30.12.15

Liga 15/16: Rankings individuais

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A minha primeira nota tem de ir forçosamente para a interrupção no habitual ritmo de actualização do blogue. Não me tem sido possível manter o mesmo ritmo dos últimos anos, e a verdade é que nos próximos tempos esse será um cenário que se deverá manter. Assim sendo, as próximas actualizações deverão apenas ter como propósito a partilha de alguns balanços das análises que vou mantendo, sobretudo à liga portuguesa. Esse é também o propósito deste mesmo post...

Este tipo de rankings não são novidade para quem segue o blogue, tendo a particularidade de terem em conta a recolha de dados que vou fazendo a cada jogo, e de estarem essencialmente centrados nas ocasiões claras de golo. Há, porém, algumas alterações metodológicas face às épocas anteriores, havendo agora a introdução de alguns indicadores que pretende fazer uma maior distinção no mérito de cada jogador. São indicadores que não estão explicitamente apresentados nas tabelas que partilho, mas que têm influência importante nos rankings. Por exemplo, no caso dos desequilibradores e de acordo com os anteriores critérios, os nomes de Aboubakar, Stoijlikovic, Marega, Mitroglou, Soares e Rafael Martins apareceriam nesta lista, ficando agora excluídos, uma vez que apesar de terem sido de facto figuras assíduas em ocasiões claras de golo das respectivas equipas, não tiveram uma grande influência na criação dos desequilíbrios, ou a sua eficácia global na finalização não foi a melhor.

Os votos de um Bom Ano de 2016 para Todos!




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1.10.15

Notas 15/16 (#6): Sonhos europeus, realidade interna

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- Na ressaca da derrota no Dragão, o Benfica conseguiu uma semana quase perfeita, e que naturalmente irá elevar substancialmente os níveis de entusiasmo em torno da equipa. Na minha opinião, e tal como escrevi após a goleada ao Belenenses, volta a não haver grandes motivos para mudanças em relação às perspectivas que se tinha há umas semanas a esta parte, sendo que as diferenças nos resultados têm sobretudo a ver com a volatilidade própria do jogo. Ou seja, nem o Benfica deixava de ser uma boa equipa por ter perdido contra o Arouca, nem passou agora a ser muito melhor do que era nessa altura. Nesta perspectiva, continua-me a parecer que o Benfica dificilmente conseguirá atingir um patamar pontual que ultrapasse a barreira dos 75-80 pontos, tendo realizado um jogo de duas faces frente ao Paços, com uma última meia-hora muito conseguida, sem dúvida, mas com bastante menos segurança naquilo que foi a sua exibição até ao segundo golo. Relativamente à Europa, a vitória em Madrid foi sem dúvida importante para as hipóteses de apuramento, e será claramente o grande motivo para a tal injecção de entusiasmo de que certamente a equipa beneficiará nos tempos mais próximos, mas tenho confessadamente uma visão muito céptica quanto às hipóteses dos clubes portugueses na Champions, face à qualidade que têm hoje as principais potências europeias, e por isso não creio que lá para finais de Maio/início de Junho estes feitos venham a ter muito peso no estado de espírito dos adeptos, sendo o que contará serão os títulos conquistados. Ainda assim, uma nota para a divergência de abordagem, entre Lopetegui e Vitória, no que à gestão do plantel diz respeito: se o primeiro é associado à rotatividade, insensível ao momento individual, o segundo parece dar total prioridade a este segundo aspecto, permanecendo insensível ao desgaste competitivo.

- Em termos de momento emocional, parece-me que claramente será o Sporting quem está a passar por uma fase mais cabisbaixa. Em parte isso poder-se-ia explicar pelas moralizantes vitórias europeias dos rivais, numa competição em que o Sporting ficou de fora, mas os motivos parecem-me mais profundos e preocupantes do que isso. O caso Carrillo está a revelar-se marcadamente traumático para o Sporting, e em pontos a meu ver bem mais relevantes do que aqueles que animam as redes sociais ou a política interna do clube. Refiro-me, claro está, ao futebol jogado, e concretamente às dificuldades que a equipa denotou nos últimos dois encontros para criar situações claras de golo, apesar do domínio que exerceu. A expressão conformada com que Jesus lamentou a falta de "criatividade individual" no final do jogo com o Boavista é a meu ver um bom resumo da questão. Muito se falou do investimento na equipa, mas quando olho para o onze que iniciou a partida no Bessa, questiono-me sinceramente em que temporada o Sporting teve um potencial individual inferior ao actual. O Sporting lidera o campeonato, e até podia estar isolado nesse posto, caso o jogo do Bessa tivesse o seu desfecho mais natural, mas o diagnóstico teria de ser exactamente o mesmo: será muito complicado ao Sporting superar o patamar pontual de 14/15. Há ainda mais dois pontos que gostaria de explorar, relativamente ao Sporting. O primeiro tem a ver com a importância da estratégia na composição do plantel, sobretudo num clube que não tem os mesmos recursos dos rivais. É perfeitamente possível, a meu ver, ao Sporting criar condições para lutar pelo título com um orçamento significativamente inferior, mas terá de garantir duas coisas: uma prospecção de mercado eficaz e capaz de não identificar apenas alvos óbvios, e uma gestão pragmática dos custos, tendo em conta a importância dos jogadores para a equipa. Ora, o Sporting reforçou-se com alguns bons jogadores, mas todos óbvios, e tem segundo consta entre os seus jogadores mais bem pagos, não só um guarda redes, como três médios, num modelo onde jogam apenas dois. O segundo ponto tem a ver com aquilo que ainda será possível fazer na presente temporada. Jesus conseguiu melhorar significativamente - a meu ver, claro - os processos da equipa, mas parece agora não poder contar tanto com os seus extremos para serem o motor dos desequilíbrios no último terço. A questão é se essa conclusão deve ou não levar a uma alteração na abordagem colectiva?

- No Dragão, o Porto teve uma vitória saborosa frente ao Chelsea, ainda para mais treinado por quem é. Voltando ao meu cepticismo relativamente à importância desportiva (financeiramente a questão não se põe, como é evidente) da Champions, não resisto a questionar-me sobre se os adeptos portistas não trocariam os resultados da semana, ou seja uma vitória em Moreira de Cónegos por um empate frente ao Chelsea? Lopetegui e a SAD, seguramente que não, mas quanto aos adeptos tenho mais dúvidas. A minha percepção é de que os adeptos portistas serão aqueles que por estes dias mais concordarão com a minha ideia de que Champions interessa pouco se no final da temporada forem outros a fazer a festa do título, e talvez seja por isso que existe tanta impaciência relativamente à gestão de Lopetegui. Mas, voltando ao jogo do campeonato, importa perceber o que haverá de sintomático ou acidental, no deslize frente ao Moreirense. A meu ver, há vários pontos que continuam a ser questionáveis e que não permitem ao Porto de hoje ser sequer tão forte quanto a sua melhor versão da época transacta, mas parece-me também que o empate se deve sobretudo a um acidente de percurso, e que o Porto tem de facto uma equipa substancialmente superior aos rivais. É certo que a equipa de Lopetegui já realizou alguns jogos que me deixaram bastante mal impressionado (Marítimo e Estoril), e que empatou em 2 das 3 deslocações que realizou, mas não consigo nesta altura antecipar outra coisa que não seja o favoritismo desta equipa na corrida ao título, e o mais lógico será que isso se venha a traduzir na tabela, mais tarde ou mais cedo.

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22.9.15

Notas 15/16 (#5): Notas individuais do Porto-Benfica

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Antes das notas individuais, um breve apontamento sobre o jogo, para referir que tenho uma leitura ligeiramente diferente dos acontecimentos relativamente àquela que me parece ser a ideia mais consensual. Concretamente, parece-me irrefutável que foi o Benfica quem teve a melhor ocasião dos primeiros 45 minutos, e que foi o Porto quem as teve no segundo tempo, mas isso não implica que o Benfica tenha estado melhor na primeira parte, ou em meu entender que o jogo tenha sequer sido bastante equilibrado nesse período. Em qualquer das metades do jogo, foi o Porto quem conseguiu ter maior iniciativa de jogo, presença territorial e chegadas de potencial ao último terço ofensivo, sendo certo que esse ascendente ganhou maior ênfase nos últimos 20 minutos do jogo. Tudo somado, creio que o que se viu vai bastante de encontro às expectativas que se podiam ter à partida. Um Porto com os defeitos do passado e ainda longe da capacidade de imposição territorial que lhe vimos na melhor fase da época transacta, mas ainda assim superior áquelas que são as possibilidades reais do Benfica actual. E isto, independentemente daquilo que foi o resultado final...

Porto
Maxi Pereira - Não fez, na minha opinião, um grande jogo. É certo que se bateu bem perante Gaitan e que ganhou bastantes duelos, mas também cometeu alguns erros relevantes e que poderia ter evitado. Por outro lado, a sua projecção ofensiva não foi muito útil à equipa.

Layun - Fez um jogo mais discreto do que Maxi, mas também esteve longe de ser um grande protagonista do jogo. Ofensivamente, tem potencial de sobra para tal, mas talvez pelas suas características algo atípicas para aquela posição, a equipa não retirou grande proveito disso. Defensivamente, fez um jogo modesto, sem consequências de maior, é certo, mas com condições para garantir maior segurança no seu corredor.

Maicon - Torna-se um protagonista frequente na construção, pela frequência com que procura solicitar os flancos, de forma longa. Talvez o faça com recorrência excessiva, mas creio que não partirá dele a responsabilidade por essa opção. De resto, não teve grandes problemas no jogo, dominando a generalidade dos duelos a que foi sujeito.

Marcano - Tal como Maicon, um jogo sem grandes problemas, ainda que não perfeito. Tem, apesar de tudo, um registo mais sóbrio e não menos eficaz (foi o jogador da equipa com mais duelos ganhos) do que o seu parceiro de sector, o que a mim pessoalmente me agrada.

Rúben Neves - Pode dizer-se que cumpriu no seu papel, mas também devo dizer que me parece ter ainda algum caminho a percorrer até ser uma mais-valia na sua função. Particularmente, a nível defensivo, será importante que vá ganhando maior capacidade de intervenção e domínio da sua zona.

Imbula - Já aqui escrevi que me tem impressionado pouco para as expectativas criadas, e de novo tenho de o repetir. Particularmente, sublinharia a sua reduzida capacidade de intervenção defensiva no jogo (foi, entre os titulares e à margem de Aboubakar, o elemento que menos duelos venceu), o que a na minha leitura tem sobretudo a ver com alguma dificuldade de leitura e posicionamento. As diferenças de capacidade de imposição territorial da equipa, em relação ao ano passado, passam em parte por aqui. Com bola, deu melhor contributo, sobretudo pela sua capacidade de transporte, mas também sem justificar elogios de maior.

André André - Foi o médio que mais intercepções/duelos conseguiu, e à excepção de Brahimi aquele que mais contribui para ligar as diversas fases do jogo ofensivo da equipa (tanto à fase de criação, como à de finalização). Não menos importante é o facto de ter sido o denominador comum entre as jogadas de maior perigo da equipa no jogo, sendo a do golo até aquela em que menor mérito justifica. Suspeito que o seu estilo nunca fará dele um jogador consensual. Para já, e não apenas neste jogo, a efectividade do seu rendimento parece-me inatacável, em contraste com a generalidade dos médios da equipa.

Corona - Não correspondeu às boas expectativas que criou. Não que não tenha tido a sua utilidade no jogo, teve-a sobretudo ao nível do trabalho defensivo e em algumas ligações à fase criativa, mas é claro que não conseguiu aproximar a equipa das situações de desequilíbrio, que é aquilo que mais se espera de um jogador da sua posição.

Brahimi - O protagonismo habitual, sempre a procurar muito o envolvimento em posse. É certo que não foi um jogo em que as suas acções tivessem uma grande consequência em termos de proximidade clara com o golo, mas não deixou de ser o jogador que mais contribuiu para a ligação do jogo ofensivo da equipa, tanto com a fase criativa como com a fase de finalização.

Aboubakar - Não foi feliz, desta vez, em termos de finalização, e até teve situações potencialmente bem acessíveis. No entanto, voltou a demonstrar como a sua utilidade vai para além do último toque, participando de novo de forma útil no jogo da equipa.

Benfica
Nelson Semedo - Não fiquei muito impressionado com a sua estreia, na supertaça, mas sou da opinião de que, de lá para cá, tem sido das unidades de maior rendimento do Benfica. Esse destaque justifica-se essencialmente pela sua influência ofensiva, mas neste jogo foi protagonista pela sua capacidade de intervenção defensiva. Não se pode dizer que não teve problemas perante Brahimi, mas saiu claramente por cima nesse duelo, sobrando-lhe ainda margem para intervenções, nomeadamente junto dos centrais, sendo apenas superado por Jardel no que ao número de intercepções/duelos ganhos diz respeito. Não sei o que fará no restante da temporada, mas para já sou da opinião que é o lateral direito com melhor rendimento do campeonato.

Eliseu - Fez, também, um jogo regular, mas esteve muito longe do protagonismo e destaque justificados por Nelson Semedo. Ofensivamente, teve mais participação do que o seu homologo da lateral direita, mas sem qualquer utilidade prática.

Jardel - Não foi suficiente para evitar alguns sobressaltos e, no final, a derrota no jogo, mas realizou um jogo que me parece muito positivo pela capacidade de intervenção que revelou na sua zona, afirmando-se como o jogador que mais destaque justifica a esse nível, entre as duas equipas.

Luisão - Incrível o contraste com Jardel, no que respeita à capacidade de intervenção. É claro que boa parte dessa diferença se pode justificar pelas próprias circunstâncias do jogo, mas não me parece que por aí se possa explicar tudo. No lance do golo, e na minha leitura, devia ter condicionado melhor o espaço interior, mas revelou muitas dificuldades na recuperação e acabou completamente fora do lance. Como nota positiva, o facto de ter ganho o duelo aéreo na origem da melhor situação de golo da equipa, ainda na primeira parte.

André Almeida - Foi a novidade do jogo, e não creio que se tenha dado mal. Melhor defensivamente, com menor capacidade de ligação de jogo com bola, mas não foi seguramente por ele que a equipa não se impôs mais em termos territoriais.

Samaris - Supostamente era a unidade com mais responsabilidade de emprestar qualidade ao centro do meio campo, mas esteve muito longe de o conseguir no jogo. Começando pelo aspecto ofensivo, poucas vezes conseguiu ligar o jogo da equipa. É certo que o contexto colectivo não era o mais acessível, mas a sua performance foi demasiado modesta para que essa seja uma atenuante com significado. No mínimo, esperava-se que se distinguisse de Almeida a esse nível, e isso na minha opinião não aconteceu. Depois, defensivamente, também se revelou pouco reactivo e capaz de intervir mais vezes na zona da bola, o que se reflectiu não só num número reduzido de intervenções como numa desvantagem decisiva em alguns dos lances mais importantes do jogo. Por exemplo, no lance que termina com a bola no poste, após cabeceamento de Aboubakar, está inicialmente na linha defensiva, mas abdica de acompanhar a trajectória da bola, com o avançado portista a finalizar precisamente na zona que Samaris poderia ter ajudado a controlar. Depois, em nova situação de golo, com Aboubakar a ficar na cara de Júlio César, perde o controlo sobre André André, que foi mais reactivo ao longo do lance e acabou melhor posicionado para abordar um ressalto.

Gaitan - Foi dos jogadores que mais ofereceu à equipa na ligação do jogo e também contribuiu positivamente em termos defensivos. Tudo somado, porém, foi pouco para aquilo que dele se espera.

Gonçalo Guedes - Fez um jogo disciplinado defensivamente (ainda que um número reduzido de intervenções efectivas, ao contrário do que possa parecer) e esteve inclusivamente em algumas das situações com maior visibilidade no jogo. Ainda assim, parece-me uma performance demasiado modesta para justificar grandes elogios. Em particular, creio que uma equipa como o Benfica se deve exigir uma unidade com maior capacidade para ajudar a equipa a ligar as suas fases ofensivas, coisa em que Gonçalo Guedes contribuiu em muito pouco. É possível que o futuro me venha a provar errado, mas para já parece-me uma aposta bastante forçada para uma equipa com as exigências do Benfica.

Jonas - Percebe-se o quão a equipa depende dele e por isso a expectativa é sempre muito elevada (é curioso recordar que foi suplente não utilizado no clássico da época passada!). Claramente, porém, Jonas desta vez não foi capaz de corresponder na dimensão que lhe é habitual. Foi dos jogadores que mais contribuiu para as poucas ligações ofensivas que a equipa conseguiu, e teve também um bom contributo defensivo, fruto do esforço que notoriamente realizou para auxiliar a equipa nos mais diversos capítulos. Para o seu nível, porém e como escrevi atrás, foi pouco. Ainda assim, claramente, trocar Jonas por Talisca com mais de 15 minutos por jogar num clássico com esta importância é uma decisão a meu ver, para lá de discutível, incompreensível!

Mitroglou - Já confessei não ser um grande adepto das prestações que o grego vem realizando pelo Benfica, essencialmente pelo excessivo foco na presença de área. Ainda assim, reconheço que vem pontualmente melhorando no seu envolvimento, e neste jogo em particular foi dos elementos mais úteis nesse aspecto. Nota ainda para o facto de ter conseguido vencer alguns duelos aéreos na área, onde de facto é forte, mas não o tendo praticamente feito fora dela.

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17.9.15

Notas 15/16 (#4): Às portas do primeiro clássico

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- Se tivesse de projectar o clássico há umas semanas atrás, diria claramente que o Porto partiria com um favoritismo como há muito não justificava, num embate frente ao rival Benfica. As exibições portistas - e o jogo frente ao Estoril, em particular -, porém, forçaram-me a rever o problema de uma forma mais cautelosa. A verdade, porém, é que o Porto deu sinais rápidos de ter corrigido alguns dos aspectos mais preocupantes, sobretudo pela entrada de algumas individualidades que trouxeram outra qualidade à equipa. À esquerda, Layun será uma solução capaz de oferecer muito mais potencial ofensivo do que qualquer das até aqui testadas. Ao meio, e apesar do Porto me parecer ainda longe da qualidade que tinha no ano anterior, com Imbula e Danilo a impressionar pouco, André André confirmou os sinais que havia deixado e, corroborando o que havia aqui escrito, revela-se nesta altura como a única boa notícia para Lopetegui neste sector. Depois, Corona também deixou sinais muito prometedores, adivinhando-se poder ser uma mais valia imediata. Foram, portanto e de uma só vez, 3 boas notícias para o Porto, que acredito não estar ainda tão forte como o vimos no seu ritmo de cruzeiro da temporada anterior, mas que é ainda assim suficiente para ser amplamente favorito na recepção ao Benfica. A meu ver, claro...

- Se não vejo o Porto, ainda, tão forte como no ano passado, e ainda assim me parece claramente o favorito para vencer o clássico, isso só pode suceder por continuar a reconhecer uma quebra de qualidade no Benfica, face a 14/15. A goleada ao Belenenses ajudou a melhorar o estado de espírito em torno da equipa, mas confesso que não vi grandes novidades na exibição realizada nesse jogo, em relação às anteriores. O Benfica foi dominador, mas também já o fora em qualquer dos jogos que havia realizado no campeonato até à altura, estando a diferença sobretudo em dois aspectos. O primeiro é a eficácia, com o Benfica a aproveitar, desta vez, praticamente todas as situações claras de golo que teve, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, frente ao Arouca. Este é, talvez paradoxalmente, um factor decisivo para marcar a diferença na percepção externa (como sabemos, os adeptos e comunicação social são muito mais sensíveis aos resultados do que às exibições), mas também aquele que menos significância tem para o futuro, já que a eficácia jogo-a-jogo é, essencialmente e ao contrário de algumas crenças, aleatória. O segundo aspecto, e voltando ao jogo frente ao Belenenses, é o controlo defensivo do adversário, que tem sido melhor conseguido nos últimos jogos - já o havia sido frente ao Moreirense, apesar dos dois golos consentidos. Não quero com isto dizer que o Benfica esteja próximo dos níveis ideais na sua performance defensiva, que não me parece ser o caso, quero apenas dizer que os sinais de consistência têm sido melhores e que isso em princípio ajudará a reduzir a probabilidade de perdas pontuais regulares. Seja como for, o Benfica tem ainda vários pontos onde precisa de melhorar para se afirmar de forma mais séria como um candidato ao tricampeonato. A assimetria de valores na equipa é hoje assinalável, parecendo demasiado dependente de Gaitan e Jonas e não tendo alternativas ao mesmo nível em soluções como Talisca, Gonçalo Guedes e Mitroglou. Já aqui escrevi que Jesus me parece ter sido uma perda relevante para o Benfica, mas sou também da opinião que os problemas do Benfica de hoje, comparativamente com o do passado, ultrapassam e muito a questão do treinador.

- À margem do clássico ficará não desinteressadamente o Sporting, que viu arrastar para a época desportiva um problema que se pensava poder ficar resolvido no defeso: Carrillo. Há muito que escrevo que a eventual saída do peruano seria uma perda desportiva de relevo, mas hoje essa é uma ameaça bem mais clara e que pode ainda vir a fazer-se sentir nesta temporada. À parte desta novela, o Sporting conseguiu um importante triunfo em Vila do Conde. Foi um jogo interessante, em grande medida pelas dificuldades que o Rio Ave conseguiu criar ao Sporting em boa parte, sendo especialmente surpreendente o número de vezes que a equipa de Pedro Martins conseguiu abordar em boas condições a área de Rui Patrício. Não é comum, nos dias que correm, que um "grande" passe por tantos problemas no campeonato português, e isso deverá ser motivo de reflexão para Jesus. Em destaque, na minha perspectiva, a forma como o Sporting não conseguiu controlar a celeridade com que o Rio Ave colocava unidades na frente, assim como alguma falta de critério na gestão da posse, comprometendo a reacção à perda. Em boa medida, o Sporting foi feliz, sem dúvida, mas conseguiu fazer-se valer a meu ver em dois períodos onde foi claramente superior ao Rio Ave: no arranque do jogo, e até conseguir a vantagem; e depois do 2-1, conseguindo finalmente controlar o jogo na recta final e numa altura em que os três pontos pareciam poder ser claramente colocados em causa. Ainda sobre o Sporting, há que assinalar que apesar da candidatura ao título ser hoje uma quase obrigação para a equipa, em claro contraste com a época passada, não me parece que o conjunto de jogadores que vem jogando seja mais forte comparativamente com o do ano anterior. Em particular, o Sporting perdeu a sua principal figura - Nani - não se tendo reforçado com nenhum jogador do mesmo calibre, e não contou ainda com William Carvalho no onze, até ao momento. Esta é uma ideia que me parece interessante, mais uma vez pela forma como as percepções mediáticas se vão moldando, nem sempre, na minha perspectiva, com o maior fundamento lógico.

- No plano internacional, nota inevitável para o Chelsea de Mourinho, que permanece ancorado à sua crise de arranque de temporada. Não vou discutir os aspectos mais técnicos do jogo frente ao Everton (fica aqui uma sugestão, do blogue segunda bola), mas confesso-me mais intrigado pelas declarações de Mourinho no final do que pelas dificuldades da própria equipa. Isto porque o Chelsea não foi nunca superior ao Everton, tendo mantido sempre dificuldades de controlo defensivo que não foram inferiores aos problemas que foi colocando, ofensivamente, ao seu adversário. Ora, Mourinho veio no final falar sobretudo de infortúnio, descrevendo um jogo em que o Chelsea teria sido essencialmente vítima de uma má fase em termos de fortuna e eficácia, o que claramente não corresponde ao caso. Não é só Mourinho, mas frequentemente pergunto-me se os treinadores se equivocam genuinamente na análise aos jogos das suas equipas, ou se são apenas e de forma deliberada, intelectualmente desonestos...

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2.9.15

Notas 15/16 (#3): Um dragão irreconhecível

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Porto - O jogo com o Estoril foi, para mim e relativamente às expectativas que tinha, a grande novidade desta jornada. O Porto venceu, mas não só não convenceu, como me parece ter dado sinais de preocupação que, pelo menos eu, não esperava. Não está em causa a justiça do triunfo, ou a superioridade portista relativamente ao seu adversário, antes sim a qualidade da exibição relativamente àquelas que eram as expectativas iniciais. E, a esse nível e na minha leitura, esta terá sido tão só uma das mais fracas exibições que a equipa portista realizou no Dragão nos últimos anos, por ventura atenuada pelo conforto oferecido pela vantagem conseguida bem cedo no jogo. Mais do que tu, surpreendeu-me a incapacidade que a equipa revelou em impor-se territorialmente no jogo, algo em que, no ano passado e apesar de algumas debilidades noutros planos, a equipa de Lopetegui se revelou fortíssima. O problema, obviamente, tem a ver com a dinâmica colectiva, mas as diferenças virão sobretudo das alterações individuais realizadas, já que o modelo e as ideias são essencialmente as mesmas. Aqui ficam algumas das minhas notas pessoais: Lateral-esquerdo: referi-me na semana passada a este problema, mas se me ficaram dúvidas relativamente a Cissokho, bem mais certezas terei quanto ao pouco ajuste de Martins Indi como alternativa para esta posição. Layun poderá ser a resposta, veremos o que entende Lopetegui. Meio-campo: Há muito a dizer relativamente a este sector, e a meu ver grande parte das dificuldades resultam das mudanças de características dos médios, relativamente à época anterior. Imbula é um médio com uma vocação muito diferente de Oliver ou mesmo Evandro, parecendo-me menos propenso ao envolvimento na fase de construção, e isso deverá ser tido em conta para encontrar novo equilíbrio entre as diversas soluções para o sector. Surge agora a hipótese de colocar Brahimi numa zona mais central, mas à primeira vista isso irá colocar ainda mais em causa o tal equilíbrio de funções, onde me parece que as novas unidades - nomeadamente Imbula e Danilo - revelam ainda muitos problemas de adaptação, sobretudo em termos de ajuste posicional defensivo. A melhor notícia será André André, que na minha opinião tem sido quem tem oferecido melhor resposta, nos minutos que lhe foram dados. Extremos: Aborda-se muito a falta de capacidade de desequilíbrio da equipa no último terço de campo, e nesse sentido o foco acaba por recair muito nos extremos. Parece-me, porém, que essa poderá não ser a abordagem mais correcta. Aqui, claramente, há que separar Brahimi das restantes opções, porque o rendimento do argelino volta a ser muito bom, e para além de qualquer suspeita, neste inicio de temporada. O mesmo não se poderá dizer de Varela e Tello, é certo, mas creio que as dificuldades do Porto a este nível têm muito mais a ver com os problemas de dinâmica colectiva (e que, estes sim, não são novos), do que com a resposta individual destes jogadores.

Benfica - Novo jogo muito sofrido por parte do Benfica, com muitos dos mesmos sinais revelados nos jogos anteriores, sobre os quais já escrevera após o jogo com o Arouca. Concretamente, um volume ofensivo considerável, e um domínio claro do jogo. Novamente, também, problemas no controlo do momento de transição defensiva, que ditaram novo golo sofrido, ainda que seja também justo sublinhar que o Moreirense foi muito menos afoito do que haviam sido Estoril ou Arouca. Há um ponto interessante sobre a forma como o jogo acabou por se resolver. Diz-se que não é por se ter muitos avançados que se está mais próximo do golo, e em princípio será verdade. No entanto, foi mesmo por ter muitos avançados que o Benfica ganhou este jogo, porque como o Moreirense não se equilibrou nessa zona, passou a estar em constante desvantagem na sua última linha, e qualquer cruzamento - mesmo os mais largos, como aconteceu - era suficiente para colocar em sobressalto o extremo reduto minhoto. Mais um exemplo de como o futebol dá pouca margem para dogmas ou verdades absolutas. Uma nota mais em relação ao Benfica para assinalar a dificuldade que Rui Vitória está a ter em encontrar uma solução para o lado direito do seu meio campo, uma tarefa que me parece ter sido agravada com a saída de Ola John.

Sporting - Sem dúvida, a exibição mais conseguida da jornada, a dar novos sinais sobre o acréscimo de qualidade do Sporting 15/16 em diversos planos. Já escrevi aqui sobre as melhorias nos processos colectivos, com a entrada de Jesus, mas queria também salientar um aspecto que me parece importante e que também era uma marca do Benfica nas épocas anteriores, estando-me a referir à utilidade de um número muito largo de jogadores nas situações criadas no último terço. Laterais, extremos, médios e os dois avançados, todos eles com influência criativa. Notas individuais para a manutenção de Carrillo, que me parece ter um potencial que pode até vir a ser determinante para as aspirações da equipa nesta temporada, e para João Mário, que aparece num registo diferente, é certo, mas com consistência sem paralelo com o que se havia visto até aqui. O jogador é mesmo, note-se.

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28.8.15

Notas 15/16 (#2): Banhos de realidade

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Sporting, fora da Champions: A época estava a ser perfeita, no que a resultados diz respeito, mas deixou-o de ser nesta semana, e logo em dose dupla. A eliminação da Champions, em particular, teve uma valorização mediática muito significativa. Começando por abordar os jogos dessa eliminatória, frente ao CSKA, creio que eles terão tido o condão de trazer à terra aqueles, eventualmente, estivessem mais iludidos. O Sporting, por muito que esteja notoriamente melhor em diversos planos, como me parece que está, não poderia passar a ser, de repente, aquilo que não é, uma equipa da primeiríssima linha do futebol europeu. Porque só nessa condição é que poderia ter revelado uma grande superioridade perante uma equipa como é o CSKA. Não foi assim, obviamente, e os dois jogos foram, no essencial, equilibrados. O Sporting, diria, mostrou-se mais competente na generalidade dos seus processos de jogo, mas teve sempre muitas dificuldades em controlar os movimentos de dois jogadores, especialmente Musa. Mas, se poderia haver uma euforia excessiva em relação a esta equipa do Sporting, corre-se agora o risco de cair no erro inverso. Primeiro, os erros cometidos e problemas sentidos não me parecem graves, estando na minha perspectiva mais ligados ao mérito próprio, dos jogadores do CSKA. Depois, a eliminação da Champions também não me parece, de todo, um revés com a magnitude que lhe é dado em termos mediáticos. Estar na fase de grupos da Champions tem, para um clube como o Sporting, pontos a favor, mas também pontos contra, e estes últimos raramente são equacionados. A favor, os óbvios milhões que são muito úteis para ajudar a compor planteis mais fortes, e a motivação que traz ao clube e aos seus adeptos. Contra, na minha perspectiva, quase tudo o resto. No plano desportivo, a Champions é um objectivo desportivo praticamente impossível, nos dias que correm, para as equipas portuguesas e para o Sporting em particular. Ser campeão europeu é uma utopia, e mesmo uma altamente improvável presença nos quartos ou meias finais não chegaria para compensar a perda de um título interno. E esse é o meu ponto essencial: no futebol português as épocas ganham-se ou perdem-se nas competições internas, e se os milhões da Champions poderão saciar os bolsos de alguns, nunca serão suficientes para compensar as frustrações dos adeptos no final de Maio. Mas, a verdadeira ameaça advém do desgaste que geralmente decorre da presença numa competição tão exigente, sendo normalmente complicado gerir os ciclos semanais com jogos tão importantes à terça ou quarta feira. Um passo que várias vezes se revelou maior do que a perna para as equipas portuguesas. Um bom exemplo de tudo isto é o caso do Benfica no ano anterior, que foi afastado das competições europeias precocemente, mas acabou por conseguir manter a vantagem interna que tinha, numa fase em que era o Porto quem parecia estar mais forte. Estamos apenas no domínio conjectural, reconheço, mas parece-me um equívoco ser despiciente relativamente à importância que têm tido as trajectórias europeias nas competições internas. Enfim, passar o playoff seria, sem dúvida, uma vitória importante para o Sporting, mas poderia também vir a revelar-se uma vitória pírrica para as aspirações internas - e mais importantes, desportivamente - do clube.

Benfica e a derrota frente ao Arouca - O jogo frente ao Arouca, disputado depois dos empates dos rivais na véspera, prometia trazer uma injecção de moral para as hostes encarnadas, acabou por ter o efeito precisamente inverso. Ora, estes altos e baixos emocionais têm normalmente alguns efeitos na lucidez com que se olha para o jogo, e creio que isso terá acontecido também desta vez. Aqui, refiro-me sobretudo à tentação quase irresistível para se exacerbar os deméritos da exibição do Benfica, em função da desilusão do resultado. Começo, portanto, por referir que na minha análise o Benfica teve um volume ofensivo bastante significativo no total do jogo, e em especial na primeira parte, o que normalmente lhe teria sido suficiente para garantir pelo menos um golo no jogo. Bastante mais significativo, por exemplo, do que teve frente ao Estoril, onde venceu por 4 golos de diferença. Diria que a goleada desse jogo foi tão enganadora como esta derrota, e diria também que apesar do contraste extremo dos resultados, o Benfica deu alguns sinais bastante consistentes nestes dois jogos. Por um lado, que em princípio deverá ser capaz de dominar, de forma clara, a generalidade dos seus jogos no plano interno. Por outro, que tanto do ponto de vista defensivo como ofensivo não tem ainda (vejamos se alguma vez terá...) a consistência que lhe permita aspirar a uma regularidade pontual para chegar ao patamar pontual das últimas temporadas. No plano defensivo, há uma dificuldade clara no momento de transição defensiva, com várias situações de jogadores a aparecer na cara de Júlio César nestes dois jogos. A gestão da posse (segurança) e jogo posicional (reacção) provavelmente necessitam de ser revistos, porque se esta tendência se mantiver os custos serão seguramente muitos e frequentes. Ofensivamente, já referi que a equipa conseguiu um grande volume e assédio à área do Arouca, mas é igualmente verdade que a forma como o fez deixou bastante a desejar, apostando a meu ver exageradamente em cruzamentos e finalizações exteriores, em vez de combinações que pudessem desequilibrar mais o último reduto adversário. Aqui, duas notas individuais contrastantes. Pela positiva, Nélson Semedo, que conseguiu algumas situações de rotura dentro da área do Arouca, em especial na primeira parte, perdendo esse protagonismo na segunda, não parecendo ter beneficiado com a entrada de Victor Andrade. Pela negativa, Mitroglou. Incrível a sua falta de envolvimento num jogo com tanto volume ofensivo e onde a influência de um avançado poderia ser maior. E isto, naturalmente, não ajudou em nada no tal problema que a equipa revelou na forma como abordou o último terço. É verdade que Mitroglou tem conseguido ganhar alguns duelos no seu papel de "pinheiro", mas a mim parece-me um contributo muito escasso para uma equipa com as aspirações do Benfica.

Porto, "déjà vú" na Madeira - A perda de pontos na Madeira terá sido um penoso "déjà vú" para os adeptos portista, mas não creio que seja apenas no que respeita ao resultado que a equipa deu sinais de continuidade em relação à época transacta. E isso, na minha perspectiva, pode ter uma leitura tanto positiva como negativa para as aspirações da equipa. Pela negativa, a falta de evolução do modelo de Lopetegui, que parece manter os mesmos defeitos do passado. Isto é, um jogo muito lateralizado, com poucas situações de rotura interior e um apelo constante a variações de corredor. A segunda parte do Porto, por exemplo, foi muito pouco conseguida em termos ofensivos, com a equipa raramente a conseguir desmontar o bloco defensivo do Marítimo. Pela positiva, porém, fica a ideia de que as diversas saídas jogadores importantes não terão afectado significativamente o potencial da formação de Lopetegui. Ou seja, mantenho a ideia de que este Porto valerá mais ou menos o mesmo do que a sua versão anterior, sendo que esse nível não será este ano tão fácil de superar por parte de qualquer dos rivais. Aliás, o saldo da jornada acabou até por não ser desfavorável ao Porto, já que era quem tinha em teoria o jogo mais complicado. Uma nota especialmente negativa, porém, para o regresso de Cissokho. A sua responsabilidade no golo parece-me óbvia, dada a trajectória tão larga que a bola percorreu, e isso teve desde logo custos elevados para a equipa, no jogo. Mas, também no plano ofensivo o seu contributo foi muito escasso para uma equipa que teve grande parte do volume ofensivo, e que aposta tanto nos corredores laterais para conseguir os seus principais desequilíbrios. Assim, Alex Sandro vai de facto fazer muita falta.

Inicio da liga espanhola - Nota também para o inicio da liga espanhola, e em particular para os arranques de Barça e Real, ambos com exibições muito atípicas. Em Bilbao, a performance do Barcelona acabou por ser suficiente para garantir a vitória, mas não para deixar de desiludir quem se habituou a ver a expressividade ofensiva dos blaugrana. Não me pareceu o melhor arranque para equipa de Luis Enrique. Se 1 golo foi escasso em Bilbao, muito mais foi o nulo de Gijon! No entanto, foi bastante diferente a exibição do Real, relativamente à do seu rival catalão. Muito mais volume ofensivo, e também muito mais permissividade defensiva, o que leva a conclusão de que o nulo tem muito de acidental e pouco de sintomático. Verdadeiramente preocupante, para o Real, foi a facilidade com que o Gijon se aproximou da sua baliza, mas também se podem estender algumas criticas ao plano ofensivo. Em especial, as decisões no último terço pareceram-me questionáveis em grande parte do jogo, com poucas jogadas de envolvimento e rotura, e muitas finalizações exteriores e cruzamentos (uma critica idêntica à que fiz ao Benfica, acima). Não me parece, porém, que o Real deixe de ser uma equipa altamente concretizadora durante a temporada.

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19.8.15

Notas 15/16 (#1): Arranque de temporada

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- Na liga portuguesa, a corrida ao título em 15/16 promete ter características não muito diferentes das anteriores. Ou seja, a superioridade dos principais candidatos será enorme na esmagadora maioria dos jogos, o que tem como consequência óbvia a menor probabilidade de que surja uma grande diferenciação pontual através desses jogos. Os clássicos e os acidentes de percurso prometem, por isso, voltar a ser decisivos para definir o campeão. Mas, no que respeita aos candidatos propriamente ditos, há diferenças óbvias em relação ao passado recente...

- O "factor Jesus" tem, na minha opinião e como já escrevi, uma importância enorme no lançamento dos dados para esta temporada. O Sporting ganha com isso, e pode perspectivar para si próprio um melhor desempenho absoluto, em termos pontuais. Não é garantido, nem implica uma melhor classificação relativa, mas parece-me claro que o Sporting é hoje bem mais candidato do que era há um ano, e essencialmente por ter agora Jesus como timoneiro.

- Em sentido inverso está o Benfica, e sobretudo também pela mudança de treinador. Sobretudo, mas não só. Depois de algumas épocas de grande acerto no mercado, o Benfica inverteu claramente essa tendência e de há uns anos a esta parte tem perdido sucessivamente qualidade no seu plantel, mesmo mantendo níveis importantes de investimento em aquisições. E isso, mais tarde ou mais cedo, com Jesus ou sem Jesus, ir-se-ia pagar. A saída do treinador terá servido de catalizador nesta reacção e, no arranque de 15/16 e aos meus olhos, as perspectivas do Benfica são bem menos favoráveis do que tem sido hábito. Há ainda margem para um volte-face, que se poderá dar tanto através do mercado, pela estrutura, como nos treinos, pelo treinador. Mas parecer provável, não parece...

- Mantenho a leitura que havia feito em Junho: quem mais se aproxima do título com as mudanças na segunda circular de Lisboa, é o Porto. Basicamente, e mesmo tendo de facto várias alterações entre as suas principais figuras, parece-me bastante seguro perspectivar que o Porto 15/16 não se afaste muito do registo pontual da época passada. Ora, se isso acontecer, uma de duas situações terão de suceder para que a equipa de Lopetegui não acabe a época no topo da tabela. Ou o Benfica mantém, pelo menos, o registo pontual anterior, o que não se afigura provável; ou o Sporting melhora substancialmente o seu desempenho, o que parecendo-me possível, também não vejo como fácil. Sendo assim, 15/16 tem, para mim e à partida, um favorito óbvio, que é o Porto.

- Uma nota, para terminar, sobre o arranque da Premier League. Poucas mudanças, na minha opinião, no quadro dos favoritos ao título, com muito equilíbrio entre várias equipas. Cria-se a ideia de que, por ter sido campeão, o Chelsea seria o favorito, mas a verdade é que, e tal como escrevi na altura, 14/15 não mostrou uma superioridade clara da equipa de Mourinho em relação às demais. Não quer isto dizer que o Chelsea seja inferior a qualquer outro candidato, mas perante diferenças tão curtas, a expressão favoritismo soará sempre a hipérbole. Para já, o arranque foi favorável às equipas Manchester, mas a Premier League, e ao contrário daquilo que se passa por exemplo em Portugal, é uma prova onde poucos jogos podem ser dados como garantidos para qualquer que seja a equipa, e por isso a margem para recuperar de desvantagens pontuais é, pelo menos em teoria, bastante grande.

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11.8.15

Benfica - Sporting: Análise individual da Supertaça

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Abaixo, deixo os meus comentários pessoais sobre os 20 jogadores de campo que iniciaram o jogo da Supertaça. Não me vou alongar muito sobre os aspectos colectivos da partida, ficando-me a ideia de que o Sporting se mostrou bastante mais competente do que o Benfica naquilo que ambas as equipas apresentaram, parecendo-me esta conclusão indissociável com o duplo-efeito que a mudança de Jesus representava para este jogo específico. Duplo-efeito, porque se o treinador é uma mais-valia, essa vantagem foi, por um lado, subtraída ao Benfica, e por outro, adicionada ao Sporting. Ainda assim, o jogo não foi de todo desequilibrado, e o desfecho do mesmo está muito longe de ter sido a fatalidade que a generalidade das análises pós-jogo parecem sugerir.
Sobre a análise individual, nota para o facto de eu não ter acompanhado a pré época dos dois clubes, estando as minhas considerações apenas centradas naquilo que pude ver neste jogo. Outra nota para o facto de não apresentar dados estatísticos a acompanhar a análise, como é meu hábito, o que tem a ver com o facto de estar a desenvolver um novo modelo de avaliação, não tendo este ainda a solidez que pretendo para que o possa apresentar sem gerar confusão a quem lê. Ainda assim, as minhas considerações têm como referência os dados recolhidos no jogo.

Benfica
Nélson Semedo - Se à partida este já não seria um jogo fácil para a estreia, as circunstâncias ainda tornaram as coisas mais complicadas. Em particular, o elevado número de solicitações a que foi sujeito. Como ponto positivo, a capacidade de projecção ofensiva, com alguns contributos importantes para o colectivo. Em sentido inverso, dificuldades em vários planos. Defensivamente, e apesar de ter saído por cima em vários duelos, esteve longe de conseguir impedir várias descidas do Sporting pelo seu corredor. Com bola, também não teve a consistência que certamente o Benfica idealizará para o titular da posição. A meu ver o balanço não é positivo, mas tem algumas atenuantes a seu favor, como são os casos da juventude e do grau de dificuldade do adversário.

Sílvio - Um jogo bastante mais discreto do que o de Nélson Semedo, mas na minha perspectiva não necessariamente melhor. Aliás, as diferenças de estilo são tão grandes que é difícil comparar. Ofensivamente, sem qualquer utilidade para a equipa no último terço, não passando ao lado das dificuldades que o Sporting colocou à fase de construção. Defensivamente, creio que terá sido mais vitima do que réu nas jogadas que o Sporting protagonizou pelo seu corredor, mas nem por isso o seu jogo foi especialmente positivo a esse respeito. A meu ver, o Benfica estaria melhor com um lateral que, ofensivamente, tivesse mais para oferecer ao seu lado esquerdo.

Jardel - A minha ideia é a de que Jardel poderá ser dos jogadores que mais poderá vir a sofrer com a saída de Jesus. O tempo ainda é curto para conclusões definitivas, evidentemente, mas o primeiro jogo oficial não lhe foi de todo favorável. Em especial, sobressaíram as suas dificuldades na construção, o que teve repercussões não apenas na fluidez de jogo, mas também na segurança defensiva da própria equipa, porque as suas perdas podem ser bastante comprometedoras. Defensivamente, esteve longe de conseguir o protagonismo de Lisandro, tendo como ponto mais positivo uma intervenção determinante.

Lisandro - Talvez a única boa notícia para o Benfica no jogo. Um número muito elevado de duelos ganhos no jogo, e um controlo muito positivo da sua zona. Com bola, também foi dos que menos problemas sentiu com a pressão do Sporting. Fica a dúvida em torno do motivo de tão pouca aposta da parte de Jesus no passado, e a resposta pode passar pelo menos em parte pelo comportamento posicional na última linha, onde não esteve tão bem como noutros planos. Independentemente de tudo, parece muito provável que um lugar no onze venha a ser seu em 15/16.

Fejsa - Jogo regular, nos mais variados planos, vindo ao de cima a sua capacidade para se impor nos duelos na sua zona. Ponto menos positivo uma perda de bola comprometedora. No meio de tantas dúvidas, e o problema das lesões à parte, parece-me um valor seguro para a sua posição específica.

Samaris - Jogo globalmente modesto, sobretudo na presença em posse onde ofereceu pouco à equipa, não sendo solução para a fazer sair da teia montada pelo Sporting. Não será caso para sobrevalorizar a sua responsabilidade individual, num jogo onde o contexto colectivo era tão complicado, mas também dificilmente se poderá pensar que em Samaris possa estar uma mais valia significativa para uma função tão nuclear.

Gaitan - Não deixando de ser uma exibição bem abaixo daquilo que tem para oferecer, a verdade é que terá sido o mais consistente depois de Lisandro, algo que não se estranha em face da sua qualidade. Se sair, como se diz ser provável, os problemas do Benfica 15/16 poderão ser ainda maiores...

Ola John - Foi o jogador que mais vezes levou a equipa para situações de algum potencial ofensivo. E isto, mesmo não sendo feito com a melhor das consistências deveria ter sido mais valorizado, não me parecendo fazer muito sentido a sua substituição no contexto em que o jogo se encontrava. Ola John tem um conjunto de problemas que dificilmente alguma vez o permitirão ser um jogador completo. Tem uma intensidade defensiva baixa e um jogo igualmente limitado no que à movimentação sem bola diz respeito. Mas tem também uma capacidade de desequilíbrio com bola que dificilmente Rui Vitória poderá encontrar em muitos mais jogadores do seu plantel. Caberá ao treinador pesar os prós e contras, mas a ideia que fica deste jogo é que poderá não ser fácil prescindir daquilo que o holandês tem para oferecer.

Talisca - Jogo assustadoramente fraco para um jogador que actua naquela posição, não oferecendo quase nada à equipa no plano ofensivo. E aqui o "quase" é aplicado para salvaguardar a sua utilidade nas primeiras bolas, onde venceu vários duelos na sequência das reposições longas de Júlio César. Já foi chamado à selecção brasileira e o próprio Jesus lhe projectou uma ascensão para patamares ainda mais elevados, mas a repetir exibições como esta ser-lhe-á muito complicado manter-se entre as primeiras opções do Benfica actual.

Jonas - Qualquer individualidade depende do colectivo, e Jonas não é excepção. Em termos mediáticos, Jonas terá sido uma das principais decepções do jogo, em grande parte pela imagem que deixou na temporada passada, mas a meu ver voltou a ser dos elementos mais úteis para o colectivo, num contexto que não lhe foi de todo favorável. Nomeadamente, conseguiu com bastante frequência auxiliar a equipa a chegar em boas condições ao último terço adversário, por exemplo em completo contraste com aquilo que fez Talisca. Depois, poderia também ter mudado o rumo do jogo. Primeiro, poderia ter feito melhor na resposta ao cruzamento de Ola John, depois também não foi eficaz na sequência de um pontapé de canto de Gaitan, onde me parecer justificar mais crédito pela forma como leu correctamente a trajectória da bola. Colocar o foco dos problemas do Benfica em Jonas será, a meu ver, um erro tremendo.

Sporting
João Pereira - Ofereceu boa dinâmica ao seu corredor, estando bem melhor no envolvimento do que propriamente na execução final das jogadas. Algo que não é novo. Defensivamente, não evitou alguns problemas no seu corredor.

Jefferson - Jogo de grande sobrecarga, tanto no plano ofensivo como defensivo. Claramente, a sua grande mais-valia é a capacidade com que aborda o último terço, e mais uma vez se fez valer no jogo por essa via, com vários cruzamentos perigosos, com destaque para aquele em que Teo não conseguiu emendar na frente de Júlio César. Depois, bem mais inconsistente nos restantes planos. Com bola, nem sempre deu a melhor sequência em fases mais precoces do jogo. Defensivamente, algumas abordagens questionáveis e a meu ver algo comprometedoras, apesar de ter vencido também vários duelos. A verdade é que, tudo somado, os seus cruzamentos acabam por compensar bem algumas lacunas que apresenta.

Paulo Oliveira - Uma exibição praticamente perfeita do ponto de vista defensivo. Com bola, sem grandes problemas. O mais provável é que ganhe muito com a chegada de Jesus ao clube.

Naldo - Um jogo positivo, mas longe da eficácia que conseguiu Paulo Oliveira. Não o conheço bem, mas parece-me óbvio que é completamente diferente para um central estar no Sporting em 14/15 ou em 15/16, e Naldo tem todas as condições para ganhar bastante com isso.

Adrien - Nesta nova posição, foi dos jogadores que menos me impressionou, ainda que tenha feito um jogo regular. Com bola, regular e a oferecer boa fluidez, apesar de uma perda mais comprometedora a assinalar. Os seus maiores problemas, porém, vêm das dificuldades que sentiu na respostas às primeiras bolas aéreas, em especial enquanto Talisca se manteve em campo. Na minha leitura, dificilmente terá as características que Jesus idealiza para esta posição, precisamente pelas limitações no jogo aéreo, e se assim for não lhe será nada fácil manter o estatuto de titular ao longo da temporada.

João Mário - Um jogo de muito boa efectividade, que não terá passado despercebido a ninguém. Bem em todos os planos, auxiliando com segurança a equipa nas fases mais precoces da construção e sendo também dos que mais contribuiu para as chegadas da equipa às derradeiras zonas do terreno. Defensivamente, também importante o seu papel, com vários duelos ganhos e um posicionamento nuclear para as aspirações da equipa. Terá de dar provas da sua consistência nesta posição, e em jogos de características diferentes, mas se o fizer não vai ser fácil tirar-lhe o lugar.

Carrillo - Não pelo golo, mas justifica, a meu ver claramente, o estatuto de melhor em campo. Foi, com bastante distância, o jogador cujas acções mais contribuíram para a chegada da equipa em boas condições às derradeiras fases do processo ofensivo, conseguindo também dar o seu contributo de forma bastante útil nos vários duelos que se travaram na zona média. Destaque para o seu posicionamento mais interior, com bola, que colocou bastantes problemas de ajustamento posicional à linha média do Benfica, para além, claro, da sua capacidade de desequilíbrio individual. Caso se mantenha em Alvalade, será com toda a probabilidade uma figura central do Sporting 15/16.

Bryan Ruiz - Longe, como todos, da utilidade que emprestou Carrillo à fase criativa, mas esteve também na linha dos que mais ofereceram à equipa, o que se exige na posição em que ocupa. Ainda assim não foi um jogo impressionante ou perto do potencial que, creio, tem para oferecer. Destaque para os seus movimentos de rotura, uma característica que pode ser importante no equilíbrio colectivo, já que compensa a pouca propensão de Carrillo para esse tipo de acção.

Teo Gutierrez - A meu ver é o principal problema que Jesus tem pela frente nesta altura. Teo ofereceu muito pouco ao jogo colectivo da equipa, e muito menos do que aquilo que se esperaria de um jogador da sua posição. Não basta baixar no terreno para trocar a bola com os médios, se dessas acções não resultar nada em termos de ligação efectiva do jogo. Não tenho muitas dúvidas sobre a qualidade do colombiano enquanto finalizador, mas o mesmo não posso dizer da sua capacidade para o jogo de envolvimento, e é muito possível que Teo venha a ser uma aposta falhada nesse propósito.

Slimani - Não podia contrastar mais com o caso de Teo. Pode ser surpreendente tendo conta o perfil do jogador, mas a verdade é que Slimani revela uma utilidade enorme para o jogo colectivo da equipa, valendo muito mais do que a ideia estereotipada que lhe é associada, de "jogador de área". Move-se com bastante propósito, identificando bem as oportunidades de atacar as costas da última linha e tirando partido da sua capacidade de choque, para dar continuidade a jogadas que os centrais estão habituados a dominar. E isso, neste jogo, valeu várias jogadas de elevado potencial à equipa, em que Slimani foi protagonista, e raramente como finalizador. Não será o jogador esteticamente mais agradável de ver jogar, e continuará certamente a ser vitima do tal estereotipo que lhe está associado, mas quanto à utilidade e efectividade do seu contributo, pelo menos a mim, não me restam dúvidas. Outro jogador que promete muito para 15/16 e do qual as aspirações da equipa provavelmente dependerão bastante.

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12.6.15

Liga 14/15: Dados individuais finais (desequilibradores)

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Deixo os dados finais da análise que fui mantendo ao longo da temporada, mais concretamente no que respeita aos jogadores com mais influência nos lances mais perigosos da liga portuguesa 14/15. Há alguns pontos que se mantêm desde 13/14, como o destaque máximo justificado por Jackson, o peso muito relevante da dupla ofensiva do Benfica (com Jonas em 14/15, em vez de Rodrigo em 13/14), e Gaitan como o jogador com maior influência criativa da competição. Dentro das novidades, nota para o campeonato excepcional de Marco Matias e para a menor distância entre as principais unidades do Sporting, relativamente às de Benfica e Porto.

Fazendo uma ponte com a actualiadade, esta análise pode também servir de ponto de partida para as perspectivas relativamente ao que poderá ser 15/16, e mais concretamente à importância que poderão ter os movimentos do defeso, relativamente a posições e nomes chave dos três "grandes". Começando pelo Porto, a perda de Jackson será certamente difícil de colmatar, dentro destes parâmetros de rendimento, juntando-se a ela a saída de Danilo, que na sua posição específica conseguia acrescentar uma capacidade de desequilíbrio importante. Ainda assim, a substituição do ponta-de-lança, a confirmar-se a saída de Jackson, será claramente o ponto fulcral do defeso azul-e-branco.

Num patamar bem mais complexo, e interessante já agora, surge o caso do Benfica. Em 14/15, tal como em 13/14, o Benfica conseguiu dominar as presenças no topo desta tabela, o que diz bem do rendimento elevado de várias unidades ofensivas nas equipas que conquistaram o bicampeonato. Começando pela frente, o Benfica contou com um elevado rendimento dos seus dois atacantes, e se na transição de 13/14 para 14/15 era a saída de Rodrigo que representava uma ameaça, desta vez as atenções estão centradas na mudança técnica, já que com a saída de Jesus dificilmente o Benfica manterá o mesmo modelo e as mesmas dinâmicas entre os seus dois avançados, com todos os proveitos que estas trouxeram. Ou seja, se como tudo indica houver mudanças estruturais com a sua chegada, Rui Vitória terá a difícil tarefa de fazer com que isso não prejudique um rendimento muito elevado de Jonas e Lima, que em princípio se manterão nos quadros do clube. Depois, e num plano mais individual, surgem as ameaças em torno das saídas de Gaitan e Sálvio. Os dados são claros e reflectem bem o desafio que o Benfica terá no mercado, caso os dois argentinos abandonem mesmo a Luz. Porque uma coisa são as capas de jornal que os seus substitutos poderão conseguir, outra será ser capaz de participar em quase 50 ocasiões claras de golo, como fizeram Gaitan e Sálvio em 14/15. E isso, não será nada fácil...

Finalmente, o Sporting. A primeira boa notícia para o Sporting reside nos avançados, que conseguiram um rendimento muito elevado (é importante relativizar com o tempo de utilização de cada um) em 14/15. Com Jesus, o Sporting deverá passar a actuar com 2 avançados, e ter Montero e Slimani retira desde já algum peso ao clube, no que ao mercado diz respeito. Se ambos se mantiverem, Jesus terá um ponto de partida prometedor, ainda que outros jogadores possam entrar nesta equação. Mais problemática, porém, poderá ser a questão dos extremos. Nani, Carrillo e mesmo Mané conseguiram um rendimento bastante bom e próximo das melhores unidades dos rivais. Se pudesse também contar com estas unidades, Jesus teria certamente pouco com que se preocupar, mas Nani será baixa certa, Carrillo tem um processo de renovação complicado e que pode obrigar também a uma saída já neste Verão e o próprio Mané parece poder abandonar o clube. Se assim for, o Sporting terá neste mercado um desafio semelhante àquele que me parece ter o Benfica, relativamente às anunciadas saídas de Gaitan e Salvio. Ou seja, não será nada fácil encontrar alguém que consiga manter o mesmo rendimento individual, havendo ou não maior investimento por parte do clube de Alvalade. E aqui está, a meu ver, o grande desafio para o defeso do Sporting, e para a criação de condições reais para o ataque ao título.

Uma nota final para os guarda redes, não tendo havido em 14/15 motivos para grandes destaques na liga portuguesa. Ainda assim, referência para os 4 nomes que, jogando pelo menos 1000 minutos conseguiram uma percentagem de eficácia em ocasiões de golo (isto é, ocasiões defendidas sobre total de ocasiões enquadradas com a baliza) superior a 50%. Foram eles Júlio César (Benfica), Fabiano (Porto), Assis (Guimarães) e Matt Jones (Belenenses).

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5.6.15

Sobre a mudança de Jesus

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- Talvez faça sentido começar pelo impacto mediático dos acontecimentos que marcaram a actualidade nacional dos últimos dias, mais particularmente a mudança de Jorge Jesus, da Luz para Alvalade. É que embora seja geralmente mais lúcido ver as coisas de uma perspectiva distanciada da carga emocional que permanentemente acompanha o futebol, a verdade é que por vezes essa carga emocional se torna, ela própria, uma parte importante dos acontecimentos. E será esse o caso aqui. O futuro poderá dizer-nos o contrário, mas no imediato este processo tem vencedores e vencidos óbvios, não sendo preciso sequer explicar quem são uns e outros. O relevante aqui é que essa carga emocional pode ter, e provavelmente terá mesmo, influência nas decisões de gestão dos próximos tempos.

- Passando à situação concreta de cada um dos clubes, começo pelo Sporting. Contratar Jorge Jesus representa, a meu ver claramente, uma mais valia desportiva para o clube. O Sporting ganhará, nesta perspectiva especialmente, maior rigor e qualidade posicional, sobretudo marcantes no processo defensivo (onde o Sporting deixou bastante a desejar nesta temporada), e também previsivelmente um melhor aproveitamento das situações de bola parada. Disto restam-me poucas dúvidas, não podendo dizer o mesmo de outras questões, todas elas interligadas. Primeiro, quanto representa realmente essa mais valia desportiva? Depois, de que forma é que tudo isto justifica o esforço financeiro realizado? Finalmente, que impacto pode ter esta contratação nas expectativas que serão criadas em torno da equipa?

Este exemplo poderá vir a representar, em si mesmo, um bom caso de estudo mas, como já escrevi aqui, não penso que qualquer treinador possa ser suficiente para que o Sporting seja significativamente mais forte em 15/16, se não houver uma boa capacidade para extrair do mercado qualidade, nomeadamente para a fase criativa. E aqui não estou sequer a pensar numa melhoria das condições face a 14/15, porque me parece que elas eram bastante favoráveis em termos de potencial ofensivo, mas apenas no colmatar das saídas de Nani e, possivelmente, de Carrillo. Se o Sporting o conseguir, com Jesus, será a meu ver claramente mais candidato em 15/16 do que foi em 14/15, mas não será fácil de o conseguir, porque o rendimento de Carrillo e Nani foi muito elevado, e porque mesmo com um investimento significativo não é fácil substituir esse patamar de rendimento. Posto isto, não surpreenderá se disser que tenho dúvidas de que se justifique um investimento tão avultado num treinador (em % do orçamento, entenda-se). Não seria preferível, por exemplo, contratar um bom treinador (que os há muitos e capazes, e não só ao mais alto nível profissional, ao contrário do que se faz crer em termos mediáticos), com custos assinalavelmente mais baixos e com o mesmo dinheiro por temporada garantir 2 ou 3 jogadores capazes de fazer a diferença? Se a gestão for boa, nomeadamente ao nível da prospecção, não tenho dúvidas que sim, mas não foi aparentemente esse o entendimento do Sporting e da sua administração, que preferiu alicerçar grande parte dos seus recursos na figura de um treinador. E daqui parto para a grande ameaça que o Sporting poderá ter pela frente. Porque, posso discordar da estratégia na gestão dos recursos, e da valorização que está a ser dada à figura do treinador, mas não tenho dúvidas de que o Sporting passa a ter em Jorge Jesus uma mais valia, conforme escrevi acima. O problema é que ao estar a apostar tanto num treinador, entregando-lhe paralelamente plenos poderes no futebol, certamente que o Sporting (e, concretamente, a sua direcção) estará também a criar uma expectativa elevada, e que certamente acabará por querer cobrá-la ao próprio treinador. Ora, se como me parece poder acontecer, o Sporting tiver dificuldade em substituir algumas das suas principais unidades criativas no mercado, essas poderão ser expectativas desmesuradas, e inevitavelmente isso acabará por colocar em causa a qualidade do treinador. Um erro (sobrevalorizar o peso do treinador) poderá precipitar outro (colocar em causa a competência e mais valia do treinador), portanto.

- Passando ao Benfica, estamos claramente na viragem de um ciclo. A meu ver, este é um cenário que vem sendo precipitado pela inversão no acerto que o clube teve no mercado durante um bom tempo, mas que deixou de ter desde há alguns anos a esta parte. Sublinhe-se que o Benfica não deixou de investir no mercado, nem de vender bem, mas foi perdendo, e de forma bastante evidente, capacidade de regeneração qualitativa nos últimos anos. Agora, perante a saída de Gaitan e a baixa de Salvio, o problema parece finalmente poder atingir de forma incontornável as primeiras linhas da sua equipa principal, o que faz deste o primeiro, e talvez mais importante, desafio que me parece que o Benfica tem pela frente na preparação da nova temporada. 15/16 já não se afigurava uma época fácil, mesmo com Jesus, mas com a saída do treinador tudo se complica substancialmente. Porque, como escrevi atrás, penso que Jesus era mesmo uma mais valia para o Benfica, e sem ele dificilmente isso deixará de se notar, para além do facto de que a mudança do treinador vai determinar também um processo de adaptação às novas ideias, o que normalmente tem um custo em si mesmo. Neste sentido, mais do que a questão do treinador, o Benfica terá de ser mais competente no mercado do que aquilo que foi nos últimos anos, e creio que só teria a ganhar se não se dispersasse com a carga emocional que este incidente da mudança de Jorge Jesus para o outro lado da barricada inevitavelmente acarreta.

Ainda no que respeita ao Benfica, parece-me haver alguns equívocos relativamente à aposta na formação. Primeiro, relativamente à ideia de que os jogadores singrariam no nível da primeira equipa se houvesse maior aposta neles. Não creio que isso seja garantido, de todo. O normal, aliás, num clube com a exigência do Benfica, é que poucos jogadores por cada geração alguma vez venham a atingir esse patamar qualitativo. Depois, a perspectiva de se ver a formação como um mal necessário, uma exigência financeira, e não uma mais valia desportiva. Finalmente, a ideia de que a aposta na formação tem de ter continuidade na figura do treinador principal. Ora, tudo isto me parece uma maneira errada de ver as coisas, e que provavelmente estará condenada ao fracasso, fundamentalmente por estar desfasada daquela que é a realidade prática dos clubes mais populares, que têm a pressão mediática quase totalmente assente sobre os resultados da primeira equipa. Assim, parece-me que a formação deve ser pensada de baixo para cima, e não de cima para baixo. Ou seja, deve ser trabalhada a partir da base, de forma a que se consiga impor naturalmente na equipa principal, e não porque isso é imposto a partir de fora. Ou seja, é a formação quem tem de servir a primeira equipa, e não contrário, cabendo-lhe o objectivo de se apresentar sobretudo como uma mais valia desportiva e não como uma exigência financeira. Se assim não for, apostar na formação implica quase inevitavelmente uma degradação qualitativa da primeira equipa, com todas as consequências que isso tem ao nivel dos resultados, e que em última análise resultará em contestação mediática e na queda de pessoas e projectos. E todos sabemos como, no futebol e em equipas com a dimensão do Benfica, isso pode ser rápido a acontecer. Esse é o risco que me parece que esta direcção do Benfica está a correr ao tentar impor, de cima para baixo, a formação à primeira equipa, inclusivamente contratando um treinador com esse objectivo e ainda com a contradição de ter já vendido grande parte dos principais talentos que a sua formação produziu nos tempos mais recentes.

- Nota, finalmente, para duas outras perspectivas neste processo. A primeira, de Jorge Jesus. Escapa-me o alcance completo das motivações do treinador nesta sua opção de carreira, que pode não ter sido apenas de ordem racional, mas não tenho dúvidas de que o Sporting representará um desafio tremendo e bem maior do que foi o Benfica, em 2009. Aliás, estou em crer que haverá na Europa poucos clubes mais difíceis para um treinador do que o Sporting. Não digo que é o maior desafio da sua carreira, porque isso seria negligenciar os 20 anos que o treinador demorou até chegar ao topo (é interessante também reflectir sobre isto, num treinador a quem quase todos reconhecem enorme competência), mas que é desportivamente uma prova muito difícil de superar, disso não tenho dúvidas. Depois, a perspectiva do Porto, que ficando de fora de tudo isto me parece ser nesta altura, e claramente, o mais forte candidato ao título de 15/16. O defeso e o mercado ainda poderão inverter este cenário, mas com os dados actuais e mesmo perdendo Danilo, Oliver e Jackson, não me parece difícil ao Porto, pelo menos, repetir o registo pontual de 14/15, o que representaria uma fasquia bastante exigente para os desafios que nesta altura se perspectivam para Benfica e Sporting. Mas, como escrevi, há ainda que esperar pelo mercado...

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28.5.15

Liga 14/15: Dados colectivos finais

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Terminado o campeonato, deixo algumas análises finais, começando pelos dados colectivos, que juntam aos golos a comparação das ocasiões criadas, bem como a divisão entre a origem de cada um dos lances que mais aproximaram as equipas do golo.
Relativamente à leitura dos números, creio não ser necessário acrescentar muito, tanto pelo natureza explícita dos quadros, como pelas leituras que já fui deixando ao longo da época. Nota, ainda assim, para a importância das bolas paradas na luta pelo título, com o Benfica a ter um aproveitamento substancialmente superior aos rivais, onde se destaca especialmente o mau desempenho ofensivo portista. De resto, à margem das bolas paradas, parece haver mesmo muito pouco a separar o desempenho de campeões e vice-campeões, com uma distância importante para as outras equipas. Relativamente ao Sporting, a sua distância para os rivais parece ter tido dois pontos chave: ofensivamente, o baixo aproveitamento das ocasiões criadas, que apesar de tudo foram bastante próximas do que Benfica e Porto registaram; defensivamente, um registo incomparavelmente mais modesto do que os outros "grandes". Curiosamente, esta é uma análise contrastante com aquela que havia sido observada em 2013/14, o que a meu ver pode indicar um potencial ofensivo significativamente superior nesta temporada, e que talvez não seja fácil de manter no futuro imediato, como já aqui escrevi, se se confirmarem algumas saídas. Por outro lado, o desempenho defensivo parece mesmo bastante modesto para uma equipa com o ascendente territorial que o Sporting conseguiu impor na generalidade dos jogos que realizou nesta prova.

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21.5.15

O título (Benfica e Porto) e o Sporting

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- Começo pela questão do título, que esta semana viu o Benfica confirmar a renovação do seu título de campeão. Este era um cenário que há já algum tempo vinha dando como significativamente provável, nas análises que fui partilhando, não por haver uma diferença significativa de qualidade entre as duas equipas, mas essencialmente pela vantagem que o Benfica cedo conseguiu. É curioso, já agora, como as pessoas se revelam pouco sensíveis na hora de estimar a probabilidade dos eventos. Intuitivamente conseguimos obviamente distinguir entre a possibilidade e a impossibilidade, mas depois não fazemos grande distinção no que respeita à probabilidade dos mesmos virem a ocorrer, e isto explica o porquê de tanta gente repetir coisas como "está tudo em aberto", perante cenários tantas vezes desequilibrados no que às probabilidades diz respeito. Talvez seja uma consequência evolutiva, ou não fosse a vida feita precisamente de um conjunto de acontecimentos altamente improváveis. Enfim, o ponto aqui é que há muito tempo que as hipóteses reais do Porto se sagrar campeão eram, ainda que não impossíveis, relativamente remotas.

- Um dos clichés de quem faz a análise aos campeões é considerá-los justos, assumindo que uma prova com a extensão de um campeonato acaba inevitavelmente por distinguir os melhores e mais regulares. Ora, isto pode até ser verdade para a generalidade dos casos, mas não o é obrigatoriamente, nem me parece ser para este caso concreto. Desde logo, porque Benfica e Porto fizeram exactamente os mesmos pontos nos jogos contra as restantes equipas, o que faz que nem a análise pontual sustente essa tese. Depois, porque de facto não me parece que existissem diferenças significativas no rendimento de campeão e vice campeão, cuja diferença na tabela se deve mais a uma questão de pormenor do que outra coisa. Por exemplo, o mesmo já havia acontecido nos dois últimos títulos portistas, onde fora o Benfica a ficar marginalmente por baixo, em duas provas extremamente equilibradas, sendo que também nesses casos foi a equipa que esteve mais tempo envolvida nas provas europeias que acabou por ver o seu rival fazer a festa do campeonato. E este parece-me um factor potencialmente importante entre duas equipas que se equivaleram tanto. Outro factor que me parece poder ter sido potencialmente diferenciador é o das bolas paradas, onde o Benfica se apresentou significativamente melhor do que o Porto, sendo que a equipa de Lopetegui me pareceu globalmente mais bem potenciada do ponto de vista defensivo do que ofensivo, de acordo com as análises e opiniões que fui deixando ao longo da época. E aqui reforço que, apesar destes factores potencialmente diferenciadores, as duas equipas se equivaleram no essencial, sendo natural que no plano mediático e emocional se estabeleça um fosso entre vencedores e vencidos, mas não sendo racional nem aconselhável que essa seja a análise de quem gere o futebol dos dois clubes. Nem o Porto precisa de mudar tudo porque não foi campeão, nem o Benfica deve acreditar que parte para 15/16 em vantagem sobre o seu rival. Não perceber isso pode ser o primeiro passo em falso na nova temporada.

- Aproveito também para escrever sobre o Sporting, que não faço há bastante tempo. Assumindo a subjectividade da análise, creio que o Sporting terá feito um campeonato positivo. Se compararmos com os registos históricos das últimas décadas, essa tem de ser claramente a conclusão, mesmo que isso não tenha chegado sequer para lutar pelo título. O Sporting, a este propósito, está numa situação atípica, porque não é uma equipa que tenha uma referência comparativa clara no panorama do futebol português actual. A sua ambição incontornável é a luta pelo título, mas não parece justo que se exija estar permanentemente no patamar de rivais que se preparam com condições orçamentais muito mais favoráveis. Por outro lado, o Braga também não é uma referência suficientemente ambiciosa para a dimensão do Sporting. O habitual é que as equipas estabeleçam para si próprias metas comparativas (ser campeão, chegar à europa ou não descer), dependendo estas sempre dos desempenhos alheios, mas não tem de ser assim. Pode-se perfeitamente definir metas próprias, como um número de pontos a alcançar, ou mesmo de golos marcados e sofridos, e no caso do Sporting creio que é isso que fará racionalmente mais sentido. Assim, e voltando ao inicio, não creio que se possa fazer um balanço negativo do campeonato do Sporting, se atentarmos apenas aos resultados da própria equipa. É claro que poderia ter sido melhor, e aqui parto para aquele que me parece ser um panorama menos favorável para o Sporting. É que este ano o Sporting contava com unidades que lhe ofereceram um excelente contributo, em especial no plano ofensivo, e que provavelmente não estarão presentes no futuro imediato. No caso, se à previsível perda de Nani se juntar também a de Carrillo, dificilmente o Sporting conseguirá evitar uma perda importante de potencial para a próxima época, sendo preciso para isso um defeso extraordinário no que diz respeito a reforços. Neste plano, compreender-se-á uma eventual frustração dos dirigentes do Sporting relativamente à presente época, já que estavam reunidas condições que não serão fáceis de repetir num futuro próximo, mas nem por isso a equipa foi capaz de se bater pelo título. Aqui, é impossível não destacar o desempenho defensivo, que me parece ter ficado bem aquém do que era possível. No Sporting discute-se muito, até pelas novelas que vão marcando a agenda mediática há praticamente meio ano, o tema do treinador, e sendo esse um ponto indiscutivelmente importante, parece-me também ser amplamente sobrevalorizado no plano mediático. Para ser concreto, se o Sporting perder Nani e Carrillo no defeso, o mais provável é que 15/16 venha a ser uma época bem mais complicada em Alvalade do que foi 14/15, sente-se no banco Marco Silva ou qualquer outro treinador deste mundo.

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8.5.15

Champions: Notas da 1ªmão das meias finais

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- Respeitando a ordem cronológica, começo pelo jogo de Turim. A situação desta eliminatória lembra-me um pouco o ponto em que se encontrava a eliminatória entre Porto e Bayern, após o jogo do Dragão. Ou seja, a vitória do Juventus não terá chegado para ficar mais próximo da final do que o seu rival, mas terá pelo menos sido suficiente para ter anulado o favoritismo que inicialmente o Real justificava. As hipóteses estarão, portanto, bastante equilibradas nesta altura. A Juventus deverá, para já, estar satisfeita pela forma como conseguiu expor algumas fragilidades de uma equipa que lhe é claramente superior. O Real, por seu lado, guardará para si também alguma responsabilidade no desaire, sobressaindo claramente dois factores chave: a ausência de algumas unidades importantes, como Modric e Benzema, e a dificuldade de Ancelotti em manter um onze com as características mais indicadas para o seu modelo. Não haverá grandes dúvidas de que a Juventus terá de sofrer bastante para sobreviver à segunda mão, onde provavelmente precisará não só de uma noite inspirada, mas também de um contributo da aleatoriedade no que respeita à eficácia das ocasiões que forem criadas. Um factor impossível de controlar, mas que nos 90 minutos que faltam jogar, pode bem vir a revelar-se ser decisivo.

- Passando ao prato forte, não apenas destas meias-finais, mas de toda edição da Champions, e talvez mesmo o embate mais interessante dos últimos anos, o Barça-Bayern, começaria por tentar abordar o jogo da perspectiva o Bayern. Guardiola, sem surpresa, teria como primeira prioridade ter bola. Talvez por uma questão de filosofia, diria quase dogmática, mas a verdade é que esse lhe objectivo lhe permitiria retirar tempo de ataque ao Barça e assim ser também uma arma de controlo defensivo, para além do potencial ofensivo que mais obviamente a posse oferece. O Bayern cumpriu este primeiro propósito relativamente bem, inclusivamente sem grandes custos ao nível de perdas de risco, como acontecera por exemplo no Dragão. Mas só a posse, por si só, dificilmente seria suficiente. Nesse sentido, era preciso, também, garantir um bom controlo defensivo, nomeadamente no que respeita ao controlo da profundidade, onde a equipa sente dificuldades com algum hábito, e depois ser capaz de ser consequente no último terço ofensivo. E foi nestes últimos pontos que o Bayern, realmente, não me pareceu estar à altura do desafio que que tinha pela frente. Provavelmente mais decisiva a questão ofensiva, que resulta da incontornável diferença de valores individuais, particularmente agravada pelas baixas de Ribery e Robben. Assim, o Bayern conseguiu o raro feito de dividir a posse de bola no Camp Nou, mas não se aproximou mais do golo do que a generalidade das equipas que visitam aquele estádio. A esse nivel, portanto, vulgar. Depois, a questão defensiva, que apenas teve custos na fase final do jogo, mas que já na primeira parte havia proporcionado ao Barça ocasiões mais do que suficientes para ter chegado à vantagem antes do intervalo, mesmo com uma presença em posse bem mais limitada do que é habitual. Neste sentido, penso até que o jogo terá corrido relativamente bem ao Bayern, ficando-me a dúvida de que forma a equipa poderia ter reagido se o Barça tivesse chegado ao golo, como me parece ter feito por merecer na primeira parte. Ao olhar para o que aconteceu na recta final do jogo, assim como outras ocasiões durante a época, sobra a ideia de que o risco poderia ter sido bastante elevado e um regalo para Messi e companhia, assim como foi para o Real no ano anterior. Referido isto, há também que salientar a ironia do jogo, já que se a primeira parte do Barça justificava a vantagem, a segunda estava a ser muito pouco conseguida até ao golo, com várias precipitações ao nível da decisão com bola, e com o Bayern a parecer ser capaz de levar pelo menos o nulo para uma segunda mão que teria tudo para lhe ser mais favorável. Aí, porém, sobressaiu o tal detalhe que faz verdadeiramente a diferença entre este Bayern e este Barça, a qualidade individual, e em especial o incontornável génio de Messi. E aí, por muito que no plano mediático sugira que são os treinadores o epicentro de tudo no futebol, a verdade é que me continua a parecer que o seu poder é muito escasso face à diferença que certos jogadores podem fazer.

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30.4.15

Notas do Benfica - Porto

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- O primeiro comentário que me merece o "jogo do título 14/15" refere-se à superioridade do processo defensivo de cada uma das equipas. Para se ter uma noção relativa dos problemas que ambos os ataques sentiram, e comparando com o vasto número de jogos que tenho analisado, este situar-se-ia claramente no percentil mais baixo no que respeita ao número de abordagens às zonas de finalização. Excepcionalmente fechado, portanto!

- No plano mediático há a tentação para associar a pouca proximidade com o golo - e, consequentemente, o baixo entretenimento dos jogos - com a falta de qualidade do futebol das equipas. Naturalmente, porém, essa não é uma relação tão linear. No caso, Benfica e Porto reclamam para si grande mérito pela forma como, quer uma quer a outra, conseguiram condicionar os ataques contrários, não sendo fácil para nenhuma equipa do mundo consegui-lo, tendo em conta o nível técnico dos jogadores de ambas as equipas. Por outro lado, exigir-se-ia mais dos respectivos processos ofensivos, que vêm revelando problemas - ainda que distintos - desde o inicio de temporada. No caso do Benfica, as limitações no inicio de construção, com a equipa a sentir muitas dificuldades em levar o seu jogo para o último terço de campo, perante equipas com mais capacidade pressionante. O Porto, por seu lado, parece-me de há muito tempo a esta parte uma equipa mal trabalhada no processo ofensivo, nomeadamente pelas opções de Lopetegui em relação ao ataque posicional da equipa. Neste jogo, porém, o treinador espanhol teve uma abordagem diferente e da qual sou crítico, como explicarei mais adiante...

- Relativamente ao Benfica, Jesus voltou a não confiar na sua construção baixa, como aliás seria de esperar tendo em conta o contexto em que o jogo se disputava. Assim, e tal como já acontecera no Dragão, o Benfica voltou a apostar bastante nas reposições mais longas e nos duelos a meio do campo para levar o jogo para zonas mais altas do terreno, evitando assim o risco de perdas comprometedoras na sua fase de construção. O problema é que o Benfica de hoje não tem também grande força nesta alternativa, porque não tem uma referência para a primeira bola, como Cardozo foi durante muito tempo, e porque o seu meio campo não contava com jogadores com a propensão que Matic, Javi Garcia ou Enzo Perez tinham para os duelos mais directos. Este é um problema que não vem ao de cima na generalidade dos jogos da época, essencialmente pela baixa exigência da liga portuguesa, mas que repetidamente afectou a equipa nos confrontos frente a adversários mais fortes, onde o Benfica 14/15 teve um desempenho a meu ver muito fraco. Um problema que neste jogo acabou por não ser muito relevante, tendo em conta o arrastar do nulo e o interesse da equipa nesse resultado, mas para o qual o Benfica deverá procurar melhor resposta em 15/16...

- Como referi acima, tenho perspectiva crítica das opções de Lopetegui para este jogo, em particular relativamente à vertente estratégica e às opções que tomou para o seu meio campo. Contextualizando, o Porto tinha pela frente uma equipa cujo processo defensivo aposta muito no encurtamento do espaço interior através da subida da linha defensiva. Ora, o risco desta abordagem, reside logicamente na exposição espacial que o Benfica tende a oferecer nas suas costas (isto, mesmo sendo a equipa de Jesus reconhecidamente forte na gestão dessa situação), e logo parecia-me inevitável que a profundidade fosse um aspecto chave da abordagem estratégica de Lopetegui. Acontece que o treinador espanhol optou precisamente por ignorar por completo a possibilidade de explorar a profundidade, preferindo exacerbar a sua presença no espaço que o Benfica estrategicamente fecha pelo seu jogo posicional. É curioso, de resto, porque durante quase toda a época Lopetegui pareceu negligenciar bastante o jogo interior, nomeadamente mantendo os extremos permanentemente colados à linha. Desta vez, e em absoluto contraste com o registo anterior, o Porto apresentou-se com a largura a ser dada sobretudo pelos laterais, e com Oliver e Brahimi tendencialmente em zonas interiores. Ora, pessoalmente esta até me parece uma disposição posicional mais benéfica para a equipa, mas não com a perda total de elementos que lhe ofereçam profundidade, e sobretudo não neste jogo! Se alisarmos o jogo do Dragão, por exemplo, veremos que grande parte dos desequilíbrios que a equipa conseguiu foram conseguidos pelos movimentos de trás para a frente dos médios, onde Herrera, especialmente, mas também Oliver se têm revelado bastante competentes. É um tipo de movimento que cria muitas dificuldades aos médios do Benfica, e para o qual Samaris e Pizzi não parecem muito vocacionados para responder (ao contrário do que acontece, por exemplo, com Fejsa ou Amorim). Lopetegui abdicou disso tudo e, a meu ver sem explicação perceptível, optou antes por preencher a caixinha de terreno que Jesus previsivelmente iria fechar. Corrigiu parcialmente na segunda parte, é verdade, mas não só perdeu valioso tempo num jogo tão importante, como nunca chegou a ter em campo as características ideais para fazer face ao desafio que tinha pela frente.

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24.4.15

Notas (antevisão do Benfica-Porto e Champions)

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- Mesmo com uma semana tão intensa como a que tivemos ao nível das provas europeias, talvez faça sentido começar por escrever sobre o clássico, que irá com grande probabilidade definir o campeão português em 14/15. É curioso verificar que a diferença pontual com que as equipas partem para este jogo é de 3 pontos, o que significa que o que distingue Porto e Benfica na tabela é, nesta altura, apenas o jogo entre ambos no Dragão. Ou seja, e perante a possibilidade real de que, quer Benfica quer Porto, se venham a impor nos restantes jogos que o calendário lhes reserva, temos aqui em perspectiva um campeonato que apesar de ter 34 jornadas se encontra perante uma decisão em tudo idêntica a uma eliminatória disputada a duas mãos. O Benfica venceu a primeira por 0-2, e o Porto precisa agora de reverter esse resultado para que as suas perspectivas sejam optimistas, caso contrário será sempre o Benfica a ter tudo para revalidar o título. Este é um cenário que não é tão improvável como à partida possa parecer, tendo em conta o desnível competitivo que a Liga Portuguesa vem revelando. É que, e creio já ter escrito sobre isto, quanto maior for a diferença dos candidatos ao título para as restantes equipas, maior a importância relativa que se pode esperar dos duelos directos para o apuramento do campeão, e logo mais a decisão se pode aproximar de uma competição a eliminar. Outra consequência importante deste cenário é que a regularidade da prova não tem grande capacidade para testar e diferenciar a qualidade das equipas, podendo com mais facilidade uma equipa que não seja necessariamente a melhor, sagrar-se campeã (o que pode ser uma oportunidade para algumas equipas, note-se). Enfim, é esta a realidade da liga portuguesa actual, que conceptualmente não me parece ser a melhor para o seu desenvolvimento, mas que, tenho que reconhecer, é aquela que mais vai ao encontro das pretensões da massa adepta, praticamente dividida entre 3 clubes, e que deseja ver os seus emblemas a ganhar o mais possível, tendo depois alguns jogos decisivos como prato forte da temporada.

- Indo mais concretamente ao jogo, parece-me inegável que o Benfica tem tudo a seu favor. O factor casa, a possibilidade de ter tido uma semana para preparar o encontro, ao contrário do seu adversário, e o conforto de jogar com vários resultados que lhe são favoráveis, relembrando que o Porto vai precisar de vencer por pelo menos 2 golos para anular a vantagem com que o Benfica parte para uma fase já bastante terminal do campeonato. Neste sentido, este será um desafio enorme para o Porto, que joga na Luz a sua derradeira cartada da temporada. Do ponto de vista táctico, será interessante perceber até que ponto as equipas irão procurar impor-se pela posse e pelo domínio territorial, mas é bastante provável que ambas o tentem fazer. O Benfica, porque joga em casa e não quererá abdicar da sua identidade habitual. O Porto, porque para além de ter naturalmente essa vocação, tem também a obrigatoriedade de vencer, não fazendo sentido outra coisa que não seja procurar impor-se territorialmente. Uma coisa é certa, haverá apenas uma bola, pelo que mesmo que ambas as equipas o tentem fazer, não será possível às duas impor-se da forma que provavelmente mais pretenderão...

- Voltando, então, atrás e às eliminatórias da Champions, começo pela decepção portista, em Munique. A principal critica, após o jogo, residiu na forma menos afoita como o Porto abordou o seu pressing, nomeadamente comparativamente com a primeira mão. Pessoalmente, concordo com essa critica, mesmo se não me parece haver qualquer garantia de que com outra abordagem a goleada pudesse ter sido evitada. Pelo contrário, os espaços até podiam ser maiores se essa pressão fosse superada pelo Bayern. O que penso, porém, é que seria sempre muito difícil ao Porto sobreviver a 90 minutos de sufoco, relegando o seu bloco para zonas mais baixas durante tanto tempo, pelo que provavelmente compensaria assumir mais alguns riscos, tendo como objectivo provocar o erro do adversário na sua circulação mais baixa. Quanto ao Bayern, fez um jogo fantástico e que em qualquer caso seria muito complicado de contrariar por parte do Porto. Como escrevera, o resultado da primeira mão não deveria ser sobrevalorizado, porque as diferenças de valor entre as equipas eram amplas, e porque o próprio Bayern vinha dando bons sinais de vitalidade na competição interna, mesmo com as ausências de Robben e Ribery. De todo o modo, e sem pôr aqui em causa o enorme mérito que teve o Bayern, refiro o mesmo que referi para o Porto na primeira mão. Ou seja, o resultado só se precipitou para tamanho desnível porque, e tal como acontecera com os portistas na primeira mão, quase tudo saiu bem aos bávaros em termos de finalização.

- O sorteio das meias-finais ditou o confronto que pessoalmente mais desejava ver, entre Bayern e Barça. É um duelo que, a meu ver, tem tudo para provocar dilemas às duas equipas, sendo complicado de projectar um vencedor, ainda que me pareça a maior qualidade individual do Barça lhe oferece uma vantagem que poderá ser importante. A primeira questão será a da posse de bola. Apesar de ser o Barça quem tem jogadores com mais capacidade para dominar o jogo pela posse, creio que será o Bayern quem tem mais probabilidade de se afirmar territorialmente, pela importância que Guardiola atribui a esse aspecto do jogo. Mas Guardiola saberá também que ao assumir a sua identidade estará a correr mais riscos do que nunca, pressionando adversários que são fortíssimos tecnicamente, e dando espaço a jogadores que são quase imparáveis quando o têm. Resta saber que especificidades introduzirá Guardiola para o embate contra a sua ex-equipa... Quanto ao Barça, como escrevi parece-me que em princípio a mais-valia individual dos seus jogadores lhe confere uma vantagem potencialmente importante, mas a equipa de Luis Enrique tem dois grandes testes nesta eliminatória. O primeiro é a capacidade de compromisso dos seus jogadores, porque frente a uma equipa que trabalha tão bem (e com tanta gente!) o processo ofensivo, será preciso defender bem mais do que é hábito. O segundo tem a ver com a valorização da posse de bola, porque o Bayern fará tudo para a recuperar tão rápido quanto possível, e se o Barça conseguir contornar esse obstáculo anulará grande parte das pretensões do seu adversário, sendo que se não o fizer o Bayern levará o jogo para onde quer que ele vá.

- Sobre a outra meia-final, dizer que o favoritismo do Real é óbvio. E aqui, quero ser claro sobre um ponto. O futebol de Real, Barça e Bayern é tão superior e inatingível para a generalidade das equipas, não porque estas sejam más ou tenham regredido em relação ao passado. O que aconteceu foi que, de há cerca de 6 anos a esta parte, houve um salto qualitativo enorme destas três equipas, que se projectaram para patamares qualitativos praticamente sem paralelo em toda história do futebol. O Barça, a partir da entrada de Guardiola e com a explosão de Messi, o Real com a chegada de Ronaldo e a segunda "era galáctica", e o Bayern sobretudo após a entrada de Guardiola. Podemos ver isso claramente, se olharmos ao que fazem hoje Barça e Real internamente, em termos de pontos e número de golos, e compararmos com que acontecia anteriormente. Neste sentido, a Juventus como outras equipas não são outsiders nesta corrida por serem equipas medíocres ou desmerecedoras da História do seu emblema, apenas não conseguiram acompanhar a evolução que se verificou nos outros 3 casos e por isso as suas dificuldades de afirmação no plano europeu são hoje bem maiores do que no passado.

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17.4.15

Notas da semana (Champions e Premier League)

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- Há alguns meses partilhei aqui as minhas expectativas elevadas relativamente ao desempenho do Porto nesta fase terminal da Champions, e depois deste jogo acredito que a equipa de Lopetegui já terá superado aquilo que praticamente todos esperavam dela nesta competição. Pessoalmente não faço uma valorização excessiva do jogo, que foi de facto muito bem conseguido por parte da equipa portista, nomeadamente no aproveitamento de algumas fragilidades especificas do Bayern, mas que na minha leitura foi também muito marcado por dois lances no arranque da partida e que definiram a vantagem azul-e-branca. Relativamente à eliminatória, diria que o Porto conseguiu para já o difícil feito de anular o favoritismo bávaro, mas não iria mais longe do que a divisão de possibilidades para que cada equipa esteja presente nas meias-finais. Vencer o Bayern foi já de si um grande feito, mas sobra ainda ao Porto a difícil tarefa de sobreviver à segunda mão frente a uma equipa que, é bom não esquecer, era colocada por muitos como a principal favorita ao título europeu, nomeadamente à frente de super equipas como Barça e Real. Espera-nos um grande jogo, portanto!

- Ainda sobre o Bayern, havia escrito aqui a propósito da recente derrota frente ao Monchengladbach, onde a equipa revelou enormes dificuldades, sobretudo após a saída de Robben. No mesmo sentido, também já havia partilhado aqui as minhas dúvidas relativamente aos riscos que o modelo de jogo da equipa assume, nomeadamente por me parecer que a competição interna pode não servir de teste para os desafios que o nível de exigência da fase final de Champions. No entanto, não posso deixar também de escrever que a equipa realizou um excelente jogo no fim de semana, na minha opinião dos mais conseguidos por parte da equipa de Guardiola esta temporada, mesmo sem ter Robben e Ribery. Ao contrário do que acontecera na tal derrota frente ao Borussia, o Bayern foi capaz de criar alternativas à ausência dos seus principais desequilibradores, nomeadamente usando mais o corredor central, parecendo estar a responder bem às ausências importantes que afectam a equipa nesta altura. E isto serve tanto para reforçar o mérito do Porto, como para alertar de novo para a exigência da segunda mão. É evidente, porém, que por muito bem que a equipa reaja colectivamente, será sempre muito complicado manter o potencial e a capacidade de desequilíbrio perante a privação de duas unidades como Robben e Ribery, e isso parece-me uma ideia praticamente incontornável.

- Ainda nos quartos-de-final da Champions, nota para o duelo madrileno. O caso do Atlético nos tempos mais recentes é excepcional a todos os níveis, e coloca-nos também perante algumas questões interessantes e bastante invulgares. Por exemplo, que importância poderíamos atribuir aos vários duelos que estas equipas já travaram esta época, onde o Atlético saiu sempre por cima, na projecção desta eliminatória? Normalmente, o Real seria um favorito indiscutível, se tivermos em conta a diferença de potencial ofensivo que as equipas revelam semana após semana, mas será mesmo assim tão claro? Uma coisa é certa, pouca gente se dirá surpreendida se a equipa de Ancelotti sair já de cena nesta prova, e aqui incluo também aqueles que menos apreciam o futebol da equipa colchonera. Sobre o momento das duas equipas em causa, diria que não pode surpreender o ascendente do Real na primeira mão, tanto mais que a presente fase do Atlético não me parece ser a melhor. Ainda assim, e volto de novo ao que escrevi acima, não seria uma grande surpresa se o Atlético conseguisse aquilo que para quase todos é uma tarefa praticamente impossível, ou seja neutralizar um dos ataques mais poderosos da história do jogo.

- Uma referência, ainda, para o duelo entre Mónaco e Juventus, cuja primeira mão não pude acompanhar com detalhe. Primeiro, para fazer notar que a equipa de Leonardo Jardim me parece hoje mais forte do que numa fase mais inicial da temporada. Aliás, numa das últimas vezes que escrevi sobre a equipa, referi que dificilmente iria entrar na luta pelos 3 primeiros lugares da Ligue 1, e a verdade é que me terei equivocado nessa projecção. Em parte, pela tal evolução da equipa, que hoje me parece mais capaz do que há alguns meses, e também pela quebra do Marselha, que é também uma equipa interessante, por bons e maus motivos. Sobre a Juventus, infelizmente hoje não basta ser claramente a melhor equipa italiana para que se seja também um dos mais fortes candidatos ao título europeu. Já lá vai esse tempo...

- Nota final para a Premier League, cujas principais equipas ficaram de fora das contas finais da Champions. O jogo grande da semana foi o derby de Manchester, cujo resultado me parece exagerado para aquilo que as duas equipas fizeram. De novo, não pude deixar de reparar na forma como o City se defende, parecendo alicerçar todo o seu processo defensivo no nervo da sua última linha. A opção é sempre aguentar a linha e esperar que o adversário se deixe apanhar no fora-de-jogo, exista ou não pressão sobre o portador da bola. Questionável, no mínimo. De resto, a esse nível também do outro lado se viram alguns lances em que a linha defensiva foi exposta ao mesmo problema, denotando semelhantes dificuldades de comportamento. É interessante este pormenor entre as principais equipas da Premier League, porque o Chelsea tem uma abordagem comportamental bem diferente, tendo-se dado bastante melhor com ela ao longo da época (o que não prova nada, note-se). A propósito, a equipa de Mourinho fez uma exibição sofrível do ponto de vista ofensivo - o que não é tão invulgar como a classificação faz crer - frente ao QPR, mas ao contrário do que tem acontecido aos seus principais rivais, soube também manter-se relativamente a salvo de grandes sobressaltos defensivos e acabou por resgatar os 3 pontos num já improvável golo tardio onde a mais valia individual dos seus jogadores veio ao de cima.

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