porque, em Braga, o Porto não foi menos do que competente, não foi inferior ao seu adversário, mas também não foi excelente ao ponto de deixar de estar dependente de um pormenor, de um capricho do destino. E foi isso que aconteceu. Uma equipa competente, mas incapaz de escapar a um capricho do destino, que surgiu na forma de um desvio involuntário que traiu Hélton e definiu a derrota.

Nas sempre discutidas opções iniciais, parece-me muito claro qual o critério de Jesualdo. Aparentemente agradado com o final da partida em Londres, o treinador deu continuidade ao onze que terminou aquela partida. Se esse foi o critério, não me parece muito lógico. Porque cada jogo é diferente e, mais ainda, porque o final dos jogos são marcados por condicionantes diferentes das fases iniciais. Enfim... é sempre um assunto muito discutido mas, na minha opinião, está longe de ser o fundamental.


O jogo foi, até ao golo de Alan, bastante “encaixado”. Um termo pouco simpático, talvez, mas que reflecte bem as dificuldades que os dois conjuntos sentiram para criar desequilíbrios. Aqui, importa distinguir a primeira da segunda parte. Na primeira, o Porto foi tacticamente melhor. Levou vantagem em diversas ocasiões e foi objectivamente mais perigoso. Não teve eficácia, é certo, mas esse não é o principal ponto a realçar. O que mais marcou esse período foi a incapacidade que a equipa teve para tirar melhor partido dessa superioridade. Tudo devido à pouca qualidade revelada no último terço, com acções demasiado orientadas para desequilíbrios individuais e pouco capazes de promover movimentações colectivas que fossem mais incisivas sobre os espaços existentes. E, assim, houve bem menos oportunidades do que poderia ter acontecido.


Na segunda parte, um Braga diferente, mais agressivo, mais rápido a reagir, ganhou uma superioridade territorial que não havia conseguido nos primeiros 45 minutos. Jesualdo tentou mexer e dar mais força e capacidade de transporte às transições, colocando Rodriguez. Nunca saberemos se a alteração produziria resultados porque, logo a seguir, Alan cruzou para a baliza de Helton e, claro, o jogo mudou de coordenadas.


Braga, um candidato a... candidato
Já o tinha referido depois do jogo de Alvalade e repeti-o agora. Este Braga não tem a mesma qualidade daquele que vimos no ano anterior. E não é pelas 5 fantásticas vitórias que esta ideia muda. Num 4-4-2 clássico algo surpreendente, Domingos montou uma equipa bem organizada, mas ainda longe de um nível óptimo. Viana é sempre que possível a referência para a construção, seguindo as jogadas, ou de forma mais larga para Alan sobre a direita, ou mais apoiada pelo corredor esquerdo onde existe uma boa dinâmica entre Mossoró e Paulo César. O problema é que a equipa perde alguma agressividade no pressing e, também, fica por vezes algo vulnerável na zona central por aí ter apenas 2 jogadores.


A qualidade, no entanto, é bem acima do nível médio da liga e, vendo bem as coisas, esta equipa já esteve bem mais longe de poder equacionar uma ameaça aos “grandes”. São 5 vitórias que “despacham” Sporting, Porto e Marítimo nos Barreiros. Para além disso, não há Europa pelo que a focalização será total na Liga. Se o Guimarães andou por onde andou há 2 anos, é perfeitamente possível este Braga sonhar com vôos ainda mais altos...


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Leiria - Benfica: O outro Benfica também ganha

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Depois das goleadas o Benfica regressou à outra face. Aquela revelada há umas semanas em Guimarães e que, apesar do domínio, mostrara uma equipa com muita dificuldade em ser perigosa. Foi de novo assim em Leiria e, tal como dessa vez no Minho, o resultado foi a parte mais simpática do jogo, surgindo tardiamente e numa fase em que já parecia difícil que tal pudesse acontecer. De facto, foram mesmo raras as ocasiões encarnadas antes do 1-2 e isso dá toda a legitimidade para que os de Leiria possam sentir alguma frustração pelo destino que tiveram. Isto, apesar de todo o inegável domínio encarnado.

O que a bola parada deu, a bola parada tirou. Foi assim na madrugada do jogo. 1-1 sem que alguma das equipas tivesse feito por merecer algum dos golos. O Leiria teve, notoriamente, uma estratégia estudada e especifica, assumindo o domínio encarnado como algo provável, mas não dando grandes condições para que este fosse expressado em transição. O que facilita. Ao contrário do Belenenses, foi uma equipa que procurou pressionar e perturbar a posse encarnada desde cedo, mesmo que muitas vezes não o tenha conseguido. Principalmente na primeira parte, onde o Benfica foi muito forte, muito dominador. Ainda que sem grandes ocasiões. Na segunda, as coisas foram ligeiramente diferentes... O Benfica sentiu mais dificuldades e o Leiria foi capaz de manter o jogo mais tempo, mais longe da sua área. Menos dominador, o Benfica começou também a perder algum controlo pontual sobre a transição defensiva e foi mesmo o Leiria quem falhou clamorosamente a melhor ocasião do jogo. Como, em todo este cenário, uma jogava bastava, diria que o jogo quase poderia ter acabado quando Aimar conseguiu o desequilíbrio determinante para a sentença do jogo.

No Benfica, a mesma intensidade, o mesmo domínio, fruto da habitual dinâmica com bola e da fortíssima transição defensiva, que impedia o Leiria de jogar. Mas menos qualidade. Saviola não apareceu na criação e isso retirou capacidade ao futebol ofensivo encarnado, que abusou de jogadas por uma zona central altamente povoada. A excepção foi Aimar, sempre muito hábil a encontrar soluções de passe no último terço e a grande fonte de desequilíbrio. E seria mesmo o 10 a ser determinante na jogada decisiva.

O Leiria ameaça ser mesmo um osso duro de roer. Equipa agressiva e com boa ocupação de espaços na zona mais recuada. Não conseguiu condicionar a posse do Benfica com frequência e teve dificuldades em soltar-se em transição. Mas soube evitar cometer erros comprometedores em posse e ter o discernimento de manter a segurança e rigor defensivo como prioridades máximas. Diego Gaucho, André Santos, Pateiro, Silas e Carlão são jogadores com qualidade suficiente para ter grande impacto nesta liga...

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18.9.09

Heerenveen - Sporting: Ganhar, fazendo tudo para... o evitar

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Conseguir ganhar, fazendo tudo para o evitar. Um feito por definição, aparentemente impossível, mas realizável como o provou o Sporting na Holanda. Sabia-se do mau momento do Heerenveen, da maior qualidade do Sporting e tudo isso se confirmou desde cedo. O que não estava nas contas deste jogo eram os erros e as displicências que o Sporting foi acumulando ao ponto de ter quase perdido um jogo que, desde muito cedo, devia ter estar ganho. Talvez o mais surpreendente, no fim de tudo, seja mesmo a vitória leonina. Surpreendente, mas justa, pela maior qualidade que inequivocamente revelou. Outro paradoxo, portanto...

Começando por perceber as diferenças entre as equipas: porque é que o Sporting é melhor que o Heerenveen? Porque tem melhores jogadores. Certo. Mas não é isso que faz a diferença abismal que existe. A diferença está sobretudo na qualidade colectiva e isso percebeu-se desde muito cedo. Muito espaço entre sectores, desequilíbrio defensivo e um ataque previsível nos seus processos permitiram ao Sporting, desde cedo, marcar uma superioridade qualitativa. 

O problema esteve nos detalhes individuais. Deslizes evitáveis que na primeira parte ditaram algumas clamorosas ocasiões para os holandes e que, na segunda, impediram o Sporting de “matar” o jogo quando já se tinha reencontrado defensivamente. Juntando a tudo isto a inspiração que ditou o 2-2 e a vitória do Sporting seria uma grande improbabilidade. Mas aconteceu.

3 Notas individuais
Vukcevic – Parece inadaptado à posição. Não desequilibra com frequência, não dá segurança à posse e tem dificuldades posicionais. Conhece-se o seu potencial, mas neste momento não é uma unidade útil ao colectivo.

Matías Fernandez – Quando há espaço ele aparece mais facilmente e a sua qualidade percebe-se. Mas para ser um 10 de eleição no futebol europeu, Matías tem também de crescer ao nível do pressing. A sua posição é fundamental porque liga sectores e permite à equipa aparecer ligada ou desligada em vários momentos Ainda não percebe bem os “timings” para o fazer com maior qualidade e isso retira, a ele e à equipa, agressividade nesse relevante aspecto do jogo. Aliás, esse é um problema que divide com Vukcevic no meio campo, contrastando, por exemplo, com Liedson e Moutinho.

Liedson – Começou com 10 minutos em que praticamente só decidiu mal. Mas Liedson compensa bem tudo isso. Está sempre dentro do jogo e é sempre mais ágil e mais reactivo do que os adversários. Isso vale golos e muitos tormentos nas defensivas contrárias, e faz dele um jogador imensamente valioso. Aliás, como está bom de ver. Já que falamos de golos, e foram 3, tem de se salientar também a mediocridade do guarda redes contrário.
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Ronaldo vs Zurique

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17.9.09

Inter - Barcelona: A afronta de Mourinho

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Será possível? Bater o Barça dentro do seu próprio estilo, será possível? Mourinho tentou-o, não conseguiu, mas teve o mérito de avivar a dúvida. A primeira parte chegou mesmo a ser uma verdadeira afronta à intocável posse de bola ‘blaugrana’. E a verdade é que a ousadia teve, em vários momentos, resultados bem positivos. Pressing alto, a tentar orientar o jogo especialmente para o flanco esquerdo e a obrigar alguns pontapés longos na primeira fase de construção catalã. Algo que, definitivamente, não estava no plano de Guardiola. 

O Barça, apesar disso, foi sempre mais perigoso e, na segunda parte, recuperou o seu estatuto de equipa avassaladora. O Inter não aguentou, perdeu concentração e capacidade para se manter compacto e alto, acabando por ceder à tentação de “acampar” à frente da sua área. Teve de recorrer, portanto, à fórmula comum dos adversários do Barcelona. Bloco baixo e muito numeroso, com a esperança de um rasgo de um dos avançados para fazer golo. Só que o Inter, e apesar desse constrangimento, manteve-se competente e solidário junto da sua área. E daí o nulo.

O desafio permanece e a dúvida fica reavivada. Veremos agora como evolui o novo Inter e, já em breve, como se apresentará em Camp Nou. O desafio não é fácil. O Barcelona é uma equipa praticamente perfeita dentro dos seus princípios. Tem melhores jogadores para os interpretar e é francamente competente em tudo o que faz colectivamente. Acabando na posse de bola, mas começando na forma notável como defende, pressionando e utilizando cirurgicamente a “arma” do fora de jogo. Não admira que Guardiola aparente tanta tranquilidade mesmo quando não ganha, quem tem uma equipa assim pode dormir sempre descançado.

Por fim, sobre a troca Ibra-Eto’o, para já só vejo o Inter a ganhar com o negócio.



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O 2 em 1 de Niang

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16.9.09

Chelsea - Porto: Apenas reagir não chega

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Não há nada de errado em perder 1-0 num palco como Stamford Bridge. Muito menos se considerarmos a forma ameaçadora como o Porto terminou o jogo. Para perceber o problema desta derrota portista, sugiro que se recupere a última prestação forasteira na Europa. A visita a Old Trafford nos quartos de final do ano passado. A diferença tem a ver com a forma como, ao contrário dessa ocasião, desta vez o Porto não se impôs no jogo e apenas teve capacidade para ser autoritário depois do golo sofrido. Ou seja, o que se viu revela competência, sim, mas não para poder aspirar a grandes caminhadas nesta prova. E essa é a expectativa real dos adeptos portistas.

As opções de Jesualdo
Começando pelo tema que é, inevitavelmente, escalpelizado pelos adeptos no final de uma derrota. Sendo o mais claro possível, para mim, as opções de Jesualdo fizeram todo o sentido. E fizeram no inicio e não no fim, que é quando as criticas surgem, mas não quando o treinador decide. Porque, no fim, poucos ousarão criticar a opção por Guarin, mas, no fim, muitos questionarão o porquê de Mariano. O jogo não lhe correu bem, de facto, mas, se decidir no fim fosse possível, quem optaria, por exemplo, pelo Hulk que se viu em Stamford Bridge? Eu não, mas, lá está, isso era no fim.

As opções iniciais de Jesualdo fizeram sentido porque faz sentido colocar Hulk, como referência central para as transições num jogo deste tipo. Porque Belluschi não tem intensidade para um jogo em que defender bem era fundamental e em que a equipa passaria grande parte do tempo sem bola. E, finalmente, porque Mariano e Rodriguez são quem mais qualidade oferece ao pressing, sendo esse um aspecto fundamental para o sucesso no jogo.

O pressing, o problema da primeira parte
Já o venho dizendo há algum tempo. Lucho e Lisandro não fazem, obviamente, falta apenas num só aspecto do jogo, mas parecem particularmente difíceis de substituir pela qualidade que davam à equipa sem bola. E isso foi perfeitamente notório na primeira parte do jogo. Ou pelo menos, em boa parte dela. O Chelsea teve grande facilidade em empurrar o Porto para o seu meio campo e, a meu ver, esse só não foi um aspecto mais decisivo porque os londrinos não estiveram particularmente inspirados. Falhas excessivas ao nível do passe e alguma insistência pela zona central, aliados à falta que obviamente fazem Drogba e Bosingwa justificam esta exibição aquém do esperado. O pressing e a capacidade de defender bem, mais alto, são o motivo que distanciam o Porto de Stamford Bridge daquele que se viu no tal jogo de Old Trafford.

O pressing, a melhoria da segunda parte
Mesmo sem fugir a esse problema do seu jogo, o Porto sobreviveu ao melhor período do Chelsea na primeira parte e conseguiu mesmo crescer no jogo assim que soltou algumas transições que afectaram, visivelmente e a seu favor, a confiança das equipas. O pior parecia para trás quando o intervalo chegou, mas no futebol e a este nível, qualquer erro pode custar, num momento, 90 minutos de esforço. E assim foi. De um pontapé longo de Cech surge o golo que definiu o jogo, com um réu claro na jogada. Rolando.

O golo teria o efeito óbvio de dar ao Chelsea a primazia de poder jogar em transição, mantendo-se mais equilibrado com bola e arriscando menos, mas podendo ser, paralelamente, mais perigoso. Tudo mau, portanto, para o Porto. Foi um panorama que se viu durante alguns minutos mas que se inverteu com a entrada de Falcao. E porquê? Porque passou a pressionar melhor.

Hulk passou a primeira parte inteira a olhar para os centrais a trocar a bola, desconectado da restante equipa e retirando qualquer agressividade à primeira fase da pressão. Com a entrada de Falcao, a equipa ganhou agressividade e a posse de bola do Chelsea deixou de chegar confortavelmente ao meio campo contrário. Houve mais perdas e dificuldade em jogar, e o Porto conseguiu, por via disso, crescer territorialmente. Foi uma tendência gradual e que também conta com algum do demérito que já identifiquei na exibição dos ‘blues’. Um período bastante bom e que, com um pouco mais de eficácia, poderia ter dado um empate que, bem vistas as coisas, não se estranharia totalmente. Não aconteceu e, porque foi quem mais fez por isso, o Chelsea também ganhou bem.

Individualidades
Algumas notas breves. No Porto, Fernando pareceu-me o melhor particularmente no período em que o Porto mais sofreu na primeira parte. Hélton, ao contrário do que é hábito nestes jogos, também foi decisivo. No outro pólo estiveram Mariano, bem sem bola, mas comprometedor para as saídas em transição, e, muito especialmente, Hulk. Quer sem bola, quer com ela, Hulk esteve mal, estranhando-se a repetição de uma exibição pobre em solo britânico, de longe as piores de dragão ao peito.

No Chelsea, Essien é fantástico para controlar as transições defensivas, permitindo à equipa correr alguns riscos posicionais com bola, mas não me parece a melhor solução para o primeiro passe ofensivo e o Chelsea sofreu um pouco com isso. Finalmente, referir o contraste entre as exibições de Carvalho, que sabe o que o adversário vai fazer, antes do próprio, e Ballack, um verdadeiro caso de desinspiração total.

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Pequenos apanhados...

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15.9.09

Análise vídeo: lances da jornada

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Perto da perfeição – Em organização ofensiva é mais difícil. Ou melhor, normalmente, porque de quando em vez surgem estes exemplos de jogadas que fazem parecer tudo muito fácil. Foi o caso do primeiro golo portista. A velocidade é fantástica, mas o que realmente destrói a estrutura defensiva é a coordenação entre os movimentos de cada um dos jogadores.

Várias notas. A começar por Hulk que, sem tocar na bola, tem provavelmente o papel mais determinante. Depois Alvaro Pereira, que se começa a tornar num caso sério pela forma como capitaliza os bons movimentos que acontecem no seu flanco, atacando a profundidade. Raul Meireles, como sempre impecável sem bola. A sua acção é preponderante para a resposta ao cruzamento no centro da área, e é-o porque, mais uma vez, Raul chega a tempo de importunar na zona de finalização. Finalmente, Varela. O seu movimento é corretíssimos, confirmando o seu crescimento em termos de movimentações sem bola, tornando-o em mais do que um extremo agarrado à linha. O facto de vir de trás dá-lhe vantagem sobre os defesas e ele aproveita isso para os surpreender. O único reparo vai para a menor sincronia entre o seu movimento e o de Falcao. O ideal seria serem complementares e não coincidentes. 

Aproveitar o momento... com qualidade – Um central marcar não é comum. Numa jogada que acontece em ataque organizado, então, é mesmo uma raridade. Fê-lo Rolando em mais uma jogada que evidencia o bom movimento ofensivo portista, mas que revela também os problemas por que passou o Leixões, em particular depois do segundo golo.
Começo por destacar algo que também esteve na origem do primeiro golo, a falta de pressão sobre os centrais quando são estes quem organiza. Penso ser fundamental para conseguir uma boa pressão colectiva, mas várias vezes ela é inexistente em equipas que se procuram defender demasiado atrás. Depois, e quando Rolando se decide pela progressão, é visível a total ineficácia dos 3 jogadores que se aproximam. Não condicionam a decisão nem o momento de passe e, mais importante ainda, não limitam linhas de passe. E, ali bem perto, Hulk estava livre. Aliás, sobre Hulk, mais uma vez o destaque para o seu papel na criação de um lance ofensivo, inteligentemente encontrando mais um ataque de Alvaro Pereira à profundidade. Nota nesse passe para a forma como a bola atravessa a largura do campo no meio do bloco matosinhense. Isto acontece porque o Leixões definiu poucas linhas defensivas, o que aliás é bem visível na segunda imagem realçada no lance. Outro problema da criação de poucas linhas defensivas (no caso duas) é a distância que se cria entre elas. E isso foi fundamental para que a linha média chegasse sempre tarde à área na resposta aos cruzamentos.

Saviola, fura defesas – É fácil apontar o dedo à defesa azul no “solo” de Saviola. E as criticas são justificadas porque bem mais deveria ter sido feito. Mas o destaque que faço justifica-se pela capacidade de progressão de Saviola em velocidade, com toques muito curtos o que dificulta muito a vida a quem tenta definir um momento para tentar o desarme. Realmente, esta jogada não tem nada de estranho na carreira do jogador. É tudo muito característico. Quer essa capacidade de conduzir em velocidade, quer, depois, a forma como não tem receio de forçar alguns ressaltos dentro da área.

Ramires, em transição – A carreira de Ramires está a corresponder em absoluto às expectativas que dele tinha. Um jogador com uma notável capacidade física, de processos simples e práticos, mas também sem grande criatividade em organização ofensiva. O seu protagonismo ganha outra dimensão em transição, onde é muito veloz, com e sem bola, e tem sempre a zona de finalização como destino. Já era assim no Cruzeiro e é por isso que a segunda parte do jogo com o Belenenses foi o período onde mais se evidenciou de águia ao peito.

O cruzamento... decide – Liedson foi de novo o herói mas não é sobre ele que quero falar. É, antes, sobre o cruzamento de Moutinho. O facto de ter sido efectuado de primeira é decisivo. O passe atrasado faz com que a defesa inicie um movimento de subida e isso torna-a menos apta a responder à trajectória da bola. É um tipo de execução que, por exemplo, rendia muitas assistências a Rodrigo Tello e que potencia avançados que, como Liedson, se distinguem pela reactividade e não pelo poder físico entre os centrais. Se, como acontece frequentemente, Moutinho tivesse preparado a bola para cruzar, provavelmente o golo nunca teria acontecido.

Lampard avisa – Fantástico o trabalho de Lampard. Primeiro, abre linha de passe, depois recebe com grande qualidade e, finalmente, faz a assistência visionária para Drogba. Um aviso claro para o Porto em vésperas da visita a Londres. No lance, ainda, uma outra nota que vai para o papel do jogador que defende Drogba. Não só o deixa rodar, como ignora em absoluto a possibilidade de colocar o marfinense em fora de jogo.

Catalisador da crise – Talvez tenha sido o golo com maiores consequências na jornada. É verdade que a seguir o Leiria marcou mais 3, mas para quem quer reagir psicologicamente, o primeiro golo é particularmente importante. Não vou comentar o jogo, obviamente, nem sequer a carreira do Setúbal porque só vi a derrocada da Luz. Assim, porém, é impossível.

Lançamento & remate – Os 2 últimos lances falam por si. Um lançamento tão suicida que se torna caricato. E uma jogada que, não fosse a trave, era candidata a bater qualquer golo de Eusébio. Fica para a próxima, Alan!




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Volta ao mundo

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14.9.09

Sporting – Paços Ferreira: Mais pela quantidade, do que pela qualidade

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Justiça é algo que definitivamente não rima com futebol. Neste caso, porém, creio que a sentença do jogo não poderia combinar melhor com o curso dos acontecimentos. Foi, da parte do Sporting, uma exibição em esforço, com vontade mas sem grande qualidade, mas que conheceu um ascendente com o passar dos minutos. Daí o ajuste do desfecho, quer na magreza do resultado, quer no ‘timing’ em que esta ficou definido. Certo, para além da vitória, é que o Sporting precisa ainda de evoluir bastante para poder encarar, realisticamente, esta época com boas perspectivas.

Primeira parte: Organização ofensiva, um problema
Pelas características do jogo, importa sobretudo falar de um momento do jogo leonino. A organização ofensiva. Foi nesse momento que o Sporting passou grande parte da partida e foi também nele que encontrou o principal entrave a uma exibição mais conseguida e confortável. O problema esteve sobretudo na segunda fase do seu jogo ofensivo, sempre que este se aproximava da área contrária. Isto porque a circulação na primeira fase de construção foi geralmente bem conseguida, encontrando muitas vezes boas condições para introduzir a bola no flanco certo. 2 criticas aqui. A primeira, e mais importante, tem a ver com a falta de apoio que o jogador que recebe a bola (normalmente no flanco) tem. A segunda, reporta à incapacidade de encontrar mais soluções que alternassem com o recurso aos flancos. Há, claramente, alguma falta de capacidade individual em certos casos, mas o problema é sobretudo colectivo e é por aí que ele tem de ser resolvido. Com rotinas e com sistematizações que garantam maior qualidade a este momento. 


Segunda parte: Mais vontade e... qualidade
Atitude. Se alguma coisa não faltou ao Sporting foi atitude. Mesmo sem grande sucesso nas suas investidas, a equipa não cedeu à frustração e continuou sempre a tentar, melhorando progressivamente com o tempo. E terá sido que lhe valeu os 3 pontos. De facto, na segunda parte, o Sporting alterou algumas peças, introduziu mais risco no jogo mas conseguiu também mais qualidade. A qualidade viu-se na forma como a equipa passou a criar melhor as suas jogadas, o risco na sua menor organização no momento da perda de bola. Para o Paços, o problema foi que o risco apenas se sentiu no inicio da segunda metade. Depois, a equipa encolheu-se e o Sporting tornou-se mais perigoso e acabou mesmo por marcar no seu melhor período.
Sobre o Paços, não quero traçar elogios desmesurados, mas não quero passar sem reforçar a ideia de uma competência assinalável face aos recursos existentes. A equipa poderá queixar-se da forma como foi perdendo o controlo da partida. As lesões condicionaram a estratégia, disse Paulo Sérgio. É possível e o que é certo é que nunca saberemos se o Paços teria, ou não, outra velocidade para meter na recta final do jogo...

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Belenenses – Benfica: A moda de golear

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Deve ser confuso para os adeptos do Benfica, depois de tanto tempo em que ganhar era tão difícil, assistir agora a vitórias tão fáceis, acrescidas de goleadas consecutivas. Afinal, ganhar é fácil? Torna-se, de facto, fácil quando se junta eficácia à qualidade. Foi assim no Restelo com o Benfica. Ganhar, pode, como pôde, tornar-se fácil. Mas não é fácil.

O efeito do rasgo de Saviola
O Benfica actual já era suficientemente difícil para o Belenenses. A ganhar, então, tornou-se praticamente inultrapassável. À qualidade retirou-se o catalisador de erros que é a ansiedade e o Benfica pode, assim, dominar por completo o jogo sem ter estar obcecado pelo golo. Por isso na primeira parte houve bem mais domínio que oportunidades.
O domínio explica-se por 2 motivos. O primeiro tem a ver com a pressão, que condicionou sempre a posse do Belenenses e, praticamente, o impediu de jogar. O segundo com a capacidade que a equipa teve em posse. Foi sempre paciente na escolha do flanco por onde entrar e quase sempre que o fez, conseguiu ter sucesso. Deste registo até ao segundo golo seria uma questão de tempo, não era necessário forçar em demasia. E foi isso que aconteceu.


Algumas notas
Na primeira parte foi notória a preferência pelo flanco direito. Não é por acaso. Era por lá que caía Saviola. Esta constatação leva-nos a uma outra e que tem a ver com a assimetria do ataque do Benfica. Cardozo tem um comportamento radicalmente diferente de Saviola, não dando tanta ligação ao jogo e tornando-o sempre orientado para o sitio onde está o argentino. Cardozo é um jogador com atributos invulgares, estou farto de o dizer, mas também é evidente que não é o “protótipo” que mais serve a fluidez deste modelo.
Um pormenor interessante no jogo do Benfica foi a ligação de corredores na primeira fase de construção. Isto é, a forma como a equipa facilmente fez a bola circular de um flanco para o outro no inicio dos seus ataques, buscando o melhor flanco por onde entrar. Isto deveu-se em muito à permissividade do Belenenses. Para pressionar bem convém orientar o jogo do adversário para o “caminho” que nos interessa. Foi isso que o Benfica conseguiu evitar.
O Belenenses é uma equipa curiosa. Procura, de forma invulgar para a liga, jogar sempre. Mesmo a partir de posições muito baixas. Isso contra o Benfica foi um problema. O pressing condicionou em demasia essa opção que, embora não tenha tido demasiadas perdas comprometedoras, acabou por não se revelar a melhor para conseguir jogar. Ainda sobre o Belenenses, seria interessante ver esta equipa ser capaz de jogar alguns metros à frente do que faz...



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Porto – Leixões: meio jogo... chega

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Normalmente diz-se nestes jogos que antecedem jornadas europeias que importa resolver cedo. Francamente, não me parece muito correcto essa linha de pensamento devido à importância que têm os aspectos mentais no futebol actual. Fosse, ou não, esse o entendimento de Jesualdo, a verdade é que o Porto bem que podia ter feito as malas para Londres no intervalo do jogo. Um contraste absoluto com o que aconteceu há 1 ano...
O inicio do jogo não escondeu um Leixões algo vulnerável. O que não se suponha é que tal viesse a dar em 4 golos nos primeiros 45 minutos. Aqui, parece-me, o primeiro golo foi essencial. O Leixões sentiu-o e, logo a seguir, pagou com outro. Uma machadada demasiado forte para uma equipa que, em seguida, se perdeu por completo no jogo. Perdeu organização e agressividade. Aliás, como bem se viu nos últimos 2 golos sofridos. Para os de Matosinhos, pode dizer-se, valeu a palestra de Mota ao intervalo para escapar a maior embaraço.

Num jogo de pouco tempo de utilidade para ser análise, o Porto revelou boa capacidade de construção. Com dinâmica, com rotinas consolidadas e com alguns jogadores a demonstrar-se bastante familiarizados com o que devia ser feito. Foi o caso, por exemplo, de Alvaro que se juntou a Meireles para compor um lado esquerdo com boa qualidade e por onde a equipa saiu sempre melhor, fosse qual fosse o extremo que por lá caísse. Do outro lado, Belluschi continua a revelar problemas para aparecer em jogo sem ser vindo junto dos centrais para recolher a bola. Foi um teste naturalmente positivo do Porto mas inclusivo em relação a vários aspectos, tal foi a rapidez com que o jogo se tornou um treino autêntico.
 

Mantenho as minhas reservas em relação ao pressing portista. Não é por este jogo, mas parece-me que ainda não tem o nível exigido para mais altos voos. Um grande teste para este e outros aspectos será o jogo de Stamford Bridge...

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11.9.09

Análise vídeo: Meireles, Lampard, Gerrard e o ataque italiano

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Meireles, “programado” – 2 lances que são excepção num jogo sem espaços. Ambos finalizados por Ronaldo, mas ambos com outro ponto em comum, mais atrás, na origem do lance. Raúl Meireles. O médio português trouxe para o jogo da Selecção uma característica do jogo... portista. E não podia ser de outra forma. É que se o principio de procurar instintivamente um companheiro no flanco oposto faz parte da “programação” incutida por Jesualdo Ferreira, pode dizer-se que Meireles já tem tempo suficiente para estar completamente “programado”. E está.
 
No primeiro lance, uma transição iniciada pela recuperação do próprio. E é assim, em transição, que este instinto se torna mais temível no Porto. Normalmente há sempre um extremo no flanco oposto, disponível para aproveitar o espaço existente. Neste caso, e embora num sistema diferente, havia Ronaldo. Talvez, ou mesmo provavelmente, fosse circunstancial, mas a verdade é que resultou na mesma medida. Ainda sobre o lance, nota para o pânico do defensor que recua e é incapaz de controlar o lance, acabando Ronaldo por finalizar em zona central e com o melhor pé. Faltou a eficácia apenas, e... outra vez.

No segundo, aquilo que Portugal deveria ter conseguido muito mais vezes na fase final do jogo. Ou seja, com a subida da pressão húngara, aproveitar os espaços. E de novo, Meireles na origem. Simula tentar a profunidade e assim ganha espaço para receber em apoio. Espaço e tempo para fazer o “programado”. Receber de forma orientada para procurar, rapidamente alguém do outro lado, onde está o espaço. Se não houvesse movimento, a jogada perderia o seu tempo e, forçosamente, muito do seu potencial. Como Tiago percebeu rapidamente a situação, o desequilíbrio tornou-se fácil. Pena que seja tão raro.
 

Lampard & Gerrard, médios de campo inteiro – Na goleada da Inglaterra, 3 golos semelhantes. De cabeça, na grande área, marcados por médios. Gerrard e Lampard. Há médios muito mais criativos e tecnicamente dotados no mundo. Mas, normalmente, esses jogadores encontram também na linha de grande área um limite para o seu jogo. Para Gerrard e Lampard, o campo é maior do que o espaço entre as duas áreas e estas não são um obstáculo mas sim uma oportunidade. Uma questão de cultura.

Entre os lances dos 3 golos, repare-se no pormenor de que, em todos eles, a acção começa na zona frontal à frente da área. Na eminência do cruzamento, o ataque à zona de finalização é feito mas de forma tardia, esperando pela definição do posicionamento dos defensores para, depois, ocupar os espaços complementares. Ajuda também ter gente que cruza de forma inteligente e que não se limita a bombear a bola para a área. É o que acontece com Lennon e Glen Johnson.
 

Iaquinta & Gilardino, o perfil transalpino – Não é a primeira vez que elogio o perfil dos avançados italianos. Pode não haver uma referência de elite no futebol actual, mas continuo a ser um admirador da forma inteligente e agressiva como este tipo de jogadores se move no último terço. A abrangência das suas virtudes não se esgota no que está retratado no lance em causa, mas este é simplesmente irresistível. Criar apoios frontais mas com uma total noção do que se vai fazer a seguir. Inteligência e repentismo. Fantástico!

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Showboat!

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10.9.09

Hungria - Portugal: Valeu a pena o tédio

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Reforçar a importância de não sofrer, como que dando por garantido que se iria marcar, só pode ter sido uma forma de retirar pressão de um sector ofensivo com evidentes problemas de ineficácia. A verdade, porém, é que as especulativas palavras de Queiroz antes do jogo passaram a fazer todo sentido quando Pepe marcou de forma madrugadora. Se o seleccionador acertou em cheio, e até de forma surpreendente, neste primeiro prognóstico, falhou totalmente quando anteviu 90 minutos de elevada emoção. De facto, será difícil alguém se lembrar de um jogo tão entediante. Culpa primária para a postura húngara, mas também para alguma desinspiração das cores nacionais.
Se havia dúvidas, os primeiros minutos esclareceram. A Hungria foi para o jogo com uma estratégica conservadora, obcecada em tirar espaços e em manter equilíbrios. Defender, portanto. O outro lado do seu jogo, o ataque, resumia-se a um jogo directo de pouca qualidade (mais uma vez reforço a ideia, um adjectivo que abunda muito pouco neste grupo). As hipóteses húngaras, portanto, estavam praticamente reservadas para as bolas paradas que, a espaços, ia conseguindo nas imediações da área portuguesa.

Para esta estratégia, um golo madrugador como o que Pepe conseguiu é uma machadada séria. Já para Portugal, terá sido ouro. É que, mesmo tendo grande tempo de posse de bola, Portugal nunca revelou capacidade para criar problemas ao bloco defensivo contrário. Pouca qualidade na criação de apoios à posse, aliada a uma ausência de rasgos de inspiração explicam estas dificuldades para furar uma defesa densa, baixa e agressiva. Difícil de bater, portanto. O problema para Portugal foi sempre a ausência de espaços, com a equipa forçada a jogar sempre em organização e quase nunca em transição.

Curioso foi o inicio da segunda parte. Curioso e monótono. A Hungria, mesmo em desvantagem, manteve a postura e Portugal, perante esse cenário, preferiu chamar o adversário em vez de, cegamente, partir para cima. Na verdade, e apesar de desagradável para o espectador, esta terá sido uma atitude inteligente da equipa nacional. É que a Hungria pretendia precisamente que Portugal fizesse o contrário, que partisse em posse para a zona densa e que daí pudessem resultar, depois, pontos de partida para transições que aproveitassem o espaço que existia do outro lado do campo. A consequência, para além do tédio, foi o desmontar da estratégia húngara e um passo mais em direcção à vitória. O único senão, claro, foi não se ter resolvido o jogo de vez, tornando inevitável a ansiedade dos momentos finais.

Duas notas, finalmente, sobre as opções tácticas. Deco lesionou-se e daí resultou, outra vez, uma mudança de sistema. Não faz sentido. As opções devem ter a ver com uma opção estratégica e não com a disponibilidade de uma ou outra individualidade. Isso, e o pormenor de me parecer contra producente que uma equipa salte constantemente de sistema, acabando por não se consolidar, com qualidade, em nenhum. A outra nota tem a ver com substituição final. Tiago por Rolando. Lembrou-me o final do jogo em Alvalade contra a Dinamarca. Na altura, com outra moral, Queiroz optou por Moutinho para o lugar de Nani, quando tinha no banco Bruno Alves e a Dinamarca ia tentar evitar a derrota com um jogo mais directo. Como as coisas mudaram...

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80 minutos a ganhar esperança e... isto!

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9.9.09

As hipóteses de Portugal: 42%

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Portugal está praticamente fora do Mundial. Fora do ‘playoff’. Não é impossível, mas muito difícil. Tudo isto diz-se por aí. Mas será mesmo? E quanto é o “muito” que quantifica a dificuldade? 

O exercício é impossível de concretizar com total exactidão. É apenas teórico, sim, mas é também a forma que mais fielmente nos aproxima das possibilidades de cada uma das Selecções de chegar ao playoff. A proposta é a mesma de outros casos que já aqui trouxe. Ou seja, pegar nas probabilidades teóricas dos jogos e calcular as hipóteses para os diversos cenários. O resultado confirma que o “muito difícil” é-o, mas se calhar não tanto como isso. 42%.

Depender de si não significa favoritismo
A perda da dependência própria é um catalisador poderoso de ansiedade nos adeptos. Como se não bastassem os próprios jogos, há que esperar pelos outros. Mas depender dos outros não significa, forçosamente, que não se seja favorito. Neste caso há um exemplo mais do que evidente. Alguém se atreve a atribuir algum favoritismo à Hungria? Não. Mas os húngaros são quem depende apenas de si...

E se...
Curioso também é ver como variam as hipóteses depois desta jornada. Aqui fica clara a importância da visita à Hungria. É que se Portugal vencer na Hungria, mesmo com a mais do que previsível vitória sueca frente a Malta, mesmo com menos 1 jogo por realizar e mesmo continuando a depender de terceiros, Portugal passa, tendo em conta o grau de dificuldade teórico dos jogos, a ter um favoritismo marginal. De resto, este será, mais do que qualquer outro, um jogo de “tudo ou nada”. Basta ver o que acontece se os 3 pontos não regressarem na bagagem lusa...


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Selecção: Será uma maldição?

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8.9.09

Análise vídeo: Dinamarca-Portugal, Messi, Kaka e Piqué

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Simão – Provavelmente a mais clamorosa de todas as perdidas portuguesas. Um desequilíbrio aparentemente simples, mas que tem na mobilidade o ponto em destaque. Mais uma vez!
A jogada ocorre de forma rápida e usa o lateral, não para dar profundidade, mas para dar largura em apoio, obrigando o bloco dinamarquês a bascular para a sua direita. Um aspecto essencial é o facto do lateral dinamarquês ser quem sai sobre Duda. Isto expõe o central que, perante o movimento diagonal de Meireles se aproxima da ala, abrindo um buraco entre si e o seu companheiro de centro de defesa. A diagonal de Simão complementa o desequilíbrio que só não tem o desfecho desejado pela fragilidade no momento da finalização.
Uma nota sobre Meireles, para reforçar a ideia da sua total compreensão das exigências tácticas desta função específica. Ora baixa para dar apoio à posse, ora abre na ala para criar desequilíbrios. É um excelente executante, mas, mais do que tudo, distingue-se pela inteligência como que se move. Com e sem bola. Aqui, mais uma vez, nem precisa de tocar nela para ser fundamental.



Bendtner – O golo da Dinamarca. Contextualizando, a bola sobra para a esquerda do ataque dinamarquês depois de uma tentativa sobre o flanco oposto, que Portugal contraria. Isto explica o porquê do estranho posicionamento na altura do cruzamento. Portugal adopta uma postura sobretudo zonal, tendo superioridade numérica. A excepção é Duda, que encaixa em Bendtner. Mesmo assumindo que a distribuição de jogadores não está perfeita, e que existe uma desprotecção da zona mais à esquerda, torna-se impensável que Bendtner faça o que faz, se pararmos a imagem no momento do cruzamento. Não só por que está marcado por Duda, mas porque tem demasiada gente próxima para poder, como pode, receber, deixar bater e rematar.
As responsabilidades são partilhadas. Duda aborda o lance de uma forma inocente, frágil e, sobretudo, incompetente. Mas a sua queda talvez tenha provocado uma paralisia em quem o rodeava. Pepe e Bruno Alves, sabe-se lá porquê, não têm nem a agressividade, nem a reactividade possível e desejável. E como os problemas de finalização não se pegam por contágio...


Liedson – O golo de Liedson não tem nada de mais. Fácil, mesmo. Cabecear, a 3 metros da baliza, de pés no chão. Não dá para falhar, certo? Errado! O segredo de um grande cabeceador, e não é a primeira vez que o refiro aqui, não está no gesto técnico. Está na forma como se consegue posicionar para o executar. Ninguém consegue finalizar bem de cabeça se não abordar o lance de uma posição que o permita. E é aí que Liedson se distingue como um predestinado. Simplesmente lê e reage mais rapidamente às trajetórias e isso permite-lhe ganhar lances impensáveis entre os centrais. Desta vez, viu o que ninguém mais conseguiu ver. A bola não iria ser ganha por nenhum dos aventureiros que a disputavam à sua frente. Enquanto estes saltavam loucamente, ele permaneceu fixo no chão, convicto de que ganharia no chão o lance... aéreo. E assim foi. A prova da sua total percepção do lance está na forma como, de facto, cabeceia a bola. Não a desvia, cabeceia.


Messi & Kaká – O sempre emotivo Argentina – Brasil. O desfecho pode ser resumido ao duelo entre Messi e Kaká. Ou, mais precisamente, à forma como cada um é enquadrado pelo colectivo. O terceiro e último golo brasileiro resume isso muito bem. Na Argentina, o desenquadramento colectivo do talento individual. Messi é o mesmo, mas não tem o mesmo apoio sempre que a bola lhe chega. Decidir torna-se mais difícil e o drible, um recurso mais comum e menos eficaz. No Brasil, o culto da transição, com Kaká como elemento central. A bola é ganha pelo laborioso meio campo e, mais à frente, na zona central, lá está Kaká. Depois é simples. A bola é-lhe rapidamente entregue e o craque faz o que melhor sabe. Condução em velocidade e leitura perfeita da transição. O espaço é, aqui, o ponto fundamental. Quando o tem, o Brasil torna-se mortífero. Quando a oposição se fecha, e apesar de todo o talento individual, os problemas aparecem. Um dado que seguramente se irá confirmar na África do Sul.


Piqué – Um entre muitos grandes lances da “máquina espanhola”. Os golos de centrais são comuns, mas não como este. Da “aventura” de Piqué, destaque, primeiro, para a rapidez com que encara o jogo mal a ganha. Mas o ponto fundamental deste destaque tem a ver com a sua decisão em avançar em posse em vez de entregar aos muitos colegas que tinha à sua frente. A sua opção foi correcta, apesar de não a ser aquela que se convenciona como mais simples e correcta para um central. Precisamente, decidir bem não é fazer o que é convencionado como mais correcto. É fazer o que é, de facto, mais correcto, e em cada situação específica. Por isso, Piqué se afirmou tão facilmente nas equipas que, ao nível de clubes e selecções, melhor jogam com bola. Porque sabe decidir, situação a situação, e porque tem qualidade técnica para aumentar o leque de possibilidades que se lhe deparam sempre que a bola lhe chega aos pés. E isso é um dos aspectos que mais importa num central de equipas que fazem o culto da posse.


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10 golos, 4 jogos e 4 exibições do fim de semana

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7.9.09

Dinamarca - Portugal: agora sim... dependentes!

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Fosse este jogo disputado há um ano e tudo seriam sorrisos. Empate no terreno de um concorrente directo e, ainda por cima, com bons indícios sobre novos caminhos para o futuro do modelo de jogo português. O “timing”, a que já me referira na antevisão, faz toda a diferença. De pouco interessam as melhorias se Portugal confirmar aquele que será, provavelmente, o mais escandaloso falhanço da sua história em termos de fases de apuramento. Da Dinamarca e de mais um jogo de ineficácia, desta vez, apenas quase total sobra sobretudo esse detalhe de se depender agora de terceiros. Uma novidade, portanto.


Primeira parte: qualidade e... ineficácia
Mesmo sem Liedson, o losango confirmou-se. Portugal não esteve bem em todos os aspectos na primeira parte, mas foi, sem dúvida, esse o seu melhor período em termos qualitativos. O futebol apoiado e a qualidade técnica dos jogadores foram suficientes para conseguir uma grande superioridade sobre uma Dinamarca objectivamente modesta. Aliás, se há coisa que neste grupo abunda é a modéstia.

Portugal não foi perfeito. Não soube ser muito inteligente na forma como evitou o jogo directo dinamarquês, por não o fazer através do pressing alto e, ao invés, tentar concentrar-se na disputa das bolas aéreas, mas já perto da sua área. E, também, nem sempre criou os apoios necessários para circular com mais qualidade, o que é normal para quem tem tão pouco tempo neste modelo. Mas, apesar de disso, o que se viu foi muito bom e poderá ser uma boa base de partida para um modelo melhor e mais forte. Ou seja, a mudança que há muito venho pedindo. Pena foi, claro, que tenha tido como pano de fundo a ineficácia do costume. Um aspecto sobretudo mental, que foi onde Portugal mais caiu no “pós-Scolari”. Previsível.

Segunda parte: alma e... Liedson
Queiroz voltou a revelar a sua falta de tacto. Um erro comum e de que falei, por exemplo, no último post sobre Guardiola e a supertaça europeia. Ou seja, na análise que foi feita ao intervalo pesou, mais do que uma perspectiva qualitativa, uma outra, mais resultadista. A consequência foi a necessidade de mudar, não por se estar a fazer algo de errado, mas porque se estava a perder. Não tem lógica e, naturalmente, a qualidade diminuiu muito na segunda parte. Não tem a ver com a entrada de Liedson, mas sim com a alteração táctica (4-3-3), que retirou apoio à posse de bola. O outro aspecto que poderia ser penalizador era o factor psicológico e a forma como os jogadores poderiam lidar com a frustração. Mas, aí, Portugal esteve brilhante. Não parou, reagiu e, mesmo sem a mesma qualidade da primeira parte, voltou a impor-se totalmente no jogo. Apareceu Liedson e por pouco que a vitória não aconteceu quando já ninguém esperava. Este aspecto, o mental, será fundamental para o próximo jogo. Portugal entrou frustrado na Dinamarca e mais frustrado saiu. Os húngaros terão, como todas as equipas neste grupo, uma motivação especial por jogarem contra Portugal. Convém que essa motivação não encontre do outro lado uma equipa prestes a baixar os braços, até porque isso ainda não se justifica.

Uma nota, finalmente, sobre Liedson. Não fez um jogo soberbo (isso foi mais com Deco), mas confirmou o meu prognóstico de que marcaria. Foi apenas um palpite que poderia, facilmente, não se ter verificado. A verdade, porém, é que há coisas inexplicáveis no futebol e um pequeno exemplo é precisamente a apetência que Liedson tem para aparecer nos grandes momentos. É um pouco como o factor casa: ninguém sabe explicar concretamente porquê, mas que existe, existe...


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