9.4.10

Liverpool - Benfica: goleada de detalhes

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Bem... não se pode falar propriamente em surpresa. Afinal, quando o próprio treinador questiona a preparação da sua equipa para um jogo desta dificuldade, que resultado se pode esperar? Um desperdício, reforço eu, porque a qualidade deste Benfica merecia mais ambição. É evidente que a eficácia foi essencial e até se pode aceitar algum sentimento de injustiça pela volumetria do resultado final. Não menos evidente, porém, é a desvalorização drástica desta equipa aos olhos do mundo. É que para quem vê de fora, a prova dos nove faz-se é nestes jogos.

As mexidas de Jesus
Nem era preciso ver o jogo. Se o Benfica perdesse, desse por onde desse, as criticas iriam cair sobre as opções do treinador. É sempre assim. Na verdade, percebendo o porquê do desvio de David Luiz, não posso deixar de o considerar extremamente arriscado. Se o brasileiro dava bem mais garantias do que Coentrão para disputar as primeiras bolas aéreas com Kuyt (este terá sido o motivo mais importante para a alteração), mexer tanto na linha defensiva seria sempre um risco especial. Digo especial, porque a importância da movimentação do fora de jogo é essencial neste Benfica, era essencial frente a este Liverpool e, de facto, foi essencial no jogo.

De resto, enquanto que a opção por Aimar na frente não era nova, ficou por perceber o porquê da ausência de Maxi. No que respeita ao argentino, esta é uma solução sobre a qual já me havia confessado reticente. Na prática, o Benfica jogou sem aquelas que serão as suas maiores referências, por sector, no modelo base. David Luiz, Aimar e Saviola.

A importância do primeiro golo
Apesar das alterações e apesar da impossibilidade de recuperar e preparar melhor o jogo, o Benfica entrou bem. Dividiu o jogo e revelou-se mais forte – como é – em termos tácticos. Em especial nos 2 momentos de organização, já que em transição nunca se impôs. Nada justificava o primeiro golo que, nas mesmas circunstâncias, poderia ter acontecido no outro lado. É assim o futebol. Redondo como a bola.

A verdade é que esse golo foi importantíssimo. A partir daí, o Liverpool alterou. Aproximou Torres e Gerrard dos médios, reduziu o espaço entre linhas, e passou jogar como gosta e melhor se sente. Ou seja, com um fortíssimo pressing baixo e com uma transição preparada para explorar os momentos de inocência do adversário. Se o Benfica estivesse ciente dos perigos desta estratégia, talvez tivesse evitado o descalabro. Assim, como não estava, acabou goleado enquanto se entretinha com um domínio ilusório...

Goleada de detalhes
É inevitável recordar alguns duelos europeus onde o Liverpool se impôs num passado recente. Duelos onde a qualidade é insuficiente. Tudo se joga no detalhe e na concentração. Quem não chega a estes momentos devidamente preparado, quem vai jogar de cor, normalmente dá-se mal. É por isso que, ou se tem uma equipa como o Barcelona, a milhas da concorrência, ou a única boa hipótese de se triunfar na Europa é através da preparação minuciosa dos jogos. É por isso também que esta goleada de detalhes se começou a definir bem antes do apito inicial.



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