Aproximando-se com grande rapidez a jornada europeia, salto a análise da deslocação do Porto a Paços para fazer uma pequena antevisão da bem mais interessante visita ao Calderon.
Penso já o haver referido aquando do sorteio, mas na definição de favoritismos, parece-me impossível atribuir-se ao Porto uma superioridade teórica. Isto porque é essa ordem natural das coisas. Se, por cá, os grandes têm sempre favoritismo pela capacidade de “absorver” as principais figuras do campeonato, também esse estatuto tem de ser dado ao Atlético por ser um emblema capaz de “pescar” nos grandes portugueses as suas principais individualidades. Mas o favoritismo acaba aqui, nas individualidades.
Para se explicar o que é o Atlético de Madrid em termos tácticos, basta dizer que tem um modelo muito semelhante ao do Benfica de Quique. Aliás, há hoje uma corrente no futebol espanhol que utiliza este 4-4-2 clássico de forma muito estereotipada e nada especifica, retirando, na minha opinião, qualidade e potencial às equipas. A isto junta-se um momento mau em termos de confiança, sentindo-se isso na forma hesitante como a equipa organiza o seu jogo ofensivo, tendo muitas dificuldades em fazê-lo. Em termos ofensivos é uma equipa particularmente forte em ataques rápidos e quando consegue lançar no espaço a dupla Aguero-Forlan. Outro movimento característico são cruzamentos e lançamentos largos para as costas da defesa contrária, ora para o aparecimento de um dos avançados, ora para apanhar uma diagonal de um dos extremos. Nota em termos individuais para a relevância táctica de Paulo Assunção, importante para colmatar o problema do espaço entre linhas que, tal como o Benfica, este Atlético apresenta.
Para o jogo será importante que o Porto acentue o mais possível a sua maior qualidade colectiva e diminua o efeito das individualidades adversárias. Isto é, situações de 1x1 ou 2x2 com extremos e avançados devem ser totalmente evitáveis. Depois, será importante que o jogo seja bem gerido do ponto de vista emocional. É que esta é uma partida que será seguramente muito vivida em Madrid. Para o Porto será importante, senão decisivo, evitar ao máximo fases de entusiasmo que contagie e inspire jogadores individualmente temíveis. Para tal não há segredos. Grande concentração táctica e técnica (erros individuais como os frente ao Schalke são proíbidos) e, depois, a importância de manter o Atlético sob ameaça. Aqui, espera-se que Hulk aproveite o espaço que o Atlético concede para protagonizar as suas explosões.