19.3.10

Marselha - Benfica: Na rota da História

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Já o venho referindo, mas faço questão de o reforçar nesta hora. Entre todas as competições que o Benfica disputa nesta temporada, só uma lhe dará direito a um lugar de destaque na História. A Liga Europa. Numa semana difícil e em que, verdadeiramente, não privilegiou esta competição, o Benfica sai de forma épica do Velodrome. O que me parece, e clarifico este ponto antes de abordar com mais detalhe a partida, é que se estiver garantida margem de erro no campeonato, a Liga Europa merece ser tratada como a prova prioritária. Porque, como digo, só assim se poderá fazer, desta, uma época especial na História e, também, porque dificilmente alguma equipa chegará à final se não der prioridade a esta prova.

Em crescendo
O Benfica pode ter sido a equipa que esteve mais próximo do golo durante todo o jogo, mas não da mesma forma. Ou seja, na primeira parte, sobretudo durante os primeiros 30 minutos, foi o Marselha quem mais vantagem tirou do jogo. Criou dificuldades à construção do Benfica e manteve-se muito pressionante, o que lhe valeu algum ascendente. Valeu ao Benfica algum desacerto francês no último terço e, também, um grande jogo da sua linha mais recuada.

Apesar destas dificuldades, diga-se, o Benfica realizou sempre um jogo de grande intensidade e concentração, e isso acabou por provar-se decisivo com o passar do tempo. O Marselha foi perdendo capacidade e, passados alguns minutos da segunda parte, o Benfica dominava já completamente as operações. A tal intensidade foi determinante na velocidade com que a equipa e cada jogador reagia às incidências do jogo (aquilo que no passado chamei de qualidade táctica), por contraponto com um Marselha progressivamente mais baixo, menos pressionante e mais errático. Por tudo isto, o 1-0 foi, na altura, uma enorme injustiça.

Podia o golo de Niang ter virado a tendência do jogo e, eventualmente, ditado o destino da eliminatória. Mas não. Não, porque, por um lado o Benfica manteve-se em pleno no jogo, e porque - e isto é incontornável – apareceu o rasgo de felicidade que até aí tinha faltado, impedindo uma eventual quebra anímica na recta final. Com Aimar e com a injecção de confiança, trazida pelo pontapé de Maxi, o que se seguiu foi um verdadeiro assalto ao golo por parte do Benfica. Consequência de uma enorme diferença organizacional entre as 2 equipas. Na verdade, podia não ter acontecido, mas o 1-2 apenas evitou um prolongamento que seria um contraste com as indicações que o jogo ia dando.

O melhor Benfica?
A vitória, pela dificuldade e forma como foi conseguida, pode ser associada a uma das melhores exibições da época. Na verdade, não estou de acordo com essa ideia. Mesmo levando em conta a estupenda recta final. Que o Benfica é uma equipa de enorme qualidade, mesmo à escala europeia, é algo que já havia concluído desde a pré temporada. Mas também já há muito que me parece claro que esta equipa precisa de alguns requisitos para estar no seu pleno. Primeiro, a intensidade mental dos jogadores que lhes permite um melhor desempenho técnico e táctico. Isto, como defendi acima, não faltou em Marselha. O que faltou foi a presença em pleno de algumas individualidades chave. Em particular, claro, Aimar. Já tantas vezes me referi a este ponto da função 10 que penso ser redundante repetir a ideia.

Assim, concluo apenas dizendo que a entrada do argentino teve um impacto fantástico, para mais num jogo em que Saviola não esteve tão bem. Se em vez de ter jogado – e mal – na Madeira, tivesse sido poupado para esta decisão, talvez não tivesse sido preciso esperar por tão tardia resolução. Sem querer voltar ao inicio, talvez esteja aqui um ponto a rever para o que resta da caminhada europeia.



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