31.8.11

Nacional - Benfica: opinião

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- Começo pelo sistema. Jesus diz que é igual, que Witsel só vem dar outra característica, outra capacidade de recuperação. Jesus saberá, seguramente, melhor do que eu, mas vou, ainda assim, deixar a minha leitura, parcialmente discordante, porque, mesmo podendo estar errado, só posso concluir o que constato. O Benfica mantém, de facto, a sua dinâmica, com bola. Hoje, mais do que no passado, há uma aproximação grande de Javi à primeira linha de organização, e 3 dinâmicas preparadas, uma para cada corredor. E, para além das características, nada muda. Witsel faz de Aimar, e Aimar de Saviola. Já sem bola, é diferente. Em organização, isto é. O Benfica defende em 3 linhas. A primeira, com Aimar e Cardozo (pressionam a primeira linha de organização, em simultâneo), a segunda com Witsel numa função simétrica a Javi, e a terceira, a linha defensiva. No 4132 anterior, Aimar pressionava à frente de Javi, nas costas dos avançados. Não havia simetria, Aimar fechava tanto à esquerda como à direita. E Javi, nas suas costas. Sobre a primeira parte, da organização ofensiva, sou favorável. Já o escrevi. Witsel é fantástico e acrescenta maior critério à progressão, o que pode fazer perder alguma vertigem e, talvez, alguns desequilíbrios, mas mantém grande qualidade e, sobretudo, muito maior segurança em posse (um problema crónico do Benfica). Já sem bola, continuo com as minhas reticências. Vejo o Benfica pressionar numa área que me parece muito ampla para 3 linhas, e vejo muito espaço entre estas. Um teste interessante vai ser com o Man Utd, que está habituado a lidar com "fórmulas" para ultrapassar esta disposição defensiva.

- O jogo tornou-se fácil, fundamentalmente, por causa da eficácia, porque, até ao golo de Cardozo, o Benfica tinha sentido muitas dificuldades (e só voltou a criar perigo depois da expulsão). E posso começar por aqui. Se o Benfica tem o melhor ataque do campeonato, deve-o muito à sua eficácia. Em relação ao número de oportunidades (17), a equipa conseguiu concretizar mais de 40%, alicerçando este seu bom aproveitamento, sobretudo, nas situações de origem em cruzamento (4 golos e 50% de eficácia, em relação às oportunidades). Precisamente, a forma como chegou ao golo na Madeira. Também pelos dados fornecidos pela Liga, se confirma este bom registo, com o Benfica a ser 3ª equipa mais eficaz, face às oportunidades que cria. Apenas Gil Vicente e Beira Mar superam o registo encarnado. Só os golos dão tranquilidade, e este jogo prova-o bem, e sem eficácia dificilmente essa tranquilidade existirá de forma consistente. Aqui, neste inicio de época, os méritos principais dividem-se entre Cardozo e Nolito.

- De volta às incidências do jogo, de facto, o Benfica sentiu muitas dificuldades nos primeiros minutos. Isto, porque a estratégia do Nacional forçava o Benfica a jogar em organização, e conseguia condicionar a construção. O Benfica fez golo praticamente na primeira vez que ligou o seu jogo, porque, até aí, nada se vira (e não me refiro ao nevoeiro). Ou melhor, viram-se dificuldades. Há um ponto de viragem, aqui, que, entendo, possa ter sido detectado por Jesus por volta dos 15-20 minutos. E explico... O Nacional não condicionou o tempo de passe sobre a primeira linha. "Entregou-o" aos centrais. O que fez, foi cortar a linha de passe entre os centrais, colocando aí Rondon, e criando depois um bloco denso na zona intermédia. Não alto, mas médio. Talvez, sugere-se-me, algo inspirado no que faz o Porto, mas sem a mesma qualidade. O que aconteceu, nos primeiros minutos, foi que Javi baixou, como normalmente faz, para a linha dos centrais. Ora, isto implicou que a presença de Rondon, apesar de meramente posicional, inviabilizasse 2 apoios (Javi e o central do lado oposto à bola). Com isto, não só o Benfica não mudava o ponto de saída, facilitando a concentração do bloco do Nacional num dos lados do campo, como se via obrigado a construir pelas alas, já que Witsel e Aimar, ficavam em inferioridade numérica e com muitas dificuldades para receber. O que fez Jesus? Adiantou Javi. Os efeitos, estão espelhados na jogada do golo, mas, na realidade, alastraram-se ao resto da partida. Com a subida de Javi, Rondon passava a inviabilizar apenas 1 apoio (o central do lado oposto), mas não inviabilizava Javi, que passava a estar noutra linha. Não só o Benfica passou a poder mudar o ponto de saída da bola, ligando corredores, através de Javi, como, e mais importante, passou a poder construir pelo corredor central, e tirar partido dos movimentos de Witsel e Aimar. Isto, porque Javi passava a ser mais um ponto de controlo para os médios do Nacional, que passavam a defender numa área mais ampla, e com mais um apoio por controlar. O golo, e a eficácia, trouxe tranquilidade para gerir, sem sentir a necessidade de forçar. Mas foi este detalhe que ditou, em definitivo, o arranque do Benfica para o domínio da partida.
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30.8.11

Sporting - Marítimo: opinião

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- Começo pelo público. O futebol não é dos treinadores, nem dos jogadores, nem, muito menos, dos que, como eu, gastam o seu tempo a dar opiniões sobre o jogo. O futebol é do público, sobretudo do público. É o mediatismo e a paixão clubística que fazem o jogo ser muito mais do que apenas um "jogo". E é, de facto, mais do que um jogo. Não quer isto dizer que o público deva ser quem escolhe, ou quem toma decisões, obviamente. Quer, isso sim, dizer que o público tem um efeito real e concreto no jogo, que faz parte do mesmo, e que lidar com o público, contrariando-o, pode ser um exercício de sucesso complicado e, sobretudo, potencialmente contra producente. Para se ganhar um argumento com o público, é preciso ter, ou muita razão, ou muita sorte. Porquê, contra producente? Porque os jogadores dependem da confiança e estabilidade para garantir o rendimento óptimo, e as variações, por este efeito, podem ser enormes. Em Alvalade, actualmente, os jogos têm dois motivos de atracção: o que vai acontecer no jogo, em si mesmo, e como vai ser gerida a relação de tensão de certos jogadores (Postiga e Djalo, parece-me) com a plateia. Ora, isto não é bom, porque, se manter a concentração num jogo já é difícil, em dois, pode ser praticamente impossível. Domingos tem gerido esta questão, tentando manter-se do "lado dos jogadores" e, talvez, não querendo dar a sua parte fraca. Não estão em causa as boas intenções do treinador, mas o resultado tem sido catastrófico. Os jogadores entram de inicio, mas, assim que as dificuldades são percepcionadas pelo público, este reage primeiramente contra quem já trazia um sentimento pré concebido. É humano, todos nós sentimos essa tentação. Só que, como a equipa precisa de tudo menos de factores de dispersão e instabilidade, Domingos sente-se forçado a retirar os focos de contestação, porque, mais do que jogar pior do que os outros, eles estão a trazer malefícios de ordem emocional para a equipa. Resultado? Os jogadores visados acabam humilhados, e os que entram ficam com condições verdadeiramente difíceis para criar um impacto positivo, acabando injustamente acusados de não ter "mostrado nada". Tudo isto, claro, porque também não tem havido a felicidade que é necessária.

- Se há um aspecto em que sempre reconheci uma mais valia, em Domingos, é na resposta que as suas equipas deram no lado mental. Todas elas foram muito fortes nesse particular, conseguindo grandes desempenhos em situações de maior exigência e sendo muito fortes nos pormenores do jogo. No Sporting, porém, a sua entrada foi contrastante com esta tendência, acabando por ser no lado mental, e da eficácia, que a equipa se afundou para uma crise que, a meu ver, seria completamente desnecessária. Desnecessária, porque a equipa que cria mais oportunidades na liga, não pode acabar com 3 golos em 3 jogos. Desnecessária, porque uma equipa que não vê a sua linha defensiva ultrapassada em 3 jogos (as únicas ocasiões consentidas foram 2 remates de longe, e bolas paradas), não pode acabar com 4 golos sofridos. Desnecessária, sobretudo, porque os problemas que desencadearam este estado de coisas eram perfeitamente previsíveis. Não por mim, mas pela generalidade das pessoas. Era previsível que não tendo uma solução de finalização credível, a equipa passasse, mais tarde ou mais cedo, por dificuldades. Era previsível que, passando por essas dificuldades, a instabilidade se alastrasse à confiança e ao rendimento da equipa. Era previsível que, expondo-se a ter de gastar 2 substituições por jogo, a equipa poderia acabar refém do problema das lesões, também ele previsível e facilmente antecipado. Domingos tem feito um bom trabalho a vários níveis, o Sporting evoluiu muito, e a sua qualidade não tem nada a ver com o passado. Mas o objectivo do futebol não é a nota artística, é ganhar. Se Domingos não ganhou, foi por não ter evitado situações desnecessárias e previsíveis.

- Entrando no jogo, começo pela construção. Houve, nos primeiros minutos, uma grande distância entre a primeira e segunda linhas de construção. Isto, porque o Marítimo fez um pressing especulativo e facilmente contornável, se tivesse havido apoio de um dos médios à construção (aqui começa o efeito André Santos, que abordarei à frente). As coisas foram melhorando, a primeira linha de construção foi subindo, ganhando o Sporting com isso. Identificam-se alguns movimentos de saída, todos recorrendo às alas, e nenhum incluindo os médios. Mais forte sobre a direita, por causa de Polga, mas sobretudo por causa de João Pereira, que, ao contrário de Evaldo, identifica os momentos de entrada em profundidade para receber num segundo momento. Quando a equipa sai sobre a esquerda, quase invariavelmente, a bola entra, do central no lateral, deste para o extremo, e deste... para trás. Postiga também esteve mais envolvido do que em jogos anteriores, destacando-se sobretudo as suas acções num segundo momento, e sobre as alas, onde me parece ser o local onde realmente as suas incursões podem ter alguma consequência concreta. O que não parece coerente, é uma equipa ter um avançado que vem para as alas, e um extremo (Capel) que procura preferencialmente a linha para cruzar. Vale Izmailov, não apenas por ser o único jogador que, nesta altura, parece ter uma boa relação com a baliza, mas por ser, também, o único com criatividade para provocar situações de rotura (foi o único a criar ocasiões, em bola corrida). Depois, e quero apenas acrescentar isto, para não me alongar em demasia, o Marítimo tinha de ser ultrapassado no aproveitamento do espaço entre sectores, pelo espaço que dava dentro do seu bloco, coisa que não foi rapidamente percepcionada pela equipa. Enfim, vê-se trabalho, a equipa produz o suficiente para ganhar a este nível, mas há várias coisas a melhorar. O destaque principal, claro, vai para o último terço, onde não há, sobretudo, grande coerência em alguns movimentos.

- Mas a equipa, fez, de facto, o suficiente para ganhar o jogo, não fossem... os lances de bola parada. É difícil de explicar para quem vê de fora, tanta insegurança. Nota para o facto de ser repentina, porque nos outros jogos, isso não aconteceu. Sem poder ter certezas, não descontextualizaria as entradas de Carriço e André Santos, dois jogadores muito mais fracos na reacção no espaço aéreo do que Rodriguez e Rinaudo. Mas, há outros pontos a abordar. O pressing, que não foi, como é hábito, agressivo sobre a primeira linha. O Sporting não potenciou o erro, e é possível que tenha sido estratégico, antecipando o jogo directo do Marítimo. O ponto é que Postiga não teve uma acção que obrigasse, sequer, a bater longo, e o Marítimo saiu, na primeira parte, algumas vezes a jogar com mais ligação do que o Sporting desejaria. Outro aspecto, é a linha defensiva, que não foi tão agressiva em altura, como é hábito. Estratégico? Reacção à ausência de pressing? Finalmente, e talvez, mais importante, a reacção à perda. Pareceu-me, e a estatística sugere-o, também, que o Sporting foi menos eficaz na transição ataque-defesa. O Marítimo ficou menos vezes "preso" no seu meio terreno, e o Sporting teve uma presença ofensiva menos continuada do que foi hábito nos primeiros 2 jogos. Por outro lado, talvez se explique, por aqui, o número elevado de cantos e bolas paradas do Marítimo. O Sporting nunca perdeu o controlo sobre as iniciativas insulares, seja em organização ou transição, mas conduziu-as para as fatídicas bolas paradas. Há um motivo que me parece incontornável...

- Começo com um dado estatístico:

cortes/antecipações:
Rinaudo (média 2 jogos): 18,5 (10 em transição ataque-defesa)
A.Santos (vs Maritimo): 9 (4 em transição ataque-defesa)


Rinaudo pode ser um jogador com pontos onde deve evoluir. É. Pode ter feito uma má primeira parte em Aveiro, em termos técnicos. Fez. Mas, no balanço, do que se perde e se ganha, Rinaudo é incomparavelmente superior a André Santos ou a qualquer outro médio da equipa. Tem muito mais presença em posse, tem um bom critério (privilegia a segurança) e, sobretudo, é um jogador muito mais bem posicionado e reactivo nos aspectos defensivos. Isto, num meio campo onde não abunda a agressividade ou a capacidade de agressividade no espaço, é decisivo. Nomeadamente, na reacção à perda, Rinaudo é excepcional, e uma mais valia tremenda, sendo decisivo para que a equipa se mantenha no meio campo ofensivo. Sobre André Santos, sendo um bom jogador, com boas características, está longe de ser, no presente, uma mais valia. Tem um caminho a percorrer para o ser, precisa de evoluir em especificidade, coisa que não fez, nem tem feito. Dou o exemplo do 2º golo, e sem contornar a responsabilidade maior de João Pereira, ou, mesmo, a má fortuna de Patrício. O Marítimo fechou a saída pelo corredor, e fechou também a linha para o central, João Pereira ficou sem solução e precipitou-se ao solicitar cegamente a zona do pivot. O erro é de João Pereira, sem dúvida, mas André Santos devia estar lá, e não estava porque não acompanhou correctamente a jogada, adiantando-se excessivamente e neutralizando o seu papel de apoio. Mais à frente, e tal como já acontecera no golo contra a Olhanense, não antecipou o movimento de Sami, e desguarneceu a zona central. Devia, igualmente, tê-lo feito porque era aquele movimento que lhe cabia controlar. Elias será uma mais valia para esta zona, mas o potencial que oferece Rinaudo, salvo problemas físicos, não pode ser tão facilmente desprezado, mesmo com a chegada do brasileiro.
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29.8.11

Barcelona - Porto: opinião

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- Começo pelo enquadramento. Este não era um jogo "normal", nem, tão pouco, um jogo conclusivo, em relação àquelas que são as prioridades de evolução imediata da equipa, ou, mesmo, em relação àquilo que são as suas realidades térreas. Não é correcto, a meu ver, partir deste jogo para extrapolar conclusões para aquele que é o contexto competitivo português. Não, porque há uma barreira enorme, em termos de dimensão competitiva. Mas, podemos, isso sim, fazer uma comparação simples, por exemplo, com aquilo que havia feito o Man Utd, na final da Champions...

Indicador: Man Utd/Porto
Passes Completados: 276/152
Passes Completados Barça: 704/631
% acerto em posse: 74%/61%
% acerto em posse Barça: 88%/85%
Oportunidades: 1/1
Oportunidades Barça: 8/5
Finalizações: 4/8
Finalizações Barça: 20/13

Ou seja, e tendo 1 jogo a validade que tem, não foi mau.


- De facto, no meu ponto de vista, este foi um jogo de enorme interesse, e foi-o, porque o Porto se manteve fiel à sua identidade. Entendo que esta possa não ser a ideia globalmente difundida, mas eu identifiquei os mesmos comportamentos, as mesmas intenções, e a mesma coerência estratégica de jogos, ditos, "normais". O produto final, obviamente, não foi o mesmo, mas isso tem sobretudo a ver com o condicionalismo imposto pelo adversário.

- Numa partição da opinião, começo pelo Porto e pelos seus comportamentos defensivos. Já me havia referido ao pressing do Porto e à sua "inteligência", comparativamente com o que habitualmente vemos, no sentido de ter uma intenção orientadora, antes da pressão activa, e, também, uma orientação estratégica identificável jogo-a-jogo. Porque pressionou alto o Porto, frente ao Barcelona? Porque era importante condicionar a construção, sim, mas porque sabia, também, que o Barça não iria responder com uma abordagem mais directa e forçar segundas bolas dentro do seu bloco. O resultado do condicionamento, começou por ser excelente. O Barça era empurrado para um lado do campo e dele dificilmente saía. Os problemas, porém, acabariam por surgir. O Barça passou a baixar de forma extrema a sua construção, usando Valdés (faz até lembrar a utilização do guarda redes, que é comum no futsal) e colocando Mascherano praticamente na linha de fundo. Esta solução acabou por resolver o problema do Barcelona. O Porto ficou desconfortável ao ter de pressionar numa área tão grande, deixou de identificar as suas referências normais para pressionar, e deixou de controlar os espaços dentro do seu bloco. Apareceram, finalmente, Xavi e Iniesta. Na segunda parte, ficou a ideia de que houve uma intenção de não forçar um inicio de pressão em zonas tão altas, provavelmente pelos problemas que o Barça vinha causando ao extremar a abertura do campo. O que se viu, porém, foi que o Porto deixou de fazer o condicionalismo do lado de saída, deixou de empurrar o Barça para um flanco, e passou a permitir, aí sim, que o Barça gerisse o jogo como lhe convinha. Construindo pelo corredor central, encontrando soluções no espaço "entrelinhas" e controlando muito melhor o momento (e zona) da perda. São compreensíveis as dificuldades de manutenção do rendimento, porque, a todos os níveis (colectivo e individual), não estamos a falar de uma equipa que se possa considerar "normal".

- Comentando o lado ofensivo, não posso deixar de começar por fazer a ponte com o ponto anterior. Ou seja, o que o Porto faz com bola depende sempre de como, e quando, a ganha. Foi melhor na primeira parte, onde criou problemas reais ao Barça, porque, nesse período, recuperou alto. Na segunda, passou a recuperar apenas em zonas baixas e isso, seja para quem for, frente ao Barça, é condição quase suficiente para se ser impotente em transição. Onde, talvez, a equipa fique mais a dever a si própria, é no momento de organização. Já me alongarei mais sobre este tema, e sobre um aspecto específico...

- Parto de um indicador estatístico, a %acerto em posse, no momento de organização (não transição ou bolas paradas):

Porto campeonato: 79%
Man Utd vs Barça: 79%
Porto vs Barça: 70%

Ora, é estranho que uma equipa que pretende ser (e normalmente, é) forte em organização tenha tido esta discrepância. De facto, o que os valores reflectem é apenas a má resposta que a equipa deu dentro do campo a este nível. A equipa não trabalhou o ponto de saída da bola, quando teve oportunidade de construir, nem, tão pouco, colocou em campo as rotinas que habitualmente se identificam. Neste ponto, gostaria de destacar um aspecto, muito importante, que tem a ver com a parte mental. O facto de se jogar com o Barcelona condicionou, claramente, a abordagem de certos jogadores, na hora de ter a bola. Vários. O lado mental é um aspecto que importa trabalhar em qualquer equipa. Decisivo, sem ponta de dúvida. O Porto 2010/11 foi muito forte nesse plano, mas este ano, que ainda vai curto, já assistimos a algumas coisas, menos positivas, que não se havia vislumbrado no anterior.

- Termino com a seguinte interrogação: Porque reage tão bem à perda, o Barça? Tem jogadores fortíssimos na reacção, e uma boa organização. Certo, e isso dar-lhes-ia, desde logo, enorme competência. É um aspecto que irei observar e comparar com outros casos, nos próximos tempos, mas diria que o Barça, pelo facto de não utilizar referências frontais em várias situações, tem sempre mais jogadores em condições de reagir do que a generalidade das equipas, mantendo, normalmente, poucos jogadores à frente da linha da bola. Enquanto que as equipas normais "prevêem" a perda com 2 linhas de 2+2, ou 2+3, o Barça tem frequentemente 2+4, ou 3+4. A confirmar...
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27.8.11

sobre o pressing portista...

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Ontem, foi mais visível do que o costume, mas não foi novo. Não me vou alongar muito (voltarei ao jogo quando puder), mas, aproveito a ocasião para deixar um pequeno excerto, sobre parte do assunto, de um livro sobre o Porto de Villas Boas, que, espero eu, sairá em breve. Um pouco de Marketing, no fundo...

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25.8.11

Estatísticas: proveitos meus, méritos vossos

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Neste defeso propus-me o desafio de analisar grande parte dos reforços dos 3 "grandes", antes destes actuarem com as novas cores. O exercício não foi inocente. Não pretendia, apenas, conseguir uma antecipação descritiva, ou uma identificação de tipologia de características (isso é relativamente básico), mas, antes sim, projectar impactos nos novos cenários competitivos. Talvez, o propósito que persigo esta melhor descrito neste artigo, que escrevi na altura, no "Letra1". Os resultados desse exercício, apresentei-os aqui, como os mais atentos recordarão.

Hoje, após muito pouco tempo, e sem que o balanço esteja definitivamente apurado, tenho de confessar a minha satisfação com os primeiros resultados. Alguma admiração, mesmo, porque não esperava tanto. Casos como Artur Moraes, Rodriguez, Rinaudo, Schaars, Wolfswinkel, Witsel ou Kléber, confirmam, já com alguma certeza, muito do que deles previ. Repito, não apenas ao nível da tipologia, mas em termos de impacto. Há, ainda, muitos casos sem oportunidade para ter um balanço (alguns provavelmente nunca terão) e outros em que, pelo menos para já, não fui tão certeiro (Nolito, fundamentalmente). A estes, os que tiveram acerto, junto ainda José Luis Fernandez, para quem havia dedicado um exercício semelhante, no mercado de Inverno. Por não considerar esta, uma avaliação trivial quando feita à priori, confesso-me muito satisfeito.

Há, nesta evolução - porque não penso ter sido capaz do mesmo em anos anteriores - uma justificação. A integração da componente estatística. Não me acrescenta muito em termos de análise de movimentos e características, mas permite-me padronizar e relativizar o rendimento, para, depois, o poder projectar com mais certeza no novo contexto. Não espero que compreendam muito bem esta explicação, porque sei que não é fácil sem mais detalhe, mas é esta a experiência que tenho para partilhar.

A minha satisfação provém daquilo que considero ser a melhor, talvez única, evidência da utilidade do conhecimento: o poder explicativo do que não é trivial. Como é no futuro que reside a incerteza, entendo que antecipar e projectar correctamente, é um grande teste para quem se propõe conhecer mais.

Mas, se a conhecimento se pode reflectir na capacidade de antecipar melhor, já a inteligência se verifica na aptidão para lidar com situações novas. E, é aqui que entram muitos dos que participaram, desse lado, neste exercício. O que propus, há um ano, foi algo distinto das análises descritivas convencionais. Estar deste lado, foi trabalhoso, sim, mas não assumo o mesmo mérito intelectual daqueles que, desse lado, leram, utilizaram ou criticaram construtivamente algo que era novo, estranho e, sobretudo, que não podiam ver "por dentro". Uma prova intelectual que, para mim, se transformou num contributo muito útil.

Mantenho este blogue há 5 anos, mas nenhum valeu tanto a pena do ponto de vista da aprendizagem e do enriquecimento, como este último. Neste tempo, tenho escrito muito, mas agradecido pouco. Pois, faço agora a minha vénia. Enquanto constato os meus proveitos, agradeço-vos, reconhecendo a vossa inteligência, rara, e os vossos méritos.

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23.8.11

Beira Mar - Sporting: opinião

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- Posso começar por recuperar (outra vez!) a questão do "jogar bem" vs "ganhar". Entre os adeptos do Sporting, e não só, reina já o cepticismo em relação à possibilidade desta equipa chegar ao título. Sentimento legítimo, sem dúvida, para quem perdeu 4 pontos em apenas 2 jornadas. A questão que levanto é: jogou o Sporting menos bem do que os seus rivais? E, aqui, proponho que atentemos aos desequilíbrios conseguidos e consentidos pelas 3 equipas (o critério é meu, obviamente, pelo que pode ser refutado), nas 2 primeiras jornadas. Ou seja, jogadas que realmente aproximaram as equipas de marcar, ou sofrer golos. O Porto, líder, leva um saldo de 12 desequilíbrios criados e 6 consentidos junto da baliza de Hélton. O Benfica 10-6, e o Sporting... 14-1. Ou seja, o Sporting criou mais e consentiu muito menos, justificando-se o desnível pontual apenas por um factor: a eficácia. E, aqui, convém não confundir, esta eficácia, com o sofisma das bolas ao poste do ano anterior. É que, na época passada (e como expliquei na altura), o Sporting teve sempre um saldo muito inferior ao dos seus rivais, com prejuízo tanto no lado ofensivo, como no defensivo. A questão que levanto é: que tipo de percepção teriam as pessoas se o Sporting tivesse tido as mesmas exibições e uma eficácia, apenas, "normal" (que lhe valeria, seguramente, 2 vitórias)?

- Aproveito a "onda" do primeiro ponto, e mantenho-me no terreno da eficácia, para falar dos avançados. Sobre Postiga, e para infelicidade do Sporting, terei, até agora, tido razão a mais no comentário, e alerta, que havia deixado antes do inicio da época. Escrevo "razão a mais", porque não é provável (nem eu me atreveria a antecipar tal coisa!) que um jogador, fosse ele qual fosse, desperdice tanto como fez Postiga nestes 2 jogos. Só ele, finalizou 7 dos 14 desequilíbrios que identifiquei. Agora, frente ao Beira Mar, tivemos a primeira impressão de Wolfswinkel, em jogos oficiais. No que respeita à finalização, teve 2 situações de jogo aéreo em que não mostrou grande agressividade. A pergunta que deixo é, quantos golos de cabeça marcou Wolfswinkel na sua carreira? O ponto sobre este jogador, e recupero, também, a ideia que deixara na antevisão que dele fizera, é que não penso poder tratar-se de um grande finalizador, mas, sim, de um jogador mais forte noutro tipo de acções, mais móveis. Por exemplo, poderia ser testado no papel que Postiga desempenhou no segundo tempo. Mas, no caso de Wolfswinkel, é apenas a minha avaliação, que para já se tem confirmado, mas que o tempo pode desmentir. Resta Bojinov, por quem Domingos deve estar nesta altura a suspirar, uma vez que Rubio, 60 minutos e 0 oportunidades depois, já passou a 4ªopção. Seja como for, deixo esta ressalva para que não se confunda o meu ponto: o Sporting (e os seus avançados) marcará golos e ganhará jogos, seja quem for que jogue. Obviamente. A análise que fiz, e que aqui recupero, prende-se com a dependência, que a equipa me parece ter, desta questão para que seja atingido um nível superior de rendimento e aproveitamento. No longo, e não no curto prazo.

- Passando, agora sim, ao jogo, é interessante verificar as origens dos problemas da equipa, na primeira parte. O ponto que, na minha leitura, é essencial, vai para as dificuldades de ligação em organização e para o facto do Sporting se ter visto forçado a iniciar, desde trás, praticamente todas as suas jogadas. Isto, porque o Beira Mar não "ofereceu" nada em termos de pressing, ao Sporting. Preferiu "jogar mal", não arriscar, e obrigar o Sporting a construir, sucessivamente. A equipa, neste particular da construção, mostrou um movimento de saída, que repetiu várias vezes, e com sucesso parcial. A bola, de Polga, entrava em Yannick que fazia um movimento interior, abrindo espaço para a progressão de João Pereira, o destinatário do passe seguinte. A parte "parcial" do sucesso deste movimento, dava-se no instante seguinte, porque nunca houve uma boa ligação a partir deste ponto. Do outro lado, pela esquerda, a saída foi sempre diferente. Rodriguez ligou quase sempre, e ao contrário de Polga, com Evaldo, e não com o extremo. Ora, a entrada da bola no lateral pareceu ser o "click" que o Beira Mar esperava para iniciar uma pressão mais activa, e o Sporting acabou sempre por inverter o sentido de marcha, quando tentou sair por este ponto (Capel recebia de costas, e sem condições para progredir). Sem chegar ao último terço, o Sporting não se podia "instalar" no meio campo adversário, e jogar a partir da sua boa reacção à perda. Entretanto, Matias foi-se tornando cada vez mais desconfortável com a sua ausência do jogo, e passou a baixar para a zona de Schaars e Rinaudo, em construção. A consequência foi o aumentar da distância entre a linha média e os avançados, com os 3 médios a aparecer, por mais do que uma vez, na mesma linha, e sem qualquer possibilidade de fazer uma ligação segura à fase seguinte do jogo. Foi aí que Domingos desesperou...

- A meu ver, a diferença de rendimento não se deu tanto pelas alterações em si, mas pela alteração de atitude, e clarificação de funções, após o intervalo. Alteração de atitude, porque a equipa passou a ser mais lesta em situações de pormenor. Por exemplo, não dando tanto tempo para que o adversário se organizasse após paragens do jogo. Clarificação de funções, pela colocação de Postiga mais claramente como elemento de ligação, e não tanto pedindo-lhe uma presença simétrica, em relação a Schaars. O Sporting foi entrando no bloco contrário, criando mais situações de apoio assim que entrava no bloco contrário, e, por consequência, empurrando o Beira Mar para trás, quando passou a jogar, finalmente, a partir de recuperações altas, e não a ter de iniciar, em construção baixa, jogada após jogada. O golo não surgiu, mas devia.

- Em suma, diria que a primeira parte mostrou, sobretudo, a necessidade de clarificar papeis e sistematizar movimentos na fase de construção, que possam garantir maior ligação entre as fases ofensivas. Isso e a atitude e intensidade, que são sempre essenciais, seja qual for a proposta de jogo. De resto, outro assunto que era fácil de antever é o tema das lesões. Rodriguez durou pouco, e junta-se a um histórico já elevado de lesões, numa época que ainda agora começou. Assim, torna-se mais difícil fazer evoluir a equipa...

- Uma nota para o desempenho defensivo. No balanço da pré época, referi que me parecia ser um bom sinal da equipa, apesar da percepção que tantos golos sofridos haviam criado. A minha ideia parece confirmar-se nestes primeiros jogos. Não por não ter sofrido golos, mas sim, pelo escassissimo volume de oportunidades que permitiu. Mesmo sendo uma oposição modesta, não é normal tanto controlo (basta ver os rivais). Outro ponto que há muito defendo tem a ver com a ideia de que o problema da defesa do Sporting nunca esteve no capítulo individual, e que as soluções que existiam eram suficientemente boas, tivesse a equipa uma melhor orientação. Até Evaldo, cujo meu diagnóstico não era o mesmo que para os restantes elementos da defesa, tem feito jogos bem melhores do que na época anterior. Não brilhantes, é certo, mas muito melhores do que no passado.
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Benfica - Feirense: opinião

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- "Vitória sofrida". A adjectivação, desde já, não é questionável. O "sofrimento" é uma emoção, e as emoções sentem-se, não se discutem. Esse é o primeiro ponto de reflexão que gostaria de deixar. Ou seja, a importância da emoção, e a sua sobreposição sobre razão, na definição da percepção que temos sobre o jogo, e os seus protagonistas. Fica, realmente, a sensação de que o Benfica poderia ter deixado escapar os 3 pontos em cima da meta, mas isso não quer dizer que tenha feito pouco para ganhar. Pelo contrário, somadas todas as incidências do jogo, os 2 golos de vantagens dão, até, maior justiça ao marcador. Recuperando a breve introdução filosófica, e como qualquer especialista em inteligência emocional seguramente concordaria, é importante manter-se uma capacidade critica e de auto reflexão, em relação à influência da componente emocional na percepção que temos sobre o jogo.

- Entrando no jogo, propriamente dito, a primeira parte deu-nos um Benfica dominador e consequente, em termos de proximidade com o golo. Tipicamente, diria, o Benfica tem um objectivo primordial neste tipo de jogos: chegar ao último terço. Se o fizer, tem, depois, tudo para ganhar vantagem no jogo. Não só pelo talento, mas, sobretudo, pela forte reacção à perda, e, também, pela força que tem nas bolas paradas. É essa a história da primeira parte: foi superada a fase de construção e, com maior ou menor brilhantismo, chegaram as oportunidades e as condições para ter acabado, logo aí, com o jogo.

- Apesar de ter sido bem sucedido nessa primeira parte, não creio que haja grandes motivos para euforias no que respeita à construção do Benfica. O Feirense mostrou-se estrategicamente preocupado com Javi, mas como Javi não é um ponto de saída primordial, facilmente o Benfica ultrapassou o condicionalismo na primeira linha, inclusive tirando partido do tradicional recuo do pivot, para alargar os espaços no bloco contrário. Não só o Benfica chegou com facilidade ao último terço, como não teve problemas de controlo de segurança em posse, nessa zona. De resto, há, na construção, um ponto a reflectir, e que recupero de algo que já havia escrito há pouco tempo. Tem a ver com a assimetria provocada pela saída de Coentrão. O Benfica mantém a sua filosofia de progressão, diria, em "atropelo". Ou seja, seja qual for o corredor escolhido para a saída, não há uma grande preocupação em trabalhar o espaço, e os jogadores forçam a entrada. É assim à direita, com Maxi, ao meio, com Aimar e Saviola mas, agora, não tanto à esquerda, com Capdevilla ou Emerson. Isto, porque nem um nem outro têm esse perfil. Particularmente, Capdevilla é um jogador mais criterioso e menos agressivo, ao contrário de Maxi ou Coentrão. Se, à direita, a bola circula, na maioria das vezes, de Luisão para Maxi e deste para o extremo, forçando a entrada mesmo que o lado esteja fechado, à esquerda esta sequência necessita sempre de um ponto de apoio interior. Se juntarmos aqui Garay, outra novidade em 2011/12, temos uma situação que será curioso acompanhar, em termos de evolução.

- E a segunda parte? Bom, em primeiro lugar, recupero a ideia do primeiro ponto. Isto, porque o Feirense marcou na sua primeira oportunidade, sendo esse um lance de enorme impacto emocional, mas que não reflectiu uma tendência acentuada no jogo. Depois, não é possível esperar que as equipas mantenham uma intensidade constante e tão elevada ao longo de 90 minutos. Ou melhor, é possível, mas não é provável. Por isso, a importância de se ser eficaz quando a oportunidade surge. De resto, o Feirense fez-se sentir junto de Artur, quase sempre em situações de transição rápida, sobretudo após lances de bola parada, do lado contrário. Onde, talvez, mais motivos existam para preocupações, é na dificuldade que o Benfica voltou a demonstrar para gerir o jogo, e se colocar a salvo do sobressalto. Repare-se na melhor ocasião do Feirense, já com 2-1: o Benfica sai pela direita, com Maxi a dar em Perez e, de imediato a fazer o "overlap", retirando apoio ao argentino, que recebeu pressionado, e de costas. É o tal futebol de "atropelo". Não há nada a apontar em termos técnicos, mas o ponto é mesmo esse. A equipa preferiu o risco da progressão impulsiva (em que é muito forte, não confundir), e expôs-se ao mérito que o adversário pudesse ter em transição, caso a iniciativa encarnada não fosse bem sucedida. Valeu que, no caso, o mérito do Feirense só durou até à finalização, mas fica mais um exemplo da forma como o Benfica cria condições para a transição adversária, ao não trabalhar o critério em construção.

- Uma nota final para duas situações. A primeira, tem a ver com a substituição de Witsel por Gaitan. Não parece, de facto, fazer muito sentido a alteração com 1-1 no marcador. Witsel, creio que é praticamente consensual, é uma mais valia que deve fazer parte da solução principal da equipa. O ponto aqui é que Jesus não parece saber muito bem o que fazer com as suas soluções. Não inclui o belga nas opções iniciais e, depois, sente-se obrigado a lança-lo, fazendo-o numa altura em que a equipa precisava mais de criatividade e não tanto de consistência e equilíbrio. A segunda, tem a ver com a importância que tem a eficácia e a presença de elementos que possam materializar o ascendente naquilo que, realmente, é o objectivo do jogo: o golo. Refiro-me, claro, a Cardozo e Nolito.
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22.8.11

Porto - Gil Vicente: opinião

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- Há, na minha leitura, dois focos de preocupação em relação ao momento do Porto. O primeiro, tem a ver com alguns sinais de dificuldade na imposição de um jogo mais forte, a partir do momento de organização. O segundo, está relacionado com o futuro imediato. Quer pela chegada de vários jogadores que trarão implicações na definição do onze base, quer pelo impacto emocional, ao nível da auto estima e confiança, que prometem ter os duelos europeus. Particularmente, claro, a supertaça europeia. É que, para uma equipa habituada a ganhar e que colocou a fasquia em tão alto patamar, qualquer resultado não será irrelevante, no embate frente ao Barcelona.

- Recuperando o jogo frente ao Gil Vicente, devo começar por dizer que foi um jogo anormalmente mal conseguido por parte do Porto. O resultado, e a velocidade com que este foi invertido, serve de atenuante para a percepção geral, mas, com rigor, o Porto fez pouco para justificar o conforto de que usufruiu em toda a segunda parte.

- O principal problema? Não lhe reservando exclusividade, até porque ela raramente existe no futebol, colocaria, ainda assim, todos os focos na organização ofensiva e, em particular, na fase de construção. E, aqui, divido as implicações no sentido das duas balizas. Ou seja, os problemas neste momento tanto deram para potenciar o momento de transição do Gil Vicente, causando problemas atrás, como implicaram uma dificuldade em chegar de forma fluída e continuada ao último terço, impedindo a equipa de ter uma relação mais próxima com o golo. Não admira as implicações desta dificuldade, não apenas pela importância que o Porto atribui a este momento, mas porque qualquer equipa "grande" dele depende, perante o tipo de oposição que invariavelmente é apresentada.

- Entrando no pormenor da construção, continua-se a verificar uma tendência para repetir movimentos de saída, que venho identificando desde o jogo com o Lyon. Bola a sair preferencialmente pelos centrais ou médios, que procuram, normalmente, uma de duas alternativas. Ou exploram as combinações no corredor, entre o lateral e o extremo, com este último a fazer um movimento interior, em direcção ao espaço "entrelinhas". Ou, noutra alternativa em que os laterais permanecem baixos, é tentada uma ligação directa com o extremo. É este último caso, da ligação directa com o extremo, que tem sido tentado com maior frequência, creio, porque os movimentos sem bola alternativos muitas vezes nem chegam a ser feitos, com o desconforto que a equipa parece sentir. O problema da ligação directa com o extremo é que fica, depois, tudo muito dependente da resposta individual que este possa dar. Quando, como neste caso com Varela, a inspiração não é muita, os problemas saltam à vista...

- Há duas situações que gostaria de explorar, ainda neste ponto. O primeiro tem a ver com a situação paradoxal dos médios. Da notória intenção para lhes dar protagonismo na construção, tem resultado uma ausência prática, em termos de relevo ofensivo. Isto, porque não entrando na primeira fase, devido ao condicionalismo do adversário, os médios ficam igualmente ausentes no último terço, com o apelo que tem sido feito à dinâmica dos corredores laterais. Uma situação que, neste jogo, apenas foi interrompida após a entrada de Belluschi, uma solução que talvez mereça mais tempo, já nesta altura. O outro aspecto, tem a ver com o papel do avançado na construção. É um tipo de intervenção mais falada, do que constatada. Ou seja, escreve-se, e fala-se, muito sobre a importância destes movimentos (apoios frontais dos avançados), mas, em organização ou ataque posicional (em transição, ou ataque rápido, é diferente), eles são muito raramente solicitados pelas equipas, sejam elas quais forem. Enfim, "conversas" à parte, o ponto é que Kléber tem-se revelado uma solução muito pouco procurada. Percebe-se a dificuldade, e o risco que representa este tipo de solução em termos de perda e consequente transição, mas, ainda assim, creio que Kléber pode ser mais explorado, porque é muito forte neste plano.

- Sobre o jogo, resta-me falar de 2 jogadores. Hulk, claro, porque é a ele que o Porto deve a facilidade com que resolveu o problema. Aliás, é notável o seu protagonismo, num jogo onde o Gil Vicente conseguiu fazer canalizar o jogo para a esquerda, capitalizando o mau momento de Varela. Tinha escrito que ele (Hulk) estava, de novo, a por-se a jeito para ser a figura da prova e... ele aí está. Sem surpresa, é o que se pode dizer. Do outro lado, Hugo Vieira. O Gil conseguiu excelentes resultados ao nível da recuperação alta, e do potenciamento do erro. Em grande parte, deve-o à extraordinária reactividade de Hugo Vieira.
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19.8.11

Empate do Sporting e os portugueses na Liga Europa (Breves)

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Mais um empate para o Sporting. Não deixa de ser curioso que, depois de uma pré época em que tanto se falou dos aspectos defensivos, seja pelo lado ofensivo que a equipa fica a dever a si própria melhores resultados, no arranque oficial. Curioso, mas não surpreendente. Algumas notas de opinião sobre o jogo:

- "ganhar" e "jogar bem". A dicotomia de que havia escrito, na última análise. Não é possível "ganhar" com frequência, sem "jogar bem". Mas, de igual modo, não me parece provável que se "jogue bem" muitas vezes, sem "ganhar". O Sporting não fez um grande jogo, mas teve ocasiões mais do que suficientes para se exigir um golo. Um golo que daria outra confiança, outro conforto, e, com alguma probabilidade, outra exibição. Sem o golo, sem a eficácia, não se fomenta a própria confiança, e alimenta-se, ao invés, a esperança de quem acredita num feito. Não surpreende a quebra na recta final do jogo, assim como não me parece preocupante a exibição. Não, porque não se pode esperar que uma equipa possa manter sempre o mesmo o ritmo, a mesma intensidade mental e física, durante 180 minutos, numa mesma semana, e sempre lidando contra a frustração de ter o resultado a seu desfavor. Mas, parece-me preocupante, isso sim, que vá acumulando essa mesma frustração.

- Domingos apostou, creio que deliberadamente, nos mesmos. Discordo que este seja o melhor onze, e entendo que há mesmo erros potencialmente crónicos (finalização, já se sabe), mas estou de acordo que, havendo uma aposta, esta seja continuada. Aliás, é assim que deve ser, se realmente houver confiança nas avaliações previamente feitas. Mas, regressando à questão do onze, a vantagem de o repetir passa por, não só cimentar rotinas, como poder evoluir em especificidade e, mais importante que tudo, alavancar a confiança dos protagonistas, quer no plano inter-relacional, quer na relação de confiança com a própria proposta de jogo que está a ser implementada. Dois problemas aqui: 1) é claro que o melhor onze acabará por não ser este (pelo que a especificidade não se aplica como devia). 2) Sem vitórias o efeito confiança fica, no mínimo, limitado. Este foi, de resto, um aspecto que abordei muito no ano passado, com o Porto, e que considero poder ter sido muito importante para o crescimento da equipa.

- Finalmente, falar de outro problema já antecipado: as lesões. Já se sabia de Rodriguez (ainda não aconteceu), Izmailov, Bojinov e Matias. Agora, o jogador que mais resposta tem dado em termos de capacidade de desequilíbrio, Jeffren, também ameaça ser inconsistente na sua disponibilidade. Não ajuda...


Em relação aos outros resultados de equipas portuguesas, pouco optimismo. Os nulos, não sendo maus, também não abrem espaço para grande confiança. O resultado em Madrid é normal. Pelo menos o Braga, seria bom que passasse...

Nota também para os treinadores portugueses. Jesualdo, num Panathinaikos em franco desinvestimento, foi copiosamente batido em Israel. Não menos "copioso", foi o desaire de Paulo Sérgio frente ao Tottenham. É certo o desnível, mas 0-5, é sempre muito. Finalmente, o excelente arranque de Carvalhal, no Besiktas. É um caso que acompanharei com curiosidade, porque os turcos têm uma excelente equipa, que, acredito, pode ser muito melhor aproveitada com o treinador português. É uma grande oportunidade para Carvalhal, num grande clube, de um país com enorme potencial para crescer nos próximos anos. Entre os jogadores, tenho particular esperança na evolução de Manuel Fernandes. Se evoluir no critério, poderá, ainda, tornar-se num grande jogador.

Outro caso a não perdeer, é o da Roma. O primeiro "case study" de importação do "modelo barça", e um enorme teste à viabilidade da ideia. Maior do que qualquer das teorias entretanto defendidas, seja num sentido, ou noutro. Os resultados não são ainda definitivos, mas são, para já, desastrosos (só vi 1 jogo, e percebe-se porquê...). Enquanto Luis Enrique continuar, e mantiver o modelo, o balanço vai a tempo de ser invertido...

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18.8.11

Que falta fazem os goleadores?

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Na verdade, o título é ambicioso. Assumidamente, esclareço já, para não haver confusões. As razões, deixo-as a seguir...

"Desses, qualquer um marca!", ou, "Não marca, mas contribui para o colectivo". São algumas das expressões ouvidas, nas várias discussões sobre avançados. O tema é actual, porque se fala da eminente saída de Falcao, de Cardozo e, até, de Postiga. Quanto marcam, todos sabem. Mas, quanto marcam as suas equipas quando eles jogam? Ou, quanto marcam quando eles não jogam? Melhor... qual é a diferença entre quando jogam, e não jogam?

E é isso que trago, quanto marcaram as equipas (não eles, mas as equipas, reforço), quando eles estiveram em campo, e quando não estiveram. E a diferença. Para os 3 casos do momento, e para mais 2, os últimos grandes goleadores a sair do campeonato.

E, agora, explico porque o título é ambicioso. Porque a análise precisa de consistência e coerência. Consistência, no número de observações, coerência, no enquadramento das mesmas. Coerência, tento garantir pela observação, apenas, de jogos da Liga Portuguesa, onde a tipologia de jogos é mais estável. Coerência, ainda, porque todos os jogadores analisados foram utilizados com frequência. O problema maior vem da consistência. São precisos muitos jogos para diluir efeitos de casos pontuais. Os 10 jogos que Falcao não jogou, são muito pouco consistentes. Os 38 de Liedson, muito mais conclusivos. Ainda assim, o ponto mais importante é que as regras são simples e iguais para todos, pelo que não há favorecimentos à priori. Quanto ao resto, ajustem, a gosto, as margem de erro.

Conclusões? Cada um tirará as suas. Eu tenho as minhas, mas não faço questão de as partilhar. Apresento apenas os dados, que são factuais, e espero que eles possam contribuir para alguma coisa. Porque deviam. Apenas uma ressalva: o grau de impacto pela ausência dos jogadores tem a ver com a qualidade de quem os substitui. Ou seja, não é por um jogador ter tido um grande impacto, no tempo em que jogou num clube, que fará falta no futuro. Depende de quem o venha a substituir. O caso de Lisandro (substituído por Falcao), é um bom exemplo.

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Os imbatíveis sub 20 e o privilégio da 'SuperCopa' (breves)

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Em primeiro lugar, claro, a Final inesperada!

Grande resultado para o futebol português! Enfim, talvez ajudasse alguma identificação maior dos adeptos com os jogadores, e com a equipa. Não é possível comparar o sentimento com o de 89 ou 91. Mas, nem eles têm culpa, nem estão menos de parabéns por isso. É confuso, ainda assim, este resultado não combinar com a perspectiva clara de um "craque" a emergir. Um único, que fosse, por exemplo, aposta forte de um dos principais clubes nacionais (e, nem me restrinjo aos 3 "grandes"...). Como eram João Vieira Pinto, Peixe, Figo, Rui Costa, ou outros, que não singraram, mas, pelo menos, iludiram.

Mas, para chegarem até aqui, tem de haver algum mérito, quer individual, quer colectivo. Pelo menos, à escala de nível onde jogam. É quase impossível que não haja...

Por fim, fica a minha nota sobre este exercício de projectar jovens. Não domino, claramente, essa "arte". Nunca me dediquei afincadamente, mas já percebi que há algo que me escapa para poder ser consistente. O ponto é que esse "algo" parece escapar também à maioria das pessoas. É a minha percepção. Nunca dei com alguém que denotasse grande acerto nos seus prognósticos a este nível. E não são poucos os que tentam. Tanto dá certo, como dá um espectacular fiasco. Ou seja, tem pouco valor. Talvez um dia perca mais tempo com este desafio, porque parece ser interessante...


Um pouco antes, um grande aperitivo, para a época. O Barça mereceu, foi melhor, mas não tanto se tivermos em conta as duas mãos. Enfim... que interessa quem mereceu? O que interessa é que foi mais um espectáculo fantástico, recheado de tudo (mas tudo!) o que um grande jogo precisa de ter. Como adeptos, somos uns privilegiados!

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17.8.11

Twente - Benfica, a minha visão sobre 3 golos...

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Não irei fazer uma análise ao jogo, mas ficam aqui alguns apontamentos, partindo de 3 dos golos do jogo de ontem. Curioso como se recuperam tantos temas que aqui tenho abordado recentemente...

Golo 1 - O espaço entre sectores! Não só entre as linhas média e defensiva, o caso mais evidente e grave, mas também entre a primeira e segundas linhas de pressão. Recupero, sucintamente 2 ideias: 1) O Benfica defende pior em 442, do que em 4132, e isso continuará seguramente a ter consequências. 2) O problema principal não é o número de jogadores, mas a coerência de comportamentos, de sector para sector. Daí o "espaço entre sectores"...


Golo 2 - A importância da presença de Aimar, na primeira linha do pressing! Não é um pormenor, é decisivo. Sei que não é tão divertido falar disto como poetizar sobre o que os jogadores fazem, ou não, com a bola nos pés, mas, lamento, o futebol define-se em aspectos objectivos, e não em prosas criativas. Encarando Cardozo e Saviola como as alternativas em equação, não há como não pensar que a presença de Aimar na primeira linha de pressão é fundamental. Não apenas por estes exemplos mais flagrantes, mas por muitos outros, que determinam o constrangimento da saída de bola contrária. Outro plano para que havia alertado tem a ver com a importância de Cardozo, como elemento decisivo, pela capacidade goleadora que tem, e que não encontra paralelo no plantel encarnado. Cardozo deve ser potenciado, sim, e pode-se-lhe exigir muito mais, mas enquanto não houver quem garanta a sua capacidade concretizadora, é muito complicado tirá-lo. Felizmente, para o Benfica, que Jesus percebe bem o valor de ter quem "tem golo".

Golo 3 - Lançamentos laterais! Um tema recorrente nos últimos tempos, porque, de facto, têm acontecido muitos desequilíbrios a partir deste tipo de situações. Criando-se uma zona de atractividade junto à lateral, é fundamental, para quem defende, não deixar sair a bola dessa zona de controlo. Particularmente, se vier para dentro, para o espaço "entrelinhas", o preço pode ser enorme. No Twente, destaque, primeiro, para a pouca preocupação que o jogador, que divide o inicio do lance com Witsel, tem para controlar o espaço interior. Roda no sentido contrário, da linha, e isso determina que fique fora do rota da jogada, que o centro como destino. Depois, várias incongruências no comportamento da linha defensiva, que são típicas do futebol holandês, muito débil neste particular. Um central fecha dentro, o outro baixa na profundidade, sem respeitar a linha colectiva para recorrer a uma tentativa de fora de jogo que, neste caso, devia ser trivial. O lateral mais distante demasiado aberto, e, aparentemente, pouco importado com a coerência colectiva do seu posicionamento.
Outro pormenor, claro, é a qualidade de Witsel. Satisfaz-me, confesso, que se tenha confirmado o valor que previra. Finalmente, nota para Nolito. É um caso diferente, obviamente, mas, tal como Cardozo, enquanto se mostrar sustentadamente decisivo, não há como questionar a sua utilidade. Gostava de o ver testado na frente, em determinadas situações. Tenho curiosidade (e incerteza, também...) sobre a sua capacidade de resposta, desde que o analisei no Barcelona.

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16.8.11

Guimarães - Porto: opinião

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- O cenário da primeira jornada assemelha-se de tal forma ao da época passada, que são inevitáveis os paralelismos. Acreditar em profecias, porém, pode ser um tremendo erro. Como já escrevi, é de todo improvável que o cenário da época passada se repita. Não só a nível europeu, mas também a nível interno. E isto não tem, sequer, a ver com mudanças. Tem a ver com a complexidade do jogo, e com a sucessiva adaptação dos protagonistas. Por tudo isto, diria, o melhor é desconfiar. E o jogo mostrou motivos para tal, mesmo se o volume de oportunidades criadas poderia, e deveria, ter conduzido a outro conforto no jogo.

- Tenho de começar pelo inicio do jogo. Pelos primeiros minutos, e pelo condicionamento que o Vitória fez ao jogo do Porto. Machado manteve os protagonistas, mas não a organização perante a construção contrária. Colocou, desta vez, uma linha de 4 no meio campo, e as dificuldades do Porto foram enormes, ausentando-se da área contrária durante quase 30 minutos, apesar de ter tido sempre a bola. A colocação de mais elementos na linha média do Vitória, impediu que o Porto fizesse a ligação que gosta de fazer com os extremos, quer através do mesmo corredor de saída, quer através das ligações entre central/médio e o corredor oposto, que tanto se havia visto no jogo da Supertaça. O Porto não conseguiu introduzir as suas dinâmicas habituais, trazer os médios para a construção, ou usar a atractividade com bola dos centrais. Por mérito do Vitória, e, também, algum demérito próprio.

- Este cenário ditou, em parte, um óptimo posicionamento do Vitória para provocar a surpresa. Porque, se o Porto tinha a bola, isso era concedido, fazia parte da ideia de Machado. O que não fazia parte da ideia de Vitor Pereira era ter bola e não conseguir progredir. Porque, ter bola, estar aberto e sempre na zona de construção, implica prolongar um risco de perda e sucessiva transição. Aqui, tenho de sublinhar o "em parte" do inicio do parágrafo. Porque se o Vitória bloqueou o Porto, em termos de construção, foi absolutamente incapaz de finalizar com qualidade a proposta que trazia para o jogo. A transição, e o primeiro passe após a recuperação, foram quase sempre maus. Algo que espanta, porque as equipas de Machado costumam ter, nesse momento, a sua grande virtude. Mas há, neste Vitória, uma invulgar bipolaridade técnica em muitos jogadores, que torna as acções sempre muito instáveis.

- Neste contexto, que se gerou na primeira parte, reside o alerta para o Porto. A equipa conseguiu as suas oportunidades, até mais do que o Vitória, mas não teve o jogo sob o seu controlo, sendo mesmo o adversário quem usufrui das ocasiões mais soberanas. Um sinal do que pode suceder no futuro, e do tipo de condicionalismo que poderá enfrentar. Ainda sobre o papel do Vitória, uma palavra para Machado, que é uma espécie de vilão do futebol português, pelo menos neste meio "cibernauta". Realmente, discordo de muitas abordagens do treinador, mas não me revejo em alguns tons de agressividade que encontro recorrentemente. Não em relação ele, nem em relação a qualquer profissional. Não sem contraditório, e não perante alguém que tenha um leque de experiências e elementos a que eu não tive acesso.

- Mas o Porto, levou realmente a melhor no jogo, e, até, deveria ter conseguido maior conforto, bem mais cedo. Há uma intenção clara de potenciar o papel dos extremos nesta equipa. Quer pela tentativa de os libertar no 1x1, quer pelas dinâmicas em construção, que os trazem para o corredor central, onde podem aproveitar o facto de jogarem, habitualmente, com o "pé trocado". E foi assim que o Porto criou as suas primeiras ocasiões. Com Varela e Hulk, a partir de lançamentos laterais, a libertarem-se no espaço "entrelinhas". Isto, na primeira parte.

- Na segunda parte, o jogo foi diferente. O Vitória apareceu mais agressivo e mais desorganizado, o que possibilitou, agora sim, um ascendente evidente do Porto. Não tanto pelo domínio territorial, mas pela proximidade que passou a ter com o golo. Como não marcou, o Vitória foi continuando a acreditar, acabando por forçar um final de jogo de maior risco para os portistas. Não se pode elogiar a organização do Vitória, mas pode-se elogiar a sua atitude, que, conseguiu, pelo menos, prolongar alguma dúvida até ao fim.

- No campo individual, o destaque tem de ir para Hulk. É, de resto, a primeira grande exibição da liga, com o jogador a ser a grande fonte de desequilíbrios da equipa. Não é pelo golo, de penalti, mas pelo facto de ter criado 6 oportunidades, nas quais só finalizou 1. Não é para todos. Em sentido oposto, uma estreia pouco auspiciosa de Guarin, algo inconsistente em posse, e ajudando a que a equipa não se encontrasse nos minutos iniciais. Defensivamente, Souza (outra vez) e Otamendi, merecem notas de realce. E Hélton, claro.
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15.8.11

Sporting - Olhanense: opinião

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- Começo com uma reflexão em torno de "jogar bem" e "ganhar". "Eu quero é que a equipa jogue bem!", ouve-se e lê-se, com frequência da parte dos adeptos. Mas, será mesmo que uma boa exibição seja mais satisfatória do que uma vitória? A resposta, a meu ver, é óbvia. Para os adeptos (pelo menos, para a maioria), e para os protagonistas, uma boa exibição, sem vitória, traz frustração. Uma vitória, sem boa exibição, traz, no mínimo, alívio. "Ganhar" é o objectivo do jogo, e "jogar bem" é o garante de que se está mais próximo de atingir esse objectivo, com regularidade. Por isso, "jogar bem" é o objectivo dos treinadores no inicio das temporadas, e "ganhar" é o objectivo das finais, e do jogo-a-jogo. Ou alguém já ouviu algum adepto ou protagonista abordar uma final apontando "jogar bem" como principal objectivo? "As finais são para ganhar!", foi a frase que Mourinho celebrizou, e o verbo não é um pormenor. Enfim, o ponto (que recupero de outras reflexões recentes...) é que o Sporting, como qualquer equipa, tem de começar por se preocupar em "jogar bem", sim, mas não pode esquecer certos pormenores, se quiser realmente "ganhar".

- Mantendo-me no mesmo âmbito - da eficácia - parto para os casos específicos deste jogo, alertando, porém, que 1 jogo não serve para fazer generalizações. Aliás, se é certo que o Sporting não repetirá com facilidade jogos em que exerça tanta supremacia, é também evidente que só por muito azar terá outro exemplo de tão grande desnível de eficácia. E aqui, na eficácia, importa abordar os 2 extremos do campo, porque se é improvável que se faça apenas 1 golo em tantas ocasiões, é-o também, e bastante, que se sofra algum, perante tão escassa produtividade ofensiva do adversário.

- Começando pelo lado defensivo, diria que o golo não parece ser, de todo, indefensável. O remate é muito forte e tem uma trajectória difícil, porque a bola desce rapidamente, mas parece ser, também, uma grande distância, havendo uma margem considerável (1 metro?) para o poste mais próximo, relativamente à zona em que a bola entra na baliza. Juntando estes 2 factores, parece-me claro que a reacção de Patrício não é tão rápida como seria desejável, mas admito poder estar a ser injusto para o guarda redes. Nesta altura, é-me difícil fazê-lo, mas durante este ano farei uma avaliação mais consistente da resposta do guarda redes, neste aspecto...

- Relativamente ao capítulo ofensivo, que é aquele sobre o qual mais tenho escrito, quero começar por reforçar a ideia acima levantada. Ou seja, não é por um jogo que se podem analisar tendências, ou, tão pouco, que o meu ponto se revela correcto. Postiga podia ter feito, facilmente, 2 ou 3 golos neste jogo e isso não faria dele uma grande solução, a prazo, para o papel que lhe foi destinado (finalização). Entendo a avaliação que faço como extremamente sólida por ser baseada em factos de longo prazo, e é no longo prazo que ela se aplica, também. No fundo, é a lei dos grandes números, pode-se ganhar ou perder no imediato, mas, a prazo, será a tendência a prevalecer. Mas há uma coisa que estava correcta na minha avaliação (e que, creio, poucos anteciparam no inicio da temporada), desde que analisei Wolfswinkel: Postiga seria o mais sério candidato a partir para a temporada como principal referência ofensiva.

- Passando a outros capítulos do jogo, começo por realçar as diferenças de qualidade entre a oposição que o Sporting teve nos últimos 3 jogos da pré época, e aquela que encontrou no primeiro dia da temporada. Nada a ver. O Olhanense foi uma equipa submissa em termos de presença pressionante, baixou demasiado as linhas e permitiu que o Sporting chegasse ao meio campo ofensivo. Um erro, ou uma incapacidade? Não sei ao certo, mas o facto é que, com a reactividade à perda que o Sporting tem, isso determinou uma diferença avassaladora no domínio do jogo. A reacção na transição ataque-defesa, é um primeiro sinal da qualidade acrescida que o Sporting 2011/12 terá. Um sinal relevante, e que tem origem na natureza organizativa e colectiva da equipa. Ainda assim, quero destacar a característica dos 2 centrais do Sporting (omito o óbvio, Rinaudo), porque são, talvez com Otamendi, os 2 jogadores que melhor jogam em antecipação em Portugal. E, como já referi anteriormente, jogar com linha alta não serve apenas para aumentar a estatística do fora de jogo. Serve para criar condições para pressionar no espaço reduzido.

- Ao nível da construção, como já escrevi, o Olhanense pareceu não ter grande preocupação em condicionar essa fase de jogo, ou potenciar o erro. Ainda assim, o Sporting surgiu bem, diversificando pontos de saída, e com boa dinâmica. Destaco 2 movimentos que, sem grande pormenor na análise, me pareceram intencionais. 1) A colocação de Rinaudo, descaído para a esquerda dos centrais, e 2) a ligação directa de Polga para Evaldo, aproveitando a boa capacidade de passe do central, para fazer, repentinamente, variar o ponto de saída. Há, ainda assim, que continuar a evoluir, destacando-se o potencial da ala direita.

- Ao nível dos corredores laterais, alguma assimetria de potencial. À direita, Jeffren parece confirmar-se como um excelente mais valia, dando ao Sporting a tal capacidade no 1x1 que faltava. Para além disso, a presença de João Pereira pode significar uma ala direita de grande dinâmica e qualidade, num entendimento que pode, e deve, conhecer evolução. Isto, apesar de não me parecer um grande inicio de temporada do lateral, abaixo do que pode fazer. À esquerda, por outro lado, Evaldo não tem a mesma capacidade, e não me parece, tão pouco, ser o melhor complemento para Djaló, nas dinâmicas do corredor. O português tem uma óptima relação com o golo, mas não pode ser explorado em acções junto à linha, porque tem uma má capacidade de transporte e gestão da posse. Como já referi noutras ocasiões, é uma solução que tem características diferentes das de Capel ou Jeffren, mas tem de ser devidamente enquadrado, o que não me parece ter acontecido.

- Foi, enfim, uma boa estreia, no sentido em que o "jogar bem" promete poder fazer a equipa "ganhar" mais vezes. Não há surpresa, é algo que a chegada de Domingos já prometia, fosse qual fosse o contexto. Sobre isso, e porque escrevi noutras ocasiões que o plantel não me parecia mais forte do que o de há 1 ano, quero aproveitar para rectificar a opinião, após as contratações de Capel e Jeffren (posteriores a essa avaliação). Há, de facto, mais qualidade, também no capítulo individual. Mesmo se continuo a pensar que se mexeu demasiado, e menos bem em alguns sectores (Onyewu e Wolfswinkel parecem dar-me razão), e que faz muita diferença, para quem quer "ganhar", ter ou não ter um Liedson. Mas, para isso, também há remédio...
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Gil Vicente - Benfica: opinião

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- O caminho que o jogo tomou até ao empate final talvez não tenha sido o mais provável, mas, combinadas todas as incidências, o resultado não pode ser considerado uma surpresa. Porque o Benfica começou por tirar partido da eficácia, numa primeira parte onde não conseguiu, em boa verdade, uma superioridade condizente com as expectativas. E porque, depois, acabou por ser traído, precisamente, por um golpe de eficácia, numa segunda parte onde, finalmente, havia sido capaz de garantir, pelo menos, um forte domínio territorial.

- Na revisão que havia feito da pré temporada, destaquei o aspecto emocional e dificuldade que a equipa vem sentindo em ser consistente, mantendo-se à margem de sobressaltos inesperados. Ora, logo na primeira jornada, se constata a perda de 2 pontos quando já poucos esperariam. Talvez seja o lado ofensivo que mais mereça correcção no jogo, mas, se o Benfica sofreu 2 golos, eles surgiram de erros individuais evitáveis (Ruben no primeiro e, menos grave, Javi no segundo). Mais do que jogadores ou investimentos, seria fundamental que o Benfica corrigisse o problema da concentração competitiva e da consistência emocional, porque, sem isso, dificilmente atingirá os objectivos a que se propõe.


- No que respeita à história do jogo, houve, de facto, duas partes de tendências distintas. Na primeira, o jogo foi mais repartido, com o Benfica a ter muitas dificuldades em instalar-se no último terço. Para uma equipa como o Benfica, é fundamental conseguir que o adversário "encoste", porque a equipa pode, depois, exercer um domínio continuado, através da boa reacção à perda, que tem. Quantos golos vimos durante a "era Jesus" a partir de recuperações imediatas, no último terço? Como não conseguiu levar a melhor na luta das primeiras bolas, nem conseguiu uma boa resposta em construção, o Benfica teve de dividir o jogo, na primeira parte. A vantagem ao intervalo, ainda que por 1 golo, era já um excelente resultado face ao que se tinha passado até aí.

- Na segunda parte, foi diferente. Houve a troca de Aimar por Witsel, e a alteração de sistema, mas não creio que tenha sido esse o principal motivo da mudança. Parece-me que o Gil passou a ter mais problemas posicionais, baixando demasiado, ou tornando-se pouco compacto quando tentava subir a sua primeira linha de pressão. Resultado? O Benfica chegou com facilidade ao último terço, passou a dominar o jogo pela resposta em transição ataque-defesa, e o Gil deixou de chegar à frente, durante longos períodos, mesmo do meio campo. Ainda que essa superioridade fosse pouco efectiva em termos ofensivos, deve ser reforçado que, na fase em que aconteceu, o golo do Gil foi um acidente.

- Entrando nos aspectos tácticos, há apenas que realçar os problemas ofensivos, já que o Gil não conseguiu potenciar, de forma continuada, eventuais lacunas na resposta defensiva do Benfica. As suas 3 ocasiões resultam, 2 de erros individuais, e 1 de pontapé longo do guarda redes. No que respeita ao capítulo ofensivo, de facto, a produção do Benfica foi demasiado escassa para o que a equipa se deve exigir. Não em termos de posse e domínio territorial, mas em termos de proximidade real com o golo. Em particular, espanta a incapacidade da equipa no último quarto de hora, já depois do empate. Com pleno domínio, e perante um adversário claramente mais frágil, o Benfica não criou 1 única ocasião para regressar à vantagem. Aqui, nota para o facto de Jesus não ter alterado nada a partir do banco, quando lhe faltava 1 substituição. Irónico, se considerarmos o enfoque dado ao "maior número de soluções", no discurso do treinador.

- No que respeita à construção, voltou a notar-se, em especial na primeira parte, uma tendência para baixar Javi e organizar a partir dos centrais. De novo, e tal como venho salientando, a saída pelos corredores, através dos laterais foi a solução dominante, e previsível. Aqui, o principal ponto a notar vai para as características do flanco esquerdo. Emerson é um jogador claramente defensivo (e tem dado boa resposta, aí), havendo, por outro lado, um aproveitamento muito inferior das potencialidades de Nolito quando solicitado a partir do seu flanco, e não em diagonal (quer no espaço, quer no pé). Ora, isto facilita, por exemplo, a estratégia de qualquer equipa, sabendo que se condicionar a saída de jogo pela esquerda, poderá reduzir drasticamente o potencial ofensivo do Benfica. Cabe a Jesus trabalhar as alternativas de saída, através dos movimentos interiores dos alas e dos avançados, e não fazer depender tanto a saída, dos laterais.

- Individualmente, nota positiva para Saviola. Vinha alertando para a sua quebra de rendimento, mas em Barcelos voltou a estar influente ofensivamente, sendo mesmo o protagonista que mais problemas trouxe ao adversário, com a sua movimentação no espaço "entrelinhas". Relativamente ao ponto anterior, Saviola, pela sua qualidade de movimentos, pode ser uma parte importante da solução. Basta que todos queiram. De resto, destacaria aqueles que foram os "vilões" do jogo, Ruben e Javi. Estiveram negativamente ligados aos golos sofridos, mas tiveram um desempenho de muito bom nível, em praticamente todo o jogo.
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13.8.11

Inicio de empates e a eficácia (Breves)

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Primeiro Benfica, depois Braga e, acabado há pouco, o Sporting. 3 empates, que deixam os favoritos insatisfeitos. Não estou a tentar "meter todos no mesmo saco", porque, realmente, merecem análises distintas. Distintas, mas que têm como denominador comum o factor mais difícil de trabalhar no futebol: a eficácia.

Voltarei ao tema (sobre Benfica e Sporting), possivelmente recuperando ideias recentemente debatidas. Para já, é impossível não deixar de pensar em quem sobra deste inesperado inicio de empatas. Será que, 1 ano depois, o Porto vai ganhar vantagem logo à primeira jornada? Em 24 horas saberemos...



... entretanto, a Selecção de sub20 acaba de se qualificar para as meias finais do Mundial. À minha nota de satisfação, acrescento outra, de surpresa...

Não que eu fizesse qualquer juízo da competência, ou valia, da equipa - fazê-lo, seria banalizar a minha opinião, já que não tenho acompanhado com rigor suficiente para tal. Mas, porque, de facto, tenho encontrado muitas criticas ao que se vai passando na Colômbia. Não posso, pela mesma falta de fundamentação, avaliar da justiça de tanto pessimismo, mas posso congratular-me por ele, seja porque motivo for, não se ter concretizado...

Uma pergunta para aqueles que se lembram do entusiasmo gerado, não só em 91, mas também de 89: que grau de entusiasmo gerará, hoje, uma eventual presença de Portugal na final?

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12.8.11

Benfica 2011/12: balanço de pré época

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Chamo-lhe "balanço de pré época", mas, na verdade, a análise é centrada nos últimos 3 jogos, 2 deles já oficiais. O que pretendo, e tal como fiz para o Sporting, é fazer uma análise dos sinais que são dados nesta altura, e a poucas horas (mesmo poucas!) de se iniciar a prova mais importante do calendário competitivo.

Melhor ou pior? - Raramente vemos algum responsável dizer que a "equipa está mais fraca", assim de forma directa. Por aqui argumento que o "este ano estamos mais fortes" que, invariavelmente, ouvimos antes do arranque oficial de cada temporada, tem, na prática, um valor muito reduzido, para não dizer mesmo nulo. A pergunta é: está o Benfica realmente mais forte? Que tem "mais soluções", como tanto salienta Jesus, é inequívoco, mas, no futebol, só jogam 11 de cada vez, e também é verdade que, quando olhamos para o melhor 11 da época anterior, perdeu 3 unidades de que não abdicaria por motivos estritamente técnicos: Coentrão, David Luiz e Salvio. Mas, e porque o futebol não se resume a um simples contar de espingardas, há, a vários níveis, uma série de incógnitas sobre aspectos decisivos e que não têm a ver, apenas, com o potencial individual. De todo o modo, e basta recordar o sentimento global de há 1 ano (o Benfica era campeão e favorito à revalidação do título), para perceber que a expectativa de hoje, não é de uma época mais fácil do que a anterior. Ou seja, para ser mais bem sucedido, o Benfica terá de ser substancialmente mais competente, seja com que jogadores for.


Baliza, uma evolução valiosa - Escrevi-o na antevisão à sua contratação, e mantenho a ideia de que os problemas na baliza serão resolvidos com Artur. Mesmo com Eduardo, regressar-se-á, pelo menos, a um rendimento de mínima estabilidade. Este pormenor pode não ser irrelevante, se atentarmos ao impacto negativo que tiveram os desempenhos dos guarda redes encarnados na época anterior.

Sistema, haverá novidades? - Há, nesta altura, fortes indícios de uma tentativa de mudança de sistema base. Porque Jesus reconhece a necessidade de oferecer mais apoio posicional à zona do pivot, e porque, talvez mais relevante ainda, Witsel se revela como uma mais valia incontornável, tendo sido como médio que o treinador projectou a sua integração na equipa.
Já escrevi que o Benfica faria bem em ter um modelo base em que se sentisse seguro para todos os jogos e não, apenas, para os considerados mais acessíveis. Pode ser o 4-4-2, que Jesus tem ameaçado, pode ser uma variante mais próxima do 4-1-4-1, como pareceu tentar na recta final frente ao Arsenal, ou pode ser, mesmo, o 4-1-3-2, garantindo outro tipo de resposta em termos defensivos. Mas, e este é o ponto principal, não basta mudar, ou pensar que, mudando apenas a estrutura, se garante mais qualidade. Por exemplo, o 4-4-2 que Jesus vem tentando parece ter muitos mais problemas de resposta defensiva do que o 4-1-3-2 habitual. Mais sobre a minha visão sobre isto, adiante...

Problemas defensivos - Começando pelo 4-1-3-2 actual. Existe um problema base, que tem a ver com estrutura aberta dos alas, a liberdade do 10 e, consequentemente, a exposição do pivot. Este problema é, supostamente, contornado pela agressividade do pressing. Se a equipa for agressiva e reactiva a pressionar, seja em organização, seja em transição, o pivot não tem de ser exposto. Porque, se o adversário for condicionado na sua construção, a linha defensiva tem condições para subir, fechar o espaço e adoptar, ela própria, uma postura pressionante. O problema do Benfica é que a equipa tem perdido, progressivamente, reactividade e agressividade defensivas. Primeiro, pela saída de Di Maria e Ramires, e, depois, pela passividade crescente de Saviola e Cardozo, na primeira linha.
O 4-4-2, por outro lado, revela-se, a meu ver, ainda mais problemático, nesta altura. Os problemas já foram realçados no vídeo sobre o jogo com o Arsenal, e têm a ver com o comportamento do corredor central. A equipa pressiona em 3 linhas, não parecendo haver a melhor prioridade na acção de pressão, partindo cada linha para a pressão activa, sem cuidar, primeiro, da coerência posicional em relação ao sector que actua nas suas costas. O resultado, tem sido o espaço entre sectores que ditou, não apenas as jogadas já revistas contra o Arsenal, mas a construção da melhor ocasião que o Trabzonspor teve na Luz. Há, aqui, um jogador que ajuda a corrigir este problema, Aimar. Revela, não só uma agressividade e efectividade muito maior do que Saviola e Cardozo, mas revela, também, uma permanente preocupação com o espaço nas suas costas.
Outro problema defensivo, vem da época anterior, e tem origem no critério da equipa em posse. O Benfica acumulou muito mais perdas de risco do que Porto e Sporting na liga passada, e, embora não me pareça (sublinho, "pareça"!) que tenha sido, este devia ser um tema prioritário para esta época.

Comportamentos ofensivos - O primeiro ponto a explorar, é a tendência actual da equipa para colocar 3 jogadores na primeira linha de construção, com Javi a baixar para a zona dos centrais. Esta solução é identificada, por exemplo, no Barcelona e no Porto, mas tem, no Benfica, uma consequência completamente diferente. Enquanto que, nos exemplos referidos, a ideia passa por colocar os laterais em profundidade, fazendo os restantes jogadores criar linhas de passe interiores, no Benfica verifica-se, uma predominância da ligação central-lateral, para primeiro passe se saída. Não é exclusivo, já que se vê, também, movimentos interiores dos extremos (Gaitan e Perez, sobretudo), mas é normalmente o que sucede. Por exemplo, a influência de Aimar e Saviola tem sido menor em situações de ataque posicional.
A consequência, é uma convergência para espaços mais fechados e uma dependência da capacidade dos protagonistas para "forçar" a penetração. Aqui, surge a mais grave consequência da saída de Coentrão, para a efectividade das saídas pelo corredor esquerdo.
Pessoalmente, diria que o Benfica pode trabalhar melhor o papel dos centrais, tanto mais que Garay se tem revelado num reforço significativo para a capacidade de construção. Assim, poderia também potenciar os movimentos de Aimar e Saviola no corredor central. Mas, qualquer evolução depende, primeiro, da definição da estrutura base da equipa.

Instabilidade emocional - Se, para Domingos, destaquei a resposta das suas equipas em termos de estabilidade e resposta emocional, no caso de Jesus, esse será, provavelmente, o detalhe que mais condicionará o sucesso das suas equipas. Basta pensar que, numa época, protagonizou a pior entrada na Liga de que há memória, sofreu uma goleada histórica no Dragão e perdeu de forma impensável em Israel, ou comprometeu uma final de Taça, sofrendo 3 golos em 11 minutos, sendo que, ao mesmo tempo e na mesma época, esteve às portas de uma final europeia, e protagonizou a maior série de vitórias da história do clube. Tudo isto, podia até ser um atípico caso acidental, mas não depois de todos os indícios do passado (eu próprio já tinha escrito sobre esta característica, na época anterior).

Opções individuais - Começando por uma referência aos reforços, sou da opinião de que o Benfica deve estar satisfeito em termos e qualidade, sendo que investiu muito, quer em valor, quer em quantidade. A questão da quantidade, porém, pode trazer 2 tipos de problemas. O sub aproveitamento de algum potencial por explorar (não pode haver revelações, sem oportunidades), e uma eventual dificuldade de gerir expectativas do grupo, ao longo da época (já escrevi sobre isto, no "Letra1").
Nas laterais, Emerson tem revelado uma excelente resposta a nível defensivo, denotando, porém, o tal problema já referenciado da dificuldade em corresponder às exigências da equipa, em termos ofensivos. Do outro lado, Maxi volta a rivalizar com Amorim, sendo que o português revelou alguns problemas neste seu regresso.
No centro, se Garay confirmar o rendimento e solidez reveladas (não analisei previamente), será uma grande notícia, sendo que lhe falta maior identificação com o comportamento posicional da linha defensiva, relativamente ao fora de jogo. Por outro lado, Jardel parece-me uma alternativa aos titulares mais consistente do que era Sidnei, há um ano.
No meio campo, Witsel tem confirmado em absoluto a minha análise prévia, sendo apenas indefinido o seu papel na equipa, já que seria um desperdício não o aproveitar (acabou o jogo com o Arsenal a lateral direito?!). Entre as novidades há, ainda, Matic. Foi um jogador muito elogiado no inicio da pré época e que, com franqueza, não conheço ainda o suficiente para considerações muito convictas. Do que vi, parece-me um jogador com mais potencial do que Javi em todos os aspectos do jogo, mas que não tem, ainda, o critério correcto para a posição onde joga. Se o adquirir (e se confirmar o meu prognóstico), poderá, realmente, ser uma ameaça para o espanhol.
Nas alas, muitas soluções. Gaitan, parece ser um indiscutível, face à sua confiança crescente e, claro, ao seu potencial. De Gaitan, porém, já escrevi suficiente. Entre as restantes opções, Perez parece-me a mais consistente (reparem na quantidade de faltas que consegue ganhar, assemelhando-se muito a Figo, na forma como protege a bola dos adversários). Mais "consistente", mas não necessariamente a melhor. Nolito tem revelado uma enorme capacidade para ser decisivo e, se a continuar a confirmar, não há forma de o riscar das melhores soluções. Sobre o espanhol, de notar o desenvolvimento de um movimento, aproveitando o ângulo do seu pé preferencial (direito), para fazer passes de rotura, que tem criado problemas aos adversários. Se incluirmos, ainda, a possibilidade de Jesus utilizar apenas 1 destes jogadores, parece sobrar muito pouco espaço para projectar Bruno César, ou quem quer que seja.
Na frente, a dúvida sobre o papel de Aimar. Reafirmo que, defensivamente, deve estar na primeira linha e que não deve ser o elemento mais próximo do pivot. Pelo menos com que isso, actualmente, implica. Noutro sentido, e tal como já escrevi, entendo estar Saviola. Não precisa de marcar para ser determinante, porque tem a capacidade de criar imenso, talvez mais do que qualquer outro. Foi isso que se passou, por exemplo, em grande parte da época anterior. A partir de certa altura, porém, essa capacidade desequilibradora evaporou-se, assim como a sua agressividade sem bola. Será pelo facto da equipa incidir cada vez mais nos corredores laterais? Talvez. O que é certo, é que, e na minha avaliação, o seu rendimento actual está muito longe de fazer dele o indiscutível e a mais valia que já foi.
Finalmente, Cardozo. Vou contrariar o que escrevi durante algum tempo, no inicio da época passada, porque, realmente, tendo a ver as coisas de outra forma. Cardozo tem uma relação com o golo que mais nenhum jogador do plantel garante (nem é fácil ir ao mercado encontrar). Se essa característica potencia, a prazo, a efectividade da equipa, que contra argumentos se podem utilizar? O facto, ainda assim, é que Cardozo tem oscilações de rendimento enormes, parecendo ser vulnerável à motivação de cada jogo, e cada momento. Diria que, em vez de tentar arranjar uma alternativa a Cardozo, o mais importante mesmo seria potenciar Cardozo, motivando-o.
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11.8.11

A ver os outros jogar...

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Não será fácil encontrar equipas que, durante a época, criem tantos problemas à organização defensiva dos "grandes" portugueses. Porque, infelizmente, não há por cá qualidade a esse nível. Sendo assim, aproveito os últimos raios de sol desta pré época para, no caso, chamar a atenção para os problemas que Malaga e Arsenal causaram à organização defensiva de Sporting e Benfica, respectivamente...

Malaga - Sporting - Foi o principal problema da equipa e, em nenhum como neste jogo, o Sporting sentiu tantas dificuldades em organização defensiva. O problema deriva, primeiro (e este é o ponto a destacar), da intencionalidade estratégica do Malaga para atrair os alas para o interior (sobretudo, Cazorla) e abrir espaços nos corredores para a entrada dos laterais. Chamo a atenção para o pormenor da estratégia "atracção no centro, liberdade nos corredores", porque, somos mais vezes confrontados com a intenção inversa, ou seja "atracção nos corredores laterais, liberdade ao centro". A meu ver, e este é um bom exemplo, é errado generalizar-se para o que é certo, ou não, fazer. Ou seja, o corredor central não tem de ser o "destino". O único "destino" no futebol, é a baliza.


Relativamente ao Sporting, não há, na minha análise, nada errado nos comportamentos posicionais colectivos. Há um encurtamento de espaços entre sectores e jogadores, e uma boa densidade do bloco. O que não há, porém, é capacidade agressiva no espaço. O Sporting cria zonas de pressão, mas o Malaga sai sucessivamente delas, em posse. Destaque, neste plano, para a linha média, que (sem Rinaudo) volta a denotar um mal da época anterior, e para Onyewu, que não consegue por várias vezes pressionar o avançado que recebe à sua frente. Porque não se joga alto apenas para aumentar a estatística dos fora de jogo. Joga-se alto para pressionar no espaço que se encurta, e esse é um papel muito importante dos centrais (veja-se Rodriguez, por exemplo).

Não conseguindo, mesmo sendo denso, ser agressivo no espaço, naturalmente que o Sporting sofreu as consequências do seu défice de presença nessa zona. Domingos corrigiu na segunda parte, com a colocação de mais 1 médio, e as coisas melhoraram (também porque entrou Rinaudo, assinale-se, que tem uma capacidade interventiva completamente diferente de Schaars ou André Santos)

Benfica - Arsenal - Dois casos que quero explorar, na primeira parte deste jogo...

Primeiro, sobre o comportamento defensivo do Benfica. Já havia alertado para o facto de o Benfica denotar alguns problemas de adaptação aos comportamentos posicionais, jogando com 2 médios, lado a lado. Aqui, e porque fica sempre um jogador do Arsenal livre no corredor central, pode-se levantar o problema da inferioridade numérica. Mas, se a referência principal é a zona, logicamente, nunca podemos começar por analisar a questão do ponto de vista da presença individual. E, olhando para o espaço, vemos que o Benfica (ao contrário do Sporting, no exemplo anterior) não dá prioridade à preservação dos espaços entre sectores no seu comportamento pressionante.
Ou seja, não me parece ser necessariamente inviável jogar com 2 médios na zona central, o que entendo é que, para tal, é preciso que a equipa garanta sempre boa proximidade entre sectores e que os jogadores (médios ou avançados) não saiam em movimentos pressionantes sem que o bloco esteja devidamente compacto. Primeiro, deve-se garantir a coerência colectiva e, só depois, pressionar. Mas não foi isso que aconteceu em alguns casos.

O outro pormenor não é tão relevante, mas é curiosa a diferença de atitude identificada em 2 casos, entre Garay e Luisão, relativamente à linha de fora de jogo. No primeiro caso, Garay opta por tentar controlar o movimento de Gervinho, não respeitando o posicionamento de Luisão, à sua frente. Na repetição, fica claro que o marfinense ficaria em fora de jogo, caso o central tivesse mantido a coerência da linha, por Emerson também o fez. No outro caso, minutos mais tarde, Luisão, perante uma situação de incerteza com o controlo de Van Persie, tem a opção inversa, ou seja, tenta preservar o posicionamento colectivo. O esforço de Luisão foi inglório e tardio (Amorim estaria a colocar em jogo Van Persie, de qualquer maneira), mas o ponto que quero focar vai para a diferença de comportamentos entre os dois jogadores, o que se explicará pela presença ainda recente de Garay, na Luz.
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9.8.11

Sporting 2011/12: balanço de pré época

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Ponto prévio, incerteza: Qualquer projecção futura tem, por definição, uma incerteza inerente. Chegar a graus de probabilidade mais elevados é um desafio bem mais árduo do que a maioria das pessoas supõe, mas é esse o desafio que me interessa e aquele que justifica toda a dedicação que destino ao "tema futebol". O caso do Sporting 2011/12, e neste timing concreto, é especialmente interessante, porque pode-se fazer a análise de 2 perspectivas. Uma, mais pessimista, centrada em elementos de pré época e noutros problemas que, a meu ver, são evidentes. Outra, mais optimista, centrada essencialmente nas projecções que se podem fazer a partir dos trabalhos passados de Domingos. Por motivos que adiante explicarei, estou mais inclinado para a segunda, a mais optimista, arriscando numa melhoria substancial de rendimento face aos 2 anos anteriores. O grau de sucesso, não quero aqui precisar porque, em competição, nunca se depende apenas de si próprio. Ainda assim, e sem deixar de assumir as minhas leituras para critica futura, faço questão de começar por confessar alguma insegurança nos elementos que estou a utilizar.

Que sistema? - 4-1-3-2, 4-4-2, 4-2-3-1, 4-3-3... já se falou de tudo um pouco. A diferença, bem vistas as coisas, não é muita. Os princípios são os mesmos, e os comportamentos mudam, essencialmente, num jogador, aquele que joga mais próximo do avançado, podendo ser "mais avançado", ou "mais médio". Em relação ao 4-2-3-1 que se viu em Braga, há uma alteração comportamental no meio campo, perdendo-se a simetria e com um médio (Rinaudo) a assumir uma postura mais posicional. Depois, se o elemento de ligação com o avançado for assumidamente mais próximo deste (como frente à Juventus ou ao Valência), há uma distinção entre o seu papel e o do outro médio, que necessita de fazer a aproximação entre os avançados e o médio mais posicional. Este papel foi interpretado por Schaars. A partir da segunda parte do jogo com o Málaga, houve uma aposta numa estrutura comportamental mais próxima do 4-3-3, com o papel entre os 2 elementos ligação a ser mais simétrico, e com a presença junto do avançado, no pressing, a alternar em função do lado da bola. O papel dos alas no equilíbrio ao centro também fica afectado, já que há, por norma, mais presença, mas o comportamento global da equipa não se altera em nenhum momento. Ainda assim, creio que seria benéfico Domingos encontrar um sistema base, bem como os seus principais protagonistas. Aliás, creio ser essa a intenção do próprio. Arriscaria que, com Matias, o 4-3-3 ganhará maior probabilidade, mas sem o chileno (e sem Aguiar e Izmailov), essa hipótese pode estar mais condicionada.

Aspectos defensivos - Talvez possa ser estranho, mas sou da opinião que um dos aspectos positivos desta pré época, vai para o que se viu da linha defensiva. E, aqui, distingo aquilo que é o posicionamento em altura de 4 jogadores, do produto do sistema defensivo, como um todo. Houve coerência na posicionamento, com poucos exemplos de jogadores a ceder à tentação de desfazer a coerência da linha com acompanhamentos individuais, e com muitos fora de jogo a serem tirados, ao contrário do que aconteceu no ano passado, onde, perante o mesmo tipo de intenção, muito mais erros aconteciam.
Por outro lado, também não vi demasiado espaço entre centrais e laterais, ou mesmo entre sectores, como foi denunciado em diversas opiniões. Vi, isso sim, dificuldade da linha média em controlar o tempo de passe e em controlar zonas de pressão, de onde a bola não deve sair, uma vez entrada. Vi erros individuais em posse, que potenciaram transições muito complicadas de controlar. Vi jogadas estrategicamente trabalhadas para colocar a bola nas costas do lateral (mas raramente não entre este e o central). Vi, por fim, erros individuais em situações de bola parada, e más saídas pontuais dos médios (Rinaudo), na ânsia de corrigir o que a primeira linha do pressing não conseguiu neutralizar (mas não espaçamento estrutural entre sectores).
Várias coisas, portanto, mas não tudo, nem tudo o que se disse. Aqui, e para finalizar, reforço um problema que me parece essencial e que tem a ver com a agressividade da linha média e avançada no trabalho defensivo. Algo que me parece ter convergido para o reforço da linha média a partir da segunda parte do jogo com o Málaga.

Aspectos ofensivos - O que mais surpreende será, talvez, a pouca capacidade da equipa em situações de transição defesa-ataque. Não nas transições curtas, produto de recuperações altas do pressing, mas nas recuperações mais profundas, de onde a equipa raramente se desdobrou com qualidade. A surpresa tem a ver com aquilo que o Braga era capaz de fazer neste momento, e com a valorização estratégica que o próprio Domingos lhe dava.
Ao nível da organização e ataque posicional, também a maior presença de médios (4-3-3) pareceu fazer evoluir a equipa. Particularmente, no jogo com o Valência e primeira parte com o Málaga, a equipa teve muitas dificuldades em construir. O contra-exemplo mais representativo é mesmo a segunda parte frente ao Málaga, já que, quer Udinese, quer Juventus, não apostaram num condicionamento tão forte sobre a fase de construção.
A questão individual torna-se decisiva na melhoria da equipa em toda a sua vertente ofensiva. Os aspectos ofensivos devem ser potenciados em especificidade, partindo das características dos jogadores para as dinâmicas previstas. Aqui, em termos de potencial, parece-me que há um maior condicionalismo na saída em construção. Por um lado, porque se prevê um decréscimo de qualidade na capacidade dos centrais neste plano (será o ponto fraco de Rodriguez, e Onyewu é o mais limitado dos 4). Por outro, não se vê ainda uma grande capacidade na resposta às primeiras bolas aéreas, uma alternativa que o Braga explorava muito em jogos de maior grau de dificuldade.
Tal como referido acima,torna-se importante que Domingos encontre rapidamente a sua estrutura base, para poder evoluir em especificidade.

Competição, precisa-se! - Há um aspecto que não foi avaliado - nem podia - na pré época. Dois, na verdade, mas ambos têm a ver com a competição onde "ganhar" é o objectivo. O lado estratégico do jogo, e a resposta mental da equipa. Estas 2 vertentes foram, indiscutivelmente a grande força das equipas de Domingos, e a grande justificação para os resultados extraordinários que continuadamente o treinador vem conseguindo. Por exemplo - e isto não serve para extrapolações lineares - o Braga havia perdido os seus jogos de apresentação nas 2 épocas sob o comando de Domingos, tendo feito, depois, um arranque fulgurante na época oficial. Este é, já agora, o capítulo que justifica alguma perspectiva de uma época acima das expectativas, por parte dos Sportinguistas. Aliás, com Domingos, e até agora, foi sempre assim, "acima das expectativas"...

Lesões, uma preocupação - Se projectarmos um onze ideal, dentro das actuais soluções, dificilmente alguém excluirá Rodriguez, Matias e Izmailov. Ora, também dificilmente projectará uma época imaculada em termos de lesões para qualquer dos 3. Dito isto, e acrescentando o risco de outras unidades padecerem desse mesmo mal, é bastante provável que o Sporting 2011/12 seja (ou continue a ser) uma equipa com um departamento médico atarefado. Que consequências terá?

Opções individuais - Já várias vezes me expressei sobre algumas unidades, pelo que não quero cair na redundância, neste texto. Exploro, ainda assim, alguns casos.
Primeiro, os centrais. Especula-se sobre a hipótese de o Sporting procurar outro jogador para esta posição. Sendo ou não verdade, entendo que será prudente fazê-lo. Porque Rodriguez, um titular previsível, tem o tal problema do histórico de lesões, e porque Onyewu também o tem, não sendo, por outro lado, uma opção muito credível, a meu ver. E fundamento-me em 2 aspectos principais para a critica ao americano: capacidade em posse (não o critério, mas a falta de capacidade de arrojo mínimo, que se tornará um "alvo" óbvio para qualquer adversário), e capacidade de resposta em zonas onde é necessário antecipar e reagir (jogando alto e de forma mais pressionante). Ou seja, seria, a meu ver, mesmo aconselhável ter outra solução...
No meio campo, o tal problema da falta de reactividade, onde se exclui o caso do incrível Rinaudo. Aqui, destaco as dificuldades, mais previsíveis, de Schaars e André Martins, e mais surpreendente (ainda que reincidente), de André Santos. Creio que nestas contas pode entrar Izmailov, um acréscimo de valor e bom complemento para Rinaudo. Melhor do que Schaars, parece-me, ainda que holandês seja também um bom valor.
Mais à frente, creio que, seja qual for o sistema, Domingos apostará entre Matias, André Martins , Aguiar ou Postiga, sendo Izmailov outra possibilidade eventual. Com Postiga, dificilmente a opção passará por um 4-3-3, ficando, nessa hipótese, a solução muito dependente da disponibilidade de Matias ou Izmailov, já que não entendo haver grande mais valia em Aguiar ou (para já) André Martins.
Nas alas, a boa notícia é a capacidade de trabalho de todas as opções, algo fundamental para quem quer manter-se alto e agressivo no jogo. Djalo é o caso mais forte neste plano, e aquele que garante um estilo diferente dos outros. Mais incisivo e forte em zonas de finalização, e menos fiável em posse. Dos outros, o tempo para opiniões muito vincadas ainda é curto. Jeffren parece poder acrescentar algo em termos de 1x1, algo em que o plantel se encontrava carente. Ele, e Carrillo, uma das surpresas da pré época. Carrillo será, até, o que mais mostrou dos novos extremos, mas fica-me a dúvida sobre a sua resposta no último terço, em termos de definição. Um extremo não pode precisar de 2 "toques" entre si e o golo. Falta ver mais, para estes e para Capel.
Finalmente, na frente. Sobre Postiga, estamos conversados. Podia trazer mais análises de desempenho passado, mas parece-me tão trivial o ponto sobre a improbabilidade do seu rendimento como principal finalizador, que me vou dispensar desse trabalho. Wolfswinkel é a aposta óbvia. Afinal, quem dá 5 milhões não abdica da aposta por 1 pré época. Compreendo a coerência dessa medida, mas, na leitura que já havia deixado, o holandês dificilmente será um finalizador muito eficaz (ainda que valha mais do que o que mostrou). Tinha tudo para ser um problema, não fosse... Rubio. A sensação da pré época pode ser uma das melhores aquisições dos últimos anos. Tem óptima abordagem à zona de finalização, mas foi também o que melhor resposta deu em termos de agressividade defensiva e jogo aéreo (primeiras bolas), não ficando a perder em termos de jogo de apoio, pelo menos face ao que os outros mostraram. Já havia deixado as minhas suspeitas, e, tudo somado, dificilmente a pré época terá sido um engano. A idade e o estatuto? Pois claro, esses serão os seus obstáculos para uma aposta séria e no imediato. Porque mais nada o justifica. Resta Bojinov, que deu muito boa resposta frente à Juventus, jogando de costas para a baliza. Na minha leitura, será entre Rubio e o búlgaro...
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