31.12.08

Bom ano!

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Não me vou atrever a fazer um balanço de 2008 porque há sempre tanto para contar que o mais certo era ficar algo por dizer. O balanço mais oportuno é, creio, aquele que se vai fazendo em cada momento e esse, seguramente, está feito.

Não posso, no entanto, deixar uma antevisão para 2009. O clima de crise financeira global leva-me a pensar que o futebol não ficará de fora. Se a crise afectou investimentos, afectará seguramente muitos dos "magnatas” que investem fortunas no futebol sem grande objectivo de retorno. Esse capital é, infelizmente digo eu, um dos principais motores da economia do futebol. Se os “magnatas” (muitos no leste) se encolherem na hora de investir, todo o mercado se ressentirá, juntando esse efeito a um outro, mais previsível e inevitável, que tem a ver sobretudo com a quebra nos investimentos em publicidade e com a menor facilidade na obtenção de crédito. Isto poderá levar, numa primeira instância, a um aumento enorme de notícias especulativas, tentando agitar um mercado que, quase irremediavelmente, não deixará de se ressentir.
Em Portugal também poderá ser um ano muito importante, nomeadamente se algo for feito em relação às punições desportivas por incumprimento salarial. Pode ser este o ano em que muitos clubes sentirão realmente o efeito do impacto de uma queda livre que já se iniciou há muito.
O futebol poderá, com tudo isto, tornar-se um palco menos apetecível para certos actores (o que não é necessariamente mau), mas há uma coisa de que estou seguro e que me satisfaz profundamente. Seja qual for o resultado da crise, em 2009 haverá, de novo, grandes jogos, grandes golos e grandes momentos de futebol. O dinheiro tornou-se na maior condicionante da indústria associada ao jogo. Para quem, como nós, gosta mesmo é da bola, não há grande coisa a temer!

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Top 5 de 2008

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É obviamente uma compilação discutível. Para mim, a "chilena" de Ronaldinho é o melhor que me lembro de 2008.

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30.12.08

Queiroz: Um discurso que preocupa

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“(...)depois de aceitar tinha duas opções: ou optava pela atitude de bebé chorão e a arranjar desculpas, mas nunca foi essa nem nunca será a minha atitude, ou arregaçava as mangas e aceitava os desafios. Optei por esta segunda via(...)“
“Se eu de repente começar a falar noutra língua, talvez as pessoas sejam mais generosas. Talvez isso acontecesse se eu falasse espanhol, inglês ou português com sotaque… Mas nem todos os adeptos portugueses têm a memória curta daquilo que eu fiz pelo futebol português e daquilo que tenho feito ao longo da minha carreira.”
“O que não temos é o Mundial'2010 em Portugal. Se isso acontecesse, teríamos dois anos de preparação, iríamos fazer 17 ou 18 jogos amigáveis e estaríamos automaticamente apurados. Mas não é isso. Vou dar este dado: desde o dia que peguei na Selecção e até ao último dia de qualificação, a Selecção vai fazer menos jogos do que Portugal teve desde o primeiro dia até entrar no Euro'2004(...)”

Queiroz, in Ojogo


Não me quero alongar muito sobre o assunto. Primeiro porque não me revejo em qualquer parte duma divergência entre apoiantes de Scolari e Queiroz que parece ter dividido grande parte dos adeptos portugueses. Depois, porque já falei mais alongadamente sobre ele (aqui e aqui), inclusivamente quando primeiro surgiu, na primeira conferência de imprensa da era Queiroz.

Ainda assim torna-se impossível fugir a algumas palavras que o Seleccionador deixou na sua mais recente entrevista. Que Queiroz é quem menos beneficia com as recorrentes comparações com Scolari já todos percebemos. Como também já aqui escrevi, o actual Seleccionador tem muita responsabilidade na alimentação deste “fantasma”, já que foi ele o primeiro a falar do passado, mal chegou. Se já me parece pouco perspicaz não aprender com o sucesso dos outros, reduzindo-o a uma série de criticas mais ou menos directas aos métodos utilizados, esta insistência em comparações com o passado parece-me denotar uma falta de lucidez potencialmente perigosa.

O trabalho de Queiroz é conseguir resultados no presente e no futuro. O passado, quer o seu, quer o de Scolari, não lhe vai valer qualquer golo rumo ao apuramento e muito menos servirá de desculpa para qualquer falhanço. Talvez não se aperceba mas este discurso está precisamente a fazer Queiroz parecer o “bebe chorão” que não quer ser, arranjando desculpas não só para os seus insucessos mas também para o sucesso dos outros. Nas horas dificeis, mais do que nunca, é fundamental manter o controlo emocional que permita conservar a lucidez que é necessária para se ter sucesso. É precisamente por isso que, num líder, este discurso pode ser um pronuncio preocupante.

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Showboat! (com muito azul)

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29.12.08

Rendimento comparativo dos 3 grandes

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Nesta pequena paragem natalícia que marca também a viragem de ano civil procura-se fazer alguns pontos de situação em relação à prestação de cada um dos grandes clubes, com esse difícil objectivo que é comparar prestações reconhecidamente próximas, mas sobretudo dispares no que respeita ao comportamento nas diversas provas a que os clubes foram sujeitos.
Para essa difícil tarefa que é conseguir uma medida qualitativa que compare então o rendimento dos 3 maiores do nosso futebol, voltei a recorrer às perspectivas das casas de apostas para cada um dos jogos oficiais até agora jogados. Desde a Supertaça, em Agosto, ao polémico jogo entre Benfica e Nacional, pouco antes do Natal. A ideia é conseguir uma expectativa de pontos realista para cada um dos jogos, comparando-a depois com o que realmente foi conseguido.

Notas importantes
Primeiro, convém referir que este tipo de análises comparativas apenas fazem sentido se o nível expectável das equipas em comparação for idêntico. Para o caso, este pressuposto é satisfeito, ainda que existam algumas ligeiras diferenças, nomeadamente em relação ao Porto, por ter sido a equipa portuguesa de maior sucesso nos últimos anos. Este facto, ainda que não seja o principal factor, explica a maior expectativa global em relação ao número de pontos conseguido pelos Dragões.
Em segundo lugar, convém esclarecer que na componente “Taças” estão incluídos todos os jogos de Taças nacionais até agora disputados, incluindo a Supertaça e o recente Sporting-Maritimo para a Taça da Liga. Aqui é importante ainda notar que as eliminatórias de Taça que foram decididas em penaltis são consideradas como empate, contando 1 ponto para cada uma das equipas. O propósito não é medir os objectivos globais das competições, mas sim a prestação jogo a jogo.

Conclusões
Porto em crescendo

Começou com a perda da Supertaça (responsável pelo rendimento negativo nas Taças internas) e passou por um período atipicamente negativo em Outubro. Os valores mensais dos portistas confirmam, no entanto, que 2008 teve uma ponta final prometedora para 2009. Em Novembro e Dezembro, os portistas conseguiram 2 meses de rendimento acima das expectivas e acima de qualquer dos outros rivais. Mesmo com expectativas mais altas, nomeadamente nas prestações europeias, o Porto conseguiu terminar 2008 com um registo positivo e parece preparado para dar seguimento a um ciclo de maior regularidade.
Porto mês-a-mês:
(Agosto, Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro)
(-18%, -4%, -28%, +25%, +22%)

Sporting mais regular
Talvez seja uma surpresa para muitos, mas a prestação dos leões foi mesmo aquela que mais superou as expectativas globais. Para este comportamento, o Sporting contou com a importante vitória na Supertaça e com a histórica prestação europeia que, claramente, superou e muitos as expectativas dos analistas. Outro aspecto importante no registo leonino é o facto de ter registos positivos em todos os meses até agora. É claro que o efeito das grandes penalidades na Taça não está aqui contemplado (o jogo conta como empate) e que os 3 pontos de atraso em relação ao Benfica na liga retiram grandes parte do optimismo para o que falta jogar. A verdade, porém, é que o melhor comportamento do Sporting não pode surpreender se tivermos em conta que foi a equipa que mais vitórias e pontos conseguiu no total de jogos disputados até agora.
Sporting mês-a-mês:
(Agosto, Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro)
(+64%, +5%, +14%, +4%, +20%)

Benfica paradoxal
O primeiro ponto, claro, é notar que o líder da prova que tem maior peso nesta análise – o campeonato – e o único a conseguir nessa competição um rendimento que supera as expectativas, é também o único que tem um rendimento global negativo. O paradoxo de resultados encarnados atinge o seu ponto mais negativo na desastrosa campanha europeia, com 4 derrotas em 6 jogos. Também na Taça de Portugal a prestação foi bastante fraca, sobretudo, a “quase humilhação” aos pés do Penafiel. Fica, por isso, claro que a liderança não pode servir para esconder os problemas de rendimento global que, a manterem-se em 2009, irão seguramente extender as suas consequências à principal prova nacional.
Benfica mês-a-mês
(Agosto, Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro)
(-43%, +35%, -5%, +4%, -38%)

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A "Rabanada" do talento Diego Biseswar

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24.12.08

não há balizas, mas nem tudo se perde... Bom Natal!

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23.12.08

Benfica - Nacional: Forreta, mas justo

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Merecido – A emoção e incidências do final de jogo acabaram por fazer com que se esquecesse grande parte do jogo, mas a verdade é que se fizermos as contas à totalidade da partida, temos de realçar uma exibição globalmente fraca do Benfica que acaba por não justificar a totalidade dos pontos. Aliás, se no assédio final o Benfica poderia facilmente ter arrancado o golo que lhe daria essa vitória, o Nacional justificara claramente um golo pelas ocasiões verdadeiramente clamorosas que construiu no primeiro quarto de hora da segunda parte. Recordo-me de referir que se o Benfica repetisse exibições como aquela que lhe valeu os 3 pontos frente à Naval se arriscaria a perder várias vezes pontos em casa. O tempo passou e muitos dos problemas desse e de outros jogos arrastaram-se também até hoje. A única coisa que me parece desacertada é o facto desta partida não ter tido golos, porque os justificava para os 2 lados.

Nacional –O Nacional tem muito das virtudes que fazem do Leixões uma sensação (aliás, não está muito distante pontualmente). Essencialmente pode-se falar de qualidade individual e, sobretudo, dessa qualidade fundamental que é perceber a capacidade de definir e interpretar um estratégia realista e de acordo com as aspirações da equipa no jogo. Digamos, que, mais do que organizada, é uma equipa com ordem. De resto, um bloco baixo com muitas referências individuais na marcação foi suficiente para neutralizar o Benfica em grande parte do tempo e, depois, uma posse de bola que tirou partido da boa técnica dos seus jogadores e que acabou por, em vários lances, aproveitar as lacunas defensivas do adversário. Será uma grande oposição também para Porto e Sporting na abertura do ano.

Problemas – Já falei tantas vezes do problema do espaço entre linhas que penso ser desnecessário voltar a detalhes sobre o mesmo, numa noite em que, mais uma vez, o problema se manifestou. O jogo com o Nacional, ou melhor grande parte dele, denotou outras lacunas. A equipa tem dificuldade em encontrar soluções ofensivas e quando os adversários percebem como impedir as principais individualidades de fazer a diferença, o Benfica parece bloquear colectivamente. Primeiro, faltou Reyes, o jogador que, como já havia referido, parece ser a principal solução para ligar o jogo do Benfica, num recurso à valia individual para tentar colmatar as dificuldades colectivas. Depois destaco também o equivoco de colocar Cardozo com Suazo. Cardozo é um jogador de perfil totalmente desajustado a este modelo, ainda que tenha qualidades verdadeiramente invulgares e que podem decidir a qualquer momento. Ao colocar-se o paraguaio ao lado de Suazo está-se a obrigar a que seja o hondurenho a procurar apoios recuados, já que Cardozo tem muito pouca mobilidade. Assim, Suazo vem para a “floresta” do miolo, sendo totalmente incapaz de aplicar a sua capacidade de explosão.
Tem-se falado na falta de um jogador com mais cultura de posse para o meio campo. É um hábito (não só neste caso) recorrente ouvirmos abordar problemas colectivos com referências a individualidades. Se é óbvio que a qualidade individual pode, no limite, resolver quase tudo, também me parece extremamente limitado essa abordagem na análise. Sobretudo neste caso.

Balanço – Não é um balanço exaustivo, mas apenas uma opinião sobre a evolução deste Benfica. Os problemas identificados na pré época não foram resolvidos e houve mais do que tempo para o fazer. A equipa lidera o campeonato e, na minha opinião, permanece um candidato claro ao título, dada a vantagem que tem e, sobretudo, a capacidade individual que possui. É, no entanto, claro que o Benfica não poderá manter o rendimento global (verificado em todas as competições) para poder pensar em lutar por esse objectivo até ao fim.

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Aparece Pino... 2 anos depois!

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22.12.08

Porto - Marítimo: afinal sabem defender...

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Surpresa – Tinha aqui referido que era preciso não cair no mesmo erro, mas em sentido oposto, de muitos na altura das 3 derrotas consecutivas. Se o Porto de então não vivia mais do que uma crise circunstancial e não estrutural, potenciada pelas incidências dos próprios jogos, o Porto de hoje não atingiu ainda um nível qualitativo que o possa tornar na máquina trituradora de 07/08.
Pois bem, a verdade é que, apesar disto, este jogo me surpreende duplamente. Em primeiro lugar porque não esperava um tropeção contra este Marítimo, tão macio nos últimos jogos. Em segundo, porque, acontecendo o desaire, não me parece que o Porto tenha revelado tantos problemas como, por exemplo, frente a Setúbal ou Académica.
Ainda assim, e apesar do domínio portista em muitos momentos do jogo e de algum desperdício num número de ocasiões que deveriam ter evitado o nulo, não me parece errado o empate para aquilo que foi o jogo. É que o Marítimo não só melhorou defensivamente em relação aos últimos jogos, como ainda dividiu alguns períodos em que a sua posse foi mais capaz (como no inicio da segunda parte) e, principalmente, há que ter em conta que também os insulares se podem queixar de bastante infelicidade por não terem feito um golo no Dragão.

Marítimo – Surpreendeu-me a equipa de Lori Sandri. Ofensivamente foi perigosa e sobretudo muito esclarecida com bola, particularmente a entrada de Djalma, criando muitos problemas ao pressing do Porto. Defensivamente não foi brilhante, baixando por vezes demasiado o bloco e dependendo sempre muito da densidade numérica. A verdade porém é que controlou a profundidade que lhe fora fatal frente ao Benfica, mantendo-se sempre solidário, equilibrado e lúcido ao longo de 90 minutos de muito assédio. Só não estou convencido que se tivesse sofrido 1 golo, o Marítimo não se voltasse a abrir e expor defensivamente. Mas isso é algo que nunca poderemos saber...

Sem transições – Como referi, o Porto teve bons momentos no jogo e, até, conseguiu fazer uma melhor ocupação dos espaços no último terço de campo, sobretudo na primeira parte. Hulk apareceu mais vezes sobre a direita e menos na mesma zona de Lisandro (onde, diga-se, se torna contraproducente perante defesas mais densas). Lucho ganhou com isto e apareceu muito mais no jogo, ainda algo desinspirado ofensivamente, é verdade, mas já com algum espaço que lhe permite aparecer a desequilibrar com movimentos sem bola. Apesar disto, porém, o Porto foi pouco incisivo, esbarrando em demasia num bloco muitas vezes muito baixo e denso. O problema principal tem a ver com o facto de o Porto, impondo-se no jogo em vários momentos, não o ter feito através das acções em que é mais forte: as transições. O pressing não funcionou como é desejável, umas vezes pelos problemas que este novo figurino traz também à fase defensiva, mas sobretudo porque o Marítimo tem muita qualidade de circulação, conseguindo evitar essas perdas em zona mais adiantada. Com transições mais raras, o sucesso só poderia vir, ou de ataque organizado, onde é mais difícil e o Porto não é tão forte, ou de lances de bola parada, onde o Porto não foi feliz.

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Sporting - Académica: menos 2 pontos para 2009

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Nulo – Do nulo de Alvalade resultam, do ponto de vista do Sporting, essencialmente duas explicações. A primeira, mais simples e mais relevante, tem a ver com o desacerto na finalização num número de jogadas que deveria ser suficiente para fazer pelo menos 1 golo. O segundo, menos importante para o jogo mas mais interessante para efeitos de análise, é o tempo que o Sporting demorou a impor-se verdadeiramente no jogo.
Sobre este último ponto, Paulo Bento fez, como lhe é hábito, uma análise correcta no final do jogo. Primeiro o Sporting teve falta de fluidez e entrosamento colectivo com bola, juntando-lhe algumas más decisões individuais. Depois, sem ela, a equipa permitiu muito espaço entre sectores, o que dificultou a abordagem a algumas segundas bolas quando a Académica tentou evitar o pressing do Sporting com solicitações mais directas e, também, alguma permissividade perante a posse de bola estudante.
No final, e isso é o que mais importa, ficam 2 pontos perdidos contra um adversário cuja modéstia exigia a vitória, sobretudo para quem tem terreno para recuperar e ainda uma reflexão que não justifica necessariamente o empate mas que podia ter muito bem evitado o tempo que o Sporting demorou a encontrar-se. Mais à frente...

Académica – Continua a parecer uma equipa muito frágil. Aliás, só isso explica que com tanto tempo a incomodar o Sporting em tantos aspectos, não tenha sido capaz de ser mais ameaçadora para a baliza de Patrício. Mas a Académica foi uma equipa muito mais positiva que nos passados encontros com os outros grandes. Uma diferença radical (nomeadamente em relação ao que havia feito contra o Benfica) esteve na postura perante a primeira fase de construção do Sporting, subindo algumas unidades que conseguiram durante muito tempo impedir que o primeiro passe fosse feito de forma mais confortável e causando diversos erros nesta fase do jogo. Ainda assim, claro, quando o Sporting acelerou, a Académica deixou evidente a sua vulnerabilidade.

Rotatividade – Retomando então a reflexão de que falei no primeiro ponto. Fazendo um exercício de memória até às melhores fases da era Paulo Bento vamos dar às segundas voltas de 05/06 e 06/07, onde o Sporting foi altamente regular e competente no campeonato. Nessas fases encontramos também um ponto comum, não só a estas equipas, mas a muitas outras que tiveram sucesso: a presença de um onze muito estável e com alterações muito ligeiras a cada jogo. O que sucede hoje no Sporting, no entanto, é uma grande preocupação em gerir as expectativas do grupo dando oportunidades a todos, resultando esta filosofia numa mudança constante do onze e, em particular, de muitas funções na sua zona nuclear. Isto, parece-me, é prejudicial para o crescimento do futebol da equipa, sendo uma explicação possível para o tempo que o Sporting demorou a encontrar-se no jogo. Há, aqui, que dizer que o papel de Paulo Bento não é fácil, sobretudo pelo individualismo que parece existir na visão de muitos dos jogadores. Eu diria, no entanto, que em ciclos de apenas 1 jogo semanal, o treinador deve previligiar a gestão da qualidade colectiva e não tanto a gestão dos egos do plantel.


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À Mourinho!

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19.12.08

Dá para sonhar...

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Terá sido um sorteio que, dentro das possibilidades, não coloca o mais complicado dos cenários a nenhuma das equipas portuguesas. Todas as elas têm possibilidades reais de apuramento – ainda que não sejam, em nenhum caso, favoritas – e essa é a nota mais importante. No que respeita ao invulgar emparelhamento da Champions, o resultado não desapontou as expectativas de termos, já nos oitavos, grandes confrontos. Inter – Man Utd e Real Madrid – Liverpool são confrontos que poderiam perfeitamente ter lugar em Maio e que irão, aqui, merecer um acompanhamento especial, um “degrau” antes do que era previsto.

Porto – Para os que gostam de ver as coisas pela já longa história dos clubes, o Porto será favoritismo por ter “mais experiência”. Para mim esta é claramente uma análise errada. O Atlético é uma equipa com nomes fantásticos e em termos individuais tem seguramente um elenco muito superior a qualquer emblema nacional. Reservo mais detalhes colectivos sobre os “colchoneros” para a análise que farei nos próximos tempos, mas sabe-se que, à semelhança do que é regra actualmente em Espanha, esta é uma equipa essencialmente forte na sua fase ofensiva. Apesar de tudo isto, claro, o Porto tem a seu favor o conhecimento de quem o dirige sobre as exigências destas andanças e ainda a qualidade colectiva que recorrentemente o torna numa equipa bem superior do que a soma das suas individualidades.

Sporting – Será das equipas com menor pressão nesta fase. O Bayern pode ter sido, aliás, bastante positivo por isso mesmo. É um grande nome do futebol europeu, tem excelentes individualidades e, por isso, acarreta toda a responsabilidade na eliminatória. Por outro lado, o seu colectivo está longe de ser inultrapassável e, por isso, o Sporting, com mais experiência do que há 2 anos, poderá perfeitamente pensar em melhorar esse registo da fase de grupos de 06/07 onde perdeu 0-1 em Alvalade e empatou 0-0 em Munique. Os alemães têm reconhecidas dificuldades defensivas e nem sempre se dão bem perante uma posse de bola mais elaborada. Esse será o ponto a explorar pelo Sporting que, por outro lado, tem um sério problema para resolver sempre que a bola entrar na sua área. Particularmente o jogo aéreo não é o ponto forte da defesa do Sporting que, neste aspecto, não poderia ter oposição mais complicada do que a dupla Klose-Toni.

Braga – Está longe de ser um confronto inacessível mas este Standard está muito distante da modéstia que o caracterizou nos últimos anos. Depois de ter quebrado um jejum interno em 25 anos, vencendo o título belga, tornou-se naquela que considero ser a maior revelação das competições europeias em 2008. Primeiro colocou o Liverpool à beira de um ataque de nervos, forçando um prolongamento no acesso à Champions, depois o destino ironicamente ditou novo confronto com um “gigante” da cidade dos Beatles e o Everton ficou de fora da fase de grupos da Uefa. Agora qualificou-se em primeiro lugar num grupo que tinha, só, Sevilha, Sampdoria, Estugarda e Partizan, vencendo 3 jogos e perdendo apenas o último contra o Estugarda quando tinha a qualificação garantida. Era uma equipa que já tinha planeado observar com maior detalhe e agora está encontrado o pretexto que faltava para ver ao pormenor os jovens Defour e Witsel ou a estrela do campeonato belga, Milan Jovanovic. O Braga, claro, não será adversário nada fácil.

Probabilidades de qualificação nas casas de apostas:
Arsenal – Roma: 60% - 40%
Atlético Madrid – FC Porto: 62% - 38%
Chelsea – Juventus: 62% - 38%
Inter – Man Utd: 47% - 53%
Lyon – Barcelona: 23% - 77%
Real Madrid – Liverpool: 49% - 51%
Sporting – Bayern: 26% -74%
Villareal – Panathinaikos: 69% - 31%
---
Braga – Standard: 29% - 71%
3 craques:

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Paloma...

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18.12.08

Estrela - Porto: Reajustado

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Raro – 6 golos não é habitual no campeonato português. Na verdade cedo se percebeu que este seria um jogo com alta probabilidade de ter muitos golos, ainda que dificilmente se supusesse que o Estrela fizesse 2. Talvez sejam os efeitos da turbulência vivida em torno da dramática situação do Estrela, mas a verdade é que a equipa parece ter perdido aquela que era a sua principal arma, a boa organização defensiva. Não se trata do número de golos conseguidos pelo Porto, mas sim da facilidade com que os portistas fizeram chegar a bola à zona de perigo. Não foi preciso actuar em transição, nem sequer envolvimentos muito elaborados. O jogo chegava facilmente ao derradeiro quarto de campo e mesmo a zona mais próxima da baliza não era eficazmente coberta. Neste aspecto, o primeiro golo é o exemplo acabado de como foi fácil ao Porto atacar.
Pelo que escrevi acima, facilmente se perceberá a inteira justiça da vitória, ainda que o Porto tenha tido alguma inesperada dificuldade em controlar a posse de bola do Estrela, particularmente quando esta se aproximou das laterais. Se é verdade que o Estrela, mesmo que no seu melhor período, conseguiu o empate a 1 com uma invulgar fortuna, também é preciso referir a importância do ‘timing’ em que Hulk tirou o seu coelho da cartola. O Porto parecia estar numa fase adormecida e faltavam cerca de 25 minutos para o final. Mais do que o empate, o 2-2 trazia como ameaça para os portistas o efeito psicológico imprevisível que os golos sempre têm, muito mais sabendo-se que o jogo entrava na sua fase terminal. Com o 2-3, não só a vantagem voltou como a equipa acordou, beneficiando ela própria do tal efeito psicológico que poderia ter posto em causa uma vitória mais do que merecida.

9 vitórias – Não há fome que não dê em fartura. Depois de 3 derrotas consecutivas, o Porto arrancou para 9 triunfos consecutivos. Já tenho aqui falado sobre as evoluções do modelo portista e das reservas que tenho em relação a alguns aspectos. Na Amadora, pela especificidade do jogo, creio que o exemplo não será o melhor para tirar grandes conclusões. Ainda assim pode ver-se mais uma vez a assimetria da equipa, claramente mais concentrada numericamente para a esquerda e deixando o corredor direito para as descidas de Fucile (fez um grande jogo). Outro aspecto que me pareceu voltar a evidenciar-se, ainda que de forma muito menos clara do que o havia sido em Setúbal, foram as dificuldades defensivas em alguns momentos, quer em transição, quer em perante um ataque mais organizado.
Da mesma forma que referi, quando perdia, que aquela não era uma crise difícil de ultrapassar pela qualidade colectiva que a equipa trazia do passado, parece-me que este Porto está ainda bem longe do nível de excelência que apresentou na época anterior.

Hulk! – Depois de algum cepticismo inicial está a tornar-se no grande ídolo dos adeptos. É claro, hoje como antes, que tem um potencial enorme pela explosão e repentismo que o caracterizam. O tempo e os minutos têm-lhe dado um acréscimo de confiança, percebido de cada vez que toca na bola. Hulk mantém os problemas ao nível da decisão que lhe foram apontados quando as coisas não corriam tão bem mas a confiança tem lhe devolvido uma inspiração capaz de proporcionar momentos de inspiração que desequilibram em quase todos os jogos. Ainda que não seja provável que o possa repetir de forma tão regular, é evidente que os desequilíbrios que tem criado superam largamente os erros cometidos. Afinal, foi assim que Quaresma se distinguiu...

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Hulk!

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17.12.08

PSG - Real Madrid (1993): 10 minutos para lembrar

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Paris, 18 de Março de 1993. O lugar e a data não entram nos livros dos mais importantes momentos do futebol mundial. Ninguém ganhou nenhum troféu até porque, de resto, não se jogou nenhuma final. Neste dia, no Parque dos Principes, porém, teve lugar um jogo épico, daqueles que explicam ao mais céptico dos adeptos o porquê do futebol ser verdadeiramente especial.
Paris Saint Germain recebia o Real Madrid na segunda mão dos oitavos de final da Taça Uefa, após uma derrota por 3-1 no Barnabéu. Não são precisos muitos comentários para além deste vídeo dos loucos minutos finais. Deixo apenas a nota de que a prova foi vencida pela Juventus de Roberto Baggio e que o PSG era treinado por Artur Jorge, e deixo também os onzes deste jogo épico:


PSG:
Lama;
Sassus, Kombouaré, Ricardo e Colleter;
Le Guen, Guerin, Valdo e Ginola;
Simba e Weah.

Real Madrid:
Buyo;
Nando, Ramis, Ricardo Rocha e Lasa;
Hierro, Luis Enrique, Prosinecki e Michel;
Butragueño e Zamorano.

(O resumo do jogo - vale a pena ver, nem que seja pelo golo de Ginola)


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Rory Delap, a catapulta humana

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16.12.08

O método individual, Veloso na Lua e as conquistas de Reyes

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Aproveitar o método individual
Não é preciso sequer ver os jogos com muita atenção para perceber as dificuldades que o Marítimo para defender as bolas paradas contrárias. Em Alvalade a derrota começou a desenhar-se precisamente num lance desse tipo onde, para além da evidente falta de agressividade defensiva, se notou o trabalho colectivo do Sporting para tirar partido do método de marcação individual.
Com marcações individuais a serem movidas pelos jogadores do Marítimo, o Sporting cobrou o livre para o segundo poste, procurando um desvio que desfizesse esses emparelhamentos. Para o fazer houve ainda um outro pormenor trabalhado. Todos os jogadores se afastam do segundo poste, colocando-se em posição para abordar uma segunda bola e permitindo que se criasse uma situação de 1x1 com Polga como protagonista. O resultado, no caso, não podia ser melhor.
Sobre esta questão dos métodos defensivos nas bolas paradas, já tenho defendido que, nos cantos, a opção deve ser sobretudo dependente do perfil da equipa. Já nos livres defensivos tenho uma visão mais radical. Creio que a zona será o método mais aconselhado por um motivo muito simples: muitos livres defensivos são feitos com a definição de uma linha de fora de jogo. É um contra senso e uma vantagem para quem ataca se os defensores estiverem simultaneamente concentrados em marcar um opositor e controlar a linha do fora de jogo.

Veloso na Lua
Já com um resultado duplamente favorável ao Sporting, o Marítimo usufruiu da sua melhor ocasião, num lance que surge pouco depois de uma bola parada na área contrária e favorável ao Sporting. Este facto fez com que a defesa leonina partisse de um posicionamento diferente do que é comum para a abordagem do lance. Particularmente, Polga disputa uma bola numa zona mais adiantada, mantendo-se fora da sua posição. Neste tipo de situações é fundamental que o lateral feche no espaço interior, independentemente da presença ou não de um jogador naquela zona. Esse é o grande erro no lance, com Veloso completamente desconcentrado perante as suas responsabilidades tácticas, mantendo-se preso a uma marcação individual que não faz qualquer sentido, até, pelo facto da bola estar a ser disputada do outro lado do campo.
Num outro plano, há um aspecto que também sobressai e que ontem aqui abordei. Perante uma solicitação directa, Carriço não se conseguiu impor apesar de abordar de frente o lance. Os duelos mais físicos são claramente o ponto onde o jovem central precisa de melhorar para se tornar num fora de série na sua posição.

As pequenas conquistas de Reyes
São 6 lances que têm, para além do intérprete, muito em comum. Todos eles se passam no meio campo ofensivo e quase todos resultaram em livres cobrados para a área de Beto – dois deles dão origem nas melhores ocasiões encarnadas no jogo. O mais importante, no entanto, é perceber que todas as faltas “arrancadas” são conseguidas com a defesa contrária perfeitamente organizada e na sequência de lances que não ameaçavam qualquer perigo (excepto, talvez, o último). Ou seja, as faltas são uma vantagem para quem as sofre e não beneficiam em nada quem as comete.
É apenas uma das “artes” de Reyes que muito inteligentemente convida os adversários ao desarme provocando muitas faltas que resultam em livres que, em muitos casos, permitem colocar a bola na área contrária. Normalmente a bola nos pés do espanhol tem sempre bom destino, nem sempre é vistoso, nem sempre aparecem nos resumos, mas quase sempre adiantam algo para a jogada em causa. Uma mais valia individual de excelência num campeonato como o Português.


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Strip total de Vucinic

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15.12.08

Leixões - Benfica: equilíbrio até ao último penalti

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Inevitável – Talvez seja uma palavra demasiado radical para um jogo de futebol, mas é um pouco esta a sensação que fica quanto ao destino de uma eliminatória em que ambas as equipas tiveram muito poucas oportunidades para evitar o nulo ao fim de 120 minutos. O jogo foi equilibrado mas respeitando sempre uma ordem natural. O Benfica actuando mais em organização ofensiva e o Leixões tentando chegar ao perigo em transição. A verdade é que tanto o Benfica não foi capaz de furar o bloco Leixonense, mesmo quando, na segunda parte, conseguiu um período de maior domínio territorial, como o próprio Leixões poucas vezes conseguiu por em sobressalto a defesa encarnada, apesar de alguns cruzamentos perigosos, especialmente no primeiro tempo.

Melhor? – Quique não resistiu a uma comparação com o jogo do campeonato para defender a ideia de um Benfica melhor em relação a esse jogo de há uns meses. Até posso concordar que o Benfica esteve melhor em alguns aspectos, sobretudo defensivos, mas não parece nada razoável fazer essa comparação. A razão é simples. Desta vez o Benfica não esteve em vantagem sendo, por isso, incomparável este jogo com aquela segunda parte em que o Leixões corria à procura do empate. Desta vez, no entanto, o Benfica acabou por se revelar incapaz ofensivamente, nunca conseguindo ultrapassar em bola corrida o bloco matosinhense e sendo apenas ameaçador através dos muitos livres nas imediações da área. Não foi uma má prestação mas também não me parece que possa ser apelidada de “boa”, ficando o Benfica fora da Taça num campo difícil.

Leixões – Foi das exibições que mais gostei no Leixões. Não porque o seu futebol foi de excelência, como nunca foi neste surpreendente arranque de época, mas porque foi extremamente sóbrio e concentrado ao longo dos 120 minutos. Defensivamente a equipa passou por fases diferentes. Umas vezes mais perturbadora para a posse encarnada, outras menos, como no segundo tempo em que a sua saída em transição acumulou erros, não conseguindo ter bola e acabando encostado à sua área durante largos períodos. O mérito está em nunca perder a concentração e agressividade defensivas e foi isso que manteve o Benfica sempre distante do golo, mesmo nesses períodos de maior sofrimento. Depois, com bola, a equipa foi, de novo, pragmática. Quando não pode sair a jogar, opta por uma via mais directa o que nem sempre evita a perda de bola mas, pelo menos, diminui as hipóteses do adversário sair em transição. Nota ainda para a forma menos esclarecida como foram conduzidas as transições, sempre procurando as faixas e tirando pouco partido do tal espaço entre linhas em que o Benfica é vulnerável. Por aqui se explica também a segurança defensiva encarnada ao longo do jogo.
Finalmente, note-se como Suazo foi completamente neutralizado. O segredo não está na marcação individual mas sim na forma como se condiciona a utilização da profundidade. Através da pressão imediata sobre a saída em transição e do restabelecimento posicional rápido após a perda de bola. Será que Lori Sandri e Cajuda viram o jogo?

Reyes & Wesley – Dois jogadores à parte do jogo. Wesley foi-se apagando com o jogo, pelo desgaste mas foi um festival de pormenores deliciosos durante muito tempo. No texto sobre goleadores que saiem da zona de finalização podia perfeitamente ter falado no seu caso. Teve e tem uma missão táctica muito relevante e diferenciadora neste Leixões. Se o plano é integrar um 9 fixo para o substituir é só esperar para ver como a equipa vai baixar de rendimento. E não é só pela questão individual.
Reyes será provavelmente o melhor jogador do Benfica desta época. Não é um jogador naturalmente influente mas começa a sê-lo porque à falta de um plano para fazer a bola sair em construção, percebe-se que entregá-la ao espanhol é sinónimo de grande segurança e, quase nunca, de perda. Domina sempre bem, temporiza, protege e entrega quase sempre da melhor forma. Depois tem esse aspecto decisivo no jogo do Benfica. Arranca um sem número de faltas nas imediações da área contrária pela forma como protege a bola e convida a oposição a derrubá-lo. Livres em que o Benfica é forte, também, porque é Reyes quem os marca.

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Sporting - Maritímo: Naturalmente fácil

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Fácil – Foi, de facto, demasiado fácil para o Sporting. Facilidades que têm a ver com o Marítimo e que dificultam uma apreciação qualitativa mais rigorosa do que se viu. No primeiro tempo, sem acelerar muito, o Sporting construiu oportunidades suficientes para chegar à vantagem, num jogo em que o Marítimo foi mole defensivamente, baixando muito e demasiado o seu bloco, sem ter nem organização nem agressividade suficientes nessa zona defensiva. Na segunda parte o jogo foi diferente fundamentalmente pela atitude mais ofensiva do Marítimo, mas foi o Sporting quem, previsivelmente, acabou por tirar dividendos do risco defensivo da oposição. O Sporting concretizou 2 das muitas transições que poderiam ter tirado partido de um jogo demasiado comprido e exposto lá atrás por parte do Marítimo. Podia também ter sofrido um golo, particularmente num lance em que Carriço não consegue impor-se numa primeira bola aérea e em que Miguel Veloso está completamente desconcentrado, não compensando a saída de Polga na zona central.

Marítimo – Lori Sandri deve reflectir sobre o 9-0 parcial no confronto com os grandes. Falar é fácil mas a verdade é que este Marítimo vale essencialmente pela qualidade individual dos seus jogadores e não pela organização táctica da sua equipa. A posse de bola é o seu forte como se viu no segundo tempo, mas percebe-se também que defender é sinónimo, fundamentalmente, de muitos jogadores atrás da linha da bola e quando tal já não se justifica a equipa passa actuar numa postura demasiado exposta defensivamente. É um perfil expectável para uma equipa com uma filosofia de jogo do futebol brasileiro mas é bom que corrija isso rápido porque segue-se uma visita ao Dragão, onde o preço a pagar pode não ser, de novo, simpático...

Algumas notas – Primeiro no plano táctico. Percebe-se a utilidade ofensiva que poderá trazer Vukcevic, mas é preciso ter em atenção o seu efeito na fase defensiva. É que, como já aqui referi num texto sobre Rochemback, o que mais conta para um médio em transição defensiva não é a velocidade mas a cultura posicional e, aí, Vukcevic deixa muito a desejar. É por isso que me parece ser benéfica a coexistência com Moutinho em vez de Romagnoli, já que o 28 é muito mais forte na transição defensiva.
Finalmente para falar de 2 promessas, Carriço e Adrien. O primeiro vem confirmando o que dele se dizia, quanto à maturidade e qualidade. Parece-me, no entanto, que está longe de ser um indiscutível no Sporting. Nota-se particularmente as dificuldades que tem em impor-se nos confrontos físicos. Esse é, afinal, um dos aspectos em que a transição de júnior para sénior pode ser mais difícil. Tem tempo para evoluir. Quanto a Adrien, é ingrata a sua posição numa equipa que tem Veloso e Rochemback. É um jogador com excelentes capacidades mas a minha opinião pessoal é que não tem ainda a mesma capacidade de nenhum dos concorrentes, notando-se a diferença sobretudo ao nível das primeiras bolas aéreas (neste jogo não foi muito solicitado) e da qualidade de passe onde Veloso e Rochemback são invulgarmente fortes.

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Boom!!

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12.12.08

Os novos homens-golo

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Se fizermos uma sondagem entre os adeptos é provável que o tipo de jogador mais pedido para cada uma das suas equipas seja um ponta de lança, daqueles altos e fortes, que possam ganhar duelos na área perante os centrais e, como que por magia, façam aparecer os golos que todos querem ver. É uma ideia associada a futebol de outros tempos que terá tido, em Portugal, novo reforço pelo fenómeno Jardel na viragem de milénio. Não vou fazer desta uma opinião absolutista porque, como já defendi tantas vezes, no futebol cada caso é um caso, mas diria seguramente que hoje e cada vez mais os casos em que este tipo de jogadores são utilizados são essencialmente prejudiciais a uma dinâmica ofensiva mais eficiente.

A táctica é cada vez mais uma jogo de zonas. Neste jogo complexo e dinâmico há uma característica que se revela cada vez mais relevante para o sucesso ofensivo: a mobilidade. Ora, se a zona central da defesa é fundamental ao ponto de manter fixos os centrais, será tanto melhor para uma defesa se lá estiver também um avançado. Será menos um jogador para criar superioridade noutras zonas e mais um para vigiar de perto ao longo de toda a jogada. Por contra ponto, os ataques que conseguem ter mobilidade suficiente para retirar essa referência de marcação aos centrais e atacar as zonas de finalização apenas no tempo certo, esses terão, à partida, mais hipóteses de criar dificuldades a quem defende.

Esta mobilidade é hoje a arma de muitos jogadores e equipas de sucesso. Cristiano Ronaldo e o Manchester United (na Selecção a situação é outra) será o caso mais fácil de indicar. Um ataque sem uma referência fixa na frente, que promove uma grande mobilidade nos seus atacantes e acaba por fazer de um extremo o melhor marcador da Europa. Mas também em Portugal temos exemplos de goleadores que se destacam por esta característica. Liedson é o goleador mais temível dos últimos anos em Portugal, mas o seu perfil não é o de um 9 clássico. Antes sim um jogador muito móvel que procura em permanência fugir dos centrais antes de atacar a zona de finalização no momento certo. Mais recentemente apareceu Lisandro em grande destaque. A veia goleadora do argentino surgiu, precisamente, quando Jesualdo o colocou no centro e retirou um avançado mais fixo daquela posição. Para Lisandro (e também Lucho) essa liberdade de movimentos foi o catalizador para obter golos em catadupa. Não porque ficasse mais perto da baliza, mas porque podia escolher melhor quando a atacar. Muitas vezes ouço que estes jogadores não devem sair muito da sua zona, mas penso que o contrário é que é prejudicial. Prende-los na frente ou colocar-lhes uma “moleta” ao lado é o mesmo que lhes retirar, a eles e à equipa, uns bons metros quadrados de relvado para jogar.

Abaixo deixo 2 jogadas, precisamente de Liedson e Lisandro que servem de exemplo sobre o tema.



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Desespero pela queda!

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11.12.08

Porto - Arsenal: Perto da goleada

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- Um dia depois de ter realçado a invulgar marca dos 12 pontos conseguidos pelo Sporting, o Porto confirma a repetição do mesmo feito no mesmo ano, acrescentando a esse dado o registo da vitória no grupo. Desde 97/98, ano em que a Champions deixou realmente de ser a Taça dos Campeões (porque passaram a poder participar mais do que 1 clube por país), é a segunda vez que os portistas conseguem um primeiro lugar e, também, a segunda em que atingiu 12 pontos. A performance na fase de grupos é uma marca importante do trajecto do Porto de Jesualdo.

- Se à partida havia a expectativa de este poder ser um confronto mais fácil do que o previsto, caso o Arsenal aqui chegasse já qualificado, pode dizer-se que a realidade foi além da mais optimista das previsões. De facto, foi um Arsenal demasiado desfalcado, com demasiada juventude (exceptuando o trio de ‘trintões’ a média de idades dos restantes 11 jogadores utilizados era inferior a 20 anos!!), não o transformando num adversário fácil, claro, mas distanciando-o de um nível de elite europeia que indiscutivelmente tem.

- O que se assistiu foi um jogo muito equilibrado na primeira parte, invertendo-se completamente essa característica com o efeito, quer emocional, quer táctico que o primeiro golo teve no jogo. Ao contrário do que se possa pensar, não creio que a concessão da posse de bola ao Arsenal tivesse sido parte do plano do Porto. Creio, antes, que a equipa tentou impor no jogo as suas características, nomeadamente um pressing alto e perturbador, precisamente, para a posse adversária. O Arsenal tem aqui muito mérito na forma como evitou esse pressing e obrigou o Porto a recuar as suas linhas e a recuperações a partir de zonas mais atrasadas, o que condiciona o efeito das transições. Por outro lado, o Arsenal não revelou nunca rapidez de progressão suficiente para apanhar um Porto desorganizado na sua zona mais recuada, faltando-lhe aí, claramente, a qualidade de outros intérpretes para definir melhor as jogadas nas imediações da área de Hélton. Se o Porto não fosse uma equipa organizada e com bom sentido posicional, o Arsenal teria feito estragos. Não é o caso. O jogo só poderia, por isso, desbloquear-se numa jogada pontual (que aconteceu algumas vezes no caso do Porto) ou num lance de bola parada. Foi isso que aconteceu.

- Na segunda parte tudo foi diferente, notando-se claramente o efeito que um golo tem nos jogadores. O Arsenal passou a errar mais e o Porto inspirou, com o golo, uma confiança que o fez estar muito próximo da goleada, tal a forma como conseguiu aproveitar a exposição espacial oferecida por um Arsenal que se tornou ainda mais inexperiente com as alterações à hora de jogo. Para terminar, uma nota para saudar os comentários de Carlos Carvalhal. É um treinador que faz muita falta ao futebol português mas é um prazer quando estes seus momentos de paragem são aproveitados para comentar os jogos porque há uma grande diferença...

- Uma última nota para o que se assistiu na primeira parte. O modelo de jogo do Porto, orientado para o plano interno, assenta numa postura alta da equipa e num pressing que é a base de muitos desequilíbrios portistas. O que acontece quando o Porto defronta equipas mais dotadas tecnicamente (e mais esclarecidas na construção) é que esse pressing se torna ineficiente, expondo demasiado a equipa. O Arsenal acabou por não saber tirar partido dessa situação mas outros jogadores ou outras equipas teriam muito provavelmente passado outra factura. Tudo isto para referir que se entende o porquê de Jesualdo adoptar estratégias tacticamente mais cautelosas frente a adversários mais fortes. Não se trata de medo ou falta de confiança, trata-se de consciência das características do modelo e das condições da sua aplicação.

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"Colheradas"!

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A outra de Raúl

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10.12.08

Basileia - Sporting: O ano dos 12 pontos

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- É estranho ver-se 2 equipas para quem esta competição é tão importante disputarem um jogo que, desportivamente, não trazia qualquer consequência. Este aspecto influenciou claramente o decurso do jogo e retira grande parte do interesse a qualquer análise sobre o mesmo.

- O Sporting revelou sempre uma atitude pouco intensa no jogo mas compensou essa relevante lacuna com a sua habitual qualidade organizacional e, mais relevante, com uma estratégia inteligente para aquilo que o jogo exigia. É que o principal problema deste Basileia não é a fraca qualidade individual (provavelmente há equipas na Champions com piores recursos a este nível) mas sim o desajuste do seu modelo às exigências desta prova. É uma equipa eminentemente ofensiva, moldada para o consumo interno, mas que não tem nem qualidade de construcção nem solidez defensiva que lhe permitam controlar ou gerir o jogo perante um adversário como o Sporting. Ao contrário, por exemplo, de qualquer equipa em Portugal, o Basileia tenta assumir o jogo e corre riscos defensivos. Nada que facilite mais o caminho para a vitória e foi isso que o Sporting fez. Convidar o Basileia para zonas mais adiantadas, controlar o adversário e esperar pelo momento certo para o fazer pagar a factura do risco assumido. Foi assim a primeira parte, com um 0-1 fácil e com mais oportunidades soberanas sem precisar, sequer, de sair de um ritmo de jogo baixo.

- O segundo tempo foi, previsivelmente, diferente. Primeiro porque se o jogo já não trazia grande motivação aos jogadores, a vantagem ainda terá “amolecido” mais a sua atitude. A descompressão levou a erros individuais fora daquilo que é comum, condicionando sobretudo a definição dos lances ofensivos que tão facilmente poderiam e deveriam ter resultado em mais golos, tais as liberdades que o Basileia foi dando ao longo do tempo. Defensivamente a equipa manteve quase sempre o adversário sem hipóteses para marcar. “Quase” porque, como era previsível e natural, o aproximar do final do jogo trouxe uma atitude mais agressiva do Basileia com muitos cruzamentos e gente a abordar as zonas próximas da baliza de Tiago. Aí o Sporting sofreu defensivamente e podia perfeitamente ter cedido o empate num jogo em que se esforçou manifestamente pouco em resolver.

- O grupo não era complicado para o nível da competição, é verdade, mas 12 pontos não podem ser nunca menos do que uma prestação excelente nesta prova. Aliás, se olharmos à história das prestações lusas nas fases de grupos da Champions (desde que se tornou uma prova verdadeiramente elitista) vemos mesmo que este é um registo altamente raro e que, atrevo-me a prever, o Sporting terá muitas dificuldades em repetir no futuro. Seguem-se os oitavos de final que, face a tantas surpresas noutros grupos, até podem trazer uma esperança inesperada de passagem. Acrescento, aliás, que esta edição da Champions está a começar a reunir todas as condições para proporcionar caminhadas incomuns a uma ou outra equipa que tenha felicidade nos sorteios e inspiração nos relvados.

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Riera e outros

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Outros em destaque:
- Drogba
- Sylvinho
- Ibrahimovic
- Gladkyy

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9.12.08

três jogadas da jornada

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O efeito Rochemback
Na Amadora o Sporting não teve um jogo fácil perante um Estrela que, durante muito tempo, complicou muito a tarefa aos leões. Aqui, naturalmente, torna-se altamente relevante a vantagem conseguida pelos leões numa fase em que o equilíbrio era a lei do jogo. Do lance destacaria vários aspectos.
O primeiro ponto vem, obviamente, da acção da dupla Rochemback-Liedson. O primeiro pela forma como lê e coloca a bola nas costas de uma defesa que é traída pela rapidez com que a bola mudou de dono, imediatamente antes da assistência. O segundo, claro, é novamente mais lesto do que todos os outros a atacar o espaço e a confirmar mais uma vez a excelência da sua eficácia em lances de finalização – particularmente no jogo aéreo. Na jogada deve-se ainda destacar a acção de Moutinho, rápido a reagir à perda de bola, o que lhe permitiu aproveitar o erro do adversário para recuperar a bola. Esta recuperação é fundamental porque após a perda de Pereirinha, a defesa do Estrela sobe no terreno adiantando-se e sendo depois surpreendida nas suas costas.
Não posso, no entanto, deixar de aproveitar o lance para voltar a um tema que já abordei recentemente: Rochemback. O brasileiro voltou a jogar como interior e com Veloso a 6. A sua acção no jogo é altamente preponderante pela cultura posicional que revela (quer ofensiva, quer defensivamente) e pela ameaça que representa nas imediações área (note-se a sua acção em vários outros lances, nomeadamente no passe que inicia a jogada do golo anulado a Liedson). O principal entrave à sua utilização nesta posição não é Veloso mas sim a pouca profundidade que dá ao flanco. Aqui, mais uma vez, creio que se poderá abrir uma oportunidade para Paulo Bento lançar definitivamente Pereirinha no onze. É que a velocidade e capacidade ofensiva do jovem podem muito bem ser o contra peso para as características de Rochemback.

Desequilíbrio à direita
De Setúbal, o Porto trouxe um ‘score’ enganador para aquilo que se viu em cerca de 1 hora de jogo. De facto, esses 60 minutos terão sido mesmo dos piores apresentados pelos portistas esta temporada, valendo alguma incapacidade sadina para ser incisivo no último terço de campo. Deste jogo sobra também a confirmação de uma tentativa de conciliação de Lisandro e Hulk, mantendo Rodriguez como extremo de linha, num figurino que parece condicionar o jogo azul e branco em vários aspectos (ofensivos e defensivos).
A melhor ocasião sadina no jogo resulta precisamente de um desses aspectos: a dificuldade para bloquear a saída de bola pela direita em certas situações, dada a distância que têm de percorrer Lisandro ou Hulk para o fazer. Embora estes 2 jogadores tenham uma missão completamente livre com bola, sem ela, devem essencialmente pressionar e um deles descair sobre a direita. Aqui, convém referir que o apoio a Fucile ao longo do flanco é dado pelas basculações do médio interior daquele lado (na circunstância Tomas Costa). No lance, esse apoio chega tarde porque a saída de bola é feita de forma demasiado rápida, não dando tempo para que Tomas Costa ajustasse convenientemente o seu posicionamento. O Porto é, por isso, surpreendido pelo movimento do lateral no espaço libertado nas costas de Fucile que havia saído para pressionar o extremo. O resultado é um desequilíbrio sobre a direita e que se estende depois à zona central, já que 1 dos centrais (Rolando) é obrigado a sair sobre a direita.

O mote para a goleada
Não foi preciso muito mais do que 5 minutos para se perceber como é que o Benfica poderia desvendar o caminho da vitória nos Barreiros. A aposta de Quique era, tal como em Guimarães, na profundidade que lhe pudesse dar Suazo em transição e, para tal, o Benfica contava, para além do intratável hondurenho, com a soberba qualidade individual de algumas das suas unidades e com uma postura algo displicente do Marítimo para contraiar, precisamente, essa intenção.
O lance da primeira oportunidade fala por si. Reyes é fantástico na forma como resolve individualmente a transição, primeiro com o domínio, depois com a progressão e, finalmente, com o passe em desequilíbrio. Do outro lado, no entanto, o Marítimo pareceu não perceber que para contrariar Suazo é sobretudo importante retirar condições a quem faz o passe. Foi assim neste lance (brilhantemente salvo por Van der Linden) e sê-lo-ia de novo no lance do primeiro golo, aí numa bola parada marcada rapidamente.


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Emre

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7.12.08

Deco!!

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5.12.08

Uefa e outros...

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-- Taça Uefa --
- O feito do Braga na Holanda.
- Para que qualificação fosse possível, há que notar também o contributo do inevitável James.
- A surpresa maior terá sido a vitória do Zilina em Birmingham sobre o Aston Villa.
- Excelente jogada do Lech Poznan a valer o empate (1-1) contra o Deportivo.
- O Schalke está em apuros depois de perder na Holanda frente ao Twente (2-1). Bom golo de Perez.
- O golo que ajudou a compor o cenário de "missão impossível" para o Benfica. Edmar deu a vitória ao Metalist (1-0) sobre o carrasco Olimpiacos.
- Uma das grandes sensações da Europa este ano é o Standard de Liége de Lazlo Boloni. 3-0 à Sampdoria não é para todos! Tudo começou com este belo trabalho de Jovanovic.
-- Outros --
- Em Inglaterra, grande jogo entre Manchester e Blackburn (5-3), com 'poker' de Tevez. Atenção à jogada do quarto do United...
- Na Taça de Itália, jogo grande com eliminação do Milan aos pés da Lazio (1-2)
- Na América do Sul, a super equipa do Internacional sofreu mas segurou o título da Copa Sudamericana, batendo o Estudiantes de La Plata.

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A moda dos 2 cartões...

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4.12.08

Ronaldo Ballon d'or

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- É um feito para o futebol português e uma honra para o país. Talvez estejamos mal habituados com os feitos recentes de algumas individualidades portuguesas e, muito particularmente, da distinção que Figo conseguiu há pouco tempo. Pense-se, no entanto, que entre Eusébio e Figo passaram 35 anos (note-se que até 1995 apenas jogadores europeus podiam ser distinguidos o que facilitava muito as coisas) e que não é certo quanto tempo vai demorar ao futebol português para produzir um “melhor do mundo”.

- Há muito quem não perceba o alcance excepcional que é um país com 10 milhões de habitantes ter 2 jogadores diferentes a receber esta distinção no espaço de uma década. Portugal é um fenómeno de excelência no (altamente competitivo) meio futebolístico e é também uma forma de provincianismo falar de “Figos, Ronaldos ou Mourinhos” como algo normal ou expectável num país com a dimensão de Portugal.

- Suspeito que o país que menos reconhece a justiça do prémio é Portugal. Estamos a ficar mal habituados. Em todo o mundo se vê esta como uma das mais indiscutíveis eleições dos últimos anos (basta lembrar Cannavaro, Shevchenko, Nedved ou Owen).

- Ronaldo pode não ser o jogador que todos mais apreciam (não é o que eu mais aprecio) mas é indiscutível que o seu rendimento foi, de longe, o melhor. Diria que Ronaldo pode não ser o mais genial dos jogadores mas será seguramente o mais valioso, se tivermos em conta a frequência e regularidade do seu rendimento.

- Ronaldo não é um jogador perfeito. Longe disso. Essa é, de resto, a boa notícia para quem chega tão jovem a este nível. A evolução desportiva é um desafio mas o primeiro será a nível psicológico. Creio que está no sitio certo com as pessoas certas mas os últimos tempos não têm deixado bons indícios a este nível. Não é invulgar assistirmos a derrocadas após chegar a número 1. É um clássico da psicologia desportiva, sobretudo nas modalidades individuais.

- Por último, não resisto. Para mim já merecia este título pelo rendimento que teve em 2007 e creio que Kaká terá sido injustamente galardoado nesse ano. A propósito dessa já longínqua discussão deixei, há um ano, a previsão de que Kaká não estaria entre os 3 melhores de 2008. Ficou em 8º.

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Agressão sem bola...

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3.12.08

Erros defensivos e um grande golo

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Defender mal em espaços curtos
De que serve uma pensar uma estratégia se não a conseguimos interpretar? De nada, pois claro. Não sei se foi isso que Cajuda pensou quando viu Postiga isolar-se para o primeiro golo, tão cedo em Alvalade, mas, seguramente, foi isso o que o lance demonstrou. Encurtar o espaço de ataque a uma equipa que está disponível (não tem outro remédio) a assumir o jogo é um caminho possível para se aumentar as probabilidades de sucesso defensivo. Resta, claro, saber defender nesse curto espaço, o que, também, não deveria ser complicado, dado o aglomerado de jogadores numa área tão curta. O Vitória, porém, encarregou-se de demonstrar como tal é bem possível. Jogadores distantes uns dos outros e uma excessiva referência individual possibilitaram a Moutinho, com um drible, abrir a defesa e tirar partido do adiantamento da linha defensiva minhota.
Resta, claro, falar do mérito do passe de Moutinho e, talvez mais importante, da diagonal feita por Postiga.

Referências e Fernando
Do lance do golo da Académica, sobram-me 2 reflexões. A primeira, mais evidente, é o erro de Fucile. A opção do uruguaio em esquecer o seu marcador directo é o exemplo de como as referências individuais são fundamentais quando o jogo se aproxima das balizas. Para marcações à zona na área só mesmo com uma grande densidade de jogadores (como acontece nas bolas paradas). De resto, em jogo corrido, a referência homem é sempre a mais relevante. Alguém deveria ter explicado isso a Fucile...
A outra tem a ver com Fernando. É um jogador que desempenha uma função fundamental no modelo de Jesualdo. Fundamental, mas simples. O seu grande mérito é perceber essa simplicidade e não, como se confunde, uma grande qualidade no seu desempenho. Fernando é a solução possível, mas em todos os jogos se percebem as suas limitações. No lance em questão começa por dominar mal a bola, transformando uma recuperação em nova perda. Este será o seu maior pecado já que tenho dificuldades em condená-lo pelo estranho comportamento defensivo que adoptou depois. É que só posso entender a sua permanência fora da área (onde não surgia ninguém) como o cumprimento de uma indicação pré estabelecida para este tipo de lances. Seja como for, para o caso, foi completamente inútil.

O tal problema
Para quem lê este blogue e, em particular, as análises ao Benfica 08/09, este é um tema recorrente. O problema do espaço entre linhas. Pois bem, se no caso do jogo com o Vitória esse problema nem foi muitas vezes evidenciado, foi-o, pelo menos, no lance que começou a dificultar a vida ao Benfica na Luz. Por 2 vezes na mesma jogada fica evidente a forma como é simples ultrapassar a linha média encarnada em posse. Um passe é suficiente para ultrapassar esse sector e chegar com a bola dominada à frente da defesa.
Aqui, realço de novo o que referi após o jogo com o Olimpiacos. É fácil apontar-se o dedo aos erros dos defesas, mas a verdade é que eles são mais vitimas do que réus. É que é muito difícil decidir bem quando se tem de controlar tanto espaço e um ataque adversário que surge de frente e com a bola controlada. Geralmente a opção é pressionar rapidamente e tentar o desarme na hora da recepção. O problema, claro, é que isso nem sempre funciona, tal como se vê na abordagem de Jorge Ribeiro.

A grande jogada
Para que não sejam só erros defensivos, fica aqui a grande jogada do fim de semana e, para mim, do campeonato até agora. Como é indicado no vídeo, tudo começa no inicio rápido da jogada o que permite ao Benfica evitar um primeiro pressing que normalmente lhe cria muitas dificuldades. Depois, é tudo qualidade e inspiração (algo que abundou naquela fase de jogo).
Primeiro o timing de Ruben Amorim para libertar Jorge Ribeiro, depois o cruzamento de primeira que retira tempo para que se definissem marcações na área, em seguida o toque sublime (na leitura e execução) de Cardozo, de primeira a deixar para a entrada de Suazo que tinha baixado para oferecer apoio a Amorim. Para que tudo não fosse estragado, o pontapé do Hondurenho foi forte e preciso. Era o que se pedia depois de tão bela construção.


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Os comentários ficam para depois...

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2.12.08

Benfica - Setúbal: Instável

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Injusto? – O futebol tem destas coisas e o Benfica terá perdido, em casa, pontos num jogo em que, provavelmente, mereceu mais a vitória do que contra Naval e Estrela Amadora, por diferentes motivos. Não foi uma exibição excelente, longe disso. Teve erros individuais e colectivos, teve, de novo, grande oscilação exibicional ao longo dos 90 minutos, mas teve também menos problemas defensivos do que, por exemplo, frente à Naval e muito mais oportunidades do que frente ao Estrela. Podia dizer que foi injusto, mas também é preciso relevar que se uma equipa com os problemas colectivos do Benfica pode tropeçar em qualquer jogo, quando se lhe junta erros individuais, provavelmente, o mais surpreendente é mesmo que isso não aconteça...

Problemas – Se neste jogo vimos o melhor do Benfica, vimos também um pouco de todos os problemas do seu futebol. Na primeira parte uma enorme dificuldade na definição do primeiro passe, algo que a Académica havia facilitado, mas que é, também, um mal que já vem desde a pré época. Nesse período justificam-se as oportunidades encarnadas pelas dificuldades do Vitória em controlar a zona central da sua defesa, particularmente em cruzamentos.
No que respeita ao tal espaço entre linhas, diria que o tipo de posse de bola do Vitória, pouco vertical e com muitos toques de cada um dos jogadores, foi amiga. Ainda assim, o lance do primeiro golo surge, precisamente, pelo mau controlo da zona à frente da defesa.
O último dos problemas crónicos do Benfica 08/09 apareceu após o 2-1. Incapacidade para controlar o jogo pela posse, e de manter o jogo longe da sua área. O golo surge de um erro individual de Quim mas, em boa verdade, o Vitória rondou vezes demais o último reduto encarnado naquela fase do jogo.

15 minutos perfeitos – Começou de forma curiosa aquele primeiro quarto de hora da segunda parte. Primeira jogada, boa construção e perigo. Segunda jogada, um regresso ao filme do primeiro tempo, com o jogo a “emperrar” no primeiro passe e a bola a ser atrasada para um pontapé longo de Quim. O facto é que a bola chegou ao pontapé furado que, por acaso, lançou Katouranis para o empate e motivou o Benfica para aquele que terá sido, provavelmente, o seu melhor período da época. Muita agressividade na pressão e recuperação da bola e uma impressionante inspiração e qualidade individual dos interpretes fizeram que cada jogada desse período fosse uma ocasião de golo. Tudo terminou com um hino ao futebol que foi a jogada do 2-1 (bem melhor, na minha opinião, do que aquela tão enfatizada, em Guimarães). Nesse período destaque individual para Katsouranis, pela agressividade e leitura dos espaços que revelou.

Quim – Sobre os guarda redes portugueses mantenho o que sempre disse. Não temos nenhum de top europeu ou mundial, e a qualidade dos melhores está sempre altamente dependente do seu momento de forma. Quim é um desses melhores (provavelmente, mesmo, o melhor) e está num mau momento. Diria que é também ele uma vitima das deficiências defensivas da equipa. Se é preciso confiança para se estar bem, não ajuda à confiança estar-se numa equipa que, em 17 jogos oficiais, sofreu 21 golos (para não falar da Selecção!). Mudar é, mais do que provavelmente, resolver um problema com a criação de outro. Foi assim no Porto com Helton e foi assim, num passado mais longínquo, no Sporting quando trocou Ricardo por Nelson.

Golos: (0-1; 1-1; 2-1; 2-2)

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Porto - Académica: Vitória pelo domínio

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Domínio – A vitória justifica-se sobretudo pelo largo domínio portista ao longo do jogo. De resto, e apesar deste domínio, não abundaram lances de golo, quer para um lado, quer para o outro. O Porto porque apesar de ter conseguido fazer com que o jogo se instalasse praticamente em permanência no meio campo adversário, foi sempre pouco criativo e inspirado na hora de abordar o último terço de campo. A Académica porque, simplesmente, revelou sempre uma enorme dificuldade em levar o seu jogo até lugares próximos de Hélton. Um registo muito característico no Dragão e que normalmente resulta no nulo para a equipa visitante.
A tendência de jogo é fácil de explicar. De um lado uma Académica muito baixa e preocupada em evitar a progressão adversária pelos flancos, largando, tal como no jogo contra o Benfica (no Dragão foi, apesar de tudo, mais agressiva), os centrais de qualquer pressão para fazer o primeiro passe. Do outro, um Porto a tentar fazer, como quase sempre, do pressing alto a sua principal arma. No meio disto tudo só se estranha como o jogo não se desequilibrou de forma mais pronunciada com a Académica a jogar cerca de meia hora em inferioridade.

Virada para a esquerda – Atrás referi a pouca criatividade e inspiração dos jogadores portistas no último terço de campo. Pois bem, este aspecto foi principalmente notado na primeira parte onde todo o jogo foi canalizado para a esquerda, fruto das funções tácticas dos jogadores portistas. Ao jogar com um extremo de linha (Rodriguez) e um falso extremo (Lisandro), o Porto manteve sempre a sua meia direita vazia, encurtando o espaço de ataque e facilitando, logicamente, a tarefa a quem defende. Este aspecto foi corrigido na abertura do segundo tempo com Lisandro e Hulk a aparecerem, alternadamente, mais vezes sobre a direita. Curiosamente, é assim que surge o lance do segundo golo, com Hulk a ganhar uma segunda bola quando estava aberto sobre a direita.

Tridente ofensivo – Tenho falado aqui muito das variantes tácticas de Jesualdo e, parece-me, a opção ideal em 08/09 continua ainda por encontrar. Não sou particularmente entusiasta deste tridente ofensivo com Rodriguez, Lisandro e Hulk. Creio que o Porto ganharia muito mais em manter Lisandro no centro e usar um extremo mais móvel (Tarik ou Mariano), utilizando um elemento mais desequilibrador no 1x1 como complemento (Hulk ou Rodriguez). A solução actual retira protagonismo a Lisandro e não dá tanta liberdade a Lucho para ser a referência no corredor central (porque Hulk e Lisandro surgem muito por ali). Foi precisamente no privilégio colectivo das capacidades individuais dos dois argentinos que o Porto mais ganhou em 07/08 e parece-me um erro trocar essa prioridade por uma utilização de Rodriguez e Hulk em simultâneo.

Golos: (1-0; 1-1; 2-1)

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Real leva o ponta de lança fino

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1.12.08

Sporting - Guimarães: O regresso da tranquilidade

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Fácil – Qual a diferença entre este jogo e o do Leixões? Dois factores fundamentais. Eficácia e a qualidade do adversário. De facto, marcar cedo ajuda a ganhar e ganhar ajuda a que a avaliação qualitativa que é feita pela generalidade seja positiva. De resto, não me parece, até, que a exibição do Sporting no primeiro tempo (porque o segundo foi, pelo resultado, necessariamente diferente) fosse inferior no quer que seja à do jogo que acabou com a surpreendente vitória do Leixões em Alvalade.
O Sporting, apesar do domínio que exerceu desde a primeira jogada, chegou ao golo na sua primeira oportunidade real, tirando partido de uma apatia incompreensível daquela que deveria ser a zona de pressão do Vitória. Esse lance, cujo mérito se divide entre Postiga e Moutinho, marca inequivocamente o jogo, com o Sporting a poder jogar sem a ansiedade de quem corre atrás do resultado. O Vitória tentou reagir, fazendo aquilo que, claramente, não sabe. Subir o bloco. O Sporting nem é particularmente forte em transições que explorem a profundidade mas o Vitória fez questão de fazer, desse, um aspecto secundário, sendo apanhado em total desequilíbrio no lance que deu o 2-0. Daí para a frente o Sporting concedeu uma oportunidade clara numa transição conduzida por Gregory e (des)controlada por um sentido posicional suicida de de Polga, ainda no primeiro tempo. Aliás, foi na primeira parte que o Sporting esteve pior, particularmente a seguir ao seu segundo golo. Muita lentidão na definição do primeiro passe encravou a dinâmica da posse de bola verde e branca e fez, até, parecer que o pressing vimaranense era minimamente perturbador. Na segunda parte, porém, a tranquilidade regressou ao jogo do Sporting, com um domínio total do ritmo, do tempo e do adversário.
Dizer que o 3-0 seria, até, mais esclarecedor da diferença entre as equipas no jogo e que o Sporting nem fez uma exibição excepcional ou isenta de erros é esclarecedor sobre o que se passou em Alvalade.

Guimarães – Será provavelmente a grande desilusão da temporada. A falta de qualidade do futebol do Vitória facilitou muito a tarefa ao Sporting. Cajuda optou por um figurino com reforço do meio campo e mais mobilidade na frente, destacando-se a zona curta que definiu para entalar o jogo leonino. A ideia era manter sempre a linha defensiva um bom par de metros acima da área e iniciar a pressão apenas no seu meio campo. Assim seria definida uma zona densa onde haveria pouco espaço para jogar. A ideia não é nova e é aplicada muitas vezes e com sucesso por esse mundo fora, mas para que se perceba como não funcionou basta ver o primeiro golo. João Moutinho fica facilmente livre na tal zona que devia ser densa e tira partido do adiantamento da linha defensiva vimaranense para oferecer o golo a Postiga. Se o Vitória não foi capaz de levar a cabo a sua estratégia de resistência durante mais do que 8 minutos, pouco mais terá feito quando tentou, a partir daí, recuperar do tal golo de Postiga. A equipa sobe no terreno e até consegue, por via disso, levar a bola para zonas mais adiantadas. O problema é que nem a sua posse tem qualidade para evitar a perda, nem o seu posicionamento oferece qualquer segurança para as transições. É simplesmente um risco que se prolonga pelo jogo fora. Foi assim a partir do 1-0 e se o Sporting apenas marcou mais 1 foi porque definiu quase sempre mal a opção de passe quando se aproximava em boas condições da área de Nilson.
Cajuda parece estar preocupado com a concorrência ao seu lugar. Não sei se tem motivos para isso ou não, o que sei é que este Vitória, actualmente, não vale um lugar na metade de cima da tabela.
Carriço, Pereirinha e Postiga – 3 nomes que destaco. O primeiro é jovem e, diz-se muito, tem imenso potencial. Desconheço o seu passado e penso que tem dado bons passos para quem está só a começar, mas tenho uma certeza. Para ser um central de topo no futebol nacional tem ainda muitos jogos para fazer. O melhor mesmo será aprender com os erros. O segundo está a subir claramente e merece um lugar mais regular entre os eleitos. Se o meio campo é tão concorrido, porque não dar-lhe mais espaço como lateral? Paulo Bento pode encontrar nessa solução uma oportunidade para poder jogar com um interior direito mais posicional, não perdendo largura no corredor. Postiga terá sido o destaque do jogo. É um jogador competente e uma opção válida. Creio, no entanto, que a gestão dos avançados tem sido muito sábia por Paulo Bento, não fossem, claro, as loucuras de Derlei.

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