Sou totalmente contrário a análises baseadas nos títulos passados, ganhos por gente que nada tem a ver com os embates de hoje, mas não deixa de ser notável que entre estes 2 emblemas se contem 14 conquistas deste troféu. Mais interessante do que esse aspecto, para este duelo, há a particularidade de envolver o maior clube da capital espanhola e um outro que detém muitos espanhóis e os maiores embaixadores do futebol campeão europeu.
Este foi tudo menos um encontro interessante, preso a uma rigidez táctica e a uma enorme preocupação em não errar. Esta toada durou toda a partida, acabando esta por ser decidida já no fim e da forma mais previsível possível, ou seja, de bola parada. Do ponto de vista táctico também houve pouco interesse. O confronto de dois treinadores espanhóis com ideias de jogo muito próximas ditou um encaixe de dois 4-4-2. Aqui começou a ganhar o Liverpool porque tem muito mais tempo de rotina neste modelo e se sente muito mais confortável a interpretá-lo.
Os ‘reds’ impuseram a sua postura típica deste tipo de embates de alto nível. Grande concentração táctica, grande qualidade na ocupação dos espaços e grande importância dada ao erro, quer na tentativa de o evitar, quer na busca de um aproveitamento de deslize alheio. Mais habituado a estas andanças (lá está, os títulos passados de nada valem!), o Liverpool foi sempre mais competente na interpretação deste jogo de tanto rigor, sentindo-se sempre o seu maior conforto no jogo. Nota para a fantástica capacidade defensiva da equipa, com o conceito de zona e de entre ajuda a ser interpretado quase na perfeição.
Juande abordou este jogo, tentando ser forte nos mesmos pontos que o Liverpool. Este Real tem fantásticas individualidades que poderiam ter feito a diferença no jogo mas do ponto de vista colectivo notou-se sempre que esta era uma equipa menos confortável em certos aspectos de pormenor que acabaram por ditar alguns desequilíbrios relevantes no jogo. Na segunda parte, Juande Ramos tentou uma mudança táctica que tentasse desbloquear o jogo, passando Robben da direita (onde foi marcado sempre zonalmente por vários adversários) para esquerda, contando com a não participação ofensiva de Fabio Aurélio e introduzindo Guti para uma posição mais central, tentando criar superioridade naquela zona. O Liverpool, no entanto, tem uma organização fantástica e essa tentativa resultou em muito pouco. A ideia que se retira deste jogo é que, claramente, há um caminho a percorrer para que equipas como o Real possam realizar um jogo tacticamente tão forte como as potencias do futebol inglês. Ainda assim, claramente, não é por falta de talento, destacando a excelente exibição de Pepe, a certeza do jogo de Gago e a facilidade incrível que Robben tem para desequilibrar.