6.5.10

1990: A "apresentação" de Roberto Baggio

ver comentários...
Talvez seja estranho destacar-se um jogo com uma importância tão residual na prova. A verdade é que foi no último jogo da fase de grupos, entre duas equipas já apuradas – Itália e Checoslováquia – que se terá dado um momento importante, quer para a prova em si, quer para a própria história do futebol italiano. Depois de dois jogos com exibições “abaixo do par”, frente a Austria e Estados Unidos, Vicini resolveu trocar a pouco produtiva dupla Carnevale-Vialli pelo inspirado Schillaci e pelo talentoso Baggio. Ora, se “Toto” viria a ser o goleador máximo da prova, Baggio terá iniciado aí uma carreira lendária com a camisola “azzurra”. E de que forma a começou!

Roberto Baggio tinha apenas 23 anos, ainda não usava o seu famoso rabo de cavalo, e estava às portas de um defeso marcado pela já anunciada troca de emblemas. Da Fiorentina para a Juventus, onde conheceria o seu melhor período ao nível de clubes.

Baggio era um talento enorme, com uma invulgar capacidade para decidir, que jogava como falso avançado centro. Partia dessa posição, mas deambulava depois, à procura dos espaços por onde pudesse desequilibrar. Foi assim que chegou ao prémio de melhor do mundo em 1993 e que apenas não repetiu em 1994 por causa de uma série de grandes penalidades que tão famosamente lhe foi desfavorável nos Estados Unidos.
As grandes penalidades... Baggio terá marcado um número infindável delas na sua carreira, mas seguramente haverá poucos jogadores tão amaldiçoados por esse tipo de decisão. Para além da final de 94, Baggio caiu também desta forma em 90 e 98, mundiais que facilmente poderia ter ganho se esses desempates tivessem conhecido outro destino. E é isso – um título Mundial – que, creio, separa Baggio de uma imortalidade ainda maior, ou mesmo de uma consagração unânime como o melhor jogador italiano de sempre, ou como o melhor jogador europeu da sua geração.

Sobre o mundial de 90, resta acrescentar que depois desta fabulosa exibição, coroada com um dos melhores golos da História dos Mundiais, Baggio agarrou a titularidade... Ou melhor, agarrou até à meia final, quando Vicini resolveu devolver a Vialli a titularidade. Curiosamente, ou não, esta é outra marca da carreira de Baggio. Mais tarde, em 1998, Cesare Maldini haveria de repetir a opção de deixar o jogador de fora, desta vez em favor de Del Piero. Tal como na meia final de 1990, a Itália foi eliminada por penaltis e, tal como nesse jogo, ficou a sensação de que com Baggio desde o inicio, a história poderia ter sido outra.



Ler tudo»

AddThis