Não se pode dizer que o Porto não tenha merecido vencer, mas eu diria seguramente que a sua atitude perante o jogo e a sua própria capacidade acabou por colocar em causa um triunfo, conseguido numa fase em que, realmente, apresentou muito pouca qualidade para justificar novo golo.
Primeira parte com atitude – Apesar dos reforços de Inverno, o Rio Ave permanece como uma das mais acessíveis equipas da Liga. O Porto pareceu reconhecer isso mesmo ao deixar Lisandro e Rodriguez de fora e a verdade é que a entrada portista revelou que, de facto, não era preciso jogar com todos para garantir grande superioridade. Os primeiros minutos mostraram um Porto com grande facilidade em fazer a bola chegar às imediações da área do Rio Ave (fruto de uma saída rápida em posse e de algumas boas combinações sobre os flancos), mantendo depois ali o jogo, através de segundas bolas que foram recorrentemente ganhas pelo bom posicionamento da segunda linha portista. Apesar do golo não ter surgido de um desses lances, a verdade é que houve ocasiões em quantidade e qualidade suficiente para justificar a vantagem ao intervalo.
Segunda parte arrogante – A segunda parte foi completamente diferente. Muito se tem falado das diferenças deste Porto dos anteriores e há uma que parece que foi ignorada na abordagem ao segundo tempo. É que este Porto não controla defensivamente os adversários, sendo incapaz de os manter longe da sua área. Se no passado o Porto baixava o ritmo do jogo, mantendo o adversário sob controlo e fazendo do tempo um aliado para esperar por um erro alheio, hoje a equipa pode ser explosiva em transição, mas enquanto não duplica a vantagem está sob permanente ameaça. Essa sua limitação foi, eu diria arrogantemente, ignorada pela equipa na segunda parte e Fábio Coentrão acabou por alarmar o Dragão com um golo (golão!) que, no final, não passou de um susto. O Porto tentou reagir, mas nunca voltou ao ritmo do primeiro tempo e pode, em boa verdade, agradecer ao destino a sorte o facto de ter feito um golo numa altura em que a qualidade já não correspondia à vontade.
Algumas notas individuais – Cissokho. Jogar contra um adversário que tenha como solução driblar para dentro parece ser um problema para o qual Cissokho não tem resposta. Mais uma vez acabou batido quando Coentrão não tentou a linha, dando-lhe espaço para aquele inspiradíssimo pontapé. Farias. Um paradoxo o facto de ter sido tão decisivo e, no resto, ter produzido tão pouco. Farias é um jogador de área a quem os golos surgem facilmente. Mas não é só. Miguel Lopes. Se vier para o Dragão é provável que acabe rapidamente como titular. Coentrão. O Dragão inspira-o e tem de se ter isso em conta. Mesmo assim, o seu talento merece um crescimento mais estável do que aquele que tem acontecido.