21.12.11

Académica - Sporting: opinião e estatística

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- O futebol traz-nos bastantes curiosidades, e a época do Sporting tem sido interessante de analisar também a esse nível. Uma semana antes, o Sporting havia conseguido os três pontos essencialmente graças à diferença de eficácia que havia tido em relação ao Nacional. Desta vez, fogem dois pontos por um défice de aproveitamento precisamente nesse aspecto. Este, aliás, foi o problema essencial do mau arranque de campeonato, e se recuperarmos esses jogos facilmente concluímos que a eficácia (especialmente nesses 3 primeiros jogos) foi o factor que mais contribuiu para o menor rendimento ofensivo do Sporting em relação a Benfica e Porto. Defensivamente, por outro lado, o cenário é outro. Seja como for, já se suspeitava desde a terceira jornada que seria muito difícil o objectivo da luta pelo título, não apenas pelos pontos perdidos, mas sobretudo pela evidência de que o campeonato português não permite neste momento muita margem de erro a quem quer ser campeão. Depois da paragem de Natal, o Sporting joga a última réstia de realismo da sua candidatura ao título, mas 2011 pode até acabar com uma perspectiva bem real de um título para conquistar, assim o Sporting bata o Marítimo. Bem vistas as coisas, com ou sem candidatura ao título, pode haver ainda muito para jogar para o Sporting. Em especial se tivermos memória sobre o que foram os últimos dois anos...

- No que respeita ao jogo, voltamos a ver uma equipa a convidar os centrais do Sporting para sair a jogar. Desta vez, e ao contrário de outras equipas, não creio que a Académica tenha tirado grande partido disso. Primeiro, porque permitiu que fosse Polga a fazê-lo, e há uma diferença significativa na qualidade de passe, entre Polga e Onyewu. Depois, porque apesar de não permitir uma boa ligação no primeiro passe, acabou por não controlar bem a segunda bola, e o Sporting, seja de uma forma mais ou menos ligada, teve sempre uma presença constante no último terço ofensivo. Assim, o Sporting foi sempre a equipa com maior domínio no jogo, tendo também um bom controlo do adversário. Há apenas uma excepção: as aberturas largas que a Académica fazia para os seus extremos. É uma opção recorrente e estratégica dos 'estudantes' e é muito improvável até que não estivesse identificada pelo Sporting, mas o facto é que esse movimento nunca foi bem controlado, quer porque frequentemente faltou presença pressionante na linha média, quer porque, depois, não se utilizou o fora de jogo para neutralizar estas solicitações. E estas duas componentes, a presença pressionante sobre o portador da bola, e o comportamento da linha defensiva, estão obviamente ligadas. Teve algumas ameaças a esse nível antes, mas foi no golo que essa dificuldade ficou mais exposta. A verdade, porém, é que mesmo depois da bola ter entrado em Diogo Valente, o lance estava longe de estar fora de controlo. E aqui, entra a acção de Polga...

- Polga é um caso especial. Trata-se de um central que não é rápido, alto, nem tão pouco ágil. E, no entanto, apesar de todas estas limitações físicas, é o central que, entre os grandes, mais intercepções consegue, tanto na temporada anterior, como nesta. Ou seja, a sua capacidade posicional e de antecipação são tremendas, e se Polga tivesse outras condições no plano físico provavelmente não se teria ficado pelo campeonato português, ou pela dezena de internacionalizações pelo seu país. Tem isto a ver com o lance, porque na minha leitura a má abordagem de Polga resulta do receio de fazer auto golo, uma vez que estava em recuperação e já relativamente próximo da baliza. A sua intervenção teria de ser subtil, e creio que foi isso que tentou fazer. Porém, porque não conseguiu colocar o corpo a tempo, perdeu o controlo sobre o seu próprio movimento e a tentativa de fazer bem, acabou por resultar no pior.

- No Sporting, volto a abordar a questão da utilização de Daniel Carriço, que de facto não parece beneficiar a equipa. Primeiro, pelo tal problema da saída em construção, da limitação dos centrais e da inexistência de uma dinâmica que faça de Carriço parte da solução e não parte do problema. Depois, porque Elias e Schaars têm tudo para assumir funções mais amplas no meio campo. Qualquer um dos dois poderia funcionar como primeiro pivot, mas ambos compõem uma dupla que me parece potencialmente muito forte, como duplo pivot. Aliás, creio que qualquer um dos dois rende mais nessa função do que tão próximo do avançado, como actualmente actuam. Há, claro, dois problemas para Domingos: o primeiro é que Rinaudo vai regressar e uma alteração estrutural poderia quebrar a dinâmica colectiva. O segundo, e mais importante, é que com a lesão de Matias não há uma solução óbvia para actuar à frente desde duplo pivot.
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