31.5.10

Ranking Europeu de Clubes, época 2009/10

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Era algo que tinha ficado prometido para o final da época e... cá está. A actualização do ranking de clubes europeus para a época 09/10. Deixo a lista de 150 primeiros clubes e, face a ela, não resta muito por dizer. Ainda assim, gostaria de destacar:

- Proximidade entre Inter e Barcelona, quase empate técnico e bem à frente dos outros.
- G6. A diferença entre os 6 primeiros e os restantes clubes é significativa.
- Excelente 8ºlugar do Benfica. Também muito positivo, o 14º do Porto.
- Bem mais modesto, o 47º do Sporting, ainda assim o 3º de Portugal, devido à modesta prestação europeia do Braga.





Sobre o Ranking, deixo também alguns esclarecimentos:

- Estão incluídos todos os clubes das primeiras ligas dos 16 primeiros classificados do ranking da Uefa.
- O Ranking divide-se em 2 componentes, que são somadas depois de pesadas. Pontuação europeia e pontuação doméstica.
- A pontuação europeia utiliza apenas os pontos atribuídos pelo ranking da Uefa.
- A pontuação doméstica utiliza a média pontual de cada clube nas respectivas ligas. A esta média acresce um bónus para campeões, vice campeões, vencedores e finalistas de Taças internas. A pontuação obtida é depois sujeita a uma pesagem em função do ranking da Uefa para o respectivo país.



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29.5.10

2002: 57 minutos de Ronaldinho

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Dificilmente um ocidental se sente num ambiente “normal” no extremo oriente (e vice versa). Tempos diferentes, rostos diferentes, culturas diferentes. Realmente, a experiência asiática produziu resultados tão estranhos que talvez uma personificação do Futebol seja uma boa maneira de começar explicar os acontecimentos. Certo, certo é que enquanto outros foram caindo, o Brasil aproveitou para confirmar a sua maior adaptabilidade histórica e, por via disso, concretizar o 5º título mundial. Poucos poderiam prever uma caminhada tão fácil para a final e foi no momento de maior dificuldade que surgiu, também, a mais inspirada das exibições. Um jovem mostrava-se ao mundo, decidindo de forma genial a passagem à meia final. Ronaldinho Gaúcho!

Em 2002, tinha apenas 22 anos e depois do Mundial asiático acabou por confirmar todo o potencial ao serviço do Barcelona. Tornou-se, mesmo, na maior das estrelas do futebol mundial na segunda metade da década. É por tudo isto estranho que, aos 30 anos, seja hoje confortável afirmar que o “clímax” da sua carreira na Selecção do Brasil aconteceu precisamente naqueles 57 minutos que disputou frente à Inglaterra. Ronaldinho voltou como principal figura nas previsões do Alemanha 2006, mas confirmou-se como a maior desilusão da prova, muito pela incapacidade de Parreira para criar um modelo que realmente tirasse o melhor da sua maior estrela.

Quanto ao Mundial, de facto, poucas justificações haverá para o que se passou. O primeiro presságio foi dado no jogo inaugural, com a derrota dos campeões europeus e mundiais, França, perante o Senegal. Na fase de grupos caíram a França, a Argentina – outro dos maiores favoritos – e Portugal. A Selecção portuguesa, de Figo e Rui Costa, foi a primeira vitima do outro “fenómeno estranho” da prova. A Coreia do Sul. A jogar em casa, os coreanos afastaram – sempre com muita polémica – espanhóis e italianos, chegando às meias finais. E assim, sem grande esforço, o Brasil terminava uma das suas piores fases de sempre com um título mundial. É que antes da prova, o Brasil teve a qualificação em risco, partindo para a prova sem grandes expectativas. Quem também aproveitou, claro, foi Ronaldo. Vingou-se de 1998 e de uma fase de lesões que o havia afastado da ribalta. Na Ásia renasceu para uma nova étapa da sua carreira e deu um decisivo passo para se tornar no melhor goleador da História dos Mundiais.



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27.5.10

Jesualdo e os erros cognitivos

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A História da humanidade está cheia de heróis injustiçados ou homenagens póstumas. A razão pela qual tantas vezes isso acontece está normalmente ligada com algo que é próprio da natureza do Homem. Erros cognitivos. Ora, num reinado de emoção, como é o futebol, é natural que a razão nem sempre impere na apreciação comum. E tudo isto para enquadrar o “fim de ciclo” de Jesualdo. O futuro – e o seu substituto – ditarão a correcção da mudança, mas não me parece lógico, à luz da razão, que seja tão unânime a saída do “Professor”.

O erro de Jesualdo
Qual foi, afinal, o erro de Jesualdo? Já aqui desmistifiquei (ou pelo menos esforcei-me...) o “dogma dos jogos grandes”, e tanto no plano quantitativo como qualitativo me parece que o trabalho de Jesualdo no Porto está bem acima de qualquer dúvida. O erro de Jesualdo foi, simplesmente, ser Jesualdo. Ou seja, quando entrou Jesualdo era um treinador de última hora, a prazo, com uma carreira sem qualquer feito que empolgasse o adepto comum. "Um perdedor", como vulgarmente se diz. Esse foi o rótulo com que entrou e aquilo que precipitou o tal erro cognitivo. Os psicólogos chamam-lhe o “viés da confirmação”, e consiste num erro comum em que as pessoas procuram elementos que confirmem uma ideia que está preconcebida, em vez de utilizar os novos elementos de uma forma racional e critica. A emoção, de novo, fala mais alto.

Herança pesada
Já o disse várias vezes: a substituição de um treinador só pode ser avaliada com o conhecimento do substituto. Nesse sentido, a saída de Jesualdo não será forçosamente um erro. O que tenho como certo, porém, é que quem virá a seguir terá uma pesada herança pela frente. Jesualdo não ganhou só 3 ligas em 4 anos. Leva 3 finais de Taça consecutivas e 4 apuramentos para os oitavos de final da Champions. 2 deles em primeiro lugar do grupo. E cá estaremos para ver quanto tempo demorará outro treinador a repetir este último feito num clube português.

Por tudo isto – e não esquecendo os condicionalismos excepcionais que teve desde a sua entrada no Dragão – há 2 coisas que me parecem claras:
- O seu sucessor não terá vida fácil.
- Um dos treinadores com mais sucesso (relativo) do futebol europeu nos últimos 4 anos, está agora livre.



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26.5.10

As jogadas que definiram o campeão

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Se o jogo se define nos pormenores, bem se pode dizer que foi nestas jogadas que o Inter se fez campeão. Nem todas resultaram em golo - aqui é que entra a tão famosa eficácia - mas nelas se criaram as melhores oportunidades para chegar ao golo. O ponto da análise, porém, está em perceber os detalhes tácticos que podem ter ajudado a marcar a diferença. Ao pormenor fica fácil perceber que se o Bayern perdeu o título muito se deve a algumas insuficiências defensivas que Milito acabou por penalizar. Porque o vídeo pretende ser auto-explicativo, fico-me por aqui...

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25.5.10

Inter - Bayern: A final em números

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A bola ou o espaço? Talvez este seja o grande dilema de uma qualquer estratégia. Ter a bola implica poder atacar mais, mas ter mais espaço implica atacar melhor. Da final não esperava outra coisa que não fosse a importância do detalhe sobre o domínio. Assim foi. Mais surpreendente, porém, terá sido a forma clara como as estratégias se radicalizaram. Bola para o Bayern, espaço para o Inter. A vitória do Inter não era – de forma nenhuma – inevitável, mas terá ficado mais próxima pela forma algo “naive” como o Bayern se expôs no campo. Foi isso que vimos e é isso que encontramos, também, nos números. É claro que para explicar a história do jogo não se pode evitar um nome: Diego Milito!

“Domínio consentido”, por José Mourinho
É uma expressão vulgarmente repetida no futebol, mas nem sempre com a mais correcta das aplicabilidades. Realmente, não será muito fácil encontrar um exemplo tão claro do que é “domínio consentido” como aquele que tivemos na final de Madrid. E não foi preciso esperar pelo primeiro golo. O Inter consentiu, de facto, o domínio ao Bayern e os alemães tiveram uma enorme superioridade ao nível do passe e da respectiva percentagem. O que se observa, porém, é que essa superioridade apenas acontece nos jogadores que participam na primeira fase ofensiva. Mais à frente, os avançados participaram mesmo menos do que os do Inter e tiveram percentagens de passe igualmente inferiores. Se juntarmos a isto, o maior número de desequilíbrios ofensivos, então temos verdadeiramente um exemplo de “domínio consentido”.

Milito: O “Príncipe” foi Rei absolutista
Nem era preciso recorrer aos golos. Milito foi peça fundamental da estratégia do Inter, o porquê de ser mais importante ter o espaço do que a bola. De facto, embora isolado na frente, Milito teve uma participação muito considerável e bem superior a qualquer avançado do Bayern. Isto, apesar da diferença de participação colectiva ser quase escandalosamente favorável aos bávaros. Mas mais do que a participação, Milito tem a seu favor a qualidade incrível das suas intervenções. Participou em todos os desequilíbrios ofensivos da sua equipa, não acumulou qualquer perda de bola e teve uma eficácia de passe superior à média da equipa. Isto – e reforço a ideia – apesar de jogar sozinho na frente.



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24.5.10

Mourinho: Ficção em carne e osso

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Não gera simpatia, nem se pode dizer que faça muitos amigos por onde passa. Serve-se simplesmente da sua competência para, caso após caso, conquistar o respeito e admiração de todos. Poderia estar a falar de Sherlock Holmes ou Dr.House, mas este é um caso bem real. A carreira de Mourinho volta a confundir-se com uma obra de ficção, numa sucessão de exemplos suficientes para espantar o acaso e tornar o treinador numa espécie de herói de carne e osso. E esse é o seu maior feito... pelo menos para já.

Os seus rasgos de heroísmo deixaram marcas em todos os países por onde passou e, por via disso, Mourinho será já um caso sem paralelo de misticismo e popularidade na História dos treinadores do jogo. Resta-lhe agora olhar para os factos e provar que é também capaz de se tornar o mais vencedor de todos. Afinal, já não falta tanto quanto isso...

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21.5.10

1998: Um fenómeno até Paris

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Para quem não viveu o tempo será sempre estranho combinar os factos. Afinal, ele foi a decepção da final e, ao mesmo tempo, o melhor jogador do torneio. Para quem viu e tem memória, porém, nada disto surpreende. Ronaldo era, na altura, o verdadeiro “fenómeno”. Algo que o futebol nunca vira, mesmo depois de conhecer Pelé ou Maradona. Ronaldo, o “fenómeno”, só jogou um mundial e foi em 1998. Depois, foi o outro Ronaldo, mais eficaz e até mais feliz. Um grande jogador, sem dúvida, mas não o “extraterrestre” que emergiu na segunda metade da última década do milénio. Se o Brasil desiludiu na final com o eclipse da sua estrela, pode dizer-se também que lá chegou sobretudo devido a ele. Se provas faltassem, temos a final frente à Holanda.

De 1994 para 1998, o Brasil pode ter perdido um título mundial, mas ganhou um património infindável de talento. Romário não esteve presente devido a lesão, mas mesmo sem esse relevante “R”, deu-se inicio à geração “R” do futebol canarinho. Ronaldo, Roberto Carlos e Rivaldo. Três fantásticos jogadores que entrarão no “Hall of Fame” do jogo juntaram-se aos campeões, tornando o Brasil numa formação de potencial inesgotável. Do ponto de vista mediático, havia ainda que juntar Denilson, o extremo das “bicicletas”, que havia protagonizado a mais milionária transferência da história, rumo ao Bétis de Sevilha. Um “flop” como se sabe...

Sobre Ronaldo, tinha 21 anos e levava 81 golos nas últimas 2 épocas, ambas como estreante, primeiro em Espanha depois em Itália. No seu currículo tinha já 2 prémios de melhor do mundo da FIFA, precisamente em 1996 e 1997. Ronaldo era um enorme jogador por tudo isto, mas o que o tornava especial era a especificidade do que fazia no campo. Ronaldo fez jogadas e dribles que nunca ninguém tinha visto fazer com tanta facilidade. Ronaldo era um jogador à frente do seu tempo, alguém que inovou o jogo do ponto de vista técnico. As suas lesões não foram suficientes para acabar com uma carreira cheia de feitos e êxitos, mas foram suficientes para não lhe permitir manter-se nesse patamar mais elevado em relação aos demais.

Sobre o Brasil, pode dizer-se que em 1998 assistiu-se a um grande desperdício. Zagallo confrontou-se com um problema que passaria a ser denominador comum de todos os seleccionadores: como fazer uma equipa de tantas estrelas. Em 98 até era fácil, mas Zagallo não foi capaz de tornar o Brasil numa equipa colectivamente consistente e sólida defensivamente. Sofria demasiados golos e vivia dos rasgos das suas individualidades. Por isso foi batida tão facilmente na final. Aliás, já o poderia ter sido frente à Holanda, não fosse o “one man show” de Ronaldo, que protagonizou praticamente todas as ocasiões dos brasileiros nos 120 minutos de jogo.



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20.5.10

Radosav Petrovic: o perfil do alvo do Sporting

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Radoslav Petrovic é o jogador do momento na imprensa portuguesa. Um médio de 21 anos que explodiu este ano na liga Sérvia. Para conhecer melhor de que jogador estamos a falar, proponho uma detalhada observação a 2 jogos. Precisamente os fervorosos “derbis” frente ao Estrela Vermelha. Partidas em que Petrovic saiu como herói, marcando e desequilibrando, mas que, também deixaram bem patente o tipo de jogador que é. Aqui fica o meu balanço...

O crescimento do mediatismo de Petrovic, não tenho dúvidas, tem a ver com o considerável número de golos que marcou. Petrovic tem um bom pontapé – que raramente utiliza – e uma estatura (mais de 1,90m) que lhe permite ser uma ameaça nas bolas paradas. A verdade, porém, é que Petrovic não é um provável marcador de golos. É, isso sim, um jogador posicional, inteligente e seguro nas suas abordagens (aliás como o provam os números de % de passe). Mas é também um jogador de pouca vocação criativa e com pouca velocidade de deslocamento, o que o torna pouco confortável numa função de “box-to-box”, como tem sido definido nas recentes descrições feitas na imprensa.


Em suma, as indicações de Petrovic deixam pouca margem para responsabilidades mais ofensivas. Pela sua idade, simplicidade e cultura posicional poderá evoluir positivamente como médio defensivo, mas, na hipótese do seu futuro passar pelo Sporting, terá de concorrer com Pedro Mendes e André Santos, o que não se adivinha fácil.

É por tudo isto que não se percebe totalmente qual o alcance desta aquisição. Ou seja, qual o seu enquadramento nas necessidades do plantel. Algo que teremos de aguardar para perceber. Isso e o preço, claro...



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18.5.10

O fantasma no caminho de Mourinho

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Um milionário que procura o líder que lhe possa dar, finalmente, o retorno desportivo que o seu investimento ambicionava. A escolha recai sobre um treinador conhecido pelo seu carácter desafiante e métodos revolucionários. Tanto um como outro são protagonistas possíveis desta história, mas a verdade é que este pode ser apenas o inicio dos vários paralelismos entre Herrera e Mourinho. Helénio Herrera, um treinador mítico para o futebol mundial e um autêntico “fantasma” para todos os seus sucessores nos “nerazzurri”. É por isso que para muitos, mais do que Van Gaal e o Bayern, Inter e Mourinho terão pela frente o “fantasma” de Herrera.

Geralmente é retratado simplesmente como o percursor do “Catenaccio”. Na verdade, porém, esse será o crédito menos merecido pelo misterioso argentino. Herrera não inventou o “Catenaccio”, nem sequer terá sido o seu mais fiél intérprete. Terá, isso sim, adoptado algumas filosofias dessa escola que nasceu em Itália uns bons anos, sequer, da chegada do técnico ao Inter.

Mas, se o “Catenaccio” não é uma criação sua, Herrera tem uma número espantoso de especificidades que são, de facto, a justificação de todo o misticismo em relação à sua figura. Conjuntamente com os títulos, claro. Aqui fica uma lista de curiosidades que ajudam a distinguir Herrera como um dos maiores treinadores de sempre.

O aspecto mental: “pensa rápido, age rápido, joga rápido”. A frase é do próprio, e se nos podemos focar na repetida palavra “rápido”, também devemos ter em conta que tudo começa no “pensa”. De facto, muito à frente do tempo, Herrera deu uma importância elevada à componente mental como factor essencial no desempenho das suas equipas e jogadores.

Os espaços: “criar espaços. No futebol como na vida, na pintura ou na música. Espaços livres e silêncios são tão importantes como aqueles que estão preenchidos.” Sinteticamente, a evolução táctica do jogo pode ser resumida a uma compreensão evolutiva da forma de lidar com os espaços. É neste contexto que Herrera é, também ele, uma parte desse trajecto. Antes do ‘Futebol total’ ou da ‘Zona pressionante’, Herrera já antecipava, também ele, a importância de uma nova maneira de pensar os espaços.

Atitude: “Ataca a bola” ou “Lutar ou jogar? Lutar e jogar!”. A atitude sempre foi e sempre será um condimento fundamental para o sucesso. A necessidade de incentivar e motivar constantemente os seus jogadores para uma atitude de grande intensidade nos jogos, foi também uma das traves mestras da filosofia de Herrera.

Treino: Estávamos ainda longe dos tempos da periodização táctica, mas, espantosamente, os relatos da filosofia de treino de Herrera, em plena década de 60, apontam já para a importância de ter a bola sempre presente.

Preparação: Viagens loucas para ver adversários e informadores espalhados por toda a Europa. A obsessão do conhecimento dos adversários num tempo em que as distâncias eram, na prática, muito maiores do que as de hoje, necessitava de métodos arrojados. Muitas vezes eles implicavam sacrifícios, mas nada que parecesse tirar o entusiasmo a Herrera. Também no campo da preparação física e dieta dos jogadores, o argentino era implacável. Bem à frente do seu tempo.

Carácter: “O que seria do futebol sem mim?” Podem ser muitos os pontos onde Herrera se distinguiu do ponto de vista técnico, mas dificilmente algo superará a especificidade do seu carácter. As suas intervenções públicas sempre provocaram reacções e muitos foram os conflitos que manteve com outros protagonistas. Entre todas as características, poucas superarão a arrogância que tantas vezes evidenciou. Para além de se auto afirmar como um “guru” do futebol moderno, Herrera acreditava mesmo ter uma falange de adeptos que lhe eram exclusivamente fieis. Essa foi uma teoria que defendeu aquando da sua passagem pela Roma, onde afirmou que muitos dos que outrora eram adeptos do Inter, torciam agora, e por sua causa, pela equipa da capital.

As restantes partes do documentário:
- Parte 2
- Parte 3
- Parte 4
- Parte 5
- Parte 6



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17.5.10

A jogada perdida de Pinto da Costa

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“Perguntaram-me qual o meu segredo. Em cada momento tenho sabido escolher os melhores jogadores, os melhores treinadores, os melhores dirigentes e às vezes lá vai uma sobra lá para baixo” (Pinto da Costa, 15-05-2009)

Não poderia ter ficado mais surpreendido quando, há um ano, me confrontei com esta declaração. Surpreendido pela lucidez que entendi nas palavras do Presidente portista. O segredo de “saber escolher” como arma fundamental para o sucesso é algo que há muito venho defendendo. Quanto a esta parte, porém, não há nada de invulgar na clarividência de Pinto da Costa. O que realmente me espantou foi a referência à “sobra lá para baixo”. É que se é raro ver alguém assumir os erros das suas opções, muito mais é assistir-se a uma antecipação dos mesmos. E é isso que entendi – e entendo – nestas palavras: a antecipação, lúcida, de uma “jogada perdida”.


Talvez a circunstância e o público alvo justificassem o termo, mas ninguém escolhe falar de “sobras” num discurso. Se lá estava a “sobra” era porque era bem mais do que isso. A outra coisa evidente é que estamos a falar de Jorge Jesus, entretanto a caminho do Benfica. Contratar Jesus pareceu-me sempre ser a “jogada” óbvia para alguém com tanta experiência como Pinto da Costa. Por isso o antecipei ainda com a época 08/09 em curso e por isso me surpreendi tanto pela sua não concretização.

Não contratar Jesus foi uma “jogada perdida”. Porquê? Talvez venha a falar de Jesualdo com mais detalhe em breve, mas nada tem a ver com o ainda treinador portista. Realmente, não dou sequer por adquirido que Jesus conseguisse fazer melhor do que Jesualdo. O erro esteve, isso sim, na oportunidade concedida a um concorrente. Não contratar Jesus foi permitir que este fosse para o Benfica e, como se provou, permitir que na Luz renascesse um concorrente muito mais forte à hegemonia portista.

Agora, será um pouco como nas cartas. Estamos na jogada seguinte e é de novo Pinto da Costa a ter a voz. Uma coisa é certa, porém: a “jogada perdida” já não pode ser alterada e se isso não estiver bem claro na hora da decisão, então estaremos mais próximos de um segundo erro.



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14.5.10

1994: Romário espreme a laranja

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Em 94 o mundo era dele. Romário, pois claro. Depois de conquistar o futebol europeu com as suas exibições na época de estreia pelo Barcelona, tornou-se na principal figura do campeonato do mundo desse ano. Um troféu que teve, para o Brasil, o condão especial de terminar com um jejum de 5 edições sem títulos, nem sequer finais. Esse é o primeiro facto que explica a enorme popularidade de Romário no Brasil. O outro tem a ver com aquilo que se passou logo a seguir à conquista de 94.

E assim foi, Romário venceu a Copa, regressou ao Brasil e gostou tanto do que lá encontrou que decidiu não sair. Um passo atrás, dir-se-ia, na carreira do jogador que no contexto europeu simplesmente se eclipsou depois do ponto mais alto da sua carreira. Um passo atrás na Europa, mas um enorme passo para a sua popularidade no Brasil. Os golos, aparentemente, custavam-lhe muito pouco e Romário partilhou essa facilidade com 3 dos 4 grandes clubes do Rio de Janeiro. Simplesmente, virou um fenómeno de popularidade como muito poucos jogadores conseguiram no Brasil. Por isso a sua presença na Selecção foi sempre tão discutida, mesmo em anos de avançada veterania.

Quanto ao Mundial, é verdade que a História consagrou Romário, mas bem vistas as coisas, poderiam ter sido outros. Desde logo, Baggio, protagonista de um verdadeiro “one man show” que carregou a Itália até à final. Baggio e Romário eram, aliás, os mais reputados jogadores naquele Verão e se Romário saiu por cima, muito se deverá à famosa série de grandes penalidades que definiu a final. Mas, para além destes dois, havia ainda Stoichkov, a super-estrela da previsível revelação búlgara e, já agora, companheiro de Romário no "dream team" de Cruyff.

Recordar que a fama de Romário na Selecção começou, em jeito de presságio, um pouco antes desta fase final. O Brasil jogava o jogo decisivo no Maracanã frente ao Uruguai. A relação do “baixinho” com Parreira não era a melhor mas o treinador decidiu confiar no indisciplinado genial. Romário terá feito a sua melhor exibição pelo Brasil, marcou os 2 golos da vitória e deixou Parreira “obrigado” a leva-lo para o Estados Unidos. O resto toda a gente sabe.

Falta, finalmente, falar do jogo. Quartos de final entre Brasil e Holanda, um jogo fechado na primeira parte e que explodiu na segunda. Foi aí, quando os holandeses se alongaram que apareceu Romário. Marcou o primeiro golo e foi também o protagonista invisível do segundo. É que foi graças a ele que a defesa holandesa "bloqueou" na expectativa do fora de jogo. Hoje, ainda muita gente credita a Romário a principal responsabilidade desse golo. Depois do 2-0 deu-se uma improvável recuperação holandesa que seria inutilizada pelo livre de Branco a 9 minutos do fim.

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13.5.10

As lições da Liga Europa, de Quique e do Atlético

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Quer o clube, quer o treinador são perfeitamente indiferentes a este efeito, com epicentro especifico em terras portuguesas. O treinador saiu de Portugal sob um enorme descrédito, agudizado pelos feitos do seu sucessor. A equipa, também por cá, se mergulhou numa exageradissima desvalorização, especialmente depois dos mal sucedidos duelos com o Porto. À luz de tudo isto, juntar Quique e Atlético só poderia rotundar em catástrofe. É por isso que o culminar triunfante do trajecto que Atlético e Quique partilharam, deve deixar muita gente confundida com a sua própria ignorância. Ou pelo menos devia.


Responsável, sim, incompetente, jamais
Foi Quique incompreendido em Portugal? A resposta é não. Teve todas as condições para ter sucesso, e se não o teve, deve sobretudo a si mesmo essa responsabilidade. Será então Quique um treinador incompetente? O raciocínio fácil, e generalizado, apontaria para um “sim” como resposta. Mas as coisas, no futebol como na vida, não são preto ou branco. O que se passou com Quique foi que entrou numa das ligas onde é mais difícil ter sucesso no mundo. Não é a primeira vez que digo isto – já o digo há muitos anos – mas talvez agora faça mais sentido. Em Portugal há um nível táctico muito elevado, especialmente nas equipas de topo, e é essa a razão que torna muito difícil o sucesso de qualquer treinador estrangeiro no nosso campeonato. Sobretudo no primeiro ano. Mas Quique não é um treinador inferior à generalidade dos treinadores espanhóis. Será mesmo dos melhores da actualidade.


O absurdo da “final antecipada”
Um dos maiores absurdos que ouvi esta época aconteceu nos quartos de final da Liga Europa. Repetidamente se opinou que entre Liverpool e Benfica se jogaria uma “final antecipada” e que quem passasse tinha abertas as portas da final. Ignorância. Perdoem-me a rudeza, mas não há outra palavra. Primeiro pela própria natureza da prova e da fase da época em que se disputa. Isso bastaria para o disparate, mas não é disso que quero falar. Valência e Atlético de Madrid – o duelo de que resultaria o adversário de Liverpool ou Benfica na meia final – têm potencial individual superior a qualquer equipa portuguesa da actualidade. Talvez não tacticamente, talvez não colectivamente, mas em termos individuais... seguramente. Liverpool ou Benfica seriam favoritos marginais, pode admitir-se, mas qualquer coisa para além disso é simplesmente absurdo.


A lição mais comum
É curioso como esta prova tem dado algumas lições aos portugueses. No ano passado, por exemplo, foi preciso ver o Shakhtar triunfar para se perceber que aquela equipa que havia jogado 4 vezes perante portugueses em tempos recentes possuía uma enorme qualidade individual. Talvez a maior de todas as lições, porém, seja aquela que se verifica quase todos os anos. Ou seja, a importância de se dar privilégio a esta prova na sua recta final. Sem isso, o sucesso é altamente improvável.
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12.5.10

Liga 09/10: Ranking de treinadores

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A análise é puramente factual, pelo que me merece poucos comentários. Apenas a acompanho com a explicação da mesma. Ou seja, esclareço que tem em conta uma expectativa pontual em função do favoritismo estabelecido pelas casas de apostas em cada a jogo e, claro, os pontos conquistados por cada treinador. Estão contabilizados os jogos de todos os treinadores (não interinos) durante a liga 09/10 em todos os clubes onde estiveram. A única questão mais subjectiva terá a ver com Manuel Machado e com o seu período de ausência. Surpresas?

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11.5.10

As escolhas de Queiroz e... as minhas!

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Queiroz escolheu e agora cada um de nós pode discordar das suas opções. Também não vou prescindir desse "gozo", mas antes quero reforçar que o mais essencial está por fazer: as tais 3 semanas. É na qualidade desse trabalho que se definirão as possibilidades de Portugal em chegar ao título. Muito mais aí, e muito pouco (mesmo muito pouco!) nas dúvidas e discordâncias que possam existir nesta lista.

Antes de deixar a “minha lista”, quero enquadra-la. Ela está pensada para um modelo em 4-4-2 losango, com 2 laterais agressivos e capazes de dar profundidade, com 1 “pivot” posicional e forte no jogo aéreo, com um meio campo criativo e um ataque móvel. É essa estrutura que julgo ser a ideal para Portugal, dentro das características dos seus jogadores. Uma equipa alta e pressionante, que tenha na bola uma ambição.


Porque penso que qualquer Selecção deve partir de um onze, parto (ou partiria) deste:  
Eduardo; Miguel, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Coentrão; Pepe, Tiago, Nani, Deco; Ronaldo, Liedson.


Por fim, dizer que quando penso num motivo válido para Portugal não se encarar como um candidato ao título, encontro... nada!

A "minha" lista:
Guarda Redes: Eduardo, Quim, Patrício
Defesas: Miguel, João Pereira, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Carriço, Coentrão, Duda.
Médios: Pepe, Meira, Moutinho, Meireles, Tiago, Veloso, Deco, Nani, Simão
Avançados: Ronaldo, Liedson, Hugo Almeida, Danny

Guarda redes: Não é muito relevante, mas é algo difícil de perceber a opção por Daniel Fernandes. Tem 26 anos e jogou emprestado no Iraklis desde Janeiro. Talvez o seleccionador tenha uma boa explicação, mas eu não a consigo imaginar.

Laterais direitos: Sem dúvida, levaria João Pereira em vez de Paulo Ferreira. Primeiro pelo perfil que idealizo para esta posição, que o lateral do Chelsea não preenche. Depois porque não tenho dúvidas de que João Pereira tem mais qualidade em termos globais. Espero que Miguel não volte a ter problemas físicos. Lembro-me sempre da final do Euro...

Laterais esquerdos: Levaria os mesmos que Queiroz levou. Mas tenho dúvidas que eles venham a cumprir o que Queiroz quer deles. Particularmente Coentrão. Se não lhe der ordens para defender alto e pressionar ao longo do corredor, se lhe pedir que fique preso aos centrais... Coentrão poderá ter muitos problemas. As dúvidas são tão claras que o próprio Queiroz levou um outro lateral esquerdo: Ricardo Costa. E vamos ver se não é ele quem vai jogar...

Centrais: Não há grande importância nas opções porque é indiscutível quem deve jogar e a qualidade das opções que haveria para levar como alternativa é bastante próxima. Já agora, parece-me óbvio que Zé Castro será o preterido se Pepe estiver em condições.

Médios defensivos: Porque não levaria Pedro Mendes? Porque no modelo que estou a idealizar neste exercício é preciso um “pivot” forte em termos aéreos. Pepe é a opção óbvia e a única alternativa dentro do mesmo perfil é Meira. Se não for para ser primeira opção, não me parece útil a presença de Pedro Mendes que é menos polivalente e fiável fisicamente do que Amorim e Moutinho, por exemplo.

Médios ofensivos: A principal critica que tenho a fazer é não levar Moutinho. Parece-me um jogador de enorme fiabilidade e polivalência que, para ser uma alternativa, mereceria mais confiança do que Veloso ou mesmo Meireles (que termina a época em muito mau momento). Dentro do modelo que estou a idealizar, seria uma alternativa útil para qualquer uma das 4 posições do meio campo. De resto, não me parece que haja muitas dúvidas.

Avançados: Apenas uma referência para Danny, que me parece ter sido uma opção importante de Queiroz. A sua polivalência e qualidade poderão fazer dele um joker importante para o Mundial.



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10.5.10

Benfica: "making of" do novo campeão

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O título confirma-se no fim, mas nesta altura já há pouco a dizer. Pelo menos, algo que acrescente realmente alguma coisa. Para fugir a discursos de circunstância, proponho um “flashback” sobre algumas coisas que fui escrevendo sobre o Benfica e que, afinal, marcam a caminhada do novo campeão...

 (13-02-2009) "Todos os anos há equipas que conseguem boas carreiras no campeonato, mas é preciso um grande exercício de memória para encontrar uma equipa que se tenha afirmado com um modelo de jogo com as características deste Braga."


(14-07-2009) "As diferenças são, no entanto, enormes ao nível da qualidade do modelo táctico e este ano ver-se-á seguramente um Benfica bem mais forte nesse aspecto."

(03-08-2009) "As indicações não devem enganar e o Benfica 09/10 não vai ser parco em bons momentos e em bons jogos."

(11-08-2009) "Impressiona a presença que alguns jogadores têm no jogo. Há quem fale de uma forma física acima dos níveis médios para esta altura da época. Errado. A diferença de performance não é física, mas táctica. Esta intensidade e este domínio, no entanto, não vão deixar de existir quando os jogos forem a sério."

(2-10-2009) "É um momento confuso para quem vê as coisas de uma perspectiva mais resultadista, sendo susceptível de levantar questões sobre se estará aqui um ponto de inflexão no futebol encarnado. Não está. Euforias e estádios cheios à parte, o futebol do Benfica tem uma qualidade adquirida, que não é apenas individual mas também colectiva."

(2-11-2009) "O Benfica é, até ao momento, a melhor equipa do futebol nacional, com uma qualidade fantástica. Uma vitória em Braga poderia ter tido um efeito mental enorme, quer na própria equipa, quer na concorrência. É uma oportunidade perdida, mas deste jogo não resulta nenhum indicio especialmente preocupante."

(13-11-2009) "É que essa evidente diferença qualitativa não tem reflexo na tabela classificativa, liderada pelo Braga, graças à vitória no duelo da “Pedreira”. Um registo que se estranha mas que, por outro lado, é coerente com algo que vem marcando a carreira de Jorge Jesus. A incapacidade de ter registos pontuais que correspondam à qualidade que se vê no relvado..."

(21-12-2009) "Resumir “táctica” a uma questão sistémica é algo que vai para além do redutor. “Táctica” é, essencialmente, a qualidade da acção colectiva nos diversos momentos do jogo. Ora, mais do que em qualquer outra coisa, é nessa “qualidade da acção colectiva” que o Benfica marca hoje a diferença no futebol português."

(19-03-2010) "Já o venho referindo, mas faço questão de o reforçar nesta hora. Entre todas as competições que o Benfica disputa nesta temporada, só uma lhe dará direito a um lugar de destaque na História. A Liga Europa."

(02-04-2010) "O vulgar “jogo-a-jogo” é uma ideia simpática e, até, uma via não impossível. A realidade, porém, é que as hipóteses só são realmente boas se houver jogos mais importantes do que outros para quem define o planeamento. É isso, de resto, que nos diz a história recente da competição e é isso que não deve ser ignorado na hora de pensar o “assalto” europeu."

(09-04-2010) "Um desperdício, reforço eu, porque a qualidade deste Benfica merecia mais ambição. É evidente que a eficácia foi essencial e até se pode aceitar algum sentimento de injustiça pela volumetria do resultado final. Não menos evidente, porém, é a desvalorização drástica desta equipa aos olhos do mundo. É que para quem vê de fora, a prova dos nove faz-se é nestes jogos."



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7.5.10

As probabilidades do título...

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Semana decisiva em Portugal e nos vários campeonatos europeus. Campeões em aberto, sim, mas quanto realmente há por jogar? A resposta, objectivamente, só os “especialistas de segunda feira” poderão responder. Acertar sempre foi com eles. Como eles estarão fechados até ao final do fim de semana, resta-nos fazer contas que, tristemente, não podem resultar me mais do que percentagens. Aqui, sigo a doutrina das tão populares agências de rating e distancio-me de opiniões pessoais para confiar apenas naqueles que mais motivos têm para não se deixar levar pelas emoções. As casas de apostas, claro. Toda a fé é legítima e a partir daqui cada um acredita no quiser...

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6.5.10

1990: A "apresentação" de Roberto Baggio

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Talvez seja estranho destacar-se um jogo com uma importância tão residual na prova. A verdade é que foi no último jogo da fase de grupos, entre duas equipas já apuradas – Itália e Checoslováquia – que se terá dado um momento importante, quer para a prova em si, quer para a própria história do futebol italiano. Depois de dois jogos com exibições “abaixo do par”, frente a Austria e Estados Unidos, Vicini resolveu trocar a pouco produtiva dupla Carnevale-Vialli pelo inspirado Schillaci e pelo talentoso Baggio. Ora, se “Toto” viria a ser o goleador máximo da prova, Baggio terá iniciado aí uma carreira lendária com a camisola “azzurra”. E de que forma a começou!

Roberto Baggio tinha apenas 23 anos, ainda não usava o seu famoso rabo de cavalo, e estava às portas de um defeso marcado pela já anunciada troca de emblemas. Da Fiorentina para a Juventus, onde conheceria o seu melhor período ao nível de clubes.

Baggio era um talento enorme, com uma invulgar capacidade para decidir, que jogava como falso avançado centro. Partia dessa posição, mas deambulava depois, à procura dos espaços por onde pudesse desequilibrar. Foi assim que chegou ao prémio de melhor do mundo em 1993 e que apenas não repetiu em 1994 por causa de uma série de grandes penalidades que tão famosamente lhe foi desfavorável nos Estados Unidos.
As grandes penalidades... Baggio terá marcado um número infindável delas na sua carreira, mas seguramente haverá poucos jogadores tão amaldiçoados por esse tipo de decisão. Para além da final de 94, Baggio caiu também desta forma em 90 e 98, mundiais que facilmente poderia ter ganho se esses desempates tivessem conhecido outro destino. E é isso – um título Mundial – que, creio, separa Baggio de uma imortalidade ainda maior, ou mesmo de uma consagração unânime como o melhor jogador italiano de sempre, ou como o melhor jogador europeu da sua geração.

Sobre o mundial de 90, resta acrescentar que depois desta fabulosa exibição, coroada com um dos melhores golos da História dos Mundiais, Baggio agarrou a titularidade... Ou melhor, agarrou até à meia final, quando Vicini resolveu devolver a Vialli a titularidade. Curiosamente, ou não, esta é outra marca da carreira de Baggio. Mais tarde, em 1998, Cesare Maldini haveria de repetir a opção de deixar o jogador de fora, desta vez em favor de Del Piero. Tal como na meia final de 1990, a Itália foi eliminada por penaltis e, tal como nesse jogo, ficou a sensação de que com Baggio desde o inicio, a história poderia ter sido outra.



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5.5.10

Nicolas Gaitan

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Na observação que fiz no último semestre de 2009, não tive dúvidas em destacá-lo como um dos nomes mais interessantes do futebol argentino. Por isso recomendei-o aqui em Dezembro (comparando-o precisamente a Di Maria), depois de o ter retratado no Talented Football. Se me pedissem um jogador para poder substituir Di Maria, não tenho dúvidas, era ele que apontaria. É por tudo isto que a chegada de Nicolás Gaitan a Portugal desperta em mim uma satisfação e curiosidade especial.

A perfeita alternativa a Di Maria
Não foi ainda dado como adquirida a saída de Di Maria, mas é normal que o clube tente capitalizar o momento do jogador através de uma transferência milionária. Normal e, na minha opinião, recomendável.

Facilmente se percebe que este é o contexto da aquisição de Nicolás Gaitan. O agora reforço encarnado tem de facto várias semelhanças com o seu compatriota. Canhoto, destaca-se sobretudo pela velocidade com que serpenteia com a bola colada ao pé. Um desequilibrador nato.

Arriscando, diria mesmo que Gaitan terá um requinte superior ao próprio Di Maria e que, neste sentido, pode superar a não muito longo prazo aquilo que faz o camisola 20. Talvez Di Maria seja mais forte no 1x1, mas Gaitan parece-me mais adaptável a zonas interiores. Ainda assim, Gaitan tem um caminho a percorrer. No Boca joga frequentemente como avançado móvel, solto de grandes responsabilidades tácticas e com pouca pressão para não errar. Em Portugal e na Europa, no entanto, Gaitan só pode ser extremo, e no modelo encarnado deverá jogar mais atrás, com mais responsabilidade na certeza de decisão e com uma missão mais global do ponto de vista táctico. Vai ter de jogar sem bola, de defender e de pressionar. O meu optimismo em relação à sua adaptação reside muito no mesmo motivo que explica a “explosão” de Di Maria em 09/10: o modelo táctico de Jesus. Gaitan terá a sua função definida e as suas decisões facilitadas pela qualidade do modelo. Cabe-lhe a ele, agora, a palavra final. Aquela que poderá fazer dele, ou não, uma estrela do futebol português no curto prazo.

O preço
O único “senão” da operação. 8,4 milhões é um valor muito elevado para o futebol português e para o futebol argentino onde, goste-se ou não, Gaitan não tem ainda um rótulo de “super estrela”, como tinham, por exemplo, Lucho ou Belluschi quando de lá saíram. Aqui, acredito em 2 coisas. A primeira é que há 6 meses, quando o referenciei, Gaitan seria bem mais acessível. A segunda é que o Benfica terá pago para não entrar em leilões de Verão e terá também sido vitima do conhecimento que o Boca tinha sobre a eminência de mais valias com Di Maria. Seja como for, o valor pago pode tornar-se insignificante se Gaitan conseguir a evolução que dele se espera.

O vídeo
A acompanhar o texto coloquei um vídeo com a mais recente exibição de Gaitan. Foi frente ao Independiente, numa vitória rara do Boca fora da Bombonera. Gaitan actuou 71 minutos e acabou por não ser um elemento decisivo, apesar de ter tido oportunidades para tal. Ainda assim, creio que foi uma actuação positiva do jogador que, de novo, actuou como avançado ao lado de Palermo.



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4.5.10

Porto - Benfica: estatística individual

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A espantosa jogada com que Belluschi sentenciou o clássico justifica todas as repetições. O que não mostra é a totalidade do impacto do argentino no jogo. De facto, Belluschi merece a distinção de melhor em campo, não só pelo soberbo momento de inspiração (que já se esperava há algum tempo!), mas pelo trabalho que foi desempenhando ao longo do jogo. Em particular na segunda parte, o ex-River Plate apareceu como nunca, participando em quase todos os desequilíbrios ofensivos da equipa e – talvez mais surpreendente – contabilizando um número de intercepções muito elevado, apenas superado por Álvaro Pereira e Fernando entre os dragões. Aqui ficam outros destaques.

A sintomática importância das intercepções
Será o dado mais relevante entre as estatísticas colectivas: o elevado número de intercepções. Em grande parte tal se deve à característica do jogo depois da expulsão, com o Porto mais baixo e o Benfica a correr uma maior dose de risco nas suas iniciativas. Por outro lado, porém, esta era já uma tendência que vinha de trás, explicando-se pela dificuldade que ambas as equipas sentiram em soltar-se do pressing contrário. Aqui, e como realcei na análise de ontem, o Benfica foi quem esteve sempre melhor. Conseguindo melhor circulação, mais passes e maior volume de jogo. Mesmo antes da saída prematura de Fucile.

Os mais interventivos: A importância do 10 e dos laterais
Começando pela posição 10 do modelo encarnado. Desde o inicio da época que venho reforçando a importância desta posição no modelo por ser aquela que mais influência tem no jogo da equipa. Ora bem, os números dizem isso mesmo. Carlos Martins foi o jogador que mais intervenções (passes, intercepções e remates) teve durante a sua passagem pelo jogo e, depois da sua entrada, Aimar passou a ser ele próprio o jogador mais influente. Aqui se percebe facilmente o quão importante pode ser o jogador que Jesus escolhe para esta posição e a diferença que podem dar Carlos Martins e Aimar nesse papel. Algo que o treinador não pareceu valorizar pelos magros minutos que deu ao argentino.

Ainda neste campo, destaque para Fábio Coentrão, um jogador que confirma a sua invulgar capacidade de recuperação, sendo aquele que mais intercepções acumulou em todo o jogo. Aqui, há que contar com a estratégia (falhada, diga-se) de Jesualdo em encostar Hulk ao vilacondense, forçando vários duelos, dos quais Hulk saiu maioritariamente a perder.

Mas se Coentrão foi o mais interventivo em todo o jogo, Maxi não andou longe. Do outro lado, e para confirmar a importância dos laterais, também foi o lateral esquerdo o mais interventivo. Álvaro Pereira. Claramente, nos laterais de ambas as equipas está tudo menos um pormenor do jogo colectivo.

A "ausência" de Cardozo
Outra das grandes notas do jogo é a limitadíssima participação de Cardozo. Algo que já vem de trás e que contrasta com Saviola. Aliás, o argentino teve sensivelmente o dobro da participação do 7 enquanto esteve em campo. Esta característica retira a Cardozo uma maior utilidade no jogo colectivo, apesar de todos os golos que vem marcando.

Já agora, e num caso idêntico, Farias também é conhecido por esta faceta pouco interventiva. Confirmou-o na primeira parte, sendo o jogador menos presente e acabou por ser vitima da situação de jogo no momento em que havia despertado para o jogo. Não só pelo golo, mas por uma entrada no segundo tempo que foi incomparavelmente mais cooperante com os interesses da equipa.

Hulk e Di Maria, os desequilibradores... mas pouco
Di Maria chegou a prometer, com um remate brilhante à barra e até realizou uma primeira parte de bom nível. A segunda, porém, foi de total desacerto. Menos interventivo e, sobretudo, muito mais errático. Essa foi uma das chaves do jogo, coincidindo com a explosão de Belluschi e é também uma contribuição para a ideia de que Di Maria está ainda longe de ter a consistência de um jogador do mais alto calibre.

Não exactamente igual, mas num registo semelhante esteve Hulk. Encostado à direita ao contrário do que vem acontecendo na nova estrutura, tinha o objectivo de “caçar” Coentrão. A verdade é que Hulk acabou... “caçado”. Sempre demasiado ansioso por desequilibrar, Hulk acabou por não o fazer em todo o jogo, mesmo quando este se partiu e criou condições ideais para si. Uma tendência que se repete com demasiada frequência e que urge ser trabalhada sob pena do seu enorme potencial passar verdadeiramente ao lado de um aproveitamento ideal.



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3.5.10

Porto - Benfica: Diferença de carácter

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Mais do que um jogo, era um duelo. Jogava-se a honra de um lado e a afirmação de um estatuto do outro. E a diferença ter-se-á feito pela compreensão do que estava em causa muito mais do que por aspectos técnico-tácticos. É que se o Porto não se conseguiu superiorizar no fluxo normal do jogo, teve outro carácter na hora de puxar dos galões. Talvez seja mesmo a palavra essencial: carácter.

O mérito do dragão
Nestas coisas do futebol é sempre assim. Só há lugar para um. Assim, no final, todos os outros são maus. É o que está a acontecer com este Porto e com Jesualdo. A verdade é que não só o Porto continua a ser uma equipa muito forte – como frequentemente o faz questão de provar – como o trabalho de Jesualdo não sai minimamente debilitado com a época que está a realizar. Pelo contrário.

O Porto, como disse antes, não foi uma equipa mais forte do que o Benfica enquanto o jogo esperava um momento de definição. Equilibrou as operações, é verdade, mas não evitou uma ligeira superioridade do Benfica, espelhada na qualidade de circulação e na capacidade de recuperação, jogada após jogada. Era, de resto, já normal que não o fosse, tendo em conta a força do adversário e, por outro lado, a “frescura” das sua própria estrutura.

Diria, portanto, que no aspecto colectivo, em termos técnico-tácticos, o Porto esteve bem. E apenas “bem”. Onde esteve soberbo foi no carácter. Na capacidade de esperar pelo momento certo para ganhar vantagem. Na alma com que se reergueu de um momento francamente difícil. Na inspiração com que, finalmente, “matou” um adversário.

Ganhar como o Porto ganhou... não é para todos!

As questões de Jesus
Ninguém pareceu muito preocupado com a derrota... afinal o título é praticamente uma evidência. A verdade é que, na minha opinião, o que se passou no Dragão deveria preocupar muito Jorge Jesus. A qualidade do seu modelo é o grande segredo do sucesso desta equipa, aquele que mais merece ser relevado, mas há algo de estranho neste Benfica. Algo que parece afastar os resultados do verdadeiro potencial que a equipa reflecte no campo. Um sintoma que já aqui havia identificado e que parece ser ponto comum das equipas de Jesus.

Há algo de paradoxal num treinador que explode perante um passe errado de um jogador e que, depois, afirma ter dito aos jogadores ao intervalo que não era obrigatório ganhar aquele jogo, que havia mais 90 minutos. Não que isso explique por si só o insucesso da equipa neste jogo concreto, mas porque há indícios de uma desvalorização estranha de objectivos importantes e que estão perfeitamente ao alcance da equipa.

Se o Benfica é melhor – que é! – e se vê perante um adversário em inferioridade numérica, num jogo decisivo e num campo onde ganhar não seria apenas “mais uma vitória”, porque razão será aceitável perder?! Estes, mais do que qualquer outros, são os jogos em que é preciso ganhar. Porque é nestes jogos que se fazem as grandes equipas.

Questões como deixar Aimar de fora e substituir Saviola numa fase crucial do jogo merecem ser levantadas, mas esse nem me parece ser o ponto essencial da questão. O que sobra a este Benfica em qualidade e potencial falta-lhe em capacidade de superação nos momentos chave. Será (seguramente!) campeão porque foi muito melhor, mas esta incapacidade afasta-o do nível de excelência que estava ao seu alcance.



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1.5.10

1986: Nem Deus, nem diabo... Maradona!

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É até escusado introduzir. O México 86 não será nunca um mundial igual aos outros devido a ele. Maradona. A História do futebol diz-nos que não chega o talento. São precisos momentos especiais nos grandes palcos para que os maiores craques virem lendas. E, neste contexto, ninguém terá tido um processo de imortalização como Maradona naquele Mundial. Para a posteridade, como se não bastasse um título praticamente “a solo”, fica um jogo em que teve o condão de protagonizar, em menos de 5 minutos, aqueles que foram, provavelmente, os 2 momentos mais memoráveis na História do Jogo. Dir-se-ia que se, naquela tarde de 22 de Junho, Deus e o diabo desceram ao estádio Azteca, então certamente que se cruzaram!

Na verdade, fazendo uma contextualização cronológica do Jogo, o Mundial de 86 representa uma espécie de retrocesso brusco na evolução da importância do colectivo sobre o individual. De repente, parecia que tudo se definia pela qualidade de 1 só jogador. Maradona era o centro do jogo argentino de uma forma que mais nenhum jogador conseguia ser, e – espante-se! – isso parecia fazer dos argentinos imbatíveis. Digamos que no alinhamento do 11 argentino importava Maradona e tudo o resto era excesso de informação.

No que respeita ao jogo, ele foi, como não podia deixar de ser, ditado pela evolução do próprio 10 argentino na partida. Os ingleses entraram visivelmente temerosos e encolhidos. A tal ponto que se pode dizer que a Argentina dominava territorialmente quase sem fazer nada por isso. O que se passou depois foi um processo de descompressão táctica inglesa, com a equipa a alongar-se progressivamente no campo. À medida que o foi fazendo, porém, foi também criando mais e mais espaços entre linhas, mais e mais oportunidades de transição. E, assim, foi-se criando o "ambiente" para Maradona, até à dupla inspiração do capitão argentino. Depois do 2-0, o jogo mudou radicalmente. A Argentina baixou e os ingleses passaram a dedicar-se a um assalto à área contrário, muitas vezes através do seu célebre pontapé longo. Barnes, uma espécie de “Maradona inglês”, criou de forma soberba o 2-1 que Lineker encostou. A mesma jogada, aliás, voltou a ser protagonizada pelos mesmos pouco depois e quase forçou um empate, na sequência de uma perda de bola de... Maradona.

Sobre Maradona, há algo que queria acrescentar. Desde muito cedo na sua carreira se percebeu que estava ali um talento raro. Aliás, a grande diferença entre a Argentina de 82 e 86 era precisamente a percepção de quem era a sua grande referência. Provavelmente o título de 78 e o protagonismo dos seus heróis terá dificultado esta compreensão e isso impediu outro trajecto no mundial de Espanha. Mas o que quero realçar sobre Maradona, individualmente, é algo que raramente é referenciado. Obviamente que a sua visão e técnica foram os ingredientes que o tornaram especial, mas também no aspecto físico Maradona era excepcional. As suas progressões em posse, as suas mudanças de direcção só foram possíveis pela agilidade e capacidade de equilíbrio que possuía. Algo que se foi tornando menos evidente com o evoluir da carreira, mas que fica muito claro quando se vê Maradona nos seus primeiros anos.



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