A sintomática importância das intercepções
Será o dado mais relevante entre as estatísticas colectivas: o elevado número de intercepções. Em grande parte tal se deve à característica do jogo depois da expulsão, com o Porto mais baixo e o Benfica a correr uma maior dose de risco nas suas iniciativas. Por outro lado, porém, esta era já uma tendência que vinha de trás, explicando-se pela dificuldade que ambas as equipas sentiram em soltar-se do pressing contrário. Aqui, e como realcei na análise de ontem, o Benfica foi quem esteve sempre melhor. Conseguindo melhor circulação, mais passes e maior volume de jogo. Mesmo antes da saída prematura de Fucile.Os mais interventivos: A importância do 10 e dos laterais
Começando pela posição 10 do modelo encarnado. Desde o inicio da época que venho reforçando a importância desta posição no modelo por ser aquela que mais influência tem no jogo da equipa. Ora bem, os números dizem isso mesmo. Carlos Martins foi o jogador que mais intervenções (passes, intercepções e remates) teve durante a sua passagem pelo jogo e, depois da sua entrada, Aimar passou a ser ele próprio o jogador mais influente. Aqui se percebe facilmente o quão importante pode ser o jogador que Jesus escolhe para esta posição e a diferença que podem dar Carlos Martins e Aimar nesse papel. Algo que o treinador não pareceu valorizar pelos magros minutos que deu ao argentino.Ainda neste campo, destaque para Fábio Coentrão, um jogador que confirma a sua invulgar capacidade de recuperação, sendo aquele que mais intercepções acumulou em todo o jogo. Aqui, há que contar com a estratégia (falhada, diga-se) de Jesualdo em encostar Hulk ao vilacondense, forçando vários duelos, dos quais Hulk saiu maioritariamente a perder.
Mas se Coentrão foi o mais interventivo em todo o jogo, Maxi não andou longe. Do outro lado, e para confirmar a importância dos laterais, também foi o lateral esquerdo o mais interventivo. Álvaro Pereira. Claramente, nos laterais de ambas as equipas está tudo menos um pormenor do jogo colectivo.
A "ausência" de Cardozo
Outra das grandes notas do jogo é a limitadíssima participação de Cardozo. Algo que já vem de trás e que contrasta com Saviola. Aliás, o argentino teve sensivelmente o dobro da participação do 7 enquanto esteve em campo. Esta característica retira a Cardozo uma maior utilidade no jogo colectivo, apesar de todos os golos que vem marcando.Já agora, e num caso idêntico, Farias também é conhecido por esta faceta pouco interventiva. Confirmou-o na primeira parte, sendo o jogador menos presente e acabou por ser vitima da situação de jogo no momento em que havia despertado para o jogo. Não só pelo golo, mas por uma entrada no segundo tempo que foi incomparavelmente mais cooperante com os interesses da equipa.
Hulk e Di Maria, os desequilibradores... mas pouco
Di Maria chegou a prometer, com um remate brilhante à barra e até realizou uma primeira parte de bom nível. A segunda, porém, foi de total desacerto. Menos interventivo e, sobretudo, muito mais errático. Essa foi uma das chaves do jogo, coincidindo com a explosão de Belluschi e é também uma contribuição para a ideia de que Di Maria está ainda longe de ter a consistência de um jogador do mais alto calibre.Não exactamente igual, mas num registo semelhante esteve Hulk. Encostado à direita ao contrário do que vem acontecendo na nova estrutura, tinha o objectivo de “caçar” Coentrão. A verdade é que Hulk acabou... “caçado”. Sempre demasiado ansioso por desequilibrar, Hulk acabou por não o fazer em todo o jogo, mesmo quando este se partiu e criou condições ideais para si. Uma tendência que se repete com demasiada frequência e que urge ser trabalhada sob pena do seu enorme potencial passar verdadeiramente ao lado de um aproveitamento ideal.