18.5.10

O fantasma no caminho de Mourinho

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Um milionário que procura o líder que lhe possa dar, finalmente, o retorno desportivo que o seu investimento ambicionava. A escolha recai sobre um treinador conhecido pelo seu carácter desafiante e métodos revolucionários. Tanto um como outro são protagonistas possíveis desta história, mas a verdade é que este pode ser apenas o inicio dos vários paralelismos entre Herrera e Mourinho. Helénio Herrera, um treinador mítico para o futebol mundial e um autêntico “fantasma” para todos os seus sucessores nos “nerazzurri”. É por isso que para muitos, mais do que Van Gaal e o Bayern, Inter e Mourinho terão pela frente o “fantasma” de Herrera.

Geralmente é retratado simplesmente como o percursor do “Catenaccio”. Na verdade, porém, esse será o crédito menos merecido pelo misterioso argentino. Herrera não inventou o “Catenaccio”, nem sequer terá sido o seu mais fiél intérprete. Terá, isso sim, adoptado algumas filosofias dessa escola que nasceu em Itália uns bons anos, sequer, da chegada do técnico ao Inter.

Mas, se o “Catenaccio” não é uma criação sua, Herrera tem uma número espantoso de especificidades que são, de facto, a justificação de todo o misticismo em relação à sua figura. Conjuntamente com os títulos, claro. Aqui fica uma lista de curiosidades que ajudam a distinguir Herrera como um dos maiores treinadores de sempre.

O aspecto mental: “pensa rápido, age rápido, joga rápido”. A frase é do próprio, e se nos podemos focar na repetida palavra “rápido”, também devemos ter em conta que tudo começa no “pensa”. De facto, muito à frente do tempo, Herrera deu uma importância elevada à componente mental como factor essencial no desempenho das suas equipas e jogadores.

Os espaços: “criar espaços. No futebol como na vida, na pintura ou na música. Espaços livres e silêncios são tão importantes como aqueles que estão preenchidos.” Sinteticamente, a evolução táctica do jogo pode ser resumida a uma compreensão evolutiva da forma de lidar com os espaços. É neste contexto que Herrera é, também ele, uma parte desse trajecto. Antes do ‘Futebol total’ ou da ‘Zona pressionante’, Herrera já antecipava, também ele, a importância de uma nova maneira de pensar os espaços.

Atitude: “Ataca a bola” ou “Lutar ou jogar? Lutar e jogar!”. A atitude sempre foi e sempre será um condimento fundamental para o sucesso. A necessidade de incentivar e motivar constantemente os seus jogadores para uma atitude de grande intensidade nos jogos, foi também uma das traves mestras da filosofia de Herrera.

Treino: Estávamos ainda longe dos tempos da periodização táctica, mas, espantosamente, os relatos da filosofia de treino de Herrera, em plena década de 60, apontam já para a importância de ter a bola sempre presente.

Preparação: Viagens loucas para ver adversários e informadores espalhados por toda a Europa. A obsessão do conhecimento dos adversários num tempo em que as distâncias eram, na prática, muito maiores do que as de hoje, necessitava de métodos arrojados. Muitas vezes eles implicavam sacrifícios, mas nada que parecesse tirar o entusiasmo a Herrera. Também no campo da preparação física e dieta dos jogadores, o argentino era implacável. Bem à frente do seu tempo.

Carácter: “O que seria do futebol sem mim?” Podem ser muitos os pontos onde Herrera se distinguiu do ponto de vista técnico, mas dificilmente algo superará a especificidade do seu carácter. As suas intervenções públicas sempre provocaram reacções e muitos foram os conflitos que manteve com outros protagonistas. Entre todas as características, poucas superarão a arrogância que tantas vezes evidenciou. Para além de se auto afirmar como um “guru” do futebol moderno, Herrera acreditava mesmo ter uma falange de adeptos que lhe eram exclusivamente fieis. Essa foi uma teoria que defendeu aquando da sua passagem pela Roma, onde afirmou que muitos dos que outrora eram adeptos do Inter, torciam agora, e por sua causa, pela equipa da capital.

As restantes partes do documentário:
- Parte 2
- Parte 3
- Parte 4
- Parte 5
- Parte 6



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