13.12.11

Sporting - Nacional: opinião e estatística

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- Fraca. Não há outra forma de classificar a exibição do Sporting. O mais importante, os três pontos, foram conseguidos, mas sobretudo graças ao melhor aproveitamento das poucas ocasiões criadas em todo o jogo. E, já agora, graças também à importância das bolas paradas. Torna-se difícil fazer grandes comentários ao jogo colectivo, porque olhando para a composição da equipa se percebe a instabilidade na sua composição. Não é possível que o Sporting se possa exigir grandes níveis de qualidade colectiva quando tantas das suas principais unidades estão permanentemente a entrar e sair da lista de disponíveis. Má fortuna, certamente, mas também há que olhar para trás e para a composição do plantel, porque há vários casos cujo histórico já fazia prever este cenário. Ou seja, esta não é uma situação que possa ser considerada como totalmente imprevisível. Seja como for, parece claro que o Sporting joga boa parte da manutenção da sua candidatura nas próximas jornadas, e será decisivo que consiga elevar rapidamente os níveis qualitativos do seu jogo.

- Centrando a análise num comentário mais individualizado, começo por Carriço. A sua adaptação não está a ser propriamente um sucesso, por muito que se queira encorajar o jogador neste novo desafio. Defensivamente, o Sporting não é a equipa mais fácil para um "pivot", e Carriço sofre com isso. Isto é, por ter tantas vezes os dois médios adiantados, o espaço de intervenção do "pivot" é frequentemente muito difícil de controlar por um só jogador, e nem sempre é possível manter uma presença pressionante sobre o portador da bola sem assumir o risco de perder o espaço "entrelinhas". Mas será nos momentos com bola que Carriço e a equipa mais tem sofrido. Não acrescenta valor à posse, mas a meu ver não faz sentido centrar as criticas nessa limitação, porque ela está implícita na decisão de adaptar o jogador ao lugar. Ou seja, a resposta teria de ser colectiva, criando dinâmicas que não exijam muito do jogador, mas que o protejam, a ele e à equipa, dessa vulnerabilidade. Uma sugestão seria fazer Carriço baixar para a linha dos centrais, criando mais espaço no meio e oferecendo mais protagonismo aos centrais. O problema é que a dupla de centrais do Sporting, neste momento, não tem propriamente grande vocação para essa tarefa.

- De Onyewu, o herói do jogo, sobra nova reflexão sobre a importância das bolas paradas. O Sporting perdeu o jogo da Luz nesse capítulo, e agora resgata três pontos por esta via. Curiosamente, no ano passado e contra este mesmo adversário, havia permitido o empate na sequência de um pontapé de canto. Ou seja, este pode não ser o aspecto mais interessante de abordar, mas é incontornável o peso decisivo que pode ter no sucesso das equipas ao longo de uma prova de regularidade, como é um campeonato. Pode, e seguramente tem. Eu próprio negligenciei este aspecto na avaliação que fiz no inicio de época sobre Onyewu, mas a verdade é que a estatura do central americano, e pese embora ser seguramente o mais fraco do plantel em todos os outros momentos do jogo, se pode revelar importante e difícil de preterir para uma equipa com tantas fragilidades a esse nível. Isto não quer dizer, porém, que o Sporting não se deva exigir mais do que isto...

- No meio campo, a novidade é André Martins. Não é um grande momento para se mostrar, num jogo em que a equipa está tão instável ao nível da qualidade do seu jogo. Ainda assim, para quem está a fazer a estreia no campeonato, foi uma prestação impressionante do jovem médio. Enquanto esteve em campo foi jogador mais interveniente da equipa, nem sempre muito certo ao nível do passe, é verdade, mas inesperadamente útil na reactividade e agressividade defensivas. Se confirmar a característica - o que é provável - estará muito próximo de poder ser uma opção com importância crescente nas prioridades de Domingos. Mas é ainda muito pouco para que possa fazer uma apreciação conclusiva...

- Finalmente, uma nota sobre Elias. Pessoalmente, discordo da sua utilização por vezes demasiado ofensiva e centralizada. Percebe-se que Domingos veja nele um jogador de grande potencial para a transição, dada a capacidade que tem em progredir rapidamente. Mas Elias não é naturalmente um jogador tão ofensivo. Não o era no Corinthians, por exemplo, e não me parece que seja necessário mantê-lo tão adiantado para que se aproveite a sua capacidade de desdobramento em transição, porque tem capacidade de o fazer de trás para a frente, e partindo de posições mais recuadas. Neste aspecto, é um jogador semelhante a Ramires, e se pensarmos no agora médio do Chelsea, este nunca teve de ser um médio ofensivo para ser temível em transição. Por outro lado, em organização, Elias é um jogador com grande eficácia no jogo mais apoiado, tendo uma das percentagens de certeza em posse mais elevadas entre os médios da equipa (na verdade, é a mais elevada entre os habituais titulares). Quando se aproxima da direita, a equipa parece ganhar qualidade na dinâmica do corredor, mas nem sempre essa é a prioridade para o seu posicionamento.
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