Desequilibrado - Do atrevimento de Jesualdo para este jogo resultou um pesada (e invulgar) derrota para o Porto. Confesso que me surpreendeu. Não pelo desfecho, mas pela facilidade com que o Sporting se superiorizou sempre ao seu adversário. Se considerarmos que o Sporting não apresentou, também, várias unidades do seu 11 base e que o Porto, apesar de todas as poupanças, elencou um equipa com qualidade individual e experiência muito acima do que é o nível médio da nossa Liga, e que ainda por cima teve a felicidade de marcar cedo, pode considerar-se muito pouco normal a diferença de rendimento entre as equipas. Neste aspecto, acrescento apenas o meu desacordo total com as declarações finais de Jesualdo. Talvez seja do momento, que exige paz e serenidade, mas o que se viu da equipa do Porto foi muito abaixo do que se pode e deve exigir, não sendo nem sequer verdade que o Porto tenha estado melhor no inicio do jogo. Esteve em vantagem, sim, mas sempre sob grande domínio do Sporting.
Sporting – É difícil dizer onde acaba o demérito do Porto e começa o mérito do Sporting, mas creio que neste caso se confundem bastante. O Sporting fez um jogo bastante bom, conseguindo um resultado expressivo que traduziu o domínio que realmente aconteceu durante todo o jogo. E nem sequer se pode falar de um jogo que correu bem, tendo começado a perder (num golo muito consentido). Nota no jogo do Sporting, e enquanto não esteve a vencer, para a prioridade que a equipa deu a uma circulação orientada para as alas. A bola chegou com uma facilidade enorme às zonas laterais da área contrária, onde o Sporting criou sucessivas zonas de apoios que tiravam partido da mobilidade dos seus jogadores, particularmente Romagnoli que é o jogador mais importante neste tipo de solução. Foi assim que o Sporting conseguiu o seu domínio, em organização ofensiva, circulando pelas alas e tentando depois ganhar as segundas bolas dos cruzamentos realizados. Depois do 2-1 o Porto abriu-se mais e o Sporting passou a encontrar mais espaços, controlando sempre, por outro lado, as iniciativas contrárias.
Individualmente, nota para a entrega de Adrien, que precisa ainda melhorar muito no aspecto do passe, e para o momento fantástico de Vukcevic. Aliás, voltou a ser utilizado na frente, onde poderá ser uma solução a ter muito em conta, sobretudo após a lesão de Liedson e a desinspiração dos restantes atacantes nos últimos jogos da Liga.
Porto – Como referi anteriormente, deixou muito a desejar esta exibição, mesmo considerando as condicionantes. A equipa foi altamente incapaz de segurar o Sporting em zonas mais afastadas da sua área e permitiu períodos demasiado longos de domínio contrário. Esta incapacidade do pressing em manter o jogo longe da sua área não é, aliás, exclusiva deste jogo. Já em embates anteriores se verificou, podendo ser uma ameaça para os jogos mais importantes que se seguem. É que perante equipas de maior qualidade individual é francamente perigoso permitir que o jogo se situe tanto tempo próximo da própria baliza. Se defensivamente o Porto esteve mal, poderia ter tido outra capacidade em termos ofensivos, até porque tendo chegado à vantagem cedo, era o Sporting quem se tinha de expor. Aqui, também, o Porto esteve aquém do esperado. Com conduções de bola sempre muito individualizadas, as transições morreram invariavelmente nos pés dos defensores contrários. Salvou-se uma iniciativa de Benitez que terminou numa boa situação de Tomás Costa. Muito pouco.