14.7.09

Benfica 09/10: Primeiros sinais do 'upgrade' táctico

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Quem leu o que fui escrevendo sobre o modelo de jogo de Jesus no passado, perceberá a curiosidade que tenho sobre o rendimento do treinador a um clube “grande”. O Benfica de Jesus está a gerar os primeiros sinais de entusiasmo entre a imprensa e adeptos. Este “sintoma” de pré época não é diferente de anos anteriores e se compararmos, por exemplo, com o que se disse e escreveu no inicio da “era Quique” então esse entusiasmo torna-se ainda mais vulgar. As diferenças são, no entanto, enormes ao nível da qualidade do modelo táctico e este ano ver-se-á seguramente um Benfica bem mais forte nesse aspecto. As coisas estão naturalmente ainda longe de ser perfeitas e deixo aqui algumas das primeiras considerações sobre o Benfica de Jesus...


Pressão e equipa alta – Era uma das características esperadas no modelo de jogo e é já uma das grandes forças do modelo. Tal como acontecia no Braga, o Benfica procura rapidamente ter a bola e para isso sobe a sua linha defensiva para manter a equipa compacta e ser capaz de levar a sua pressão até zonas mais próximas da baliza contrária. Para já, sem ter ainda um rendimento ideal, este comportamento é já muito competente, criando sempre muitas dificuldades ao adversário e revelando também um notável aproveitamento na execução do fora de jogo, uma das condições fulcrais para que toda esta ideia de jogo funcione. O Benfica de Quique era organizado dentro daquilo que eram as ideias de Quique, a diferença não é o nível de organização antes sim o ajuste da ideia às pretensões da equipa. Por isso esta é já uma equipa mais forte do ponto de vista colectivo.

Notas individuais
Defesa – Na zona central não haverá problemas. Jesus tem testado uma dupla jovem e está ainda privado de jogadores potencialmente mais competentes. O rendimento é já bastante bom e só poderá melhorar. Nas laterais é que residirá o problema. Maxi não deverá ter em Patric um concorrente minimamente à altura, já que as primeiras ilações parecem confirmar as reticências que tinha sobre este jogador. Na esquerda, será preciso mais tempo para ver Shaffer, mas o inicio também não foi brilhante, podendo estar aqui o problema mais sério da linha defensiva.
Meio campo – Começo pelo ponto mais negativo. Yebda. Tem confirmado as grandes dúvidas que tinha sobre o seu rendimento nesta posição. Já no ano anterior havia revelado carências em termos de cultura posicional e alguma insegurança no passe. Pois bem, a posição que ocupa tem como principais exigências, precisamente esses atributos. Não quer dizer que seja proibitiva a sua utilização, mas parece-me provável que Jesus venha a testar outras soluções para a posição 6. Mais à frente Aimar. O “mago” já deve ter rendido mais nesta pré época do que na época anterior inteira! Sente-se muito mais confortável num papel mais recuado e têm-se visto, finalmente, os pormenores que dele se esperavam. Uma única ressalva para a sua actuação demasiado vertical, o que poderá tornar mais fácil a anulação do seu papel em organização ofensiva. Nas alas, creio que Amorim virá a ser uma melhor alternativa do que Carlos Martins, por o considerar mais inteligente e capaz, mas o ex-Sporting também beneficia com um regresso a um meio campo em “losango”. Quem beneficia imenso com este modelo é Di Maria. A maior proximidade dos colegas em praticamente todos os momentos de jogo é muito positiva para o rendimento do argentino que passa a ter mais soluções, tornando mais fácil a sua decisão, o ponto mais negativo do seu rendimento no passado. Por outro lado, o modelo de Jesus procura grande reactividade nos momentos de transição, algo em que Di Maria é particularmente forte.
Ataque – Um dos principais pontos a afinar actualmente é a agressividade dos avançados no momento da pressão. Claramente este não é um dos pontos fortes de Cardozo e também o próprio Saviola se tem revelado algo “mole” neste particular. De resto, o paraguaio volta a não ter um modelo ajustado às suas características, mas isso não impede que permaneça um jogador com uma invulgar capacidade de finalização, seja pelo seu jogo dentro da área, seja pela verdadeira “shot gun” que é o seu pé esquerdo. Mais adequado é o perfil de Saviola, embora o “Conejo” pareça ainda longe do que dele já se viu no passado. Se defensivamente há algo a melhorar no papel dos avançados, já ofensivamente a qualidade dos recursos existentes é mais do que suficiente...


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