Dominar não chega - Foi um jogo literalmente monótono.Literalmente porque a monotonia não tem a ver com aborrecimento, antes sim com a repetição das incidências de jogo. Ou seja, um Sporting em permanente iniciativa ofensiva, impondo um domínio avassalador no jogo, mas não conseguindo dar a melhor expressão a esse seu feito nos derradeiros metros de campo. Do outro lado, o Trofense seguramente não quereria passar por uma postura tão encolhida mas, certamente também, estaria preparado para passar por tal situação. No fim, levou a melhor a estratégia dos da Trofa que teve na pequenez do campo um aliado muito importante para manter o nulo.
Trofense – Terceiro jogo a roubar pontos aos grandes e sem sofrer golos. Não sei se tem a ver com Tulipa, mas o Trofense cresceu claramente em confiança depois de um inicio de temporada infeliz e recolocou-se na sua real posição no campeonato. Ou seja, uma equipa modesta mas seguramente com valor para se bater pela manutenção. A estratégia de 2 linhas de 4 muito baixas permitiu-lhe ocupar muito bem os poucos espaços do campo, sobretudo á largura do campo (coisa que o 4-4-2 clássico facilita). De resto, foi saber sofrer e fazer do tempo um aliado. Para o Trofense o problema estará mais em saber jogar contra equipas do mesmo nível e manter a consistência quando se tem que alongar no campo. Para já isso não tem sido muito conseguido e, se não evoluir, até pode acontecer que estes pontos, tão improváveis, de nada sirvam para as contas finais.
Sporting – É verdade que o Sporting teve um domínio suficiente para justificar pelo menos 1 golo e é verdade também que a equipa teve mérito na forma como encostou o Trofense, sobretudo na segunda parte. Pode dizer-se ainda que os leões não tiveram a felicidade do seu lado em 3 momentos fundamentais. Na bola na trave de Liedson, na intervenção desnecessária de Izmailov e na lesão do 31. A realidade, porém, é que há evidentes culpas próprias neste empate. Culpas próprias, não por alguma lacuna táctica como tanto a critica gosta de improvisar quando o resultado não é o desejado (um futebol que produz este volume ofensivo não se pode queixar de falhas tácticas ou organizacionais para justificar um insucesso) , mas por algumas lacunas estratégicas e individuais.
Primeiro, a gestão do tempo. Era fundamental entrar melhor no jogo. O Sporting pareceu bem mais determinado na segunda parte, mas um jogo destas características tem um problema muito grande para quem, como o Sporting, busca tanto um golo. O tempo torna-se o seu maior adversário e isso sente-se na perda de lucidez e ansiedade que os jogadores demonstram com o passar dos minutos na segunda parte. Por isso (e também pelo estado do relvado), estrategicamente, a primeira parte exigia outra importância. Depois a questão das bolas paradas. 20 cantos e vários livres exigiriam outra capacidade. Polga é fundamental, Carriço tem estado soberbo, mas quantos golos fazem?! Não seria, para este jogo, Tonel bem mais útil? Finalmente, o plano individual. Se o Sporting conseguiu tanto volume ofensivo e não materializou em número coincidente de oportunidades foi porque não houve capacidade individual para o fazer. Liedson e Vukcevic foram as excepções numa equipa em que todos os outros pareceram incapazes de ter um rasgo que, naqueles metros finais, fizessse a diferença. Esse é, também, um dos condicionalismos que vitimiza o Sporting e o próprio Paulo Bento.
Deste empate sobra a confirmação de mais uma viragem de campeonato negativa para Paulo Bento. Se o passado também se repetir daqui para a frente, Março trará o melhor Sporting da temporada. O problema, claro, é que o campeonato se pode decidir antes desse momento...