27.5.10

Jesualdo e os erros cognitivos

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A História da humanidade está cheia de heróis injustiçados ou homenagens póstumas. A razão pela qual tantas vezes isso acontece está normalmente ligada com algo que é próprio da natureza do Homem. Erros cognitivos. Ora, num reinado de emoção, como é o futebol, é natural que a razão nem sempre impere na apreciação comum. E tudo isto para enquadrar o “fim de ciclo” de Jesualdo. O futuro – e o seu substituto – ditarão a correcção da mudança, mas não me parece lógico, à luz da razão, que seja tão unânime a saída do “Professor”.

O erro de Jesualdo
Qual foi, afinal, o erro de Jesualdo? Já aqui desmistifiquei (ou pelo menos esforcei-me...) o “dogma dos jogos grandes”, e tanto no plano quantitativo como qualitativo me parece que o trabalho de Jesualdo no Porto está bem acima de qualquer dúvida. O erro de Jesualdo foi, simplesmente, ser Jesualdo. Ou seja, quando entrou Jesualdo era um treinador de última hora, a prazo, com uma carreira sem qualquer feito que empolgasse o adepto comum. "Um perdedor", como vulgarmente se diz. Esse foi o rótulo com que entrou e aquilo que precipitou o tal erro cognitivo. Os psicólogos chamam-lhe o “viés da confirmação”, e consiste num erro comum em que as pessoas procuram elementos que confirmem uma ideia que está preconcebida, em vez de utilizar os novos elementos de uma forma racional e critica. A emoção, de novo, fala mais alto.

Herança pesada
Já o disse várias vezes: a substituição de um treinador só pode ser avaliada com o conhecimento do substituto. Nesse sentido, a saída de Jesualdo não será forçosamente um erro. O que tenho como certo, porém, é que quem virá a seguir terá uma pesada herança pela frente. Jesualdo não ganhou só 3 ligas em 4 anos. Leva 3 finais de Taça consecutivas e 4 apuramentos para os oitavos de final da Champions. 2 deles em primeiro lugar do grupo. E cá estaremos para ver quanto tempo demorará outro treinador a repetir este último feito num clube português.

Por tudo isto – e não esquecendo os condicionalismos excepcionais que teve desde a sua entrada no Dragão – há 2 coisas que me parecem claras:
- O seu sucessor não terá vida fácil.
- Um dos treinadores com mais sucesso (relativo) do futebol europeu nos últimos 4 anos, está agora livre.



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