16.2.09

Belenenses - Sporting: A arte de complicar e... resolver

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O jogo terminou com o vencedor lógico e, até, com este a desperdiçar soberanas oportunidades para dar mais folga ao seu triunfo, mas, apesar de toda a superioridade revelada, a verdade é que o Sporting esteve muito perto de lhe ver fugir os 3 pontos. De facto, a primeira parte foi de grande domínio leonino, aproveitando a má organização colectiva de um Belenenses que, não só não lidou bem com a mobilidade apresentada pelos jogadores do Sporting, como, depois, foi incapaz de se soltar ofensivamente.

1 jogo, 3 fases emocionais distintas – O futebol é assim mesmo. Um jogo que se antecipa e prepara racionalmente mas que, depois, vive muito de momentos puramente emocionais. Neste jogo tivemos 3 absolutamente distintos. O primeiro é menos emotivo e mais racional e vai até ao golo do Belenenses – uma jogada com alguns erros defensivos que amanhã analisarei. O golo ditou, não só a vantagem no marcador, mas também um desequilíbrio na balança emocional do jogo, claramente favorável ao Belenenses. O Sporting perdeu lucidez, organização e concentração, enquanto que o Belenenses ganhou crença e confiança e soltou-se como não havia feito antes. As substituições são importantes porque trazem gente com cabeça mais distante deste turbilhão emocional. Paulo Bento jogou bem com elas e teve a indispensável sorte de um momento de inspiração. Um só momento faz toda a diferença porque, a seguir, temos uma nova fase, emocionalmente contrastante com a anterior. O empate fez a confiança e crença mudarem de campo e, para mais, tirou lucidez organizacional à já mal organizada equipa do Belenenses. O 1-2 tornou-se praticamente inevitável.

4-4-2 clássico e algumas novidades – O Sporting apresentou-se em 4-4-2 clássico no Restelo, com Adrien ao lado de Rochemback. Na verdade esta não é uma alteração muito relevante face ao que se vem observando porque, desde o regresso de Vukcevic ao 11 base, o Sporting vem apresentando um meio campo naturalmente mais largo, onde a amplitude de movimentos de Moutinho aproxima muito mais o 6 do 10 em vários momentos. Paulo Bento teve outra particularidade que foram as opções para as laterais. Miguel Veloso é importante ali porque, numa equipa que sente muitas vezes dificuldades em sair a jogar em apoio (essencialmente por recear a perda), torna-se numa solução mais para o primeiro destino das jogadas. O jogador tem, no entanto, algumas lacunas no desempenho da posição. Primeiro a sua decisão de passe nem sempre procura a simplicidade aconselhada para uma saída pelo corredor. Segundo, tem enormes (e algo surpreendentes) dificuldades em definir o seu posicionamento defensivo em transição, fixando-se em demasia em referências individuais e ignorando a importância dos espaços. Trouxe já 1 exemplo sobre isto frente ao Marítimo e Veloso tem voltado a repetir essa dificuldade (por exemplo no segundo golo sofrido frente ao Braga). Depois, jogou Pedro Silva. É um risco jogar com este jogador que é mais forte fisicamente do que Abel mas que arrisca demasiado em posse e que tem muitas dificuldades em dar segurança ao flanco. Ainda no campo das notas individuais, merece referência Adrien. É um jogador que promete e terá feito o seu melhor jogo no Sporting. Ainda assim, a sua evolução precisa ainda de confirmar um crescimento no capítulo do passe e no controlo das primeiras bolas aéreas. Um adversário tão mal organizado não foi, claramente, o melhor dos testes.

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