A ideia (certamente com um propósito brilhante mas que eu ainda não atingi) de colocar este jogo num horário parcialmente coincidente com o do clássico do Dragão impediu-me, como a quase toda a gente, de ver a totalidade do jogo. Faço, por isso, um comentário reservado aos períodos que assisti.
Sporting – O Braga seria sempre um adversário difícil, mas o Sporting, até porque já o sabia, tinha responsabilidade de fazer mais. Na primeira parte o que é mais censurável não é o facto do jogo se ter situado maioritariamente no meio terreno leonino – já que isso é, em grande parte, imposto pelo Braga. O problema esteve na incapacidade do Sporting em sair da zona alta do Braga, quer por ter estado estático, desinspirado e pouco imaginativo em organização, quer pela lentidão com que interpretou os momentos de transição, acabando quase sempre por permitir que o Braga se reorganizasse. Sentiu-se sempre que se o Braga fosse obrigado a recuar perante a progressão das jogadas leoninas, sentiria dificuldade pelo espaço que dava nas costas. O problema evidente foi a pouca frequência com essas situações ocorreram.
Para o Sporting é uma derrota que, dado o resultado do clássico, não atrasa tanto quanto desmoraliza e preocupa. A equipa vive um momento em que se sentem as enormes limitações provocadas pelas lesões que estão afectar o sector ofensivo. Basta ver, por exemplo, que Paulo Bento introduziu 2 laterais em 3 substituições. Outro aspecto tem a ver com a ansiedade crescente ao longo dos jogos. A segunda parte até tinha tudo para ser mais fácil do que a primeira – pelo recuo natural do Braga – mas o Sporting acabou por sofrer 3 golos pelo facto de perder lucidez e organização táctica quando sente a pressão do tempo e resultado. Finalmente, nota para as bolas paradas. O Sporting é demasiado ineficaz neste aspecto em termos ofensivos, algo que se agravou após a saída de Tonel. É um aspecto essencial e que nas contas finais de um campeonato pode fazer toda a diferença. Basta ver como Braga e Benfica se colocaram em vantagem nos jogos grandes da jornada.
Braga – Finalmente um resultado na liga a condizer com a qualidade jogo! Já elogiei muito o modelo e qualidade deste Braga que, julgo, com um pouco mais de sorte e menos jogos no inicio do ano, poderia estar perfeitamente na luta pelos 2 primeiros lugares (será que ainda vai a tempo?!). O domínio territorial que se assistiu na primeira parte é uma característica quase obrigatória dos jogos do Braga, que sobe as suas linhas e faz campo pequeno, sim, mas no meio terreno adversário. Esta ideia de jogo parece óbvia e fácil de sugerir. Mas é importante que se perceba que não é fácil de a executar, que exige organização e certas características em alguns jogadores, implicando igualmente o risco de se jogar com muito espaço nas costas e muito desgaste físico. Deste último aspecto surge, creio eu, a justificação para não vermos a equipa tão alta nas segundas partes. De todo modo tenho a grande curiosidade de verificar o que poderiam fazer Jesus e o seu modelo com a qualidade individual de um clube grande... Talvez não demore muito a conhecer esta resposta...