Responsável, sim, incompetente, jamais
Foi Quique incompreendido em Portugal? A resposta é não. Teve todas as condições para ter sucesso, e se não o teve, deve sobretudo a si mesmo essa responsabilidade. Será então Quique um treinador incompetente? O raciocínio fácil, e generalizado, apontaria para um “sim” como resposta. Mas as coisas, no futebol como na vida, não são preto ou branco. O que se passou com Quique foi que entrou numa das ligas onde é mais difícil ter sucesso no mundo. Não é a primeira vez que digo isto – já o digo há muitos anos – mas talvez agora faça mais sentido. Em Portugal há um nível táctico muito elevado, especialmente nas equipas de topo, e é essa a razão que torna muito difícil o sucesso de qualquer treinador estrangeiro no nosso campeonato. Sobretudo no primeiro ano. Mas Quique não é um treinador inferior à generalidade dos treinadores espanhóis. Será mesmo dos melhores da actualidade.O absurdo da “final antecipada”
Um dos maiores absurdos que ouvi esta época aconteceu nos quartos de final da Liga Europa. Repetidamente se opinou que entre Liverpool e Benfica se jogaria uma “final antecipada” e que quem passasse tinha abertas as portas da final. Ignorância. Perdoem-me a rudeza, mas não há outra palavra. Primeiro pela própria natureza da prova e da fase da época em que se disputa. Isso bastaria para o disparate, mas não é disso que quero falar. Valência e Atlético de Madrid – o duelo de que resultaria o adversário de Liverpool ou Benfica na meia final – têm potencial individual superior a qualquer equipa portuguesa da actualidade. Talvez não tacticamente, talvez não colectivamente, mas em termos individuais... seguramente. Liverpool ou Benfica seriam favoritos marginais, pode admitir-se, mas qualquer coisa para além disso é simplesmente absurdo.A lição mais comum
É curioso como esta prova tem dado algumas lições aos portugueses. No ano passado, por exemplo, foi preciso ver o Shakhtar triunfar para se perceber que aquela equipa que havia jogado 4 vezes perante portugueses em tempos recentes possuía uma enorme qualidade individual. Talvez a maior de todas as lições, porém, seja aquela que se verifica quase todos os anos. Ou seja, a importância de se dar privilégio a esta prova na sua recta final. Sem isso, o sucesso é altamente improvável.