4.2.09

Taça da Liga: mais um indicador do egocentrismo colectivo

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Esta Taça está a tornar-se num espelho ampliado do que é a mentalidade do futebol português. Hoje tem lugar aquilo que potencialmente seria uma jornada fantástica do futebol nacional. Não é todos os dias que temos um duplo confronto entre as 4 primeiras equipas do campeonato passado. A realidade, porém, é outra. Como se não bastasse a incompetência da redacção dos regulamentos e a falta de sensibilidade do CJ, ao remeter uma decisão para a véspera dos jogos, os clubes trataram de fazer o impensável, ameaçando faltar aos jogos. Mesmo que tal não aconteça, o mal já está feito. O produto foi denegrido perante os adeptos e a competição profundamente desvalorizada perante os potenciais investidores.

A atitude de ameaçar faltar aos jogos não tem justificação possível. Primeiro porque o que se passa com a organização desta competição é da responsabilidade dos clubes. Todos eles. Foram eles que conceberam a competição e foram eles que votaram regulamentos, calendários, modelos, etc. Vir agora criticar o estado de coisas é um acto de desresponsabilização evidente. Segundo, porque em desporto de alta competição o acto de faltar deliberadamente a um jogo é um enorme desrespeito por aquilo que, afinal, “alimenta” jogadores, treinadores e dirigentes.

Mas, se tudo isto seria impensável num contexto normal, no futebol português, a realidade não surpreende assim tanto. Afinal é isso que sempre se assistiu e se assiste quase diariamente nas manobras de bastidores. Cada clube só tem um objectivo: ganhar no plano interno e no curto prazo. Todas as atitudes são orientadas unicamente com este propósito. Como o país é tripartido e embebido numa clubite aguda, qualquer que seja a posição de um clube, haverá sempre um conjunto importante da opinião pública que a defenderá, conduzindo a debates que, perdoem-me, são autênticos insultos à capacidade intelectual de quem os assiste.

Este tipo de atitude egocêntrica e sem o mínimo de percepção sobre aquilo que são, afinal, os interesses comuns dos clubes nacionais explica a tendência para o abismo do nosso futebol. É por isso que o futebol não é capaz de responder às novas exigências do mundo, é por isso que os problemas são sempre os mesmos e permanecem com o tempo. Numa realidade global, este tipo de atitude só pode conduzir para que, entre pequenas vitórias de uns e outros, averbem todos uma enorme derrota no longo prazo. Eles lá sabem...

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