6.12.11

A primeira parte do Sporting - Belenenses

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Interessante a primeira parte do jogo. Sendo de uma divisão inferior, o Belenenses terá sido a equipa que, nesse período, mais dificuldades criou esta época ao Sporting, em Alvalade, ao nível da ligação do seu jogo ofensivo (Marítimo e Lazio criaram dificuldades, mas de outro tipo). Por demérito do Sporting, seguramente, que não terá abordado o jogo com a intensidade adequada e se deixou surpreender pela estratégia contrária. Mas é interessante (pelo menos para mim...) atentar a outros detalhes do que sucedeu. Aqui ficam 3 pontos que distingo na estratégia do Belém:

1- Convidar os centrais a sair a jogar: É a segunda vez que uma equipa chega a Alvalade com a esta intencionalidade estratégica. Na verdade, era previsível que isso viesse acontecer, assim como é previsível que se volte a repetir com mais frequência. No caso do Leiria, a outra equipa que o fez, o Sporting respondeu um pouco melhor do que desta vez, em parte porque teve nesse dia Carriço, que é um jogador mais forte a contrariar este tipo de estratégia. Polga será até mais capaz no passe, mas não aparenta sentir-se especialmente vocacionado para entrar no bloco contrário em condução. Onyewu, por outro lado, não é forte em nenhum aspecto da construção, e terá sido essa uma das armas da estratégia do Belenenses, já que foi sobre o americano que recaiu o principal protagonista neste movimento. Se o Sporting tivesse conseguido maior qualidade a criar superioridade com o central, provavelmente teria mais rapidamente desfeito a teia que lhe foi montada, mas esta é uma debilidade óbvia da equipa de Domingos e daí a tendência a ser progressivamente explorada pelos adversários.

2- Definição de uma área reduzida para pressionar: Se ao atrair um central a progredir sobre um dos lados do campo, o Belenenses condicionava a circulação lateral, também previu o encurtamento do espaço na profundidade, pela definição que fez da zona onde se propôs pressionar. Com a linha defensiva alguns metros acima do limite da área e com o meio campo bem à frente do bloco. Ou seja, uma área de pressão que era limitada tanto na profundidade como na largura.

3- Referências individuais: Goste-se ou não do meio, a verdade é que este tipo de marcação produziu bons efeitos na primeira parte. Porque, condicionando lateralmente ao convidar a penetração do central, o Belenenses ficou com uma área curta para pressionar, tornando mais fácil manter uma proximidade individual em cada emparelhamento que definiu. A marcação individual pressionante, como foi feita, tem como consequência um condicionamento directo dos pontos de apoio. Não orienta o jogo, não distingue espaços fundamentais a privilegiar, mas bloqueia directamente os pontos de apoio. Encurtando a área onde tinha de pressionar, através da penetração do central até à zona prevista, o Belenenses conseguia ter sempre uma grande proximidade pressionante sobre os apoios, tornando qualquer circulação apoiada muito difícil e arriscada a partir desse ponto. Por isso, vimos sempre os jogadores a receber de costas e muito apertados. Perante este tipo de marcação, o Sporting provavelmente deveria ter potenciado movimentos especulativos, que atraíssem a marcação e libertassem espaços essenciais, mas não foi isso que fez...

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No final, o Sporting levou a melhor, mas não creio que tenha sido uma inevitabilidade face ao que ao jogo nos mostrou. Nomeadamente, porque na primeira parte o preço a pagar poderia ter sido outro e é impossível prever o que se poderia seguir. Quanto ao Belenenses, a sua estratégia esteve longe de revelar uma grande consistência global, já que incidiu sobre um condicionamento estratégico e muito específico. No entanto, foram os resultados temporários da sua estratégia que acrescentaram alguma dúvida ao desfecho do jogo e da eliminatória.
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